QUE EU ME IMPORTE…
Que eu me importe com o outro
O bastante para ajudá-lo nas tristezas, nas dores, nas necessidades mais prementes
Sem sufocá-lo ou parecer superior…
Que eu me importe com o outro
O bastante para me alegrar com suas alegrias
Sem invejar ou me enciumar, se possível,
Ainda que a felicidade dele não mais me inclua…
Que eu me importe com o outro
O bastante para valorizar bons momentos, guardar no coração, respeitar
Aquilo que hoje já não é mais como antes…
Que eu me importe com o outro
O bastante para dar a ele aquilo que não consigo dar nem pra mim mesma
Pois é algo que a gente só encontra fora de nós…
Que eu possa ser assim para o outro: verdadeira, inteira, amorosa
E que ele também possa ser desse grau e magnitude para mim,
Pois para isso fomos feitos: nos fazer bem…
Que nos importemos o bastante!
Alda M S Santos
VOCÊ PODE!
Sempre há algo a se fazer
Para tornar melhor a vida de alguém
Assim tão pobre que nada possa oferecer
Nesse mundo não há ninguém
Você pode uma fome saciar
Ou um alguém, em trapos rotos, vestir
Pode também pés machucados calçar
Ou um corpo nas noites frias cobrir
Se você não puder dessas coisas dispor
Não desanime, não se entristeça
Abra os braços, levante a cabeça
Ofereça sorrisos, abraços, tempo
Você pode fazer a diferença
E se tudo isso vier a falhar
Ainda pode o amor doar
Sendo verdadeiro em todo lugar…
Você pode!
Alda M S Santos
SER A DIFERENÇA
Não podemos ser ou fazer tudo
Não dá para num toque mudar o mundo
Mas com jeitinho dá para algo melhorar
E a dor e desigualdade amenizar
Podemos ser a diferença
Quando nossa palavra falar de esperança
Nosso olhar transmitir emoção
Quando nossas atitudes forem de compaixão
Acolhendo a dor de um irmão
Assim seremos a diferença
Usar um dom que se tem, qualquer um
Físico, emocional, intelectual
É algo que a todos convém
Para tornar a vida por aqui menos desigual
Podemos ser a diferença
Um sorriso despertar, um colo oferecer
Levar o pão para alimentar um necessitado
Ser o abraço que acolhe um coração desamparado
Pode ser um meio de mudar o mundo
Um ser humano de cada vez
Podemos fazer a diferença
Uma alma acolher, com sensatez
Podemos ser a diferença…
Alda M S Santos
QUEM SERÁ?
Ela me pedia para poder ajudá-lo
Porém, não usava as palavras, mas a mente
Eu ouvia atenta, disposta a atendê -la
Mas não sabia o que poderia fazer
Qual era o problema ela não sabia me dizer
Mas que só eu poderia aquele dilema resolver
Que posso fazer, não sei como ajudar
Use a poesia e ele aparecerá, pode apostar
Nessa conversa mental com alguém que não conheço
Eu buscava em mim um modo de ser útil
De atender aquele pedido feito com tanto apreço
Quem será que está precisando de mim?
Será que posso mesmo ajudar?
Essa questão ficou em mim a martelar
Vou olhar por aí,
Talvez não seja só o meu sonhar…
Alda M S Santos
SENTIMENTOS TÃO (DES)HUMANOS
Determinação : Você poderia me arrumar um emprego? Quero trabalhar!
Arrependimento: Vim de Pouso Alegre e acabei aqui sem pouso.
Fome: Pode repetir? Estou faminto hoje!
Depressão: Faço uns bicos durante o dia, durmo no abrigo, saio às vezes, a depressão bate fundo.
Fé: Um dia estarei do lado que vocês estão, se Deus quiser!
Tristeza: Meu filhinho de três anos está internado.
Maternidade: Preciso de roupas de criança. Lembra de mim e do meu filhinho loirinho e de olho azul?
Vaidade: Gosto de sabonete cheiroso, esse é bom!
Preferências: Não posso com esse cobertor, sou alérgico, pinica!
Simplicidade: Tem um chinelo ou tênis? Se for grande pode ser de mulher mesmo!
Humildade: Não tem mais blusa de frio? Tenho frio! Pode me dar essa sua?
Satisfação: Que massa! Ganhei uma blusa do Galo(Atlético MG)
Simpatia: A vida na rua dói, moça! Tem pasta de dente aí, ajuda a sorrir!
Mulher: Acabaram os absorventes? Estava precisando…
Oportunismo: Tem gente que pega coisa que tem, eu não faço isso, não!
Má índole: Pode me dar uma sacola grande? Se a gente não dormir por cima eles roubam!
Vícios: Não dê cobertores para aqueles lá, não, que vendem para comprar “cola”.
Gratidão: Deus abençoe e proteja vocês!
Realidade: E assim segue a vida nas ruas de Belo Horizonte
Nos cantos, nas filas de doações, nas camas improvisadas
No fogo para aquecer, na bebida ou droga para esquecer
Nas barracas de cobertores que servem de casa, dia ou noite…
Sentimentos tão (des)humanos que transbordam
No meio de todos nós…
Alda M S Santos
AGASALHE SEU CORAÇÃO
Massa de ar polar, temperaturas negativas
Ar congelante, pernas endurecidas, andar trôpego
A ordem é só uma: aquecer-se
Edredons, cobertores, sobretudos
Meias, botas, toucas e luvas são escudos
E uma bebida quente não faz mal não
Mas não deixe que a frieza lá de fora
Congele o seu coração
Aqueça sua alma e entre em ação
O frio que tanto te aflige
Age em dobro naquele irmão
Que está ao relento, ali no chão
Divida com ele seus agasalhos, seu pão
Seja abraço, seja acolhimento, seja compaixão
Se você por qualquer motivo ali não consegue chegar
Posso fazer a intermediação
E se não for pedir muito
Pode para ele também ser abrigo, ser oração?
Agasalhe seu irmão, aqueça seu coração!
Alda M S Santos
ARARAS URBANAS
Variadas peças, cores e tamanhos
Expostas numa grande arara urbana
Feita das grades sobre muros no centro da cidade
O cliente chega, pega, olha, até experimenta
Não há atendentes, não há provadores
Há alguns expectadores
Algumas peças seminovas
Outras um pouco surradas
Menos surradas que os clientes que por elas procuram
Não há marcas, sequer se preocupam com isso
O que precisam é que sirva
Não há sacolas, não embalam
Vestem umas sobre as outras
Não estocam nada, não guardam nada também
A marca que vejo ali é só uma: compaixão
Aliada à solidariedade e amor
Não há caixa, não há preços
Um cartaz diz apenas: DOAÇÃO
O cliente pega o que lhe serve
E vai embora…
Mas não vai para sua casa
Fica por ali mesmo, nesse espaço que tem sido seu lar…
Quando precisa de algo “novo”
Recorre novamente às araras urbanas
Você tem algo para doar
Para essas araras alimentar?
Alda M S Santos
NAS RUAS DA CIDADE
Nas ruas da cidade a vida acontece
Nem sempre como a gente imagina
Mas acontece…
Cinco carros estacionam ali, nas ruas escuras, onde seres humanos “moram”
Naquelas calçadas geladas da noite
Voluntários abrem o porta-malas lotado
Treinados pela vida, eles logo aparecem
Uma fila gigante se forma e espera
Nas ruas da cidade a vida acontece
Nem sempre como a gente imagina
Mas acontece…
Lanches quentinhos são servidos
A quase totalidade de homens de toda idade
Menos mulheres, mas até crianças estão na fila
Corpos expostos ao frio, pés descalços
E pedem por roupas, calçados, agasalhos, cobertores
Os carros logo são esvaziados
E tudo o que levaram e parecia bastante
Some, é logo doado…
Nas ruas da cidade a vida acontece
Nem sempre como a gente imagina
Mas acontece…
Eles se vão, outros chegam
A vida segue seu rumo
Mas de um modo um pouco diferente
Lá e cá…
Nas ruas da cidade…
Alda M S Santos
VOCÊ PODE!
Sempre há algo a se fazer
Para tornar melhor a vida de alguém
Assim tão pobre que nada possa oferecer
Nesse mundo não há ninguém
Você pode uma fome saciar
Ou um alguém, em trapos rotos, vestir
Pode também pés machucados calçar
Ou um corpo nas noites frias cobrir
Se você não puder dessas coisas dispor
Não desanime, não se entristeça
Abra os braços, levante a cabeça
Ofereça sorrisos, abraços, tempo
Você pode fazer a diferença
E se tudo isso vier a falhar
Ainda pode o amor doar
Sendo verdadeiro em todo lugar…
Você pode!
Alda M S Santos
DENTRO DO CORAÇÃO
Afixados nas paredes de um lar de idosos
Acima de cada cama, estão ali, à mostra
Uma colagem dos sonhos de cada um
Feita de recortes de revistas e um bom papo
Sonhos não têm idade
Nascem e crescem dentro do coração da gente
Uns tornam-se realidade
Outros existem para fazer brilhar a luz do olhar
De quem insiste em viver nesse lugar…
Ali para todos verem, expostos em papel
Os sonhos desses idosos falam, gritam
“Tenho muitos anos de vida
Mas nunca deixarei de sonhar
Pois quando isso acontecer
Já terei deixado de viver…
Alda M S Santos
CERTEIROS PARA AJUDAR
Tantas vezes não somos tão bons assim
Tão rápidos em julgar
Tão lentos em ajudar
Tão velozes em diagnosticar doenças
Tão inertes quando é para promover a cura
Tão “Cristãos” ao identificar pecadores
Tão pagãos ao lhes virar as costas
Tão “certeiros” ao apontar o dedo
Mas erramos o alvo quando é para dar as mãos
Somos falhos no momento crucial
Aquele em que o outro mais precisa
Ver falhas, erros, defeitos, pecados do outro
Qualquer um de nós pode
Essa é a parte fácil
Criticar o que o outro faz, idem
Mas estar ali para somar
Ser mais um para diminuir as desigualdades
Poucos são capazes e nisso investem
Essa é a parte em que todos encontram desculpas
E alguém para responsabilizar …
Só teremos o mundo que queremos
Quando mudarmos em nós aquilo que queremos do outro…
Sejamos mais luz, mais irmãos, mais compaixão
Um pouco de cada um pode fazer a diferença no todo
Sejamos certeiros ao ajudar
Sejamos paz!
Alda M S Santos
QUE SEJA O BEM
Se for para se esforçar
Que seja com o peso do bem
Se for para sorrir ou chorar
Que seja por motivos do bem
Se for para se apaixonar
Que seja pela graciosidade do bem
Se for para se perder ou se encantar
Que seja pelos caminhos do bem
Se for para se encontrar
Que seja nos recantos do bem
Se for para repousar
Que seja no colo do bem
Se for para copiar
Que seja o que dá certo no bem
Se for para confiar
Que seja naqueles que propagam o bem
Se for para amar
Que seja para transformar o mal em bem…
Alda M S Santos
MARQUETEIROS DO AMOR
Deixe-se contagiar, não se vacine
Não feche as portas do coração
Distribua “quentinhas”, abraços, remédios
Faça arte, cante, dance, pinte, doe carinho
Espalhe esperança num mundo melhor
Baixe a guarda, deixe-se atingir
Abra sua alma, deixe esse “vírus” do bem te pegar
Ele te imuniza contra tristeza
Afasta a angústia e desesperança
Abastece suas reservas emocionais de alegria
Cria uma barreira bem visível contra o mal
Há muitos vírus do ódio e da indiferença por aí
Assim como também há vírus do amor e da esperança
Apenas o mal é mais divulgado, mais propagado
Seu merchandising tem sido melhor
Pulverize o bem, contagie alguém
Seja marqueteiro do amor
Amor é contagiante!
Alda M S Santos
#carinhologos
SE ELE BATE EM HARMONIA…
Aprender a ouvir o próprio coração
Tudo que de melhor possa haver fica ali
Está lá guardado, “batendo” todo o tempo
Como em código morse para decifrarmos
É através dele que Deus fala conosco
Através dele sabemos quando estamos no caminho certo
Se não dói, se está leve, se fica em harmonia com o outro
Se não há culpas, medos ou traumas
Se ao menos conseguimos ouvi-lo bater em paz
Está tudo na direção correta
É Deus dizendo para seguir em frente…
Alda M S Santos
FRATERNIDADE: EU FAÇO PARTE
Queremos um mundo novo!
Onde abraços possam aquecer
Famílias com menos brigas, mais união
E o medo não nos impeça de crescer
Queremos um mundo novo!
Onde haja esperança e afeto
Humanos mais solidários e bondosos
E que todos tenham direito a um teto
Queremos um mundo novo!
Onde o amor possa livre reinar
Um mundo com justiça social
Onde o pão seja para todos
E sorrisos possam cativar
Queremos um mundo novo!
Onde a violência seja eliminada
A caridade seja o novo lema
Nenhuma arma seja usada
A não ser um belo poema
Queremos um mundo novo!
Onde a vida seja prioridade
Ninguém seja excluído por qualquer condição
Que a lei seja a igualdade
E que Jesus more em cada coração
Queremos um mundo novo!
Mas percebi que um mundo novo depende de mim
Depende também de você
Fraternidade: eu faço parte!
E você?
Queremos um mundo novo!
Alda M S Santos
Apresentação na Matriz São Sebastião e Santa Edwiges- BH
AMOR
Amor é assim, vai, multiplica-se
Volta redobrado…
Amor que cura, que se cura
Que é luz lá e cá
Amor que é Páscoa
Amor que é vida nova!
#carinhologos
Páscoa no Lar Santa Zita
MUTIRÃO DE AMOR
Mutirão de limpeza, de solidariedade
Mutirão de amigos, de fé, um propósito
Ser úteis, fazer o bem, estar em paz
Não importa quando ou onde
Se o propósito for bom
Se unir amigos em prol de alguém
Quanto mais, melhor
É assim que a gente vence
Aquilo que parece invencível
“Aquilo que parecia impossível
Aquilo que parecia não ter saída…”
Com Deus somos um milagre, somos invencíveis”
Alda M S Santos
DEMASIADO TARDE?
Seria demasiado tarde
Para acreditar na humanidade?
Idosos, grávidas e crianças de pé no metrô, esquecidos em sua condição especial
Mas lá fora uma mulher protege outras duas desconhecidas em seu guarda-chuva
Uns veículos velozes e descuidados espirram enxurrada nos pedestres
Outros param e cedem a preferência
Descaso, desamor, desrespeito e indiferença com o outro
Podemos ver isso por todos os lados nos mínimos gestos
Mas apenas um sorriso solícito de um funcionário
Um dar-se as mãos para atravessar a rua
Uma carona solidária, um olhar compreensivo
Um simples ato de carregar as sacolas pesadas de alguém
Qualquer sinal de preocupação e cuidado desinteressados
Fazem-nos crer que não é tarde demais
A humanidade ainda tem jeito!
Precisamos focar no que nos faz mais felizes
Há muita gente do bem, boas ações
Apenas o mal tem sido mais visualizado, semeado
Divulgado e propagado…
Vamos divulgar e propagar o bem
Plantar o amor verdadeiro em gestos simples…
Alda M S Santos
E AS LÁGRIMAS SECARAM…
Sentada num canto ela dizia que já sofreu demais
Tanto chorou, e chorou, que hoje,
Por maior que fosse a dor, não tinha o alívio das lágrimas
Secaram todas, afirmava
Décadas e décadas vividas, evidenciadas em cada ruga
No corpo frágil que parecia muito leve
Para carregar tamanho peso…
Que será que carrega a pesar tanto?
Algo que fez, que deixou de fazer, ou permitiu que fizessem consigo?
Males que causou aos outros, a si mesma, arrependimentos,
Sonhos que não viveu, impediu que outros vivessem
Caminhos que não trilhou, portas que arrombou
Lições que não aprendeu ou não ensinou
Ou saudades, alegrias perdidas, não mais vividas?
Observo os mais velhos, e considero a sabedoria da natureza
Ao ir limitando a memória dos idosos
Um modo de poupar energia
E aliviar um pouco o sofrimento daquilo que não tem mais jeito,
Pois lágrimas e sorrisos, ambos podem fazer bem ou mal
Dependendo do modo que se olhe para eles,
E da expectativa que se tenha pela frente…
Alda M S Santos
TOQUE DE AMOR
Uma geme na cama, dormindo ou acordada
A outra, de frente para o corredor, sempre observa quem se aproxima
A primeira tem feridas nas pernas, artroses múltiplas
A outra, após AVC, não fala mais, não é alfabetizada
Comunica-se com gestos e com o olhar
Há ainda outra que canta e gosta de dançar, apesar das limitações
Todas moram num lar para idosos
São bem cuidadas, medicadas, alimentadas
Uma agradece baixinho, reduzindo os gemidos,
O abraço, o beijo, o carinho que recebe
A outra fala de amor com os olhos
Recebe e retribui os abraços
Devolve os carinhos no rosto delicadamente
Todos lá não só gostam do toque, do carinho, da atenção
Mas precisam dele para viver
Só notamos verdadeiramente a falta que o calor humano faz
Quando nos defrontamos com quem mais carece dele …
O toque carinhoso de outra pessoa
É o que nos faz sentir humanos, vivos…
Alda M S Santos
#carinhologos
O BEM E O MAL
O mal pode ser contagioso,
mas o bem também pode
Vence aquele que for melhor propagado!
Alda M S Santos
#carinhologos 💖
A ALMA CHORA E AGRADECE
Fadigado o corpo luta para sobreviver à lama
Esgotada a alma chora
Chora por aqueles que se foram
Chora pelo descaso, pela insignificância da vida
Chora por si mesma…
Ao redor tudo é destruição
Quanto ouro vale uma vida?
Mais especificamente, quantas vidas são necessárias
Para pagar pela mineração?
Fundão, Feijão, decepção, repetição
Não foi aprendida a lição?
E a alma estremece, quase desiste, chora
E se entrega, agradecida, nos braços daquele que a acolhe
Uma alma que entende outra alma
Corações em sintonia, dor, alegria
E a alma chora, agradece…
Alda M S Santos
QUERIA VIVER…
Queria um dia chegar aos 103 anos como a Dona Geralda
Mas só se for para ter a lucidez e clareza de ideias dela
Ainda que o corpo não obedeça mais tão bem aos comandos
Queria ter grandes alegrias nos pequenos momentos como a Dona Clarice e seus bichos
Passar o tempo realizando sonhos como a Dona Cristina se alfabetizando
Ou sempre buscando inovação como a minha xará Alda com seu tablet…
Queria viver talvez 95 anos como Dona Altina
Com o prazer de cantar, ter fé e ser grata à vida, ainda que seus olhos não mais enxerguem
Queria manter o dom de fazer poemas e declamar como Dona Yara
Não ter vergonha de chorar como a Dona Eugênia quando tudo doer
Ou de ser receptiva a carinhos e afagos como Dona Tereza, sempre vaidosa
Ter aquele sorriso puro e ingênuo de quem sabe todas as coisas como Dona Elvira,
Mas que prefere se concentrar nas boas…
Mas, queria mesmo, viver muito
Só se fosse para manter-me leve, sem grandes culpas
Aprendendo um pouquinho com cada uma delas
Com o dom de ser poesia na vida de todos
E a capacidade de perdoar, de dar e receber amor
Pois só assim viver vale a pena
Independente da quantidade em anos…
Alda M S Santos
#carinhologos
ARTISTAS
Uma dupla de amigos “artistas”
Senhor Edilson, 75 anos, morador do Lar Frei Otto
Eu, uma professora “desenhista” e voluntária no lar
Eu desenho, ele colore…
A cada visita temos essa troca de carinho
Nós dois ficamos felizes…
Até a árvore que caiu lá fora e deixou o lar sem energia
Impedindo a distração com a TV não importou tanto
O tempo passa rápido quando fazemos o que gostamos
Aquilo que nos faz bem tem efeito cascata
O que fica de bom em cada um de nós
Transborda para todos a nossa volta…
Até a próxima, amigo Didi!
Alda M S Santos
VOLUNTÁRIO: UMA RAMIFICAÇÃO DO BEM
Pense em algo que dá trabalho
Aquilo que tira você da mesmice
Que te leva a lugares inimagináveis
Que te emociona e engrandece
Que mostra lados diversos da vida
Que te aperta o coração, faz chorar, faz sorrir
Acrescente alegria, satisfação, prazer
Junte trabalho manual, pedidos, orações
Perca a vergonha de pedir ajuda para ajudar os outros
Distribua carinho, abraços, beijos, doces palavras
Encontre amigos e pessoas afins
Doem -se! Sem cobranças!
Unam -se em prol de alguém
Não desanimem!
Nada esperem em troca!
Sejam gratos, nunca superiores!
Cada um de nós tem suas falhas e carências…
Acredite que um mundo melhor começa dentro de você
Nasce em sua alma e se ramifica nas almas alheias
E, quando menos esperar, perceberá reciprocidade
A mola propulsora de tudo que é bom!
Ao preencher o que “falta” nos outros
Preenchemos também muitos vácuos em nós…
Isso é trabalho voluntário!
Isso é trabalho de amor!
Assim somos #carinhologos!
Seja um ramo de amor, seja voluntário!
Alda M S Santos
AMOR PONTO A PONTO
Ponto a ponto vamos tecendo uma história de amor
Uma arte feita a mão, com carinho em cada laço e arremate
Em cada cor, em cada brilho
Uma estrela de Natal para aqueles que têm tão pouco
Silenciosamente pensando nas histórias daqueles que a receberão
Em oração por cada um, por suas lutas e dificuldades
Pela alegria que demonstram ao receber tão simples gesto
“Você que fez? Que anjinha boa”!
Diz o ditado que mentes e mãos vazias são oficinas do diabo
Mas prefiro acreditar em Madre Teresa de Calcutá
“Mãos que servem são mais santas do que lábios que rezam”
Creio que as mãos e os lábios juntos em bom trabalho são mais preciosos ainda
Um pouco de cada um faz a diferença para todos
Que essa estrela de amor traga consigo muita luz, saúde e alegrias
Feliz Natal, amores!
#carinhologos
VOCÊ É FORTE!
“Você é forte! Supera!”
Já ouvi isso muitas vezes ao longo da vida
Tantas vezes sinto-me tão frágil
Mas a força que temos só se manifesta quando exigida
E ela existe mesmo quando as lágrimas caem sem cessar
Ainda que o medo assombre, que os pesadelos atormentem
Que a realidade não corresponda aos sonhos
Não pode dizer-se forte quem nunca foi submetido à fragilidade
Quem nunca escondeu a dor atrás de um sorriso
Tantas vezes retiramos forças da solidão, da escuridão
Outras vezes é do silêncio à beira de um rio
Numa oração, numa caminhada
Nas atividades incansáveis do bem
Noutras nos abastecemos no abraço de alguém querido
Ser forte é buscar no seu entorno ou dentro de si
Motivos para prosseguir
Cada qual encontra seu motivo, sem machucar o outro
Eu o encontro ao estender a mão aos que precisam
Enquanto cuido dos outros
Deus cuida de mim…
É! Posso dizer que sou forte na minha fragilidade…
Tenho um Bom Protetor!
Sou grata!
Alda M S Santos
#carinhologos
ENTÃO…É NATAL!
Então…é Natal!
Corações mais solidários, mais receptivos, mais abertos
Humanidade à flor da pele, contagiante, espírito do bem
Disseminação de amor e compaixão
Abraços, carinho, prosa boa, atenção
Peito apertado, fragilizado, presentes, presença
O amor está no ar…
O amor está em cada um de nós
É Natal!
Ele começa de verdade quando o permitimos brotar em nós
Alastrar, crescer e se multiplicar no outro
Se bem plantado e cuidado
O Natal pode durar o ano todo, uma vida inteira
Que Ele renasça em cada um de nós todos os dias
Feliz Natal, amores!
Alda M S Santos
#carinhologos
SOMOS FILHOS DO MESMO PAI?
“En que mundo vives? Fe en esto? Anda ya…”
Fui questionada num blog ao defender a fé em Deus.
Caminhando numa avenida movimentada, observando tudo a minha volta, lembrei-me disso.
Armava uma chuva forte, céu escuro, ventos fortes.
Um ser humano “qualquer” estava enrolado nos lençóis sob uma marquise.
Uma madame desceu de um carro com seu cachorrinho no colo todo agasalhado.
Vendedores de guarda-chuvas gritavam seu produto.
Ambulantes de ocasião, ofereciam seus serviços.
Em carros escuros e com ar condicionado executivos negociavam nos tablets e nos arranha-céus.
Num ponto de coletivos pessoas se espremiam pra caber num ônibus já lotado.
Um táxi embarcava um único passageiro.
Vários homens de terno e sapatos finos passavam sem ver outros de bermudas e chinelos.
Um casal de pedintes fumava e namorava num cantinho.
Na porta do hospital um médico com roupa verde de bloco cirúrgico tomava um suco no carrinho de lanches.
Na recepção do pronto socorro público cada semblante mais carregado de dor que o outro.
Crianças vestidas de adultas eram levadas por babás em seus carros de luxo.
Outras, quase nuas, esmolavam junto às mães debaixo de uma árvore.
Um senhor velhinho, tal qual caracol, sentado sob seus cobertores e apetrechos, carregava “sua casa”.
Outro juntava todos os lixos que recolhia num carrinho para vender.
Um casal idoso, de mãos dadas, apoiava um ao outro em suas bengalas e limitações.
Um “louco” deitado num canto falava coisas desconexas sobre a guerra das ruas.
Alguns riam, outros ignoravam.
Fiquei olhando um tempo e ele disse: “porque tá chorando, moça bonita?”
Sequer percebi que chorava…
“Vai passar, sou assim mesmo”- respondi sorrindo.
“Vá com Deus, e sorria, menina”!
Tanta desigualdade! Será que somos mesmo todos filhos do mesmo Pai?
O quanto será que cada um ali já lutou nessa vida?
Respondo à pergunta que me foi feita:
“É nesse mundo que vivo!”
Mesmo as pessoas mais desvalidas têm fé!
Sem ela não somos nada nem ninguém!
Segui meu caminho, entrei num hospital público para consulta.
A chuva já caía…mas eu já estava molhada mesmo…
Alda M S Santos
FAZER O BEM, VIVER O BEM
“Uma pessoa do bem, que ajuda a tantos não merece passar por isso”
Fala contínua pós-tragédias, particularmente quando atingem indivíduos “do bem”
Fazer o bem não livra ninguém de ser atingido pelo mal
É um modo caridoso de ser e de viver
Uma maneira de ser generoso consigo mesmo através dos outros
Uma vida tentando ser fiel a seus princípios
Que, infelizmente, não imuniza contra as maldades existentes por aí
Mas torna seus autores mais fortes e resistentes para enfrentá-las
Num mundo de cabeça para baixo
Ser bondoso, ético e correto, o que deveria ser visto como natural
É encarado com incredulidade.
Espanto com o mal deveria ser geral, independente de quem atinja…
Cercarmo-nos do bem, fazer o bem
Tornar mais equilibrada a luta do bem contra o mal
É na verdade uma maneira de tentar neutralizar o negativo existente por aí
Que sabemos que tem sempre muitos adeptos
Infelizmente…
Alda M S Santos
PASSANDO O TEMPO
– Vem cá, amiguinha, senta aqui do meu lado!
– Que lindos coloridos!
– Estou com saudades de você! Venha ver!
Não é uma escola, tampouco um ateliê.
É um lar para idosos…
Ele vive num quarto com outros três companheiros.
Fala das dificuldades de locomoção dos outros.
Ocupa-se fazendo seus coloridos em desenhos diversos.
Possui um kit de lápis de cor e livros de colorir “para passar o tempo”.
“As pessoas gostam e eu dou, não vendo não!”-diz orgulhoso
Num caderno em branco, pede para eu fazer um desenho para ele.
-Não demore a voltar. Vou colorir esse para você!
Os caminhos que percorreram até chegar ali são muitos!
As histórias se resumem a amor, dor, arrependimentos, resignação, esperanças e saudades…
O que precisam de todos nós não é tanto: carinho e atenção.
Que não os deixemos na mão!
Alda M S Santos
MUNDO DALTÔNICO
Há tantas e tantas cores por aí em seus variados matizes
À disposição de nossos olhos, querendo inundar nossas almas
Mesclando amor e alegria, carinho e bondade
Mas nem sempre deixamos entrar esse arco-íris em nós
Criamos uma barreira daltônica amedrontada na alma
Ou o próprio mundo o está bloqueando
Ficamos mergulhados, recolhidos, encolhidos
Ofuscando em cinza e marrom nossas cores vibrantes
E assim, dificultamos a troca das cores de nosso arco-íris interno
Com o mundo que escurece para muitos cá fora
Façamos assim
Minhas cores com suas cores, ainda que poucas
São capazes de fazer um mundo mais belo e multicor
A brilhar e fazer o amor em nós transbordar
Vazando nos olhos doces e sinceros
Nos quais gostamos de mergulhar, tal qual em mar azul
Ainda que na dor e carência…
Espalhemos nossas cores fazendo da vida uma tela de amor…
Alda M S Santos
#carinhologos
MEU PAÍS TEM JEITO!
Meu país tem muitas pessoas carentes, sofridas, na miséria, mesmo
De todas as idades e gênero
Muita desigualdade, é verdade!
Mas meu país tem também pessoas maravilhosas, caridosas
Meu país tem pessoas que trabalham muito,
Por si e pelos outros
Que acreditam que quem faz um mundo melhor
Inclusive o próprio país
São aqueles que o habitam e nele acreditam
Um pouquinho de cada um pode nos salvar
Meu país, como os demais, não tem só problemas
O Brasil tem muitas pessoas que nele investem
Que se preocupam com algo além de seus próprios umbigos
Olhar nessa perspectiva nos faz lutar e acreditar
Que nosso país tem jeito, sim!
Alda M S Santos
#carinhologos
ALMA LIVRE
Ela é uma poetisa que hoje mora num lar de idosos
Extremamente educada, delicada e gentil
Idade já avançada, mente alerta, olhar “invasor“, observador
Como só os poetas de alma podem ser
Ela me olhava conversar com um idoso de longe sentada em sua cadeira
Apoiada no andador, o corpo não mais acompanha a agilidade da mente e dos sentimentos
Olhava por cima dos óculos todos os demais em roda
Interagindo com a música como podiam
Cantando, dançando, ouvindo, fazendo parte…
Cheguei até ela, fiz um carinho do qual fui correspondida
Perguntei pelos poemas, se ainda escrevia aquelas preciosidades que já declamou para nós outras vezes
“Ah, não! Não tenho mais cabeça e memória para isso, faltam palavras”
“Mas para escrever poemas não precisa memória, precisa sensibilidade e sentimentos que a senhora tem de sobra ”- retruquei
Ela deu um lindo sorriso, fez-me um carinho no rosto
“Que linda e gentil você é! Estava vendo como era atenciosa com aquele senhor.”
“Ele é uma ‘peça’, gosta de conversar. Falava das filhas”- completei
“Mas não são todos que têm paciência com ele! E seu blog, ainda escreve?”
Essa foi a pergunta de quem disse não ter a mente boa…
Falei sobre o blog pra ela há tempos…
Uma alma delicada de poeta naquele corpo frágil, num lar para idosos
Será que se sente presa ali, no próprio corpo, naquele lar, ou a alma é livre?
Não tive coragem de perguntar, mas acho que ela percebeu o que eu sentia/temia
Sorriu e me beijou o rosto, agradeceu a presença
Não tem como não pensarmos no nosso próprio futuro…
Cada Carinhólogo certamente se faz essa pergunta!
Alda M S Santos
#carinhologos
FAZENDO TROÇA
“Em pé sem cair, sentada sem dormir”
Assim ela me responde fazendo troça
Quando pergunto se está tudo bem
Não sabe onde foi parar a juventude
Deve estar presa em cada marca vincada no rosto
Nos cabelos brancos, na boca pintada,
Na vaidade feminina que nunca acaba
Num sorriso sapeca ao dizer que abraço de outra mulher dá choque
Ou ao concordar que o antídoto teria que ser um abraço masculino
Numa vida entre tantos outros idosos naquele lar
Afazeres limitados pela condição física, mental ou financeira
Afinidades com alguns, desavenças com outros
Ainda conseguem sorrir, aceitar carinho
Serem gratos à vida…
Alda M S Santos
#carinhologos
OBRIGADA POR DOAR VIDA!
“Obrigada por doar vida!”- falou a atendente simpática.
Tão simples, tão necessário, tão essencial, tão insubstituível!
Envergonhada, confesso que foi a primeira vez.
Mais duas pessoas na sala fazendo o mesmo
Eu observava a bolsa se enchendo de sangue
Enquanto abria e fechava a mão
Gotas preciosas para tantos que precisam…
Coloquei junto meu amor e desejo que pudesse realmente salvar a vida de alguém
Particularmente da prima que me levou a tal ato
Anteriormente, eu não tinha o peso mínimo necessário.
Há uns três anos já me sobram alguns quilos além do mínimo exigido
Mas sempre houve algo que impedia quando solicitada
Além do medo de agulhas que superei
Não havia mais nada a impedir
Fiquei realmente emocionada por saber que um ato tão simples
Pode salvar a vida de, no mínimo, três pessoas!
Uma primeira vez, de muitas que virão, emocionante!
Há muitas maneiras de salvar uma vida
Doar sangue é uma delas e que pouco exige!
Doe sangue, doe amor, doe vida!
Alda M S Santos
QUAL NOSSO LIMITE?
Numa única vida, de um único ser
Existe um limite daquilo que ele consegue lidar, suportar
Sem se derrubar, sem pedir trégua?
Quantas causas consegue abraçar
Quantas amizades é capaz de dar atenção, tempo, cultivar
Quantos necessitados logra ajudar, se preocupar, estender a mão
Quantas lutas tem forças para travar
Quantas guerras dá conta de apaziguar
Quantas decepções e mágoas consegue abrandar sem ensandecer
A quantas pessoas está apto para amar, se entregar, se doar
Tudo isso de modo verdadeiro e intenso, sem enlouquecer
Sem detonar a si mesmo, sem deixar ninguém na mão?
Existe um estoque que vai baixando
Ou é como mina d’água que, se protegida pelas matas ciliares, jorra sem parar?
Temos matas ciliares o bastante, temos lençol freático extenso?
Qual nosso limite?
Alda M S Santos
A UM ABRAÇO DE DISTÂNCIA
Para que precisamos buscar tantas coisas?
Para que nos desgastamos tanto para adquirir objetos que nem necessitamos
Roupas, carro, casa, passeios
Para quê?
Para que lutamos tanto por pessoas ou situações que não são nossos
Não precisam de nós, não nos querem
Se tudo isso sozinho de nada vale e traz sofrimentos
Para quê?
Se tudo que nos faz bem, nos faz felizes
Se tudo que acalenta nossa alma carente de verdades e simplicidade
Enternece nosso coração, alarga nosso sorriso
Não estiver a um abraço de distância
Ao alcance de nossos braços quentes
Cuidado com carinho em nossa mente e coração?
Alda M S Santos
#carinhologos
UM GRUPO, UM VIOLÃO
Um grupo, várias vozes, um violão
Uma roda, ao ar livre, numa tarde gostosa no sabadão
Nem precisa ser muito afinado, não
Basta que tenha vontade, carinho, amor e atenção
Que as músicas sejam de uma época saudosa, refinada seleção
Que tragam boas lembranças e animação
Que despertem desejo de cantar, de dançar pelo salão
Que haja poesia nos versos singelos e amorosos da canção
Que sequer se importem com qualquer limitação
Que a gente perceba em cada voz que vibra o pulsar do coração
Em cada sorriso que se abre a luz que brota da gratidão
Em cada palavra terna a sincera satisfação
Em cada abraço, a troca do amor precioso, o amor irmão!
Alda M S Santos
#carinhologos
É BOM?
É bom quando nos torna pessoas do bem, quando desperta nossa melhor versão,
Mas se é algo que nos impede de ser ou fazer o que gostamos
Se é algo que nos desestrutura, mais entristece que alegra
Não é bom!
É bom quando aumenta nossa fé em Deus e na humanidade, aproxima pessoas e nos orgulhamos em fazer parte,
Mas se é algo que nos envergonha, frustra, amedronta
Não é bom!
É bom quando nos desperta para o amor e a solidariedade, a compaixão e a fraternidade,
Mas se nos faz criar “dívidas” sociais, familiares e emocionais muito pesadas,
Não é bom!
É bom quando queremos e podemos divulgar em “rede nacional”, contagiar a todos e levar a paz, amor e segurança que sentimos,
Mas se nos afasta dos outros, daqueles que amamos e nos querem bem
Mas, principalmente, se nos leva para longe de nós mesmos,
Para um lugar dúbio e sem volta
Se nos distancia daquilo que sempre tivemos orgulho em ser e fazer
Não! Definitivamente não é bom!
Oscilando entre o que é bom e o que não é, vamos vivendo
Caindo menos, derrubando menos ainda, ajudando, aprendendo, seguindo…
Viver é bom quase sempre!
Alda M S Santos
#carinhologos
NOSSOS COPOS
“Você pensa no quanto os outros podem te ajudar, mas não no quanto eles podem se prejudicar fazendo isso”.
Essa era a discussão entre dois jovens.
Quantas vezes para manter nosso copo cheio
Esvaziamos os copos dos outros?
Quantas vezes para manter os copos dos outros cheios
Esvaziamos nossos próprios copos?
Quem gosta de sempre receber quase nunca se satisfaz
Sempre irá contar com o abastecimento que vem de fora
Quem gosta de sempre doar sempre irá fazê-lo, mesmo desfalcado
Vivemos num constante encher e esvaziar, ora mais, ora menos
Uma relação saudável é aquela em que ambos os copos se autoabastecem
E não esvaziam o copo de ninguém!
Alda M S Santos
AMAR AO PRÓXIMO
A preocupação excessiva em ganhar a grande guerra
Nos faz perder as pequenas batalhas do dia a dia
A preocupação com a conquista de uma felicidade eterna
Nos faz perder as pequenas alegrias diárias que irrigam nossa alma de amor
A preocupação em não fraquejar, em ser sempre forte
Nos faz sufocar com lágrimas presas que nos trariam grandes aprendizados, se liberadas
A preocupação em parecer sempre bem, sempre sorrisos
Nos impede de receber ou oferecer um carinho amigo, um abraço acolhedor
O cuidado excessivo em não contar com o ovo na barriga da galinha
Nos impede de comemorar pequenas vitórias
A preocupação em fazer um bem enorme e histórico
Não pode nos impedir de um bem pequeno todo dia
A preocupação em sempre agradar e satisfazer a todos
Não pode nos impedir de cuidar de nós mesmos
O amor que se doa, para ser verdadeiro começa em estar bem conosco mesmos…
Sinceridade e aceitação do que se é, independente dos outros
É fundamental nesse processo…
Amar é uma lição que se aprende de dentro para fora
Amar ao próximo começa conosco mesmos…
Alda M S Santos
#carinhologos
DANCA CIRCULAR
Dança Circular é um trabalho antigo e tradicional.
Através de movimentos em roda, em pé ou sentados, libera a energia, canta, interage e se diverte…
Com idosos é ainda mais produtivo, pois os faz resgatar a autoestima, a alegria e o prazer de viver, principalmente em grupo.
Independentemente de saudades ou problemas de saúde.
Foi o que fizemos no Abrigo Frei Otto Ssvp, com Luka Benjamim e #carinhologos
Alda M S Santos
💕❤️😍🙏
PEDRO NEGOU “SÓ” TRÊS VEZES
Diante de um medo profundo
Covardia, mau caráter, falha humana, fraqueza
Para cumprir o que diziam as escrituras
A razão em si não nos importamos tanto
O que ficou para todos nós foi que Pedro O negou três vezes
Diante do risco iminente de prisão e morte
Ele se acovardou, negou O amigo, O protetor
Que se encontrava em apuros
Aquele que o amou e o ensinou a amar acima de tudo
Somos tão bons para julgar!
E nós?
Quantas vezes o temos negado
Ao virar as costas a um necessitado
Ao dizer que uma criança carente é problema do governo
Ao abandonar nossos idosos ou não estender a mão, podendo fazê-lo
Ao priorizar nosso bem estar independente dos outros
Ao desistir de amigos e familiares
Ao abandonar quem em nós confiou
Quem muito de nós esperou?
Quantas vezes fugimos por medo ou covardia?
Quantas vezes seguidas mais destruímos que construímos
Nas nossas vidas e nas vidas dos outros?
Pedro negou Jesus três vezes somente
Quantas vezes O temos negligenciado em cada irmão que Ele habita?
Quantas vezes não nos misturamos na precariedade que Ele sempre encontra morada?
Afinal, somos “superiores”, já fizemos “nossa parte”
Nos salvamos. Será?
Seria menos vergonhoso se fôssemos Pedro!
Alda M S Santos
DESERTOS E SEUS OÁSIS
Imagine o que é ouvir de alguém
“Hoje sei que sou importante
Mas nem sempre foi assim
Já me achei doente, a problemática, descartável
Já me acharam um nada, uma qualquer
Já quis morrer, já quiseram que eu morresse…”
Se já é doloroso ouvir isso de um ser humano
Imagine para quem viveu, para quem compartilha, agora, tal sentimento
Imaginar-se passando por um deserto desses
Seco, sem trilhas, sem vida, irrigado apenas por lágrimas
Despertadas pelas tempestades de areia quente que enfrentou
Onde os possíveis acompanhantes eram “inimigos”
Imagine, então, o que seria causar esse deserto em alguém
Ou, pior, ter retirado os oásis que ela poderia recorrer pelo caminho
Para irrigar os lagos secos dentro de si e renovar a vida?
Qual nossa responsabilidade de ouvinte?
Ser, senão a água ou o camelo que a retira de lá
Tentar ser, pelo menos, os arbustos do caminho
Onde possa se abrigar do sol quente e descansar sob seus galhos
Ser a fonte de energia que ela precisa para prosseguir
Ser apenas outro ser humano que entende de desertos, de oásis
Mostrando que, devagar, um passo de cada vez
É possível sair de lá e, mais que sobreviver
Querer viver!
Alda M S Santos
ENQUANTO ISSO…
Enquanto o rio não corre para cima
Vou descendo nas suas loucas corredeiras
Enquanto não conseguimos tirar leite de pedras
Vou amaciando uns corações mais flexíveis e receptivos
Enquanto vamos brigando por um mundo mais justo e fraterno
Vou estendendo a mão, desviando dos buracos, ajudando, sendo ajudada
Enquanto procuro pela rosa mais cheirosa, bonita e perfeita
Vou cuidando das lindas flores do meu jardim
Enquanto a escuridão da noite cai sobre todos
Busco uma estrela cadente e faço um pedido
Enquanto o amor não vence todos os obstáculos
Percebo que o impossível é especialidade Dele
Enquanto a tempestade assustadora não passa
Observo sua beleza, seu poder de destruição e reconstrução
E escrevo um poema…
Alda M S Santos
ESTOQUE BAIXO?
Estender a mão é sempre um risco
É submeter-se à avaliação, é dar a cara a tapas
Ora rotulados de superiores, de “ego enorme”
Ora de inferiores, carentes e de baixa autoestima
Na verdade, estender a mão ao outro é estendê-la a nós mesmos
E nos reconciliarmos com nossas próprias falhas
Nossos vazios e necessidades
Enxergar o que o outro precisa é ter sentido aquela falta em algum momento
É temer evidenciar aquilo num futuro
É abastecer duas almas simultaneamente
Estender a mão oferecendo algo é dúbio
Pode ser doar aquilo que temos sobrando em estoque
Mas também é, por vezes, um modo de receber
Aquilo que estamos necessitados no hoje
Ou não queremos deixar baixar o estoque para o futuro…
Alda M S Santos
#carinhologos
COISINHA BEIJOQUEIRA
-Já vem você né, coisinha?
Ela diz entre a braveza e a surpresa escondida num meio sorriso.
– Oi! Sou eu! Estava com saudades- digo, me aproximando devagar.
-Pode ficar aí. Não chega aqui, não!- diz ajeitando os cabelos.
– Quero ver você de perto. Só conversar. Sabe que te amo, amor da minha vida?
– É? Amor da minha vida?- um sorriso divertido abre as portas e eu chego.
– Como você está?- abraço a idosa e beijo suas bochechas.
Ela sorri, conta suas dores e fantasias, pergunta se fui de carro, pede para levá-la a minha casa.
Tento convencê-la a tomar um banho:
– Pra ficar mais linda, cheirosa!
– Você é a coisinha beijoqueira!
– Sim! Mas só beijo porque te amo! 💕
Ela sorri feliz em meio às suas lamúrias, mas nada de aceitar o banho…
Mas eu a amo assim mesmo!
Quanto sofrimento ela deve ter suportado nessa vida?
Não importa por quanto tempo dure o sorriso, o importante é despertá-lo!
Lá e cá!
Alda M S Santos