VIAGEM
A vida avisa se chega o bem ou o mal
Ela sempre nos envia algum sinal
Se vai machucar ou não, dor ou satisfação
É preciso atentar para o pulsar do coração
Muda daqui, age diferente ali
Se recolhe ou se protege aqui
Enfrenta com amor e coragem
A vida é uma interessante viagem
Alda M S Santos
NÃO É OPÇÃO!
Quantas vezes desistir surge como opção
Aquela angústia que aperta o peito, o coração
Mundo tão perdido, sem sonhos, negativista
Próprio umbigo é marca de todo individualista
Aquele desejo de jogar a toalha, ir embora
Se entregar, abrir mão, a alma silencia e chora
Tanta desigualdade, fome, exclusão
Mas tantos com limitada e excludente visão
Perde-se a noção do todo, da coletividade
Com isso some qualquer sinal de normalidade
Vai-se aos gritos todo indício de humanidade
A Terra clama por mais, pede que se levante
Acorde e sacuda a bandeira da paz, triunfante
Tenha humildade, amor, não seja arrogante!
Alda M S Santos
SÓ UMA DATA
Apenas uma data, tanto significado
Mente apertada, coração alado
Fins de ciclo, novo recomeço
Que o caminho seja belo, sem tanto tropeço
A alma sonha voo alto de liberdade
Para todo canto que seja de suavidade
A música que toca pede uma dança
Que tenhamos bom par nessa contradança
Vontade de romper as amarras, cortar os nós
Ir em busca da Lua, ainda que só
Ignorar os contras, pensar só nos prós
É o coração que em silêncio grita
Balança o corpo, a alma se agita
Novos tempos chegando nessa vida bendita
Alda M S Santos
NUNCA É TARDE
Nunca é tarde demais para preservar bom hábitos
Tampouco para novos hábitos criar…
Nunca é tarde demais para se arrepender e os erros corrigir
E um novo caminhar na vida seguir…
Nunca é tarde demais para encarar o fim como estágio vencido
E recomeçar a viver com novo sentido…
Nunca é tarde demais para ser jovem
A idade do coração e a juventude da alma é que nos movem…
Nunca é tarde para ser de verdade parte desse mundão
E aprender a viver em comunhão…
Nunca é tarde demais para reaprender a amar, ser mais
Pois, quase sempre, a vida vai embora cedo demais…
Alda M S Santos
EVOLUÇÃO
Não somos mais os mesmos, isso é certo
Feliz ou infelizmente, não se pode dizer ao certo
Pau que nasce torto pode se endireitar
Pau que nasce certo pode entortar
Tudo irá depender do que na vida irá encontrar
E daquilo que souber dela aproveitar
Nessa travessia há sempre mudanças
Todo o tempo nos transformamos nas andanças
Aí fica a questão: mudamos para melhor ou para pior?
Evoluir implica em crescer, a vida enaltecer
Não desistir, regar os canteiros do viver
Os nossos, os dos outros, dos que vierem a carecer
Até que ponto essa evolução é verdadeira
Que regar o canteiro do outro
Não nos deixa na seca de bobeira
Vivemos um mundo real, ou sonhar virou nossa bandeira?
O passado é saudade, o futuro é só apreensão
E no presente, estamos investindo mesmo, de coração?
A vida segue seu ritmo, não há involução
Sempre em busca de equilíbrio, de evolução
Certo é que não dá para desanimar
É preciso seguir em frente, até a próxima dimensão
Alda M S Santos
DEIXE O VENTO LEVAR
Deixe o vento levar…
As mágoas que afogam nossa alegria
Os pensamentos que tornam cinzas nossos sonhos
As dúvidas que teimam em nos roubar o sossego
Deixe o vento levar…
As preocupações com o que não temos controle
A solidão que corrói nosso interior
As pessoas que nos jogam pra baixo.
Deixe o vento levar,
Mas seguremos com carinho
Aquilo que não deve ir …
O sorriso bobo que brota por qualquer motivo
As pessoas capazes de despertá-lo
Ainda que, por vezes, sejam causadoras de lágrimas.
Não o deixemos levar…
Quem acredita em nós, apesar de nossas imperfeições
Aqueles capazes de ativar nossa energia, acender nossa luz…
Quem para nós é o amor em todas as suas formas.
Deixe o vento levar as nuvens escuras para longe
Ele trará de volta o Sol
E, com ele, virá vida nova
Recheada de esperanças…
Alda M S Santos
ÁGUA OU FOGO?
Água ou fogo, calor ou frescor
Calmaria ou tempestade
Doçura, delicadeza e bondade
Ou atitude, agitação, lutas, felicidade
Sem falso pudor?
Água ou fogo?
Em qual deles encontramos o que mais precisamos
Voo livre ou terra firme
Asas ou raizes
Liberdade ou segurança
Troncos ou galhos, flores ou frutos?
Que buscamos?
Almejamos aquilo que nos atiça, energiza
Ou aquilo que nos acalma, tranquiliza
Qual elemento mais nos completa
Água ou fogo?
É preciso ficar alerta
Água que lava, refresca,
Nos leva em seu curso
Ou fogo que nos aquece, alimenta, instiga,
Consome o que nos faz mal
Ativa o bem e apaga toda intriga?
Água ou fogo?
Depende do que mais necessitamos no momento
Ambos podem nos limpar, purificar
Nos permitir recomeçar…
Água ou fogo?
Que saibamos escolher o elemento certo
No momento mais incerto…
Alda M S Santos
NUNCA!
Estamos sendo convocados
Pelo nosso eu, nosso interior
A encontrar um meio de valorizar
O que realmente tem valor
Nunca fomos tão necessários
Para fazer uma boa avaliação
Do que em nós é precário
E do que carece evolução
Nunca fizemos tanta falta
Para nós, para a humanidade
Saber que somos mais e melhores
Quando agimos pela coletividade
Nunca tanta carência se evidenciou
De fé, de pão, de emoção e afeto
O momento é agora, já começou
Você não poderá fugir, isso é certo
Alda M S Santos
NOS VERSOS DA CANÇÃO
Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão
Reza o dito popular quase aceito como lição
Será isso mesmo, meu irmão?
Uma moeda de ouro saqueada
Se de quem roubou também for usurpada
Tem a dívida perdoada, consciência suavizada
E se o que se rouba é o coração
E no lugar só deixa solidão?
Cem anos de perdão?
Não parece muito justo, cidadão!
Ladrão que rouba ladrão também precisa compaixão
Ou roubou tá roubado não importa a situação?
Bom mesmo é por todos uma bela oração
Porque quem rouba coração
Deveria ter por certa a obrigação
De também deixar-se roubar, ter um pouco de afeição
Trazer paz e alegria, cuidar da emoção
E fazer do amor uma poesia
Cantada nos lindos versos da canção
Alda M S Santos
E SE…
E se a Terra se rebelasse
A Natureza se revoltasse
O céu as estrelas não enfeitassem
Os namorados sob a Lua não se animassem
Será que iríamos acordar?
E se as cachoeiras secassem
As fadas ali não mais voltassem
As ondas do mar estacionassem
Os rios dos obstáculos não desviassem
Será que iríamos acordar?
E se as flores se fechassem
As árvores, tristes, tombassem
O sol de nascer se esquecesse
A chuva de nós se escondesse
Será que iríamos acordar?
E se o amor não mais nos alimentasse
Dia e noite por aqui se misturassem
A beleza e delicadeza não nos encantassem
A poesia não mais da tristeza nos salvasse
Será que iríamos acordar?
A vida no planeta Terra pede socorro
Quando iremos acordar?
Alda M S Santos
DESFOCANDO
Quisera ter esse poder
De desfocar sem perder
A alegria e prazer de viver
Se machuca, maltrata
Irrita, desrespeita ou ameaça
Desfoca!
Se tira a paz, o sossego
Se nada acrescenta, se o bem afugenta
Desfoca!
Se o amor não enaltece
Se a amizade não prevalece
Se apenas nos aborrece
Desfoca!
Olhe novamente, seja resiliente
Balance ao sabor da corrente
E foque naquilo que é luz!
Desfoca!
E foca apenas no que for por amor…
Alda M S Santos
CARA LAVADA
A cara é pintada, enfeitada
Para chamar atenção ou esconder emoção
Que resta quando a cara é lavada?
Quase sempre faz estardalhaço
A vida de um palhaço é só embaraço
Que se desfaz num beijo, num abraço
Nessa vida de palhaçada
Vai levando toda a meninada
A sorrir dia, noite ou madrugada
Mas pode ser cilada, não se deixe enganar
Se o sorriso se abrir, mas o olhar não acompanhar
Ao palhaço feliz falta amar…
Que resta quando a cara é lavada?
Alda M S Santos
LUTOS
Vivemos uma vida de lutos, de perdas
De despedidas, de adeus, de dores
Choramos, sofremos…
Mas toda morte e despedida trazem consigo um renascer
Um broto de vida, novo, lindo
Um recomeço…
Abrir a janela de nossos corações
Deixar a luz entrar, aquecer a terra fértil de nossa alma
Chorar, se preciso for, para irrigar
Deixar brotar nova flor, novo amor
Luto é fim de uma etapa
Recomeço de outra, nova semente pronta para crescer
Novo jardim florir, perfumar, encantar
Como ela será só depende dos jardineiros envolvidos
Sentir uma perda, viver o luto é natural e até necessário
Aceitar a mudança e cultivar o novo é essencial
Que sempre saibamos nos despedir
E acolher as novas sementes…
Alda M S Santos
NOSSOS DESERTOS
Em nossos desertos internos
Pode faltar água
O sol castigar a pele
A aridez do solo queimar os pés
As tempestades de areia machucarem o corpo
O calor excessivo do dia causar alucinações
A friagem congelante da noite paralisar a emoção
Mas nunca se perde a esperança
De descansar à sombra de um arbusto
De encontrar vida ativa
De encontrar um oásis…
Essa espera que nos faz enfrentar todos os medos
Toda a secura de nossos desertos internos
O desejo de sobreviver é maior
Mas é a expectativa e a visão de um oásis mais à frente
Que nos alimenta nesse duro caminhar
Que abastece o coração de vida
Que mantém a alma em atividade e estado de espera…
Não importa quando
Apenas sabemos que o oásis irá chegar…
Isso basta!
Alda M S Santos
O QUE VOCÊ VÊ?
O que você vê quando olha para a vida ?
Uma estrada longa, quente e comprida
Ou uma sombra refrescante na subida
O sol forte que queima e dá lombeira
Ou seu brilho e calor que te faz desejar uma cachoeira
A chuva forte sem hora, sem cabimento
Ou o arco-íris que ilumina o firmamento
As árvores que produzem flores e frutos no quintal
Ou a sujeira que fazem no local
O mar azul que acolhe os banhistas
Ou a maré alta que invade a pista
A Lua Cheia que abraça os namorados
Ou a escuridão onde se escondem os marginalizados
A moça bonita, de olhar distante,
Sentada na areia, na beira do mar
Ou aquela de andar vacilante
Sonho distante, a caminhar?
Qual o seu olhar para a vida?
Isso irá determinar
O quanto ela pode ser colorida…
Alda M S Santos
TÃO PEQUENOS
Tão pequenos somos nós
Diante da grandiosidade do universo
Tão grandes somos nós
Em busca de algo precioso
Tão pequenos somos nós
Quando nos recolhemos em nós mesmos
E ignoramos todo o resto
Tão grandes nos sentimos nós
Frente a tanta batalha inócua
Tão pequenos somos tantas vezes
Ao nos sentir perdidos e sem rumo
Tão grandes somos nós
Lutando, debatendo, ferindo, machucando a todos
Tão pequenos, tão grandes
Depende do referencial
O que vale de verdade, e é preponderante
É o que fazemos de especial
Quando nos sentimos tão grandes
Quando nos sentimos tão pequenos
Tão acompanhados ou tão solitários…
O mundo precisa de gente grande
Não de críticas ou julgamentos
O mundo precisa de gente grande
De sentimentos e de atitudes!
Alda M S Santos
ESSA LUZ…
Passa por pequenas frestas
Clareia o caminho, nos guia
Tantas vezes é ignorada
Essa luz é condutora de energia
Passe o tempo que passar
Sempre será ela a mais procurada
Essa luz acende esperanças, insiste
Invade recantos mais escuros
Não teme a dor, não desiste
Escala montes, derruba muros
Essa luz reflete o que há na alma
É condutora, principalmente de amor
Abre trilhas, constrói pontes
Atrai e une sentimentos e pessoas afins
Liga, conecta interior ao exterior
Essa é a luz do Senhor!
Deixe-se iluminar!
Alda M S Santos
MEU MUNDO PARA
Nas mil voltas que esse mundo maluco dá
A gente vai tentando não cair, nos segurar
Apegando-nos a algo que nos faça seguir
Que não nos trave no mesmo lugar
Tantas vezes queremos tocar a campainha
Dar um sinal que avise que queremos parar
Cansados estamos, tontos, só queremos descer
Arrumar um cantinho, encolher para descansar
Girando por aí para todos os cantos
Notamos que tantas vezes precisamos é nos soltar
De algo a que nos apegamos e nos prende no mesmo lugar
Por não querer seguir, se envolver, participar
Tantas as travas, tantas as tristezas
Que podem fazer nosso mundo parar…
Urge focar nas alegrias, nos estímulos, no belo
No amor que precisamos para fazer nosso mundo girar…
Alda M S Santos
OBRA VALIOSA
Tantas vezes acreditamos que
Em se tratando de construção antiga
O melhor é jogar tudo ao chão
E recomeçar do zero, evitar a fadiga
Refazer tudo, não investir tempo em reparos…
Pensamos que reformar é trabalho perdido, sai caro
Serviço porco, costumamos dizer
E se nosso Criador nos olhasse nessa mesma perspectiva?
Nossas paredes trincadas por abalos sofridos
Nossa cobertura danificada pelas tempestades de granizo
Áreas com mofo, descascadas, esquecidas num canto
Infiltrações importantes em partes fundamentais
Ferrugem corroendo nossa estrutura emocional
Base gasta pelo uso excessivo e impensado
Portas e janelas mal instaladas, soltas
Espaços impróprios que não recebem luz
Rede elétrica com falhas, produzindo choques no coração
Será que valeria a pena a reforma
Ou Ele preferiria começar conosco do zero
Levar-nos de volta para refazer o trabalho?
Como anda essa obra valiosa que somos nós mesmos?
Temos cuidado bem dela?
Ou terá que ser demolida?
Alda M S Santos
A CHAVE
Uma porta, uma fechadura, uma chave
Inseriu, girou, abriu
Nem sempre é assim tão simples
Pode estar emperrada como nunca se viu…
Às vezes a chave não é aquela
A fechadura está enferrujada
Ou talvez te falte o jeitinho
Para enfrentar essa parada
Outras vezes a porta não está à vista
Exigirá muito tato e habilidade
A chave não é tão concreta
Mas feita de carinho e intimidade
Não há portas intransponíveis
Tampouco fechaduras invioláveis
O que nos falta é perícia e perseverança
Para torná-las acessíveis, maleáveis
Se a força bruta não adiantou
A chave também não serviu
Não adiantará de nada arrombar
Use o amor, seja doce, seja gentil
E pela porta poderá entrar e ficar…
Alda M S Santos
LUZ E SOMBRA
Ora luz, ora sombra
Ora claridade, ora escuridão
E ali ficamos nós buscando equilíbrio
Entre a liberdade e a prisão
Entre luzes e sombras
Procuramos um caminho enxergar
Um passo após o outro
A trilha que irá nos acalmar
Fechamos e abrimos os olhos
Para com a penumbra nos acostumar
Inspira, expira, relaxa
Para a paz poder reinar…
Alda M S Santos
DEMOLIÇÃO
Demolir é tão importante quanto construir
Tantas vezes é pré-requisito para uma nova construção
Trincar, quebrar, desmoronar, ruir
O que não serve mais deixar cair, jogar no chão
Entregar-se, se preciso, à emoção
Sofrer, chorar, lamentar, mas levantar
Das ruínas tirar uma lição
Aproveitar o que for útil, der suporte
Regar com suor, sorrisos ou lágrimas esse chão
E ali construir base sólida, forte
Aproveitar a demolição para recomeçar
Nova e bela construção
Um novo castelo nascido em nós ressurge
Só assim mantém-se vivo nosso coração…
Alda M S Santos
SOBRAS
O que sobra aqui, falta lá
O que sobra lá, falta aqui
Espiritual, material, emocional
É preciso contrabalançar
Vivemos para tentar equilibrar
Fazer com que sobre menos
Lá e cá …
Diminuir as carências
De lá e de cá…
Equalizar essa balança
E fazer dessa dança existencial
Mais do que um solo que encanta
De preferência, um dueto emocionante
Um espetáculo sem igual…
Alda M S Santos
E O FRIO CHEGOU…
E o frio chegou…
Tempo de desembaraços, de criar laços
De acertar os passos
E se aquecer em abraços
E o frio chegou…
Hora de fogueira ou lareira
Tempo de filme, pipoca e edredom
Na vitrola um nostálgico som
Luz baixa, química alta, tudo de bom
E o frio chegou…
Tempo de hibernar, reservar energia
Buscar intensamente uma calmaria
Numa taça de vinho encontrar a magia
E diante disso tudo entregar-se à vida
Que a tantos contagia…
E o frio chegou…
Alda M S Santos
ELE É AMIGO
Não tenha medo ou receio
Pode não parecer, mas ele é amigo
É paciente quando possibilita reflexões e aprendizados
Mesmo que nos faça não só sorrir, mas também chorar
É sábio mesmo quando é rápido e veloz
Quando parece nos abandonar ou deixar para trás
Quando parece nos limitar ou cortar nossas asas
Mesmo sem nos tocar ele nos atinge
Não há como fugir dele
Seu efeito é variável de pessoa para pessoa
Age de modo individual em cada mente
Influencia com doçura ou amargura cada coração
Ainda que pareça só fazer o mal
Ele é amigo, tenta parear conosco
É um remédio que se não cura, imuniza
De longe ou de perto, ele está sempre presente
Mesmo à nossa revelia o tempo age
E porque age é nosso amigo
Sempre!
Percepção que só se tem quando ele passa…
Alda M S Santos
IMPOTÊNCIA
Impotência diante de um mundo que parece girar tão rápido
Mas em tantas outras vezes parece tão estacionado
Impotência diante da dor do outro
Quando só nos cabe oferecer um abraço
Impotência diante de perdas irreversíveis
Quando só nos resta a dolorosa saudade
Impotência diante da esperança desbotada, sem cor
Quando falta tinta para pintá-la, renová-la, sem pudor
Impotência diante da própria inércia
Quando, cansados, quase desistimos
Quase caímos, quase entregamos os pontos
Quase…
Mas preferimos, como Fernando Sabino, fazer
“Da queda um passo de dança”
E seguir…
Alda M S Santos
SALVE-SE QUEM PUDER
Tempos difíceis vivemos
A vida como a conhecemos pede socorro
Preta, branca, amarela ou vermelha
Salve-se quem puder
Somos capazes de ouvir?
A humanidade corre risco
Nem isso é capaz de nos unir?
Salve-se quem puder
Não há como se esconder ou fugir
Dinheiro, bens, títulos, posses diversas nada valem
O único modo de nos salvarmos
O único transporte possível para nos tirar daqui
É o que carregamos dentro de nós
A medida exata entre razão, amor, compaixão
A capacidade de nos vermos como espécie
Como um todo que faz parte de algo maior
Salve-se quem puder não é lema individual
Só nos salvaremos se agirmos coletivamente
Não há como se salvar deixando o outro para trás
Na perspectiva da continuidade da vida
Ou nos salvamos todos, ou nos perdemos como raça, como espécie…
Salvemo-nos todos se pudermos!
Alda M S Santos
BORBOLETAS…
Quisera essa leveza, essa cor, essa liberdade de ser
De flor em flor, jardim em jardim, puro prazer
Quisera encantar, polinizar, a vida levar nas asas
De metamorfose em metamorfose, voar, renascer
Quisera nunca perder a fé, acreditar num propósito maior
Saber onde pousar, em quem poder confiar
Ainda que seja curta e fugaz
Levar uma vida intensa de amor e paz
Quisera jamais perder a calma e trazer na alma a certeza
De que tudo está em seu devido lugar
Quisera sua marca aqui poder imprimir e deixar
Tal qual bela, leve e encantadora borboleta…
Alda M S Santos
ESQUECER OU LEMBRAR?
Você já se esqueceu?
A vida continuou, não parou
Ao menos não parou para todo mundo
Mas para aqueles que sofreram a perda de alguém
Dor, angústia, lágrimas, revolta, tristeza, medos
Às vezes precisamos esquecer
Para seguir vivendo…
Noutras, exatamente ao contrário,
Precisamos lembrar de quem partiu e vive em nós
Para não nos sentir morrendo…
Uns precisam de 30 dias, meses ou anos para esquecer
Outros se lembrarão e serão lembrados
Mesmo que passe uma vida inteira
Algo sempre estará rompido em quem perdeu alguém
Que representou no mínimo 50% de seu viver
Esquecer ou se lembrar continuamente
São modos similares de ativar novamente a válvula da vida…
Alda M S Santos
MEXIDOS E REMEXIDOS
Sabe aqueles dias que nos sentimos um suco remexido
Daqueles que estavam “descansados”
Com o conteúdo sólido, denso, depositado no fundo
E o que é leve dando cor, leveza e sabor
Misturado, à mostra ou na superfície, facilitando a vida?
Aí vem algo e balança tudo
E o que “pesa” mistura-se novamente
Como vento que levanta a poeira assentada
Lança as folhas para todos os lados
Derruba galhos, agita lagos, lagoas e mares
Novo trabalho de descanso e repouso é exigido
Para a vida seguir leve, colorida e saborosa
Ainda que o pesado que repousa lá no fundo
Seja aquilo que dá vida e sustentação a todo o resto…
Alda M S Santos
NEXT!
A vida, muitas vezes, parece com aqueles cadastros online
Onde há lacunas obrigatórias a serem preenchidas
Não adianta ignorar, fingir que não viu
Recusar-se a cumprir a tarefa
Não há como prosseguir!
Sempre aparecerão os erros que impedem “a próxima página”
Ou os resolvemos, ou empacamos ali
São “problemas” cuja solução são a senha para o próximo passo
São erros(!) cujo alerta sinaliza que há algo impedindo a passagem
Que é preciso voltar atrás, corrigir, consertar, preencher
Ou, simplesmente, ficar ali estacionado
Não é vergonha pedir ajuda
Há erros e lacunas que não resolvemos sozinhos
Vergonha é repetir o mesmo erro até ser bloqueado
Next! Em frente! Enfrente!
Alda M S Santos
HAJA LÁGRIMAS!
Nem bem uma lágrima seca
Um soluço passa
A descrença começa a perder força
Vem outra tragédia para irrigar a emoção
Puxa vida! Haja lágrimas!
Deus, tenha piedade de nós
Cuide de nosso Brasil
Não nos deixe perder a fé em dias melhores
Em boas pessoas, na capacidade de lutar
E seguir em frente
Mesmo com tudo balançando todo o tempo
Despencando e querendo nos levar daqui
Será que seria tão ruim ir embora?
Vontade de chorar e chorar…
Alda M S Santos
MINÚSCULOS GRÃOS DE AREIA
Uma imensa galáxia composta de muitos corpos celestes
Uma esfera terrestre cheia d’água, mares e rios
Fauna, flora, minerais…
A balançar nesse infinito espaço sideral
Que nunca se derrama ou cai
Dentro dessa esfera estamos todos nós
Minúsculos grãos de areia com a liberdade cerceada
Mantidos “presos” ali pela lei da gravidade
Unindo-nos uns aos outros para não cair
Dando-nos as mãos para nos sentirmos menos sós
E fazer da nossa esfera mental uma galáxia menos complexa, mais livre
Até poder escapar desse planeta e atingir o multiverso lá fora
Do qual somos parte, mas muitas vezes nos sentimos excluídos…
Alda M S Santos
PERSEVERANÇA
É preciso perseverar!
Férias não duram para sempre
Festas têm fim, lazer tem prazo determinado
Paz e tranquilidade não são eternas
Mas podem oscilar menos dentro de nós
Para manter algo de bom
Conquistado em momentos ímpares
É preciso perseverar!
Saber usar a bateria que foi recarregada
A emoção que foi bem trabalhada
A alma que se abasteceu transbordando encantos e cuidados
É preciso perseverar!
Se quisermos manter a cor e o tom do verão
O dourado bonito da pele que atinge a alma e faz brilhar o sorriso
A leveza, a tranquilidade e doçura de uma brisa marinha
Ou vivermos para sempre em lua de mel com a vida
É preciso perseverar!
Enfrentar com energia e paciência os outonos e invernos
Curtir também o que de bom podem oferecer
Não se pode desesperar
É preciso perseverar!
Alda M S Santos
HUMANOS ARANHAS
Somos humanos aranhas a tecer
Alguns tecendo teias fortes como o aço
Outros teias frágeis, mas impregnantes
Há os que tecem, sem objetivos de captura, apenas proteção
E ainda aqueles que sequer são capazes de construir teias
Esses, especialistas em se tornar presas de outras aranhas
Grudados em outras teias…
Há também as “aranhas” que buscam presas em outras teias
Já capturados por outras aranhas
Estamos, de todo modo, presos em alguma teia
De seda ou de aço, não importa
Cuidando da que construímos e de quem “capturamos”
Ou nos adaptando à teia em que fomos capturados
A liberdade consiste em escolher a “prisão”
A teia na qual estaremos nos fazendo de livres…
Alda M S Santos
EM CASA, ONDE QUER QUE SEJA
No meio do mato, perdida na mata
Ouvindo os sons do silêncio
Em casa, onde quer que seja…
Numa estrada de terra, margeada de buganvílias
Sentindo o cheiro das cores intensas
Em casa, onde quer que seja…
Mergulhada nas águas de um rio gelado
Dependurada de ponta a cabeça numa árvore centenária
Em casa, onde quer que seja…
Numa casinha de pau a pique, numa barraca de lona
Num colchonete sob céu estrelado
Em casa, onde quer que seja…
Debaixo de uma tempestade, sem energia
Ouvindo o tamborilar das gotas insistentes na janela
Em casa, onde quer que seja…
Num jardim florido e colorido, entre abelhas e borboletas
Ouvindo as cigarras agitadas e o “motor”dos beija-flores
Em casa, onde quer que seja…
No deserto, numa região árida e seca, sob sol escaldante
Em busca de um oásis sonhado
Em casa, onde quer que seja…
A sensação de estar em casa em qualquer lugar
Surge quando estamos bem conosco mesmos
Quando acalmamos nossos gritos, fazemos as pazes com nossos silêncios
Nossa verdadeira casa é aquela que carregamos conosco
Como caracóis…
Se essa casa abala alicerces, trinca paredes, desmorona, em qualquer lugar nos sentiremos intrusos
Todos queremos estar sempre
Em casa, onde quer que seja…
Alda M S Santos
VAMOS BRINDAR?
Vamos brindar aos sins que recebemos na vida
Aqueles que nos abriram portas, iluminaram nossos caminhos
Elevaram nossa autoestima, nossa fé em nós mesmos
Facilitaram nossas conquistas e nos permitiram alegrias…
Vamos brindar?
Vamos brindar também aos nãos que nos foram ofertados
Aqueles que nem sempre entendemos no momento
Tristes, amargos, cortantes, frustrantes, maldosos
Que interromperam nossa caminhada, esburacaram nosso trajeto, nos deixaram ali por uns tempos
Que tantas vezes nos revoltaram, contra os quais nos rebelamos e batemos de frente
Mas que, mesmo dolorosos, nos fizeram crescer…
Vamos brindar?
Mais que os sins, os sobreviventes dos nãos são mais fortes
Não são derrubados por qualquer ventania ou tempestade
As perdas e as quedas são, cedo ou tarde, impulsos para se levantarem
Sabem o momento de lutar e o momento de recuar
Ou, simplesmente, quando é necessário aguardar ou quando não dá para fazer nada…
Sobreviventes dos nãos aprenderam a extrair deles o que é útil e passível de evolução
E seguir tentando ignorar o que não faz bem…
Aos sins e aos nãos da vida que sempre existiram e sempre existirão
Vamos brindar?
Tim, tim!
Alda M S Santos
DE ONDE VEM ESSE VENTO?
De onde vem esse vento
Que a muitos causa medo
E a poucos traz alento?
De onde vem esse vento
Que levanta saias, despenteia cabelos
Carrega chapéus e ignora apelos?
De onde vem esse vento
Que bagunça o que estava arrumado
Na pretensão de arrumar o que estava bagunçado?
De onde vem esse vento
Que tanto carrega para lá e para cá
Mas não me leva desse lugar?
De onde vem esse vento?
Alda M S Santos
VIRA-LATAS
Somos mestiços, oriundos de várias raças
Uma mistura que nos torna SRD
Sem raça definida, carregamos características de vários povos
Ora somos fortes, resistentes e adaptáveis
Pés-duros, confiáveis, amigos
Ora somos frágeis e de baixa autoestima
Acusados de tudo fazer, de virar latas por um pedaço de pão
De nos rebaixarmos para receber um carinho na cabeça
Dependentes da aprovação daqueles que consideramos mais, superiores
Mas carregamos conosco as misturas de uma raça não definida, híbrida
E o que de bom ou ruim isso possa acarretar
Com toda a força, fidelidade, inteligência, confiabilidade e resistência
De quem tudo já enfrentou
E de quem não se entrega assim tão facilmente
Um vira-latas morre lutando, acreditando na vida
Nunca deixando de amar…
Alda M S Santos
REFLEXOS DE LUZ
Dia encoberto, nebulosidade intensa
O sol não apareceu…dia “triste”
Rei, cedeu a vez para as nuvens chorosas
Não deixou de existir, não foi embora
Está lá, apenas se pôs atrás, ficou na retaguarda
Ainda assim, emite luz entre nuvens
Aquela que possibilita a sombra das árvores
A mesma que permite o reflexo nas águas…
Tantas vezes quando tudo em nós parece nebuloso e sem esperança
Quando só notamos sombras
Seria bom que lembrássemos que não se formam sombras
Onde a escuridão é total…
Nossa luz, como o sol, apenas está na retaguarda
Busquemos por ela, saibamos esperar
Admirando e aprendendo com os reflexos que se formam
Nas águas que minam de nossos olhos
E irrigam um novo desabrochar…
Alda M S Santos
DEIXE-SE LEVAR
Deixe-se balançar ao sabor do vento que sopra forte
Ora para um lado, ora para o outro
Deixe-se encharcar pelas águas que inundam
Ora as doces do céu, ora as salgadas do oceano
Deixe-se emocionar pelos sentimentos dentro de si
Não resistir, não fincar pé, não engolir choro gera resiliência
A capacidade de envergar, mas não quebrar, nos fortalece
Quanto maior a capacidade de se flexibilizar
De mover-se ao sabor do que é maior, mais forte do que nós
Mais engrossamos nosso tronco, nossas raízes, nossa essência
Preservamos o que é importante…
As grandes árvores balançam ao sabor das ventanias
E suas raízes são cada vez mais profundas
Seu equilíbrio entre flexibilidade e rigidez é que garante sua sobrevivência…
Alda M S Santos
FASES E FACES
Fases, faces, brilho e sombra
Prerrogativas da Lua, das pessoas
Minguante, minguando, definhando em C invertido
Um ser recolhido perdendo luz, abraçando sombras, até ser Nova
Sombra total, escuridão, brilho oculto na outra face
Aquela escondida de todos, preservada, um ser em tempo de esperas
Sol, Lua, céu, pessoas…
Fases: construção do novo, maré, podas, plantação
Crescente, crescendo expectativas, alimentando esperancas, recebendo luz até ser Cheia, redondamente linda
Cheia de si, de brilho e orgulho, transparência
Sol, Lua, céu, pessoas…
Fases… dos seres vivos, dos amantes
Toda sombra esconde um brilho
Todo brilho esconde uma sombra
Fases, faces, brilho e sombra
Prerrogativa da Lua, das pessoas
Minguando, se escondendo, crescendo, aparecendo
Enquanto houver céu e sol
Dentro e fora de nós…
Alda M S Santos
O VALOR DE UMA VIDA
Ânsia, necessidade premente de seguir
Seguir em frente para o desconhecido, o novo
Até onde não haja mais chão para caminhar
E ali pousar…
Ânsia, necessidade premente de seguir
Seguir, mas pegando o retorno, voltar
Até um bom lugar, um ponto pacífico, saudoso, confiável
Buscar o conhecido, prazeroso, sentar
E ali pousar…
Todo desejo de seguir esconde um embutido desejo de estacionar
Num lugar de tranquilidade e paz…
Enquanto houver propósito de seguir haverá vida
Em pouso ou em trânsito…
Cada qual faz sua melhor versão do caminho
Cada um sabe o valor de sua vida e das vidas alheias …
Alda M S Santos
À VONTADE
Tão à vontade num chinelo de dedos
Quanto num salto Luiz XV
Tão confortável num moletom surrado
Quanto num vestido de gala cheio de brilhos
Tão sensual num baby-doll de algodão de florzinhas
Quanto numa lingerie de seda vermelha
Tão em paz num salão barulhento e dançante
Quanto no silêncio debaixo do edredom assistindo uma comédia
Tão satisfeita diante de um prato de arroz, frango com quiabo e angu
Quanto num restaurante degustando caviar
Tão alegre num voo para um destino paradisíaco e deslumbrante
Quanto na rede da varanda de uma casinha na roça
À vontade todos nós sempre buscamos estar
E estaremos somente quando encontrarmos a paz dentro de nós
Estar confortáveis e satisfeitos em qualquer situação do mundo
Não tem muita relação com o exterior
Estar à vontade no mundo e com os outros
Implica estar à vontade consigo mesmo em primeiro lugar
Isso nem sempre é fácil ou tranquilo, é vai e vem
É busca sem fim, constante, para a vida toda…
Alda M S Santos
UM VENTO PASSOU POR AQUI
Um vento passou por aqui
Aproveitou as janelas abertas e invadiu
Quebrou trancas e tramelas, portas destruiu
Muita coisa bagunçou, outras embora levou
Derrubou esperanças, sorrisos apagou, portas fechou
Um vento passou por aqui
Misturou o certo e o errado, o doce e o salgado, a autoconfiança minou
Mentiras criou, verdades questionou, inimigos levantou
Debates inventou, calados despertou, falantes calou
Um vento passou por aqui
O que era rígido, mas frágil, caiu e quebrou
O que era firme, forte, mas flexível balançou e se solidificou
O que era verdadeiro e leve flutuou e se eternizou…
Um vento passou por aqui
Entre tantas desordens que causou
Entre tanto que trouxe e levou
Algo de novo possibilitou, coisas antigas reafirmou:
Solidez não rima com rigidez,
A água tudo contorna, não pelo peso, mas pela persistência e fluidez
Amor e simplicidade têm primazia sobre qualquer ventania
Um vento passou por aqui…
E sua marca deixou… o sorriso replantou…
Alda M S Santos
UM DIA DE CADA VEZ
Quando a felicidade estiver muito próxima da tristeza
Quando a força exigida para manter-se de pé
Estiver fragilizando ainda mais as pernas
Melhor deixar-se “cair”, reconhecer-se frágil
Talvez até impotente naquele momento
Sentar-se à beira da estrada, descansar de tantas dores e cobranças
Dos outros, de si mesmo, principalmente
Abastecer-se de fé e coragem, reconhecer-se humano
E quando a força for chegando aos poucos, se renovando
Levantar, voltar a seguir, um passo de cada vez, degrau por degrau
Lembrando do aprendizado que ficou para não cair ou derrubar novamente
Construindo pacientemente um novo caminho para si
Nem tão longo, nem tão difícil ou penoso
Abrindo os olhos para a luz que se apresenta à frente
Enxergando e vencendo apenas um dia de cada vez…
Alda M S Santos
TENHO MEDO
Tenho medo de qualquer posicionamento extremo, radical
Sem qualquer apologia às “folhas de bananeiras”
Que balançam ao sabor do vento
E ora estão de um lado, ora do outro
Ter uma opinião formada não quer dizer que precise ser engessada, inflexível
Mudar o modo de ver algumas coisas só nos engrandece
Tenho medo das consequências negativas do radicalismo, dos preconceitos
Tenho consciência que até o amor, a maior e mais eficaz arma do mundo
Se usada de modo radical é prejudicial
Sou a favor da flexibilidade, do saber ouvir, do se fazer entender
Mas, principalmente, do saber respeitar
Intolerâncias geram violências que nos desumanizam
Verdades são apenas opiniões de pessoas diferentes entre si
E ter uma opinião diferente não faz ninguém melhor ou pior que os demais
O que difere os seres humanos é o modo pacífico ou agressivo de se manifestar
O que hierarquiza as pessoas é o respeito que demonstram diante do diferente de si
Porque a quem nos parece diferente
Certamente também pareceremos estranhos
E uma conversa respeitosa faz com que todos cresçam como seres humanos
O que é impossível sentados no trono que julga e condena o que é diferente
Tenho medo! Muitos medos!
E isso vale para qualquer esfera da vida
Social, familiar, política, amorosa, artística, religiosa, esportiva…
Com habilidades e cuidado somos capazes de a tudo conquistar
Precisamos todos de mais amor e respeito
Menos insultos, menos julgamentos…
Mais humanidade!
Alda M S Santos
ANTES OU DEPOIS?
Vidas que se dividem entre o antes e o depois
Que se separam entre dois marcos estáveis
Como naquelas fotos pareadas e em “evolução”
Antes e depois de um corte de cabelo
Antes e depois de uma reeducação alimentar
Antes e depois de um procedimento cirúrgico
Antes e depois de qualquer tratamento estético
O antes sempre pior, o depois sempre melhor
E os antes e depois do lado de dentro?
Fotos pareadas da nudez da alma
Marcos de uma alma nua e em evolução
Antes e depois da faculdade
Antes e depois do casamento
Antes e depois dos filhos
Antes e depois do trabalho social
Antes e depois daquela viagem
Antes e depois da aposentadoria
Antes e depois daquela perda irreparável
Antes e depois de uma tragédia ou trauma
Antes e depois de um amor ou amizade…
Antes ou depois?
Dicotomias da vida em que buscamos evoluir
Nos quais os depois nem sempre são melhores
Mas não podem representar estagnação
Existe um “entre” a ligar os antes e os depois
Um “entre” em que toda dor ou alegria ocorre
E o que acontece nesse making-off
É tão ou mais importante que as tão valorizadas imagens congeladas antes/depois
Nossa vida é um continuum
E é nessa continuidade que o mais valioso ocorre…
Antes ou depois?
Eu prefiro o durante…
Alda M S Santos