QUE SOU PRA VOCÊ?
A brisa suave que refresca e acalma, a água que gela
Ou o fogo que aquece, mas a tudo consome
Que sou pra você?
O colo que acolhe, o abraço que acalenta e apascenta
Ou a presença que agita, movimenta, preocupa, enerva
Que sou pra você?
A companhia, a amizade, o amor, a confiança, o cuidado
Ou a ausência dolorosa e saudosa, porém, necessária
Que sou pra você?
Um presente desejado, querido e amado
Ou aquele “objeto” a mais que tens a entulhar seus móveis
Que sou pra você?
A fraqueza, o calcanhar de Aquiles, o ponto nevrálgico
Ou a rocha firme, a raiz, a força onde se apoias nas crises
Que sou pra você?
Um passado saudoso, um presente tolerável e um futuro incerto
Ou apenas aquilo sem o qual você não se imagina viver
Que sou pra você?
Posso ser um pouco de tudo isso
Em momentos diferentes…
Assim como você pode ser tudo isso para mim também
Como somos quase todos uns para os outros
Somos humanos, falhos, aprendizes,
E co-dependentes do amor, da doação, dos erros para crescer…
Alda M S Santos
DECISÕES
Decidi não mais me preocupar
Não quero mais sofrer ou me amargurar
Ou se isso acontecer
Que seja apenas um atalho bem rápido
Que logo me devolva ao saudável caminhar
Decidi não mais me importar
Com quem já encontrou guarida noutro lugar
Preciso mais de mim mesma me ocupar
Abastecer meu estoque para poder me doar
Decidi sempre procurar ajudar
A quem de mim verdadeiramente precisar
Que fique feliz com minha presença
Meu sorriso, atenção e doce abraçar
Decidi resgatar entre as muitas de mim
Aquelas que possam se autoabastecer
Que não necessitem tanto dos outros
Para garantir o seu próprio viver
Decidi nunca me esquecer de mim
Aquela que tem alegria, energia, prazer
Até mesmo aquela que às vezes só quer desaparecer
Porque ambas são partes do mesmo viver
Lados diferentes da mesma moeda lançada
Todo o tempo dessa vida abençoada…
Decidi…
Alda M S Santos
SOMOS NÓS
Somos nós que podemos escolher
Aquilo que em nós deve prevalecer
Se deixamos a entrada livre, porta aberta
Ou se esperamos com calma a hora certa
Somos nós que damos permissão
A toda e qualquer invasão de emoção
Escolhendo o que em nós é melhor cultivar
Alimentando o que nos fará crescer, frutificar
Em nós pode haver embates
Lutas, vitórias, derrotas, empates
Que nossa alma seja forte, não se mate
Os ventos trazem de tudo sem piedade
Brisas leves ou fortes tempestades
Que prevaleça a liberdade com dignidade
Alda M S Santos
INTIMIDADE
É bom ser íntimo de alguém
Intimidade de almas, de pensamentos
Intimidade física é bom também
Mas bom mesmo é ser íntimo de si mesmo
Reconhecermos o que sentimos
Saber lidar com desejos e emoções
Chorar, sorrir, enfrentar as frustrações
É bom a gente se sentir em casa com alguém
Chinelos, cara lavada, roupa amassada
Saber onde e como andar, repousar, apenas ali ficar
Sem medo de ser atropelados por um trem
Comungar ideias, pensamentos, um doce momento
Apresentarmo-nos nus, corpo e alma, sem medo para alguém
Isso é boa e desejada intimidade
Apresentarmo-nos nus, corpo e alma para nós mesmos
Isso é a suprema felicidade da intimidade…
Alda M S Santos
QUERO UM ROMANCE
Quero um romance, mas que seja especial
Não qualquer romancezinho água com açúcar
Quero um romance com minha existência
Daquele tipo que me tire de órbita
Mas me traga de volta, não me deixe num universo paralelo qualquer
Quero um romance com minha existência
Daqueles que não me aprisionem
Ao contrário, que abram minhas próprias algemas
Que me instiguem a não me acovardar atrás de trincheiras
Que me encorajem a enfrentar a vida em campo aberto
Quero um romance com minha existência
Daqueles que aceitem meus gritos e medos
Interpretem meus silêncios, aceitem minhas limitações
Me incentivem a usar minhas próprias asas
A voar para novos ares com segurança
Quero um romance com minha existência
Daqueles que me façam ser melhor sempre
Que me apontem pontos positivos e falhas
Sem contudo minar minha autoestima
Quero um romance com minha existência
Daqueles que me levem a mergulhar em rios gelados
Que me convidem ao cinema, a um parque, à Lua
Mas que, sobretudo, produzam comigo o enredo do meu próprio filme…
Quero um romance com minha existência
Quero um romance comigo mesma…
Alda M S Santos
SIMPLESMENTE
Eu queria ser…
Suave como o beijo do beija-flor
Natural como a cor de uma rosa
Potente como as águas de uma cachoeira
Eu queria ser…
Forte como o sol do meio-dia
Cálida como a luz do luar
Misteriosa como a escuridão da noite
Eu queria ser…
Brilhante e colorida como uma esmeralda
Paciente como a ostra que produz a pérola da própria dor.
Sábia como a natureza que sempre se renova
Eu queria ser…
Serena como o orvalho que brilha prateado
Confiante como as aves que se recolhem e esperam a tempestade passar
Amorosa o bastante para nunca duvidar do poder do amor…
Eu queria… simplesmente isso.
Mas Deus me fez
Simplesmente eu…
Ora forte, ora frágil
Ora brilhante, ora fosca
Ora esperta, ora tosca
Ora amarga, ora doce
Ora segura, ora perdida
Ora fria, ora quente…
Sempre crente no hoje
E num amanhã que virá sempre melhor
Ele me fez assim,
Simplesmente…
E assim me ama.
Sou grata!
Alda M S Santos
AMOR-PRÓPRIO
Amor-próprio e autoestima é muito mais que se alegrar
Com a pele lisinha e dentes branquinhos
É mais que a satisfação de caber na calça jeans de sempre
Ou poder usar um biquíni de lacinho
É mais do que gostar da imagem que o espelho reflete
Autoestima em dia, amor-próprio o bastante
É encarar a si mesmo no espelho
É não desviar os olhos daquele olhar que te encara
É sorrir de volta para aquela imagem refletida
Com admiração, respeito, coragem
Apesar dos medos e derrotas
É reconhecer-se um vencedor
É saber perdoar os próprios erros
Encarar a si mesmo, sorrir de volta
Ou até mesmo chorar
Mas fazer as pazes consigo mesmo
E seguir em frente
É bom ter amigos, ter um amor
Mas jamais seremos bons amigos, bons amores
Se não entendermos que precisamos ser
Nossos melhores amigos
Nosso verdadeiro amor…
O primeiro compromisso que temos por aqui
É conosco mesmos!
Isso não é egoísmo
É a base de todo tipo de amor e amizade…
És capaz de se admirar ao espelho?
Alda M S Santos
A COR DA SOLIDÃO
Solidão tem cor, tem cheiro, sabor
Solidão tem até som, talvez de cachoeira
E não é sempre cinza, pode até ser prata
Tampouco é silêncio total, às vezes é musical
A solidão tem a cor que a gente pinta
O cheiro que a gente guarda
O som que toca dentro da gente
Solidão é estado de espera
Solidão pode até ser barulhenta
Tocar uma música suave
Pode ter cheiro de saudade
E ser da cor verde ou magenta
Solidão é a vida que não desistiu
Que não quer mais tanta gente
Fica com quem quis, persistiu
Que resolveu morar mais dentro da gente…
A cor da solidão é a cor que nosso amor-próprio pinta…
Alda M S Santos
DE VOLTA PARA CASA
Quero pegar o caminho mais gostoso
Nem sempre flores, tantas vezes pedregoso
Quero pegar um atalho que me leve ao que amo
Àquilo que nunca deixou de existir
Quero pegar o caminho de volta para casa
Quero pegar o caminho do qual me afastei
Em busca daquilo que estava tão perto
Quero pegar o caminho que tão bem conheço
Que poderia perfazer de olhos fechados até aqui
Quero pegar o caminho de volta para casa
Quero pegar o caminho que me leve até mim
Aquela que outros caminhos percorreu
Voltas e voltas que deu para chegar cansada, voltar crescida
Quero pegar o caminho de volta para casa
Aquela que sempre esteve aqui
Que sabe o que quer e habita em mim
E logo percebi que todos os caminhos, afinal,
Eram necessários para me trazer de volta para casa
Para me trazer de volta para mim …
Oi! Voltei! Senti saudades!
Alda M S Santos
AME!
Simplesmente sentar num banco num canto
Com alguém, como um anjo, desabafar o pranto
A vista no horizonte do intenso e belo mar
Brincar, cantar, falar, ouvir, sorrir, chorar
Apenas um tempo sem medos, sem solidão
Encontrando ali apoio, paz, um abraço irmão
Estamos todos na caixa de achados e perdidos por aqui
Até ser encontrado por quem saiba pra onde ir
A humanidade busca se encontrar
Mas o mapa não aponta bem o lugar
Passamos pelo outro para a nós mesmos chegar
“Ame a teu próximo como a si mesmo”
Não precisa sair andando a esmo
Muitas vezes o próximo a ser amado é você mesmo…
Alda M S Santos
AMOR-PRÓPRIO
Amor-próprio e autoestima é muito mais que se alegrar
Com a pele lisinha e dentes branquinhos
É mais que a satisfação de caber na calça jeans de sempre
Ou poder usar um biquíni de lacinho
É mais do que gostar da imagem que o espelho reflete
Autoestima em dia, amor-próprio o bastante
É encarar a si mesmo no espelho
É não desviar os olhos daquele olhar que te encara
É sorrir de volta para aquela imagem refletida
Com admiração, respeito, coragem
Apesar dos medos e derrotas
É reconhecer-se um vencedor
É saber perdoar os próprios erros
Encarar a si mesmo, sorrir de volta
Ou até mesmo chorar
Mas fazer as pazes consigo mesmo
E seguir em frente
É bom ter amigos, ter um amor
Mas jamais seremos bons amigos, bons amores
Se não entendermos que precisamos ser
Nossos melhores amigos
Nosso verdadeiro amor…
O primeiro compromisso que temos por aqui
É conosco mesmos!
Isso não é egoísmo
É a base de todo tipo de amor e amizade…
És capaz de se admirar ao espelho?
Alda M S Santos
ÚNICA
Sou como uma taça de cristal
Caída, quebrada, colada
Arrumada várias vezes, levantada
Para a vida brindar, animar
Não sou menos valiosa por isso
Tampouco menos bonita
Sou diferente!
Minhas emendas me tornam única
Minhas cicatrizes e marcas me fortalecem
Meus machucados me tornam solidária
Aos machucados dos outros
Minhas dores e medos me fazem empática
Às dores e medos alheios
Minhas falhas e imperfeições me fazem compreender melhor
As falhas e imperfeições das pessoas
O que eu vivi, construí e trago até aqui
Só me é valioso na medida que posso agir
E ajudar outra taça a se reconstruir…
Sou taça renovada, reconstruída!
E daí?
Alda M S Santos
NUNCA DESISTIR DE MIM
Não desistir de mim, esse é o trato
Não importa o que eu fizer
Ou o estado de minhas emoções
Se estiver forte e vitoriosa
Ou frágil e chorosa
Se estiver contente e esperançosa
Ou carente e nada amorosa
Se agir com sabedoria ou cometer uma burrada apocalíptica
Não desistir de mim, esse é o trato
Quando sou a fortaleza em que os outros se apoiam
Ou quando sequer tenho forças para chorar
Ser minha maior amiga sempre
Daquelas que acariciam, elogiam, incentivam
Mas que também ralham, puxam as orelhas, e nunca abandonam
Não desistir de mim, esse é o trato
Não posso parar, estacionar
Preciso prosseguir, cuidando para não cair
Consciente que estarei dando o melhor de mim…
Pois só assim poderei merecer o melhor dos outros
Não desistir de mim, nunca!
Esse é o trato!
Alda M S Santos
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho
Tinha buracos, tinha espinhos
Tinha amigos, tinha amores
Tinha poeira, tinha carinhos
E tinha você…
No meio do caminho
Tinha pedras, tinha árvores
Tinha rampas, tinha escadas
Tinha trabalho, tinha preguiça
E tinha você …
No meio do caminho
Tinha aviso, tinha perigo
Tinha desamparo, tinha abrigo
Tinha gritos, tinha silêncio
E tinha você …
No meio do caminho
Tinha sol, tinha chuva
Tinha luz, tinha escuridão
Tinha desânimo, tinha perseverança
E tinha você…
No meio do caminho
Tinha dor, tinha ansiedade
Tinha sorrisos, tinha lágrimas
Tinha medos, tinha afinidade
E tinha você…
Mas no meio do caminho
Tinha o mundo todo perfeito
De belas escolhas recheado
Da saudade acompanhado
Mas era insignificante, pois não tinha você!
Qualquer caminho só será bonito
Se tiver você!
Valorize-se!
Alda M S Santos
A COR DA SOLIDÃO
Solidão tem cor, tem cheiro, sabor
Solidão tem até som, talvez de cachoeira
E não é sempre cinza, pode até ser prata
Tampouco é silêncio total, às vezes é musical
A solidão tem a cor que a gente pinta
O cheiro que a gente guarda
O som que toca dentro da gente
Solidão é estado de espera
Solidão pode até ser barulhenta
Tocar uma música suave
Pode ter cheiro de saudade
E ser da cor verde ou magenta
Solidão é a vida que não desistiu
Que não quer mais tanta gente
Fica com quem quis, persistiu
Que resolveu morar mais dentro da gente…
A cor da solidão é a cor que nosso amor-próprio pinta…
Alda M S Santos
O QUE TE SALVA
Quanto mais coisas se perde
Mais valor têm as que ficam
Quanto mais pessoas vão embora, desistem
Mais valor têm as que ficam, insistem
O que vem fácil sempre vai facilmente também
O que é difícil, demorado
Quase sempre é mais duradouro, valorizado
Portanto, não é bom desanimar
Algo extraordinário pode-se conquistar
Clichê ou démodé, tanto faz
Mas uma verdade não se desfaz:
A felicidade não está na quantidade
Mas naquilo que possuímos com qualidade
Entre idas e vindas, ganhos e perdas
Decepções e superações, derrotas e vitórias
A admiração que tem por si mesmo nunca deixe desaparecer
Porque é ela que te salva
Quando tudo parecer se perder…
Alda M S Santos
QUANDO VOCÊ DEIXA DE SER VOCÊ
Um dia te levam uma moeda, você deixa
Era apenas uma moeda…
Noutro levam um objeto, sua bolsa, esvaziam seus bolsos
Não faz mal, você conquista outros
Tiram um direito, mais outro, substituem por deveres
E você vai cumprindo todos eles fielmente
Logo estão levando outros valores
Suas ideias, sua liberdade, seu sorriso, seus sonhos, sua essência
Seus ideais estão perdidos nesse mundo nublado
Não há mais brilho ou cor, você está opaco
Você sente um vazio, um desconforto
Não se reconhece no espelho
Não consegue reagir…
Mas segue acreditando que é por uma boa causa
“Para melhorar tem que piorar”-dizem
A quota de sacrifícios é de todos- propagam
Levam pouco a pouco até sua história
E te convencem que você sempre esteve enganado
Apagam tudo que um dia você foi
Quando percebe estão esvaziando sua alma
E a preenchendo com aquilo que eles querem
Com aquilo que não é você
Então, você deixa de ser você
Quando isso acontece você já morreu
Você tornou-se apenas um deles
Apenas uma cópia que caminha na multidão…
Reaja! Não deixe te roubarem de você!
Alda M S Santos
SEJA VOCÊ!
Não é necessário ser sempre o que querem
Sempre inteligente, bela, meiga, forte
Tantos adjetivos inalcançáveis, às vezes
Sensual, bondosa, amiga, independente, centrada
Muitas virtudes nos são impostas e cobradas a cada segundo
Várias delas não somos, ao menos não somos todo o tempo
Para quê?
Vale mesmo é ser sempre uma reedição de nós mesmas
Uma versão melhorada a cada passo, mesmo trôpego
E daí se para isso precisarmos ser frágeis, dependentes, perdidas ou malucas?
Se for necessário cair, chorar, ser “feia” aos olhos do mundo?
Nem sempre veem os campos minados que atravessamos
As batalhas dantescas que travamos
As lutas hercúleas em nosso interior
Querem-nos apenas inteiras, belas, inteligentes, bem humoradas
Seja você! Seja o que você quiser!
Pois quando a cabeça encosta no travesseiro
Quando se olha no espelho pela manhã
É a si mesma, à sua consciência que deve prestar contas
Você pode até atender às expectativas dos outros
Mas é a você mesma que nunca pode decepcionar ou abandonar!
Seja fiel a você!
Alda M S Santos
CARGAS EXTRAS
Carrego comigo muitas coisas, bagageiro cheio
Ora leves e bonitas como borboletas no jardim, difíceis de seguir
Ora pesadas e dolorosas como pesadelos quase “subterrâneos”, difíceis de escapar
Carrego comigo muitas coisas
Uma vontade de sempre sorrir, ser e fazer feliz
Também, às vezes, um desejo de me recolher, acalmar e nada fazer, aguardar
Carrego comigo muitas coisas
Um desejo de me banhar nas águas que brotam de fontes inesgotáveis de ânimo e fé
Ou de me deixar ficar nas emoções áridas quando a fonte seca
Carrego comigo muitas coisas
Alegrias e esperança com o realizado e o porvir
Tristeza, mágoa e decepção com investimentos vãos
Carrego comigo muitas coisas
A satisfação e orgulho com bênçãos buscadas e alcançadas
A culpa, desculpa e trauma por erros e falsas expectativas
Carrego comigo muitas coisas
A incansável responsabilidade de buscar a felicidade a todo custo
E a constante necessidade de cuidar da felicidade dos outros, daqueles que me são caros
Entre cargas ora leves, ora pesadas
Embarco nessa viagem com bagagem extra
Procurando não sofrer muito quando alguma precisar ficar para trás…
Alda M S Santos
NUNCA DESISTIR DE MIM
Seguir em frente, lutar sempre
Essa é minha promessa
Nem sempre fácil de manter
Curtir um dia de raios de sol que me aquecem
Mas também aceitar quando meu sol se esconder
Amar sob um céu estrelado e inspirador ou sobre nuvens de algodão
Mas aproveitar quando a Lua não aparecer e tudo for escuridão
Dançar na chuva entre abraços apertados e beijos molhados, aquecida
Mas saber suportar as fagulhas ameaçadoras das tempestades de gelo, sofrida
Enquanto nova alvorada não surge em mim, renascida
Retribuir o amor e carinho daqueles que me cercam e apoiam
Mas aceitar e respeitar o direito daqueles que não me querem por perto, não me amam
Sobretudo, amar a mim mesma, sempre
Ainda ou principalmente quando outros me abandonarem
Mesmo em minhas fragilidades, medos e carências
Ainda que erre, caia e não consiga levantar tão facilmente
Ou que nem sempre seja minha maior fã
E queira ficar escondida debaixo das cobertas…
Pois a promessa fundamental é, independente do que acontecer,
Cuidar do meu coração
E nunca desistir de mim mesma!
Alda M S Santos
CARICATURAS DA ALMA
Caricaturas são representações das pessoas ou de situações
Em que o desenhista coloca em foco o que quer evidenciar
Olhos, orelhas, cabelo, testa, boca, nariz, mãos…
Qualquer parte do corpo pode ser aumentada ou diminuída de forma grotesca
De acordo com o olhar do artista observador
E transmitir uma mensagem, sem palavra alguma!
Sei bem como seria feita uma caricatura de corpo minha!
Mas e se, ao invés de uma caricatura de fora, fosse feita uma caricatura de dentro?
Quais partes nossas seriam evidenciadas?
O que temos transmitido de nós por aí?
Quem saberia fazê-la fiel, quem nos vê de verdade?
Cérebro, coração, emoção?
Carisma, energia, luz, amor?
Gostaríamos de ver, de saber?
Saberíamos nós mesmos fazê-la?
Mesmo grotescas, as mensagens das caricaturas são claras,
Por isso chocam e, quase sempre, geram mudanças.
Alda M S Santos
O MELHOR AMIGO
O melhor amigo te olha nos olhos
Encara, enfrenta, diz a verdade
Diz que tem saudade do que você era
Daquilo que você tem deixado de ser
O melhor amigo não desvia os olhos
Fala onde você errou, te ampara nos seus medos
Ralha com você, mas te dá carinho e atenção
O melhor amigo não te deixa desviar o olhar
Está presente, não foge, te cobra presença
Diz que se orgulha de você, não te deixa esmorecer
O melhor amigo sabe tudo de você
Não te deixa se tornar seu pior inimigo
Tampouco permite que você faça gol contra
Ou que seja atingido por fogo amigo
O melhor amigo te alertará se fizer mal aos outros
Mas, sobretudo, se fizer mal a si mesmo
O melhor amigo, se você permiti-lo agir, nunca deixará você cair
E, se isso acontecer, não te deixará lá por muito tempo
Ele te ajudará a se reerguer e seguir
Olhe para ele, não se esconda!
Seu melhor amigo está diante de você
Naquele espelho que você se olha todos os dias
E nem sempre se vê…
Dê um abraço apertado nele
E aquele sorriso que faz tudo se renovar…
Diga com convicção e sinceridade:
Eu te amo para sempre e nunca te abandonarei…
Alda M S Santos
UM GALHO A MAIS
Para uns sou a base, o cais, o alicerce, a raiz
Sou segurança…
Para outros sou a flor, delicadeza, leveza, perfume
Sou encanto…
Às vezes sou o tronco forte, o galho que sustenta a gangorra
Sou diversão…
Noutras sou as folhas que caem ao sabor do vento e da maturação
Sou renovação…
Algumas vezes sou o fruto suculento, polpudo e saboroso
Sou combustível, alimento…
Posso ser também apenas um galho a mais a balançar na ventania
Sou esperança…
Tudo depende de quem me vê, de como se vê
De suas carências, do que precisa para viver…
Parte do que os outros são ou nos parecem ser
É apenas reflexo daquilo que somos e precisamos…
Sinto-me apenas um galho a mais, ora forte, ora frágil
Mas importante para a vida da minha pequena árvore
Nessa grande floresta da existência…
Alda M S Santos
ANTES OU DEPOIS?
Vidas que se dividem entre o antes e o depois
Que se separam entre dois marcos estáveis
Como naquelas fotos pareadas e em “evolução”
Antes e depois de um corte de cabelo
Antes e depois de uma reeducação alimentar
Antes e depois de um procedimento cirúrgico
Antes e depois de qualquer tratamento estético
O antes sempre pior, o depois sempre melhor
E os antes e depois do lado de dentro?
Fotos pareadas da nudez da alma
Marcos de uma alma nua e em evolução
Antes e depois da faculdade
Antes e depois do casamento
Antes e depois dos filhos
Antes e depois do trabalho social
Antes e depois daquela viagem
Antes e depois da aposentadoria
Antes e depois daquela perda irreparável
Antes e depois de uma tragédia ou trauma
Antes e depois de um amor ou amizade…
Antes ou depois?
Dicotomias da vida em que buscamos evoluir
Nos quais os depois nem sempre são melhores
Mas não podem representar estagnação
Existe um “entre” a ligar os antes e os depois
Um “entre” em que toda dor ou alegria ocorre
E o que acontece nesse making-off
É tão ou mais importante que as tão valorizadas imagens congeladas antes/depois
Nossa vida é um continuum
E é nessa continuidade que o mais valioso ocorre…
Antes ou depois?
Eu prefiro o durante…
Alda M S Santos
PRONTA PARA SERVIR
Junte um sorriso, alegria de viver e fé em Deus
Misture bem
Acrescente confiança, carinho e compaixão
Dissolva todo o tempo
Enfrente as decepções, os medos, a tristeza, o abandono
Descarte os excessos, aquilo que azedaria a massa
Regue com lágrimas e faça um bolo único
Reserve
Deixe em repouso até crescer
Unte a forma com aprendizado e sabedoria
Cubra com muito amor sincero
Pincele novamente com um sorriso
Polvilhe mais fé em Deus e alegria de viver
Está pronta uma pessoa forte!
Pronta para servir
Junto da família e dos verdadeiros amigos
Alda M S Santos
PEDIDOS DE SOCORRO
O mundo pede socorro
Quem é capaz de ouvir?
Pedidos tão barulhentos quanto uma sirene
Ou tão silenciosos como uma lágrima que cai
Crianças precoces sempre de agenda lotada e irritadiças
Jovens perdidos em tantas “opções” de vida moderna
Trancados em seus quartos, “góticos”, marcas roxas debaixo de lenços
Idosos “protegidos” em suas fantasias e remédios
Sorrisos, lágrimas, saudades, abandono
Adultos espremidos entre a infância e a velhice
Solitários entre tantas obrigações e cobranças, entre tanta gente necessitada
Escondidos em suas tarefas, fugindo em seus smartphones
Atrás de amigos virtuais nas telas dos PCs na solidão da madrugada
Todos “gritando” por socorro
Quem é capaz de ouvir?
Cada qual gritando sua dor de um modo
No andar, no olhar, no se esconder, no se mostrar
Na solidão autoimposta, nas atividades excessivas
Nas rebeldias constantes, nas drogas lícitas ou ilícitas
Na irritação desmedida, nos vícios diversos
Quem é capaz de ouvir?
A dor atinge a todos, o grau é variável, de “normal” a patológico
No sentir e no demonstrar
Mas há sempre uma “droga” a nos salvar
Até que não haja mais salvação
Quem é capaz de ouvir?
“Ouvir” a dor do outro é um modo de nos enxergarmos também
E, talvez, conseguirmos nos salvar…
É preciso olhar devagar, demorar-se na dor do outro
Mergulhar fundo na própria dor
Até não mais temê-la, até conseguir diluí-la…
É preciso a pureza e confiança de uma criança para “herdar o reino do céu”
O mundo pede socorro
Quem é capaz de ouvir?
Alda M S Santos
NADA TÃO HUMANO
Nada tão humano quanto a necessidade de aprovação
Quanto o desejo de agradar, de ter atos e pensamentos admirados
Ser aceito pelo que demonstra de si mesmo
Até naquilo que tenta esconder
Nada tão humano quanto a necessidade de ter atos corroborados
De parecer bem e correto aos olhos dos outros
Ser aprovado é ser aceito, ser aceito é ser amado
Nada mais humano que a necessidade de ser aprovado e amado
Por si e por seus semelhantes, ter companhia e apoio
Porque essa necessidade é sinal de incompletude, de imperfeição própria
E o que é mais humano que a imperfeição?
Alda M S Santos
MINHAS (DES)HUMANIDADES
Já ri até a barriga doer de alegria gratuita, mas já acordei de olhos inchados por dormir chorando de tristeza
Já me escondi da minha mãe para não tomar injeção, e de mim mesma para não passar vergonha
Já doei o que vim a precisar, já comprei o que não me era necessário
Já engoli muitos sapos, engasguei com outros, visando salvaguardar a biodiversidade no pântano
Já tive um amor que dispensei, não tive um que desejei
Conquistei amores que valorizo, que me valorizam, presentes que nem sei se sempre mereço
Já fiquei feliz com infelicidade de quem me magoou, já magoei quem me quis bem
Já acreditei em mentiras absurdas e duvidei de verdades verdadeiras
Já fiz promessas que não cumpri, já realizei além do que sequer prometi
Já tive muito medo de morrer, já quis morrer de tanto medo
Já tive raiva e medo de quem amo mais daqueles que não me dizem nada, já causei medos e raivas idem
Já me senti a verdadeira cereja do bolo por agradar e um grão de areia no deserto por não ser aceita
Já me perdi entre muitas escolhas tanto quanto por falta de opção
Já quis ir para a África salvar o mundo, não pude salvar um mundo ao meu lado
Já pensei que meu mundo precisava ser salvo, já quis salvar quem não precisava de mim
Já sonhei muito com o impossível, tendo dificuldade até com o possível
Já tive a vida ameaçada por arma na cabeça por desconhecido,
Mas tive mais medo quando fui ameaçada por palavras e olhares de quem conheço
Já fiz coisas das quais me arrependo, não fiz muito que gostaria ter feito
Já guardei segredos por décadas, já pedi segredos que foram revelados por outros
Já confiei, desconfiei, mas tem coisas que só eu sei de mim mesma
Já chorei dias e noites por uma amizade perdida, a ponto do meu marido intervir, e não me importei por outras que se foram sem dar notícia
Trago lembranças doídas e felizes em mim, mas também devo ser lembrança doída ou feliz na vida de alguém
Já deixei de dizer “te amo” por medo ou vergonha
Mas nunca disse amar sem ter verdadeiramente amado
Assim, entre tantas contradições, vou vivendo e aprendendo,
Levada por minhas (des)humanidades…
Alda M S Santos
DA MINHA JANELA
Da minha janela para fora vejo um quadro bonito
Harmonia das cores, dos tons, dos sons
Verdes e marrons, amarelos e vermelhos, azuis e roxos que se completam
Tudo se mistura, tudo tem seu lugar
Sem perder a beleza da unidade ou o encanto do todo
Latidos, piados, cantos, balidos
Sem disputas, há espaço para todos, sintonia total
Da minha janela para dentro vejo um ateliê confuso
Cores misturadas, pincéis jogados, tons e sons dissonantes, viola desafinada
Alegrias e tristezas, dúvidas e certezas se debatem
Vermelhos e azuis, brancos e pretos, rosas e alaranjados disputando espaço
Sorrisos, lágrimas, diálogos e silêncios “interagindo”
Ora o branco pacífico, ora o vermelho flamejante
Reflexões e decepções, alegrias e amores tomam o espaço: o meu espaço interior
Tentando encaixar o que recebo de fora, as “contribuições” externas
Mesmo que pareçam peças avulsas, cores difíceis, desarmônicas
Ali realizo a minha obra diária
Na tela branca de minha alma pinto meu quadro multicor
A arte linda, difícil e nem sempre compreendida
A arte da existência …
Alda M S Santos
COLECIONADORES
Somos grandes colecionadores nessa empreitada chamada vida
E de tudo pode-se colecionar…
Há os colecionadores já conhecidos de selos, moedas, figurinhas, sapinhos e elefantes…
Outros colecionam orquídeas, livros, poemas, músicas, álbuns diversos
Carros, jogos, dinheiro, imóveis…
Cada coleção diz muito do colecionador
Há quem colecione sorrisos, alegrias, amizades, quem as cultive
Há colecionadores de namoros, casamentos, relacionamentos de “amor”
Há quem colecione sonhos, conquistas, verdades, falácias, mágoas, perdas, decepções, sofridas e causadas
Há os que colecionam inimigos ou admiradores, bombas de egos murchos ou lustradores de inflados
Há quem colecione “sins” e há quem colecione “nãos”
Há quem colecione o simples, o fácil, o prazeroso, o disponível e encantável
Há quem colecione a eterna busca pelo proibido e inalcançável, doa a quem doer
Há quem colecione vitórias, derrotas, lágrimas, erros, aprendizados, arrependimentos
Há quem se perca em meio a tantas coleções vazias, ocas e infrutíferas
Buscar no silêncio das intenções os motivos de cada “coleção”
Investigar no fundo desse “baú” quais carências tais coleções visam suprir
Pode ser um modo sábio de melhorar, valorizar e diversificar nossas “coleções”
Gerando autoconhecimento, minimizando as falhas que todos temos, enriquecendo nossas vidas e dos que nos cercam…
Que temos colecionado? O que de importante e valioso temos de verdadeiramente nosso?
Alda M S Santos
UMA QUESTÃO DE CABIMENTO
Quando não estamos cabendo bem dentro de nós mesmos
Nenhum lugar será bom o bastante para nos acomodar
Nunca será agradável, nunca nos sentiremos em casa
Ou será apertado como sapato novo ou grande demais como roupa de irmão mais velho
Tão escuro como noite sem estrelas, ofuscante demais como luz refletida no espelho
Será tão barulhento quanto quarto de adolescente, ou silencioso e triste feito funeral em dia de chuva
Enquanto não coubermos dentro de nós mesmos
Como meias quentinhas em tardes de domingo chuvoso
Não haverá cabimento para nós dentro de ninguém
Em lugar algum!
Alda M S Santos
AMORE
Amore, quando faltar sossego, busque refúgio em sua alma
Ela possui uma cama quentinha e aconchegante pra te acalmar
Amore, quando precisar de disposição, busque-a em sua alma
Ela é um depósito com livre acesso a lembranças e sensações boas e animadoras
Amore, quando sentir falta de perdão, busque-o em sua alma
Ela é um “tribunal” verdadeiro e justo
Amore, se as sombras apagarem ou confundirem seu caminho, siga a trilha da sua alma
Nela está a única luz capaz de iluminar sua caminhada
Amore, se tiver necessidade de sentir-se vivo, em paz, busque vida em sua alma
Nela, por mais inóspita que esteja, Eu vivo lá
Amore, se quiser ser amado, busque sua alma
Lá está seu eu verdadeiro, o melhor de si…
Tudo que você precisa para ser feliz está lá
Porque Eu estou lá, se puder Me ver…
E Eu nunca deixarei você sozinho!
Pode confiar em Mim, no Meu amor? 🙏😇
Alda M S Santos
QUE VÊS NO SEU ESPELHO?
Olha todos os dias nele, demorada ou rapidamente
Ao lavar o rosto, maquiar-se, fazer a barba, escovar os dentes
O que seu espelho reflete de volta, insistentemente
Qual imagem te mostra, vê algo diferente?
Que vês no seu espelho?
Rugas que mostram a cada dia um caminho que foi trilhado
O olhar com aquele brilho molhado, por vezes, decepcionado
Um sorriso disfarçado, ora amarelado, emocionado
Tentam esconder quantas vezes foi quebrado
Que vês no seu espelho?
Um ser humano sofrido, sobrevivente de lutas admiráveis
Repleto de cicatrizes, marcas no corpo, na alma, indeléveis
O peso do olhar, covardia ou coragem ao se encarar
Ao cobrar de si mesmo: que fez pra se orgulhar, se envergonhar?
Que vês no seu espelho?
Cada ruga, cada lágrima, cada sorriso, um sinal de amor
Uma saudade funda, uma alegria rasa, uma tristeza, um dissabor
Em cada marca, uma história, em cada quebra, uma dor
De quantas quebras um ser humano é capaz de se recompor?
Que vês no seu espelho?
Vê-se apenas viver, ser sorriso, ora flor, ora beija-flor…
Alda M S Santos
INDIGNOS
A cada vez que nos questionamos aflitos, perdidos
Por que fulano me abandonou, ou por que beltrano fez isso comigo
Por que Deus não me protegeu daquele mal
Por que fui agir assim e não assado
Situações nas quais nos sentimos abandonados e desamparados
Buscamos na verdade a nós mesmos
Perdemo-nos de nós, sentimos falta de nós, não nos reconhecemos
Culpamo-nos, consideramo-nos indignos de amor e proteção
Indignos de desfrutar da árvore da vida
Mergulhamos nas sombras, no isolamento, na tristeza
Considerar-se indigno é um peso muito grande para qualquer ombro
Prestes a nos afogar nas nossas próprias angústias e lágrimas
Quando nos sentimos à beira de um abismo, o único modo de seguir em frente
É dando um passo para trás, para dentro de nós
Devemos nos reconciliar conosco mesmos para encontrá-Lo, pois
Conquistar o perdão do outro, ou perdoá-lo, é bronze
Conquistar o próprio perdão é prata
Obter o perdão divino é ouro
Ninguém é digno do ouro
Sem antes ter conquistado o bronze e a prata…
Só assim nos sentiremos dignos novamente!
Alda M S Santos
POR FAVOR!
Oito degraus, quatro pedidos
“Favor não sentar nos degraus”
Degraus vazios, nenhum atrevido
Por favor!
Deveríamos colocar alertas desse tipo em nós mesmos
Nos caminhos, os “degraus” que percorremos todos os dias
Favor não pegar essa trilha
Volte, esse caminho é sem saída!
Por favor!
Cuidado, você conhece o poder dos outros e suas fraquezas!
Ajude, mas cuide de si mesmo!
Por favor!
Não compre o que você não pode pagar!
Não leve o que não dá conta de carregar!
Não repouse seus pés em terrenos desconhecidos!
Não sente em bancos cheios que não garantem segurança ou firmeza!
Por favor!
Se em cada nosso degrau tivesse um aviso desses
Os tombos seriam menores, menos frequentes, menos fatais…
Alda M S Santos
FLERTANDO
Viver na superfície, sentado num banco, confortavelmente
Observando as belezas à nossa volta, nada a nos surpreender
É uma opção suave e tranquila de vida…
Viver no entorno, entrar na mata, nadar nas lagoas, enfrentar espinhos
Pescar, refrescar a si e aos outros
É uma opção mais ativa, porém, mais riscos…
Viver de mergulhos profundos, buscando sempre o novo
Esbarrando nas paredes mais escuras do lago
É uma opção mais complicada!
Nós somos esse lago atraente, convidativo
Só nos conheceremos a fundo se mergulharmos
Nas profundezas obscuras de nós mesmos
Se flertarmos conosco, desvendarmos nossos mistérios sem medos
Em busca do melhor que pudermos ser,
Para nós, para os outros,
E sermos mais felizes…
Alda M S Santos
NO PÓDIO, O AMOR
E esse ano o prêmio máximo novamente é dele
O amor expresso em palavras e ações
Ou até mesmo aquele existente no silêncio
O amor que se permitiu viver, partilhar
Ou até mesmo aquele que se acovardou
O amor solidário, que se multiplicou, que estendeu a mão
Ou até mesmo aquele que ficou na vontade
O amor que foi correspondido, dividido,
Ou até mesmo aquele que sobreviveu sozinho
O amor que produziu sorrisos, frutos, que se doou
Ou até mesmo o que deixou lágrimas e saudades
O amor que abdicou de si mesmo para proteger o outro
Ou até mesmo aquele que não soube se cuidar
O amor que lutou, que soube esperar e até se afastar
O amor que foi filho, pai, o amor que foi amigo,
Ou até mesmo aquele que nada pareceu ser além de dor…
No pódio: o amor
Porque amor é soberano, simplesmente por ser amor
O menor dos amores, ainda semente, engatinhando, é maior
Que qualquer outro sentimento árvore frondosa
Pois, se cuidado, enraíza-se e atinge alturas inimagináveis…
No pódio: o amor!
Alda M S Santos
CATAPULTA
Não é preciso nem um extremo nem outro
Não preciso sorrir todo o tempo, tampouco chorar
Posso ter energia bastante para lutar
Mas posso querer hibernar por uns tempos
A alegria pode ser rara, a tristeza também
Mas não preciso nem um extremo e nem outro
Não quero viver na zona de confronto todo o tempo
Mas a zona de conforto também não é satisfatória
O amor não necessita ser daqueles de contos de fadas
Mas também não precisa ser de conto policial
Não preciso nem um extremo e nem outro
O trabalho pode ser intenso e prazeroso
Mas a inércia também pode fazer parte, ser necessária
Ou posso optar por deixar-me levar pela letargia
Vez ou outra preciso me desligar de tudo
Antes que tudo se desligue de mim
Não é preciso nem um extremo nem outro
Mas se chegar a qualquer dos extremos
Que eu possa me encontrar em qualquer um deles
E ser catapultada de volta ao prumo!
Alda M S Santos
TÃO EU!
Andar na chuva, amar a chuva, ouvir música alta,
Dirigir com vento nos cabelos, sonhar acordada
Agitada, impaciente, falante, esbaforida…
Tão eu!
Dormir com a TV ligada, de óculos, deitada sobre um livro,
Ter pesadelos bem reais, acordar chorando,
Ocupar a cama toda, comer de tudo…
Tão eu!
Gostar de sorrisos, amar abraços, andar apressada,
Encantar com as crianças, emocionar com a velhice,
Rir por tudo, gargalhar de graça, chorar sem motivo…
Tão eu!
Subir em qualquer árvore, escalar montanhas,
Banhar em rios, mares e cachoeiras sem saber nadar,
Admirar bichos e plantas, fazer pedido pra estrela cadente,
Tão eu!
Preferir o dia, gostar de uma boa conversa, escrever,
Sentir falta de dançar, dos amigos, ter fé imensa em Deus,
Amar gente, oferecer ajuda, não pedir ajuda,
Tão eu!
Viver e amar, amar e viver…
Mesmo que em momentos tristes ou doloridos,
Escolher sempre a vida!
Alda M S Santos
QUANDO NÃO ESTOU EM MIM
Procuro-me em todos os cantos
Tento me identificar, me localizar
Saber onde me encontro
Quando não estou em mim.
Se eu não estivesse mais aqui
Onde poderia ser mais facilmente encontrada?
O que remeteria as pessoas diretamente a mim?
O que olhariam e diriam: isso me faz lembrar dela!
Uma cachoeira, uma mata densa, pássaros, borboletas, flores?
O mar, um rio, a chuva, as estrelas, a Lua cheia?
Certamente, sinto-me em casa junto a tudo isso.
Um sorriso, um abraço, uma palavra, um poema? Identifico-me.
Meus filhos? Claro, partes mais lindas de mim.
Meus pais? Sim, sou parte deles.
Meu amor, meus amigos? Alguns deles, os que me amaram, me entenderam, sintonizaram comigo.
Em cada pessoa que passou por minha vida, que me agregou valores, me fez feliz, me fez sofrer?
Sim, foram também partes de mim.
Estou em muitos lugares, em cada pedaço de chão que pisei
No ar que respirei, mas, principalmente, no amor que doei.
Se quiserem me encontrar, procurem em tudo isso,
Também no sorriso de uma criança,
Na nostalgia de um idoso, no abraço de um casal apaixonado…
De preferência, num dia de chuva.
Eu estarei lá!
Quando não estou em mim estou naqueles que amo,
Onde quer que estejam.
E estar neles, é um modo de estar em mim.
Alda M S Santos
NÃO DÁ PARA MENSURAR!
Há coisas que por mais que se tente, não conseguimos mensurar!
O tamanho da dor que aperta no peito de quem perde um amor,
Ou o vazio na vida de uma mãe que não poderá mais abraçar seu filho,
Não dá pra mensurar!
A culpa de alguém que não pôde proteger a quem amava,
Ou a saudade que machuca no peito dos apaixonados,
Não dá pra mensurar!
A tristeza e revolta que acompanham os perseguidos,
A dificuldade de seguir em frente com fé, quando tudo que se quer está no passado,
Ou o medo de caminhar rumo a um futuro incerto e sem brilho,
Não dá pra mensurar!
A verdade é que só se pode mensurar
Aquilo que está dentro de nós!
O que se passa com o outro,
Podemos apenas imaginar…
Alda M S Santos
ONDE ME ENCONTRO?
Não importa onde eu esteja
Quer seja em casa, na rua, na academia, numa festa
Na visita a amigos, a um asilo ou hospital, na igreja,
Em alto mar, num voo internacional, num trem
No meio do mato, no lombo de um cavalo,
Posso estar onde estiver, com quem estiver
Independente de todos os caminhos que percorra
Só vou me encontrar dentro de mim mesma.
E esse caminho só eu posso traçar
Só eu posso percorrer
Seja qual for o “transporte”,
Passando por atalhos ou não,
Regada a sorrisos ou lágrimas,
Sozinha ou acompanhada,
Só eu posso me encontrar,
E somente depois, talvez me encontre dentro de outro alguém…
Alda M S Santos
RETIRANDO CAMADAS
Muitas vezes precisamos retirar todas as camadas
Que recobrem nossa mente, nossa alma
Como alguém que retira peça por peça de roupa
Inclusive as íntimas, totalmente despidos
Para ficar mais leve na balança
Com menos pesos adicionais.
São muitas as coisas que podem pesar:
Culpas, fracassos, sonhos perdidos, desejos impossíveis.
Ainda que seja apenas na frente do próprio espelho
É preciso começarmos a nos despir
Retirar tudo, jogar no chão, deixar lágrimas rolarem
Mostrar nossa verdadeira face para nós mesmos,
Antes da coragem de mostrá-la ao mundo
Ou não!
E nos sentirmos verdadeiramente leves…
Alda M S Santos
REENCONTRO
O melhor reencontro de todos é o que acontece conosco mesmos
Aquele reencontro com partes de nós que julgávamos perdidas
Com pedaços de nós que admirávamos
E que ficaram escondidos, deram uma volta por aí
Ou simplesmente abriram espaço a outras
Aquela parcela de nós que transformava nossos medos em confiança e fé
Nossas lágrimas em esperança e sorrisos
Nossas culpas e frustrações em aprendizados e recomeços.
Saberemos quando olharmos com certo distanciamento
Que essas partes não se perderam, estavam ali
Foram resgatadas no momento que mais precisávamos
E nos ajudaram a levantar
Cambaleantes ainda, frágeis, chorosos,
Porém, com força potencial interna
Transformados pelo vivido ou pelo “quase” vivido
Percebemos que não nos perdemos de nós tão facilmente!
Em frente! Com fé!
Alda M S Santos
YOGA
O corpo apenas externaliza
Em movimentos, ora suaves e leves
Ora fortes e vigorosos
Dentro dos próprios limites
O que vai na mente, na alma
Nessa troca com o meio
Meditando e respirando de modo consciente e disciplinado
Leva-nos ao autoconhecimento
Nutrindo corpo, mente e espírito…
Experiência muito rica!
Alda M S Santos
ULTRASSENSÍVEL
Aqueles dias que você sente que bastariam
A última gota d’água
Uma única faísca
Uma simples palavra
Um breve olhar
Um suave toque,
Um abraço singelo,
Para você:
Cair no choro, na gargalhada
Querer sumir no mundo, desaparecer,
Explodir de raiva
Alegria ou prazer…
Alda M S Santos