https://www.instagram.com/tv/CJrlRpTh-cM/?igshid=n6zyim9grjya
É dezembro, é fim de uma etapa
De um ciclo que se fecha
É tempo de reflexão, de oração
É tempo de gratidão…
Não importa se o ano não foi tão bom assim
Se amanhecemos por aqui, precisamos ser gratos, sim
Tanta coisa mudou nesse 2020
Tanta coisa inimaginável aconteceu
Foi preciso coragem para buscar nosso eu
E associá- lo a outros “eus” meio desconhecidos
Dizem que só se vê bem a ilha quando dela se afasta
Ainda estamos na ilha, imersos ali
Meio náufragos, sobreviventes, meio avariados
Tantos pereceram nesse voo que foi 2020
As turbulências trouxeram mortes, tristezas, reavaliação
Reaproximação com o que de nós é essencial
E estava tão afastado: nosso lar, nossa família
Nossas relações de amor mais próximas
Nossas verdadeiras amizades, nossa relação com Deus
E muitas vezes são presentes não valorizados
Uns disseram que fomos colocados no cantinho do pensamento
Outros que o castigo foi merecido
Mas Deus não castiga, ele orienta, ele oportuniza crescimento
Ele nos dá a chance de reavaliar a rota para prosseguir
Sem querer desanimar ou desistir
Foi um ano difícil e rico em aprendizados
Quando pensaríamos que um abraço seria limitado
Que um toque seria cerceado
Que conviver de perto seria proibido
Que o isolamento social seria a nova ordem
Que o sorriso seria coberto, o medo redescoberto?
Que um ano passaria
assim tão despercebido
E que em nós tudo isso causaria tanta desordem?
Estamos aqui, vivendo, seguindo…
Qual a lição que fica em nós?
Qual a marca deixada em nossa alma nesse 2020?
Que possamos logo olhar para a ilha, mas de fora dela
E entender que foi necessário tudo isso acontecer
Para que reaprendêssemos pelo que vale a pena viver
Que venham novos tempos, novos aprendizados
Estaremos mais fortes e sempre agradecidos
E que cada amizade e cada amor sejam em abraços renovados
Que este Natal seja mesmo especial
Que perguntas encontrem suas respostas
Que braços encontrem os abraços
Que corações encontrem outros corações
Que Jesus nasça em cada coração que se dispõe a amar
E que o próximo ano nos permita recomeçar…
Bênçãos mil a todos!
Alda M S Santos
NÃO, NÃO É POR MIM!
Não é por mim que o Sol brilha ou aquece
Tampouco que a chuva cai e ensombrece
Não é por mim que a Lua ilumina a escuridão
Ou que tem fases a entontecer o coração
Não, não é por mim!
Não é por mim tão linda queda de cachoeira
Tampouco seu caminho lindo até o mar
Não é por mim que há sonhos a noite inteira
Nessa vida que a tantos quer encantar
Não, não é por mim!
Não é por mim que desabrocha a rosa
Tampouco que se cuida do jardim
Não é por mim que na vida é toda prosa
Mas estou aqui, faço meu próprio jardim
Não, não é por mim!
Não é por mim que vibram os sentimentos
Tampouco as loucuras de uma vida fugaz
Mas há que ser por e em mim, contentamentos
Para enfrentar todo e qualquer medo, ter paz
Não, não é por mim!
Alda M S Santos
Quero falar de saudade
Pode parecer doloroso, triste
Mas só há saudade onde houve felicidade
Momentos de alegria partilhados
Aquele carinho, bom papo, abraço apertado
Um sorriso, um estar junto, boa risada
A saudade deixa a alma apertada
Desejo de correr aí, cantar, dançar
Ficar ao seu lado, só conversar
Mas amor pede cuidado e proteção
Por isso estamos longe fisicamente
Mas bem perto do coração
Daqui ficamos torcendo
Em oração permanecendo
Para que tudo isso passe logo
E possamos de novo nos encontrar
Sem nenhum risco pra vocês levar
E saibam todos que há de ter muito lugar
Para o amor que estamos acumulando
Em abraços poder solucionar
E muitos beijos no seu rosto depositar…
Cuidem-se, fiquem bem
Amo vocês!
Alda M S Santos
#carinhologos
Desafio Literário – Poesia tema Livro
A poesia que escrevi abaixo faz parte do Desafio Literário promovido por Rodrigo Meyer, escritor que me fez relembrar o quanto é bom ler, reler, ter o prazer de “livrar-nos”, de sermos uma obra aberta. Vou deixar as regras para todos os que quiserem participar. Será um prazer ler sua leitura do Livro.
https://rodrigomeyerauthor.wordpress.com/2020/09/02/especial-desafio-literario/
- Escreva uma poesia nova sobre o tema “Livro”. 2. Publique em seu blog ou em qualquer outra mídia como Facebook, Twitter, Instagram, Tumblr, etc, mencionando no topo do texto “Desafio Literário” e o link para essa publicação, pra que outras pessoas possam ver as regras e participar também. 3. Deixe aqui nos comentários, o link da poesia que você escreveu pra esse desafio, assim todos poderão visitar e ler a poesia de todos os participantes. 4. Esse desafio literário se encerra dia 30 de Setembro de 2020, pra que seja viável de lermos uns aos outros e interagir nas plataformas. E é só isso! Vamos espalhar cultura, diversão, fazer amizades, conhecer novos blogs, novos autores, novas visões de mundo, novas interpretações da realidade, novas abordagens ao mesmo tema, novos sentimentos, novos estilos, novos insights.
LIVRO
LIVRO
Livro que faz bem, que trago sempre comigo
Livro-me da ignorância, encontro abrigo
Livro-me das dores, do perecer
Livro-me da angústia do ser ou não ser
Livro que acalma, que é luz
Livro que esclarece dúvidas e nos conduz
Livro que é diversão, é passaporte, é transporte
Para um “País das Maravilhas”, mesmo sem sermos Alice
Que pode estar a poucas milhas de nós
Quase sempre dentro de nós…
Livro que é caminho da fé, da Ciência, da religião, de Deus, do conhecimento
Livro que perpetua o amor, que é acolhimento
Livro é tão bom que dentro dele pode caber tanto um mundo de dor
Quanto trazer em si registrada a maior História de Amor
Abram um livro, percam-se nele
Encontrem-se…
Alda M S Santos
ResponderEncaminhar |
ResponderEncaminhar |
Intimidade é aquela relação prazerosa que cultivamos
Com quem nos é especial
Onde tudo podemos dizer, fazer, trocar
Sem nos envergonhar e, com isso, aliviar todo mal
Quem tem boas relações de amor, de amizade
Quase nunca é acometido pela solidão
Encontra nessa pessoa a disponibilidade
E a intimidade que complementa toda boa relação
A intimidade pede reciprocidade
Confiança que se abastece na troca, conexão
Nudez em sua totalidade
Intimidade não só de corpos, mais conhecida como paixão,
Mas intimidade de mente, sintonia
Principalmente, intimidade de almas, magia…
Uma boa intimidade de almas nunca se acaba
Vai além da vida…
Alda M S Santos
ZOO
Nesse mundo animal
Quero ser um bicho qualquer
Desde que bem selvagem e irracional
Guiado pelos naturais instintos
Sabedor do bem e do mal
Nesse mundo cheio de razão
Quero ser de outra espécie ou philo
Aqui não há vez para o coração
Não quero ser homosapiens
Abro mão, prefiro ser emoção…
Nesse mundo tão perdido
Descaminhos, escuros, vacilos
Onde tudo já parece falido
Quero de novo me encontrar
Entre bichos não corrompidos encontrarei abrigo
FADA DO AMOR
Quisera ser uma fada com uma varinha de condão
Num leve toque de esperança
Fazer brotar a alegria, a emoção
Um desejo intenso de luz e reparação
Quisera ser uma fada do amor
Afastar o frio, mesmo em momentos breves
Em asas suaves e vestes leves
Voar por aí levando um toque de calor
Quisera ser uma fada da harmonia
Irradiar luz, e em cada cantinho, a alegria
Em beijos, abraços, carinhos, sintonia
Em doses elevadas de pura magia
Quisera uma varinha de condão
Com ela salvar o mundo da decepção
Ter sempre como objetivo a união
E trazer você para perto do meu coração
Alda M S Santos
Declamado no YouTube link abaixo
COMO FAZER AMOR
Fazer um poema é como fazer amor
É preciso interesse, desejo
Um olhar terno, talvez um pouco de pudor
Uma lenta aproximação, um beijo
E, no tempo de cada um, nasce o poema
Faz-se o amor…
Fazer um poema é como fazer amor
Não dá para ser de qualquer jeito
É preciso encanto, admiração
Captar a magia, a poesia, o pulsar do coração
E, com total entrega e paixão
Nasce um poema
Faz-se o amor…
Fazer um poema é como fazer amor…
Alda M S Santos
Minha revista de poemas em português e espanhol
ELE ESTÁ AÍ
São tempos difíceis para a humanidade
Mas vocês já os conhecem bem
Certamente passaram por muitos
Tudo vai passar, vocês sabem também
É um vírus que assusta, machuca
Nos põe a pensar….
Mas logo iremos derrotar
Agora podem faltar abraços, carinhos
Um alguém especial com aquele jeitinho
De levar esperança e muitos beijinhos
Mas Ele sabe o que faz
Colocou-nos recolhidos para nos cuidar
Cada qual em seu espaço para a vida avaliar
E tentar melhorar para nós mesmos esse lugar
Mas Ele não nos abandona
Ele está conosco, aqui, está aí
Fechem os olhos, sintam Deus em vocês
Sentimos muitas saudades de cada um
Fiquem firmes, mantenham a fé
E logo a gente vai se encontrar
Cantar, abraçar, beijar, a vida partilhar
Amamos vocês…
Alda M S Santos
https://www.instagram.com/tv/B-IT3BLlZti/?igshid=1q93fqiliv3ix
A POESIA
A poesia ainda vai curar o mundo
Levar o amor e magia a toda criatura
Ao descrente, ao sensível, ao vagabundo
Ao culto, ao letrado, ao apaixonado
A poesia ainda vai nos livrar da dor
Sendo encanto, beleza, o peixe, o pescador
Sendo jardim, flor ou beija-flor
A poesia ainda vai nos ensinar a amar
Ser a fé, a esperança, a vibração
Ser atração, sedução, paixão, emoção
A poesia ainda vai nos tirar da indiferença
Sendo a luz, o silêncio, o barulho, a presença
Sendo nesse mundo tão superficial,
Nossa mais doce essência…
Alda M S Santos
INFINITO
Quero o infinito e seus mistérios
A (im)possibilidade que atormenta
O desconhecer que não acalenta
Quero o mundo e seus refrigérios
Quero um amor infinito, maduro
Mas não um amor qualquer
Que seja verdadeiro, puro
Intenso, cheio de bem-me-quer
Quero esquecer que a vida é finita
Quero-a infinita, sempre bonita
Não vou desistir, não insista
Quero no infinito mergulhar
Me perder, me achar, me reencontrar
Fazer esse mundo louco girar
Alda M S SANTOS
NÃO QUER
Ela não quer ser uma lembrança dos tempos áureos
Uma foto desbotada na estante de alguém
Uma marca impressa numa alma arrependida
Ou a saudade de uma relação doída
Ela não quer ser história passada
Nos livros a tristeza registrada
Ela não quer ser a magia
Rabiscada num livro velho de poesia
Ela quer se eternizar, se renovar
Ser desejada, cobiçada, uma joia rara, valorizada
Não tem um preço a se pagar
Mas tem valor que qualquer um pode conquistar
Cobra apenas cuidado e desejo de conservar
Ela não quer ser esquecida, embrutecida
Precisa de amor para ser abastecida
Ela é o que sustenta a vida
Ela é a natureza…viva…
Alda M S Santos
CONEXÃO
É mágica a conexão que temos com a natureza
Flora, fauna, mananciais hídricos, pura beleza
Alegria ímpar que não podemos deixar se perder
É ela que reenergiza nossas baterias emocionais
Com seu silêncio pacífico, calmante
Sua intensidade viva, relaxante
Suas cores fortes, ricas, vibrantes
Não há mente que não se encontre
Não há corpo que não se encaixe
Não há coração que não fique forte
Não há alma que não encontre seu norte
Alda M S Santos
OS MINEIROS E O MAR
https://estevamweb.wordpress.com/2020/01/17/os-mineiros-e-o-mar/
— Ler em estevamweb.wordpress.com/2020/01/17/os-mineiros-e-o-mar/
Vejam que maravilhosa postagem do Estevam. Simplesmente definiu a relação intensa dos mineiros com o mar de forma linda e poética
COMO COÇAR
Há certas coisas que são como coçar
Se você começar não dá pra parar
Fazer xixi, dormir, chorar, ou gargalhar
Se começou fica difícil parar
Cada qual sabe melhor de si
Onde não dá pra se meter
Ou o viver que se pode fazer
Pois sabe bem como é difícil interromper
Para uns é comer, beber, jogar, amar
Para outros é falar, confiar, desabafar
Se for impossível parar, melhor nem começar
Bom seria fazer o que traz somente bem-querer
Mas se for impossível saber
Vá com calma, a vida vai ensinando a viver
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
Que a paz reine no coração de quem souber amar… E que o amor encontre morada nos corações que ainda não encontraram a paz! Feliz 2020 de muita alegria, poesia e magia…
MUSA INSPIRADORA
A cada poema, uma musa
A cada verso, uma inspiração
Venha da natureza, da fé, da emoção
Da beleza ou grandeza do coração
“Eu sinto, só não sei escrever”- já ouvi dizer
Traduzir em palavras os sentimentos
Próprios ou dos outros não é coisa fácil de fazer
Exige muita sensibilidade e muito querer
De onde vem sua inspiração?
Todo poeta já ouviu essa questão
Cada qual com sua “musa” inspiradora
Nessa vida nada animadora
Quase sempre vem de algo ou alguém que viu
Viveu, sentiu, ouviu, observou, despertou os sentidos
Atiçou a emoção, acendeu a imaginação
E logo está pronto um poema
Carregado de vida, mente, paixão e alma em ebulição…
Qual sua “musa”da inspiração?
Alda M S Santos
VIRA-LATAS
Somos mestiços, oriundos de várias raças
Uma mistura que nos torna SRD
Sem raça definida, carregamos características de vários povos
Ora somos fortes, resistentes e adaptáveis
Pés-duros, confiáveis, amigos
Ora somos frágeis e de baixa autoestima
Acusados de tudo fazer, de virar latas por um pedaço de pão
De nos rebaixarmos para receber um carinho na cabeça
Dependentes da aprovação daqueles que consideramos mais, superiores
Mas carregamos conosco as misturas de uma raça não definida, híbrida
E o que de bom ou ruim isso possa acarretar
Com toda a força, fidelidade, inteligência, confiabilidade e resistência
De quem tudo já enfrentou
E de quem não se entrega assim tão facilmente
Um vira-latas morre lutando, acreditando na vida
Nunca deixando de amar…
Alda M S Santos
QUEM ASSINA?
Se pudéssemos observar com olhar neutro nossas vidas
De fora, com imparcialidade, sem grande envolvimento emocional
Como a observar um quadro “pintado” em sua totalidade
E também em suas partes, seus detalhes
A parte que brilha, a fosca, a meio escondida, a que se destaca
A mais colorida, a clara, a moderna, a abstrata
A antiga, a contemporânea, a atual
Original ou controversa,
Aquela fácil de entender e a que ninguém decifra
O que veríamos?
E, mais importante, quem assina essa obra?
Quem é o autor de verdade?
Quais influências terceiras sofre?
Nosso nome está assinado ali, mas somos mesmo os pintores dessa obra?
Ou é uma arte falsificada, uma fraude?
Pintamos o que acreditamos, com nossas próprias tintas e criatividade
Ou somos “ladrões” de material alheio?
Mesmo sem conseguir manter a neutralidade e imparcialidade
É possível fazer minimamente essa análise:
Somos autênticos?
O grande Autor da Obra Vida deu a receita: amor
Essa tinta nos permite viver uma obra de arte verdadeira
E chegar na grande galeria do outro lado com um quadro original
Ainda que todo manchado de sorrisos e lágrimas…
Com o vermelho do amor pelo outro e da paixão de viver
Com o amarelo das tentativas frustradas
Com o roxo das decepções e angústias
Com o verde brilhante da esperança
Mas nossa!
Nossa tela pode ter muitas cores e influências externas
Mas todas devem ser passadas e filtradas pela nossa alma
Sempre procurando ter orgulho do trabalho feito
E muito pouco do que se envergonhar…
Alda M S Santos
DE QUANTOS?
De quantos nãos se faz uma decepção
De quantos medos se faz uma coragem
De quantos abandonos se constrói uma muralha
De quantas valentias e covardias se fazem um herói
De quantos tanto faz se faz um desistir
De quantos passos trôpegos se faz uma marcha firme
De quantos cuidados o amor se alimenta
De quantos sorrisos se faz um encanto
De quantas lágrimas a saúde emocional sobrevive
Quantos abrir mão o amor é capaz de suportar
Quantas descargas emocionais o coração aguenta sem sofrer um colapso
De quantas promessas não cumpridas se faz um desamor
Quantos “felizes para sempre” somos capazes de destruir, incólumes
De quantos mergulhos rasos se faz uma vida superficial
De quantos “tudo bem” se molda uma máscara
De quantas demolições internas e externas precisamos para reconstruir
De quantas saudades se faz um existir?
De quantos(as)?
Gostaria de saber…
Alda M S Santos
INFILTRAÇÕES
Trincas nas paredes, rachaduras nas calçadas
Buracos no asfalto, aberturas nos canteiros
Fendas nos quintais, fissuras nos jardins
Permitem a entrada gradativa de água
Possibilitam infiltrações e o lento, nocivo
E quase imperceptível ceder do terreno
Abalam as estruturas, derrubam edifícios
Jogam ao chão monumentos, grandes construções
Como as rachaduras em nossa emoção
Aquelas pequeninas, que quase ninguém vê
Uma decepção aqui, uma indiferença ali, um descaso acolá
Frestas que nem nós notamos
Vão deixando entrar elementos perigosos
Que abalam nossas estruturas
Derretem a liga que nos sustenta
Urge tapar essas gretas: na rua, nos quintais, nos lares, em nós
Deixar apenas a abertura suave das persianas e dos sorrisos
Por onde entra ou sai a luz do sol e do amor
Que nos aquece, nos mantém inteiros, de pé
E de braços abertos para a vida!
Alda M S Santos
ELA CAMINHA
À beira-mar ela caminha
Olha longe no horizonte
Sempre gostou muito de caminhadas
Nas avenidas, nas estradinhas de terra
Na beira de um rio, nas matas, montanhas…
O corpo é exigido, a mente trabalha, vai relaxando
A alma se abastece de belezas, de levezas
Busca um veleiro que navega sozinho ao longe
Quem estará ali? Será feliz?
Uma gaivota que mergulha atrás de alimento
Uma lancha de transporte de aluguel num cais improvisado
O vento desarruma seu cabelo, arranca o chapéu
Levanta sua saída de praia, refresca a alma
As ondas quebram a seus pés espumando e se recolhem de volta ao mar
“Tragam coisas boas, levem as ruins”, ela profetiza
Chuta a água, chuta os problemas, inspira e expira fundo
Sente os músculos sendo exigidos
Tensão, relaxamento, prazer…
Vê uma família de golfinhos nadando despreocupada
Um casal enamorado se exercita debaixo de um coqueiro
Como seria morar ali?
O encanto seria o mesmo?
Faria essa caminhada diária?
E ela segue…
Caminhando, chutando a água, refletindo
Sugando da natureza tudo que consegue de maravilhoso
Aprende com ela, seu ir e vir constante…
Enchendo-se de coisas boas, esvaziando-se do que faz mal…
Ela caminha…
Alda M S Santos
O DIA EM QUE A TERRA NÃO PAROU…
Quando não nos posicionamos perante a vida
Quando não escolhemos caminhos ou não fazemos opções
Por inércia, ignorância, covardia, dúvidas ou medos
A vida não deixa de acontecer, o planeta não deixa de girar
A Terra não para pra nos esperar
As pessoas seguem as trilhas que escolheram
A vida se impõe, alguém “escolhe” por nós
E somos “obrigados” a aceitar a escolha de outros que caiu em nosso colo
O caminho a nós imposto, bonito ou feio, plano ou cheio de aclives
Sem nossa análise, avaliação ou aprovação
Delegamos a outros, por inércia ou inaptidão, o controle de nossas vidas
E percebemos que aquele “dia em que a Terra parou”
Existiu apenas na canção, nos sonhos loucos de Raul Seixas
Ela seguiu em ensandecida rotação e translação e fomos lançados fora de órbita
Para um lugar melhor ou pior…
A Terra, indiferente à nossa “preguiça”, continuou a girar…
A Terra continua a girar…
Alda M S Santos
PLACAS TECTÔNICAS
O movimento das placas tectônicas causa graves acidentes na superfície do planeta
Terremotos, maremotos, tsunamis e vulcões assustam
Mas são sinais da vida ativa no interior da Terra
A cada vez que elas se movimentam
Grandes desastres naturais são gerados resultando em morte, terror, destruição
Uma nova posição elas tomam, nova organização se dá: sobrevivência
Quem está melhor preparado sabe o que fazer, como lidar, seleção natural
Nem sempre os mais altos e bonitos edifícios mantém-se de pé
Muitas vezes são os primeiros a ruir e tombar ao chão,levando consigo muitos outros
O que vale é a estrutura firme, a base forte, a flexibilidade das colunas
Desconsiderar a força da vida interna que se rebela e se revela não é sábio
Nos terremotos naturais os sobreviventes conhecem a regra: o tripé da vida
Apoiar-se em algo sólido e firme, abaixar-se, proteger-se
E esperar a lava quente, a fumaça tóxica, os destroços serem levados oceano afora …
Nesse grande planeta azul, somos dele pequenas miniaturas
Onde estamos nos apoiando quando nossas placas tectônicas se movimentam perigosamente?
Alda M S Santos
TODO O TEMPO: SEMPRE QUE NOS APROUVER!
De vez em quando precisamos arrumar nossas gavetas internas
Para não ficarmos tão perdidos quando precisarmos encontrar algo especial numa emergência
Colocar numa gaveta de fácil acesso aquelas “peças” que usamos todo o tempo
Que nos fazem sorrir e ver a vida mais colorida e bonita
Separar para doação aquelas “peças” que já não nos servem mais, justas ou largas,
Ou porque nosso “corpo” mudou ou nosso gosto que não é mais o mesmo
Farão outros felizes como nos fizeram
Devolver ao verdadeiro dono algumas “peças” que nunca foram nossas
Usamos por empréstimo por um tempo e quase acreditamos que eram nossas
Jogar fora as “peças” velhas, cheiro de naftalina, como moletom disforme e surrado, que já esgotaram tempo de uso
E nos fazem pensar que também estamos rotos e surrados
Guardar numa gaveta secreta aquelas “peças” que são preciosas, pouco usadas
Melhor ainda, usar tudo de valioso que temos quando melhor nos aprouver
Todo o tempo, se possível!
Fazer da vida um eterno passo de dança, como diria Sabino,
Sempre há quem goste de dançar…
Sabe-se lá quando poderá aparecer um ladrão e levá-las de nós,
Ou sermos delas levados?
Não sou boa em arrumar gavetas, de qualquer tipo
Tenho dificuldade em me desfazer das “coisas”
Mas sempre aprendo algo quando vou arrumá-las
Tenho muito mais “coisas” valiosas do que pensava…
Alda M S Santos
PEDRAS…PEDREIRAS…PEDREGULHOS
Pedras no meu caminho, que fazer?
Quando não me importam tanto, pequenas
Colocadas com intuito de me fazer perder tempo
Rotineiras, como um contratempo no trânsito
Não merecem muita atenção, desvio
Pedras no meu caminho, que fazer?
Quando atrapalham a caminhada, perturbam
Incomodam como alguém a fazer pouco de nós
Pego e jogo para longe de mim ou me afasto
Pedras no meu caminho, que fazer?
Quando impedem a passagem, grandes
Preocupantes, pesadas, difíceis de remover
Como um pesadelo reincidente e assustador
Com calma, tento escalar e transpor
Peço ajuda, uma mão amiga a me puxar
Pedras no meu caminho, que fazer?
Gigantescas, intransponíveis, como parte do ambiente
Com lascas cortantes como ingratidão ou abandono
Como uma doença incurável ou a perda de alguém
Sento na pedra, choro, reflito e oro…
Pedras no meu caminho, que fazer?
Penso em todas as vezes em que Ele nos salvou
Me salvou de outros abismos e me devolveu o chão
Agradeço, e a encaro com mais ânimo
Já não parece tão intransponível assim
Afinal, Ele sabe tudo de montanhas, escaladas
Ingratidão, abandono, amor e desamor
Pedras e “Pedros” de todos os tipos
Seres humanos…
Ele sabe de tudo e de todos!
Ele é maior que qualquer pedra, pedreira ou pedregulho!
Alda M S Santos
NO LIMITE
A vida no limite é intensa
Por vezes animadora, noutras cansativa
Será que vai sendo gasta, se esvaindo
Ou sendo reenergizada, reabastecida?
Se ela se esvai, se desgasta
Gostaria de não viver tanto no limite
Ter mais espaço, mais folga, mais liberdade de movimento
Dentro do meu “pequeno” interior
Não estar tão próxima da linha tênue
Que separa o bem do mal estar
Os sonhos doces dos pesadelos amargos
A realidade fria do calor do realmente desejado
Que separa a alegria da tristeza
Os medos da coragem, a confiança da desconfiança
O sorriso das lágrimas, a fé da descrença
Que separa a sanidade da loucura
O amor do desamor, a vida da morte!
Mas se a intensidade reenergiza, autoabastece
Que eu aprenda a andar na corda bamba
A me divertir nos altos e baixos, a dançar nos desequilíbrios
Ou que eu encontre mais espaços dentro de mim
Ou os ocupe de modo mais organizado
Sempre com mais e mais equilíbrio, alegria e fé
E que consiga carregar comigo quem quiser ou merecer…
Alda M S Santos
Ilha Grande- Angra dos Reis
DEPOIS DO FIM
Irei até aquela curva lá na frente
Com esse propósito, sigo sem parar na caminhada à beira-mar
Areia macia a afundar meus pés deixando pegadas
Sempre me lembro da parábola “Pegadas na Areia” quando o faço
Na curva, o caminho, que parecia acabar, continua…
Que há depois daqueles coqueiros?
E aquele coqueiro envergado pelo vento é meu próximo objetivo
Entro no mar, devagar, água fria na pele quente, gostoso…
Choque térmico de vida!
Fujo correndo de uma onda enorme
Umas pessoas riem, de mim ou para mim?
Não importa, retribuo e sigo até o rochedo, o coqueiro ficou para trás
As rochas disformes seriam o fim da caminhada
Subo nas pedras, as ondas ali arrebentam agitadas
Parecem querer despertar as pedras para a vida
Ajudá-las a sair dali, arrancá-las da mesmice, andar pelo mundo
Piso devagar, são cortantes e escorregadias
Sento, reflito, cair dali seria o fim, muito alto e perigoso
Quantas pessoas já pularam dali querendo ir além disso aqui?
Do outro lado o caminho continua com areia, coqueiros, rochas e curvas…
Depois do fim sempre há outro caminho
Ainda que a gente não consiga vislumbrá-lo
Olho para trás lá embaixo, minhas pegadas se apagaram
Queria tanto estar no colo Dele!
Uma brisa suave balança meus cabelos, acaricia minha pele
Sim! Ele está aqui!
Retomo meu caminho de volta, não estou só!
Alda M S Santos
Praia de Lopes Mendes-Ilha Grande- Brasil
SONS DO SILÊNCIO
Há muito silêncio aqui
Os galhos das árvores valsando ao sabor do vento
A chuva fina a tamborilar uma canção nostálgica no telhado
Canarinhos piando a disputar por espaço no comedouro
Enquanto outros se banham na poça d’água no chão e voam em revoada
Uma vaca muge reclamando ao longe no pasto
As asas vibrantes de um lindo beija-flor a sugar o néctar doce da vida
Indiferente a minha presença, encantada
Um machado fazendo ranger a madeira que cede com um choro de resistência
O fogo a crepitar no fogão a lenha onde o cozido borbulha e aromatiza o ambiente
Uma família de tucanos grasna no alto das árvores e saúda a vida
Um cachorro late pedindo carona atrás de um fusquinha conhecido
Um galo canta alto dizendo as horas, a galinha responde que tem ovo
Um abacate cai com um barulho surdo do alto do abacateiro e se racha ao chão
A tosse seca de um fumante que parece sufocar
As risadas das crianças descendo a rua de bicicleta, felizes, ignorando o chuvisco
Macacos gritam bem perto na mata
Uma saracura afoita passa correndo no quintal
Uma espectadora da vida ouve todos esses sons do silêncio
Em contraste com todos os barulhos que gritam dentro de si
Querendo fazer parte, ser parte desse mundo “animado”…
O mundo parece estar estacionado, mas há vida em tudo…
Qual o barulho que ela faz em seu silêncio?
Qual o grito que ela transmite?
Alguém ouve?
Alda M S Santos
NO PONTO CERTO
Café, passado na hora, quentinho, cheiro delicioso e convidativo
Sementes, mudas, raízes, brotos, galhos, flores, frutos maduros
Depois de aparentemente prontos para consumo
Os grãos precisam ser colhidos
Colocados para secar, socar, torrar, moer
Para, ainda assim, passar por água fervente, ser coado
Até podermos saborear o delicioso cafezinho…
Colhê-los antes da hora seria perda de tempo, desperdício
Esperar demais ele seca, murcha, passa do ponto, apodrece e cai
Verde demais ou apodrecido não dá pó, não faz café
O mesmo se dá conosco
Todas as fases que passamos são para chegarmos ao ponto certo de “consumo”
Quantas vezes parecemos maduros e prontos
Não aceitamos a parte dolorosa do secar, torrar, moer
Sem saber que o melhor ainda está por vir?
Laranjas só dão suco se espremidas
Grãos de café só valem se maduros, torrados e moídos
Pessoas só chegam à alegria e sabedoria da maturidade
Quando são o “café” quente e animador para si e para os outros
Quando não negam e encaram as etapas dolorosas do viver
Como parte do se tornar “eu”.
Somos eternos cafezais num constante florir, frutificar, colher, secar, torrar, moer, repousar
E virarmos cafezinho saboroso
Verde, maduro, seco, no ponto certo…e a vida segue…
Qual seu ponto ideal?
Aceitam um café?
Alda M S Santos
QUE TREM DE DOIDO!
“Trem de doido” é algo impressionante, surpreendente, fora do comum
Isso no bom sentido que tomou…
Uma expressão de mineiro,
surgida em Barbacena
Trens de doidos eram chamados os vagões que despejavam centenas de “loucos”,
Ou aqueles que fugiam aos padrões sociais, nos pavilhões do manicômio de Barbacena.
Trem de doido era o transporte que levava aqueles que fugiam ao “normal”,
Assustador, desumano, cruel.
Trem de doido é a capacidade do ser humano de excluir uns aos outros
Trem de doido é o modo como tratavam esses seres segregados
Trem de doido é a ausência de indivíduo, de ser humano, apenas um bloco de pessoas
Eu disse pessoas?
Trem de doido é carregar o peso de terapias de eletrochoque e lobotomia
Trem de doido é a sensação de aperto que fica no peito
Por não poder reverter o curso dessa história (des)humana
Trem de doido é querer voltar no tempo e limpar tanta sujeira
Trem de doido é imaginar Aparícios, Josés, Marias e Marianas
Da nossa família, ou não, chegando nos trens ou nos lombos de cavalos
Apenas um nome num livro gigante e amarelado, data de internação e falecimento
Informações nem sempre confiáveis
Trem de doido é tentar impedir as lágrimas que rolam sem cessar
Trem de doido é ver o quanto estão presos dentro de si, como parte daquele lugar
Trem de doido é sentir que bastaria ser diferente
Para ser ali jogado, esquecido e realmente ensandecer.
Trem de doido é saber quantos “perdidos” dentro de si
Apenas por serem diferentes
Ainda hoje são considerados insanos!
Que trem de doido!
Alda M S Santos
VOCÊ NÃO SABE!
O frio que enfrentei nas noites longas, os curtos e finos cobertores que não aqueciam
Você não sabe…
As lágrimas que derramei, aquelas que engoli, quase sufoquei
Você não sabe!
Os sorrisos forçados, olhos úmidos, embaçados, disfarçando os medos
Você não sabe!
O cansaço que pesava as costas, arriava a fé, o desânimo fazendo desacreditar num futuro
Você não sabe!
A contraditória alegria e peso da responsabilidade em ser a “vida”, a motivação ou exemplo de alguém
Você não sabe!
A solidão que invade e a baixa autoestima tantas vezes assustadora
Você não sabe!
Os caminhos difíceis, secos, repletos de pedregulhos que machucaram meus pés
Você não sabe!
Aqueles que surgiram para dificultar minha caminhada, levantar dúvidas, desviar do caminho
Você não sabe!
Quantas vezes foi preciso desistir, reavaliar, recuar, redirecionar para não cair, não machucar ninguém
Você não sabe!
Quantas vezes foi necessário ser forte e buscar apoio nos ombros da fé
Você não sabe!
O que você sabe de mim é o que eu te deixo ver, que consigo mostrar
Assim somos todos! Não sou especial ou diferente!
O que sabemos de todos, o que eles sabem de nós
É apenas aquilo que foi filtrado nos pequenos furos da peneira da autoproteção
Ou por cuidado e proteção de terceiros
Não dá para saber…
Você não sabe! Eu não sei!
De nós mesmos, só nós sabemos…e Deus
Dos outros, só podemos imaginar…
Preferencialmente, sem julgar…
Alda M S Santos
NÃO TEM COMO!
Não tem como não ser atingido pelas chamas, não se queimar
Quando se brinca com fogo
Não tem como não se molhar, não se encharcar
Quando se brinca na chuva
Não tem como não ser abarcado pela tristeza
Quando se está no meio de pessoas baixo astral
Não tem como não ficar perfumado
Quando se é jardineiro, mesmo se espetando nos espinhos das delicadas rosas
Não tem como não deixar as lágrimas rolarem
Quando se percebe tudo que já rolou ou deixou de rolar
Não tem como não ser contagiado pela alegria
Quando se mistura a sorrisos abertos e amorosos
Não tem como não ser contaminado pela compaixão, esperança e fé
Quando se cerca de pessoas crentes e devotadas a Ele
Não tem como não sentir amor
Quando ele pulsa forte nas pessoas a sua volta
Não tem como não ser queimado pelas cinzas das saudades
Quando se remexe nos álbuns
do passado vivido com prazer e alegria
Não tem como não acreditar num futuro melhor
Quando a natureza se renova dia a dia perto de nós
Não tem como…sempre seremos atingidos…
Alda M S Santos
SOMOS POESIA
Não criamos poesia, somos a poesia em estado bruto, latente
Fomos presenteados com ela nas belezas da natureza, na sabedoria dos animais, nos aprendizados humanos
Na sinceridade de um olhar carregado de amor, no desabrochar de uma flor
Na esperança da alvorada, na nostalgia do crepúsculo, no céu salpicado de estrelas
Nas águas correntes do rio, no som das ondas do mar
No perfume da mata, no cheiro de terra, no brilho do sorriso de uma criança
Na saudade, nos medos, na morte, no trabalho que nos sustenta
Na mão que se estende, no abraço que acolhe, no canto alegre de um pássaro pós-tempestade
Na insistência em amar, em fazer amor, em fazer do amor a própria vida
Em tudo que há…
Nós desvelamos, despertamos a poesia que há no outro, por aí
Somos todos poetas, uns em ação consciente e outros adormecidos
Uns transformam a poesia em poema, em versos
Em músicas, fotografias, romances, esculturas, pinturas, artes…
Outros simplesmente vivem a poesia, sem se dar conta disso.
Somos todos poesia!
Alda M S Santos
A CULPA É MINHA
Estava numa dimensão intermediária entre a terra e o céu
À beira de um abismo, via que ele sofria do outro lado, prestes a cair
Tentava alertá-lo, gritava “te amo”, pedia para sair de lá, para não se arriscar
Encolhido, olhos opacos, distantes, não parecia me ouvir
Chorei, implorei que o salvassem, que trouxessem para mim, tirassem dele a dor que o torturava
Ouvi uma voz firme me dizendo: “ele pode cair, mas voltará mais forte”
“Transfiram para mim o que o machuca, a culpa é minha”- eu pedia chorando
A resposta veio logo “não, ele escolheu, ele quis viver, aprenderá”
“Mas sou mais experiente, podia ter impedido, alertado”
“Não é mais experiente, tudo isso é novo e perigoso para ambos, afaste-se daí”
Eu estava tão à beira do abismo quanto ele
Mas a queda dele era mais assustadora para mim que a minha
Abaixei, em prantos, rezei por ele, quando não mais o vi…
Acordei chorando, mas amedrontada e com fé, continuei as orações…
Alda M S Santos
ATÉ O INFINITO
Encontra-se em embalagens biodegradáveis
Grandes ou pequenas, de qualquer cor ou idade
Gênero, raça, etnia, religião, cultura ou instrução
Resistente às lágrimas, frágil perante sorrisos
Desmancha-se diante da sinceridade
Encoraja-se frente às boas ações
Admira-se ao topar com gentilezas
Encanta-se com a beleza exterior
Deslumbra-se com a riqueza interior
Opta pela simplicidade e generosidade
Ganha forças num abraço, derrete-se num beijo
Confia e protege o outro, mesmo que em detrimento de si
Doa-se inteiramente por e com prazer
Aumenta com o tempo e, se real e verdadeiro
Dura até o infinito… O que é?
Quem sente, identifica-se, não precisa de resposta!
Alda M S Santos
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Ora alegre, apressada, andar sensual
Ora compenetrada, sorridente, simpática, atenciosa,
Outra vez desligada, distraída, alheia a tudo, noutra dimensão
Pode ainda ser leve, em paz com a vida, consigo mesma,
Ou triste, cabisbaixa, solitária, perdida, querendo sumir
Ela pode não ser o que você vê
Mas o que prefere que você veja naquele momento
Ou talvez seja aquilo que não conseguiu esconder…
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Ou talvez até seja, mas você nunca irá saber
Pois até mesmo ela ainda se perde nas muitas de si mesma
Provável que todas lá dentro sejam verdadeiras, buscando equilíbrio
E, no meio de tantas, almeja se encontrar
Aquela que passa pode não ser o que você vê
O que se passa dentro daquela que passa, só ela sabe
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Mas é o que ela, autêntica, consegue ser…
Alda M S Santos
COISIFICANDO
Substituir, esse é o lema moderno, a nova ordem
Estragou, avariou, deu problema, preocupação, trabalho
Jogue fora, troque, substitua!
Mundo do descartável!
Pode ser um copo, um eletrodoméstico, eletrônico, objetos pessoais, pessoas…
Nada se conserta mais!
Nem amizades, nem amores, nem família: substitui-se!
Pessoas estão sendo transformadas em coisas, em objetos
Estão sendo coisificadas!
Nada errado em ter novas pessoas na vida, em acolher,
Em ser acolhido, amparado
Mas pessoa não pode substituir pessoa
Pessoas descartadas também poluem o ambiente
Danificam a si mesmas, ao outro
Pessoas não se joga fora e fica-se bem
Como se tivesse trocado de celular
Cada qual tem seu lugar, seu espaço
Se a rotatividade de pessoas estiver grande demais
Estamos nós mesmos a um passo de nos transformar em coisas!
Alda M S Santos