NO LIMITE
A vida no limite é intensa
Por vezes animadora, noutras cansativa
Será que vai sendo gasta, se esvaindo
Ou sendo reenergizada, reabastecida?
Se ela se esvai, se desgasta
Gostaria de não viver tanto no limite
Ter mais espaço, mais folga, mais liberdade de movimento
Dentro do meu “pequeno” interior
Não estar tão próxima da linha tênue
Que separa o bem do mal estar
Os sonhos doces dos pesadelos amargos
A realidade fria do calor do realmente desejado
Que separa a alegria da tristeza
Os medos da coragem, a confiança da desconfiança
O sorriso das lágrimas, a fé da descrença
Que separa a sanidade da loucura
O amor do desamor, a vida da morte!
Mas se a intensidade reenergiza, autoabastece
Que eu aprenda a andar na corda bamba
A me divertir nos altos e baixos, a dançar nos desequilíbrios
Ou que eu encontre mais espaços dentro de mim
Ou os ocupe de modo mais organizado
Sempre com mais e mais equilíbrio, alegria e fé
E que consiga carregar comigo quem quiser ou merecer…
Alda M S Santos
Ilha Grande- Angra dos Reis
DEPOIS DO FIM
Irei até aquela curva lá na frente
Com esse propósito, sigo sem parar na caminhada à beira-mar
Areia macia a afundar meus pés deixando pegadas
Sempre me lembro da parábola “Pegadas na Areia” quando o faço
Na curva, o caminho, que parecia acabar, continua…
Que há depois daqueles coqueiros?
E aquele coqueiro envergado pelo vento é meu próximo objetivo
Entro no mar, devagar, água fria na pele quente, gostoso…
Choque térmico de vida!
Fujo correndo de uma onda enorme
Umas pessoas riem, de mim ou para mim?
Não importa, retribuo e sigo até o rochedo, o coqueiro ficou para trás
As rochas disformes seriam o fim da caminhada
Subo nas pedras, as ondas ali arrebentam agitadas
Parecem querer despertar as pedras para a vida
Ajudá-las a sair dali, arrancá-las da mesmice, andar pelo mundo
Piso devagar, são cortantes e escorregadias
Sento, reflito, cair dali seria o fim, muito alto e perigoso
Quantas pessoas já pularam dali querendo ir além disso aqui?
Do outro lado o caminho continua com areia, coqueiros, rochas e curvas…
Depois do fim sempre há outro caminho
Ainda que a gente não consiga vislumbrá-lo
Olho para trás lá embaixo, minhas pegadas se apagaram
Queria tanto estar no colo Dele!
Uma brisa suave balança meus cabelos, acaricia minha pele
Sim! Ele está aqui!
Retomo meu caminho de volta, não estou só!
Alda M S Santos
Praia de Lopes Mendes-Ilha Grande- Brasil
SONS DO SILÊNCIO
Há muito silêncio aqui
Os galhos das árvores valsando ao sabor do vento
A chuva fina a tamborilar uma canção nostálgica no telhado
Canarinhos piando a disputar por espaço no comedouro
Enquanto outros se banham na poça d’água no chão e voam em revoada
Uma vaca muge reclamando ao longe no pasto
As asas vibrantes de um lindo beija-flor a sugar o néctar doce da vida
Indiferente a minha presença, encantada
Um machado fazendo ranger a madeira que cede com um choro de resistência
O fogo a crepitar no fogão a lenha onde o cozido borbulha e aromatiza o ambiente
Uma família de tucanos grasna no alto das árvores e saúda a vida
Um cachorro late pedindo carona atrás de um fusquinha conhecido
Um galo canta alto dizendo as horas, a galinha responde que tem ovo
Um abacate cai com um barulho surdo do alto do abacateiro e se racha ao chão
A tosse seca de um fumante que parece sufocar
As risadas das crianças descendo a rua de bicicleta, felizes, ignorando o chuvisco
Macacos gritam bem perto na mata
Uma saracura afoita passa correndo no quintal
Uma espectadora da vida ouve todos esses sons do silêncio
Em contraste com todos os barulhos que gritam dentro de si
Querendo fazer parte, ser parte desse mundo “animado”…
O mundo parece estar estacionado, mas há vida em tudo…
Qual o barulho que ela faz em seu silêncio?
Qual o grito que ela transmite?
Alguém ouve?
Alda M S Santos
NO PONTO CERTO
Café, passado na hora, quentinho, cheiro delicioso e convidativo
Sementes, mudas, raízes, brotos, galhos, flores, frutos maduros
Depois de aparentemente prontos para consumo
Os grãos precisam ser colhidos
Colocados para secar, socar, torrar, moer
Para, ainda assim, passar por água fervente, ser coado
Até podermos saborear o delicioso cafezinho…
Colhê-los antes da hora seria perda de tempo, desperdício
Esperar demais ele seca, murcha, passa do ponto, apodrece e cai
Verde demais ou apodrecido não dá pó, não faz café
O mesmo se dá conosco
Todas as fases que passamos são para chegarmos ao ponto certo de “consumo”
Quantas vezes parecemos maduros e prontos
Não aceitamos a parte dolorosa do secar, torrar, moer
Sem saber que o melhor ainda está por vir?
Laranjas só dão suco se espremidas
Grãos de café só valem se maduros, torrados e moídos
Pessoas só chegam à alegria e sabedoria da maturidade
Quando são o “café” quente e animador para si e para os outros
Quando não negam e encaram as etapas dolorosas do viver
Como parte do se tornar “eu”.
Somos eternos cafezais num constante florir, frutificar, colher, secar, torrar, moer, repousar
E virarmos cafezinho saboroso
Verde, maduro, seco, no ponto certo…e a vida segue…
Qual seu ponto ideal?
Aceitam um café?
Alda M S Santos
QUE TREM DE DOIDO!
“Trem de doido” é algo impressionante, surpreendente, fora do comum
Isso no bom sentido que tomou…
Uma expressão de mineiro,
surgida em Barbacena
Trens de doidos eram chamados os vagões que despejavam centenas de “loucos”,
Ou aqueles que fugiam aos padrões sociais, nos pavilhões do manicômio de Barbacena.
Trem de doido era o transporte que levava aqueles que fugiam ao “normal”,
Assustador, desumano, cruel.
Trem de doido é a capacidade do ser humano de excluir uns aos outros
Trem de doido é o modo como tratavam esses seres segregados
Trem de doido é a ausência de indivíduo, de ser humano, apenas um bloco de pessoas
Eu disse pessoas?
Trem de doido é carregar o peso de terapias de eletrochoque e lobotomia
Trem de doido é a sensação de aperto que fica no peito
Por não poder reverter o curso dessa história (des)humana
Trem de doido é querer voltar no tempo e limpar tanta sujeira
Trem de doido é imaginar Aparícios, Josés, Marias e Marianas
Da nossa família, ou não, chegando nos trens ou nos lombos de cavalos
Apenas um nome num livro gigante e amarelado, data de internação e falecimento
Informações nem sempre confiáveis
Trem de doido é tentar impedir as lágrimas que rolam sem cessar
Trem de doido é ver o quanto estão presos dentro de si, como parte daquele lugar
Trem de doido é sentir que bastaria ser diferente
Para ser ali jogado, esquecido e realmente ensandecer.
Trem de doido é saber quantos “perdidos” dentro de si
Apenas por serem diferentes
Ainda hoje são considerados insanos!
Que trem de doido!
Alda M S Santos
VOCÊ NÃO SABE!
O frio que enfrentei nas noites longas, os curtos e finos cobertores que não aqueciam
Você não sabe…
As lágrimas que derramei, aquelas que engoli, quase sufoquei
Você não sabe!
Os sorrisos forçados, olhos úmidos, embaçados, disfarçando os medos
Você não sabe!
O cansaço que pesava as costas, arriava a fé, o desânimo fazendo desacreditar num futuro
Você não sabe!
A contraditória alegria e peso da responsabilidade em ser a “vida”, a motivação ou exemplo de alguém
Você não sabe!
A solidão que invade e a baixa autoestima tantas vezes assustadora
Você não sabe!
Os caminhos difíceis, secos, repletos de pedregulhos que machucaram meus pés
Você não sabe!
Aqueles que surgiram para dificultar minha caminhada, levantar dúvidas, desviar do caminho
Você não sabe!
Quantas vezes foi preciso desistir, reavaliar, recuar, redirecionar para não cair, não machucar ninguém
Você não sabe!
Quantas vezes foi necessário ser forte e buscar apoio nos ombros da fé
Você não sabe!
O que você sabe de mim é o que eu te deixo ver, que consigo mostrar
Assim somos todos! Não sou especial ou diferente!
O que sabemos de todos, o que eles sabem de nós
É apenas aquilo que foi filtrado nos pequenos furos da peneira da autoproteção
Ou por cuidado e proteção de terceiros
Não dá para saber…
Você não sabe! Eu não sei!
De nós mesmos, só nós sabemos…e Deus
Dos outros, só podemos imaginar…
Preferencialmente, sem julgar…
Alda M S Santos
NÃO TEM COMO!
Não tem como não ser atingido pelas chamas, não se queimar
Quando se brinca com fogo
Não tem como não se molhar, não se encharcar
Quando se brinca na chuva
Não tem como não ser abarcado pela tristeza
Quando se está no meio de pessoas baixo astral
Não tem como não ficar perfumado
Quando se é jardineiro, mesmo se espetando nos espinhos das delicadas rosas
Não tem como não deixar as lágrimas rolarem
Quando se percebe tudo que já rolou ou deixou de rolar
Não tem como não ser contagiado pela alegria
Quando se mistura a sorrisos abertos e amorosos
Não tem como não ser contaminado pela compaixão, esperança e fé
Quando se cerca de pessoas crentes e devotadas a Ele
Não tem como não sentir amor
Quando ele pulsa forte nas pessoas a sua volta
Não tem como não ser queimado pelas cinzas das saudades
Quando se remexe nos álbuns
do passado vivido com prazer e alegria
Não tem como não acreditar num futuro melhor
Quando a natureza se renova dia a dia perto de nós
Não tem como…sempre seremos atingidos…
Alda M S Santos
SOMOS POESIA
Não criamos poesia, somos a poesia em estado bruto, latente
Fomos presenteados com ela nas belezas da natureza, na sabedoria dos animais, nos aprendizados humanos
Na sinceridade de um olhar carregado de amor, no desabrochar de uma flor
Na esperança da alvorada, na nostalgia do crepúsculo, no céu salpicado de estrelas
Nas águas correntes do rio, no som das ondas do mar
No perfume da mata, no cheiro de terra, no brilho do sorriso de uma criança
Na saudade, nos medos, na morte, no trabalho que nos sustenta
Na mão que se estende, no abraço que acolhe, no canto alegre de um pássaro pós-tempestade
Na insistência em amar, em fazer amor, em fazer do amor a própria vida
Em tudo que há…
Nós desvelamos, despertamos a poesia que há no outro, por aí
Somos todos poetas, uns em ação consciente e outros adormecidos
Uns transformam a poesia em poema, em versos
Em músicas, fotografias, romances, esculturas, pinturas, artes…
Outros simplesmente vivem a poesia, sem se dar conta disso.
Somos todos poesia!
Alda M S Santos
A CULPA É MINHA
Estava numa dimensão intermediária entre a terra e o céu
À beira de um abismo, via que ele sofria do outro lado, prestes a cair
Tentava alertá-lo, gritava “te amo”, pedia para sair de lá, para não se arriscar
Encolhido, olhos opacos, distantes, não parecia me ouvir
Chorei, implorei que o salvassem, que trouxessem para mim, tirassem dele a dor que o torturava
Ouvi uma voz firme me dizendo: “ele pode cair, mas voltará mais forte”
“Transfiram para mim o que o machuca, a culpa é minha”- eu pedia chorando
A resposta veio logo “não, ele escolheu, ele quis viver, aprenderá”
“Mas sou mais experiente, podia ter impedido, alertado”
“Não é mais experiente, tudo isso é novo e perigoso para ambos, afaste-se daí”
Eu estava tão à beira do abismo quanto ele
Mas a queda dele era mais assustadora para mim que a minha
Abaixei, em prantos, rezei por ele, quando não mais o vi…
Acordei chorando, mas amedrontada e com fé, continuei as orações…
Alda M S Santos
ATÉ O INFINITO
Encontra-se em embalagens biodegradáveis
Grandes ou pequenas, de qualquer cor ou idade
Gênero, raça, etnia, religião, cultura ou instrução
Resistente às lágrimas, frágil perante sorrisos
Desmancha-se diante da sinceridade
Encoraja-se frente às boas ações
Admira-se ao topar com gentilezas
Encanta-se com a beleza exterior
Deslumbra-se com a riqueza interior
Opta pela simplicidade e generosidade
Ganha forças num abraço, derrete-se num beijo
Confia e protege o outro, mesmo que em detrimento de si
Doa-se inteiramente por e com prazer
Aumenta com o tempo e, se real e verdadeiro
Dura até o infinito… O que é?
Quem sente, identifica-se, não precisa de resposta!
Alda M S Santos
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Ora alegre, apressada, andar sensual
Ora compenetrada, sorridente, simpática, atenciosa,
Outra vez desligada, distraída, alheia a tudo, noutra dimensão
Pode ainda ser leve, em paz com a vida, consigo mesma,
Ou triste, cabisbaixa, solitária, perdida, querendo sumir
Ela pode não ser o que você vê
Mas o que prefere que você veja naquele momento
Ou talvez seja aquilo que não conseguiu esconder…
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Ou talvez até seja, mas você nunca irá saber
Pois até mesmo ela ainda se perde nas muitas de si mesma
Provável que todas lá dentro sejam verdadeiras, buscando equilíbrio
E, no meio de tantas, almeja se encontrar
Aquela que passa pode não ser o que você vê
O que se passa dentro daquela que passa, só ela sabe
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Mas é o que ela, autêntica, consegue ser…
Alda M S Santos
COISIFICANDO
Substituir, esse é o lema moderno, a nova ordem
Estragou, avariou, deu problema, preocupação, trabalho
Jogue fora, troque, substitua!
Mundo do descartável!
Pode ser um copo, um eletrodoméstico, eletrônico, objetos pessoais, pessoas…
Nada se conserta mais!
Nem amizades, nem amores, nem família: substitui-se!
Pessoas estão sendo transformadas em coisas, em objetos
Estão sendo coisificadas!
Nada errado em ter novas pessoas na vida, em acolher,
Em ser acolhido, amparado
Mas pessoa não pode substituir pessoa
Pessoas descartadas também poluem o ambiente
Danificam a si mesmas, ao outro
Pessoas não se joga fora e fica-se bem
Como se tivesse trocado de celular
Cada qual tem seu lugar, seu espaço
Se a rotatividade de pessoas estiver grande demais
Estamos nós mesmos a um passo de nos transformar em coisas!
Alda M S Santos
JANEIRO BRANCO: SAÚDE MENTAL
Qual nosso primeiro pensamento numa foto dessas
No alto das pedras, o mar revolto lá embaixo,
Céu de intenso azul, brisa gostosa nos cabelos,
Água morninha a acariciar a pele,
Alguns banhistas, um sol brilhante e quente?
Ou sequer notamos esses detalhes?
Como nos imaginamos ali?
A saúde de nossa mente permite vários modos de ver e sentir essa imagem
O quanto ela é capaz de nos tocar, animar, alegrar, enternecer, entristecer…
Aquela pessoa sorridente perto de nós pode estar precisando de ajuda!
Pode estar sofrendo calada!
Depressão, ansiedade excessiva, fobias não são para se brincar!
Estenda a mão! Seja a ponte!
E nós mesmos? Como estamos?
Alda M S Santos
SOFRIMENTOS
Há duas maneiras das pessoas encararem as duras penas da vida
Algumas sabem o peso de determinado sofrimento
E jamais querem o mesmo para alguém, próximo ou não
Outras, como sofreram aquilo, não se importam com o outro
Às vezes, desejam que o outro passe pelo que passou,
Até, muitas vezes, causam no outro a mesma dor
Na tentativa errônea de sofrer menos, não sabendo-se só
Como se ao doer no outro doesse menos em si próprio
São os modos diferentes que a alma de cada um
Mais evoluída, ou menos, lida com o próprio sofrimento!
Mas aprende, cedo ou tarde, que a dor de cada um é única
E deve ser enfrentada dentro de si mesmo,
Até ir apagando aos pouquinhos…
Alda M S Santos
CATAPULTA
Não é preciso nem um extremo nem outro
Não preciso sorrir todo o tempo, tampouco chorar
Posso ter energia bastante para lutar
Mas posso querer hibernar por uns tempos
A alegria pode ser rara, a tristeza também
Mas não preciso nem um extremo e nem outro
Não quero viver na zona de confronto todo o tempo
Mas a zona de conforto também não é satisfatória
O amor não necessita ser daqueles de contos de fadas
Mas também não precisa ser de conto policial
Não preciso nem um extremo e nem outro
O trabalho pode ser intenso e prazeroso
Mas a inércia também pode fazer parte, ser necessária
Ou posso optar por deixar-me levar pela letargia
Vez ou outra preciso me desligar de tudo
Antes que tudo se desligue de mim
Não é preciso nem um extremo nem outro
Mas se chegar a qualquer dos extremos
Que eu possa me encontrar em qualquer um deles
E ser catapultada de volta ao prumo!
Alda M S Santos
EM LETRA CURSIVA
A vida é tecida em letras cursivas
Sobe, gira, desce, desce mais, faz uma volta
Um laço, um nó, curvas, círculos, segue em frente
Volta, faz um corte aqui, coloca uns pingos acolá
As letras são as mesmas, mas a escolha delas difere
E o modo de traçá-las também.
Infinitas palavras, frases, textos e histórias
Vão sendo compostos com a nossa marca
As nossas digitais, a nossa caligrafia original
Algumas letras são mais caprichadas
Outras até mesmo ilegíveis, até para quem escreve
Uns textos são mais longos, histórias mais complexas
Uns bem simples e fáceis de ler…
O importante é que isso é tarefa intransferível
Nós selecionamos, nós compomos, nós vivemos,
Ainda que o único leitor sejamos nós mesmos…
Alda M S Santos
REENCONTRO
Em sonhos, encontrei-me com uma amiga
Que há muitos anos não via
Parecíamos, fisicamente, diferentes uma para a outra
Mas nossa essência e carinho não haviam mudado
Amigas de segredos, de intimidades, de adolescência
De primeiro “amor”, de descobertas, de medos e planos
E a conversa fluiu tão natural que parecia não ter havido distância
Cada qual com sua vida, sua família, uns planos realizados
Outros que ficaram apenas na vontade, decepções
Mágoas, vitórias e conquistas, novos planos…
Aquela história dividida debaixo de um pé de amora
E que quase sempre a gente chora…
Tudo na verdade se resume aos nossos sonhos, sempre.
E pensamos em quanto tempo tínhamos ainda pela frente.
Sensação maravilhosa reencontrar alguém que foi especial
Que fez parte de um capítulo importante de nossa história
E que ficou guardadinho lá no fundo aguardando
As voltas da vida e os propósitos de Deus!
Saudades! Amei rever você, ainda que em sonhos…
Alda M S Santos
NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO
Estava em campo aberto, uma área gramada e pequena
Para todos os lados havia arame farpado,
Cerca eletrificada, concertinas, muros, grades…
Seu corpo estava preso das mais variadas formas
Limitação de espaços e de movimento
Para qualquer lado que tentava não era possível se mexer
Sequer conseguia falar ou se expressar
No fim das forças, cansaço extremo, deitou-se na grama
Olhou para o alto e viu uma ave voando no lindo céu
E descobriu que havia asas, que possuía asas e,
Voou, voou, voou…
Nas ainda possíveis asas da imaginação….
Alda M S Santos
OS GRANDES BENEFICIADOS
Receber um certificado é sempre bom
Ter o trabalho social e voluntário reconhecido é prazeroso
Além de estimular outras pessoas a fazerem o mesmo
Mas, o maravilhoso, o que não tem preço,
É o que nosso coração sente
Ao ouvir um idoso dizer: “que bom que vocês vieram”,
“Vocês alegram a nossa vida”,
“Quando vocês voltam?”
Ou uma pessoa num corredor de hospital
Ao receber um “Abraço Grátis” dizer em prantos, às vezes:
“Eu precisava tanto desse abraço”!
A verdade é só uma, ajudamos, sim,
Mas os maiores beneficiados somos,
Sem sombra de dúvida, nós mesmos!
Alda M S Santos
#carinhologos
APELIDOS
Apelidos podem ser marcantes
Quase sempre o são, sejam os carinhosos, pela delicadeza
Sejam os depreciativos, pela crueldade
Tanto faz se colocados pelos pais, amigos ou amores
Inimigos ou desafetos quaisquer
Doçura, princesa, gata, sapeca, anjinha, fadinha
Expedita, encrenca, pequena, “aldaciosa”
Baixinha, pretinha, branca, vida…
Príncipe, gato, amor, rei, anjo, tesouro, preto…
Sempre nos remeterão a alguém ou alguma situação
E nos levarão para lugares revisitados dentro de nós…
Alda M S Santos
NEM ME DESPEDI…
E aquela pessoa querida se foi…
Foi chamada para uma vida melhor que essa
Choramos, lamentamos, quase sempre exclamamos:
Sequer pude me despedir!
Gostaríamos mesmo?
Dar um adeus, não um tchau ou um até mais,
Um adeus! Sabendo que não haverá volta.
Um adeus! Até não sei quando ou onde…
Teríamos estrutura?
Momento para o qual nunca estaremos preparados
Não fomos ensinados a abrir mão de quem amamos
A nos afastar de quem queremos por perto
Mesmo sabendo da finitude da vida e das relações.
Melhor mesmo é fazer valer cada segundo dessa vida
Pois ele pode ser um adeus
E a gente nem ter se despedido…
Alda M S Santos
ResPIRAR!
Um simples observar de nossa respiração
Nos mostra nossa reação a algo ou alguém
Por vezes, o ar se prende, se solta lentamente
Outras vezes, é apenas um respirar leve e suave
Passando por uma respiração forte e entrecortada
Ou uma falta de oxigênio total,
Além daquele susPIRAR profundo…
Esse resPIRAR constante nos mostra
A raiva, a ansiedade, a alegria, a tristeza
A tranquilidade, a saudade, o desejo
A empatia, a antipatia, a compaixão
O amor…que pessoas e situações nos despertam.
Cuidado para respirar, sem pirar!
Alda M S Santos
AMOR É UM TREM DOIDO
O amor comanda um trem de muitos vagões
Nunca vem só! Todos encaixadinhos!
Em cada vagão, um sentimento ou emoção que o acompanha
Que faz com que o trem ande mais rapidamente,
Devagar ou até estacione!
Amor é um trem doido! São muitos os vagões!
Alguns o aceleram: empatia, sinceridade, confiança, lealdade, respeito, admiração…
Outros o atrasam: ciúmes, possessividade, intolerância, impaciência, desrespeito…
Mas se houver amor, sempre há jeito de mantê-lo em movimento
Mas se o amor não for o comandante,
Tudo descarrilha, tomba e se perde…
Alda M S Santos
INSPIRE, EXPIRE!
Inspire o ar que te cerca, rico em oxigênio
Expire o ar de dentro de si, carregado de gás carbônico
Inspire a luz e a energia boa à sua volta
Expire a escuridão e o medo lá de dentro
Inspire confiança, sabedoria, fé
Expire a raiva, a decepção e a desesperança
Inspire amor e amizade em forma de sorrisos e abraços
Expire a tristeza e a desilusão junto às lágrimas
Inspire, expire! Expire, inspire!
Às vezes tudo parece se inverter
Inspiramos dor, desamor, desconfianças e medos
Somos frágeis, somos humanos, erramos, sofremos…
Temos o direito de não sermos sempre fortes!
Mas como humanos não desistimos, insistimos
E acabamos, cedo ou tarde, aprendendo a respirar corretamente.
Em qualquer lugar que estiver…
Inspire, expire!
Alda M S Santos
Estava deitada, dormindo suavemente, corpo meio descoberto.
Ela acordou, ele a olhou nos olhos, deu a ela uma mão: “venha”!
E ela foi com aquele ser que parecia conhecer a vida toda…
Estavam no alto, quando ela olhou para além dele, estavam flutuando, acima de qualquer mal.
Sentaram-se numa nuvem, ela olhou para baixo e chorou tudo que queria.
“Vai derreter minha nuvem de algodão! Não chore”!
Mostrou a ela lá de cima os caminhos de tanta gente!
Tudo parecia fácil, simples, e as pessoas escolhiam o caminho mais difícil.
“Merecemos qualquer coisa que nos aconteça, visto que temos escolhas!”- ela disse, chorando ainda mais.
“Não quer dizer que acerte sempre, todos estão aprendendo lá embaixo”!
“Eu morri, é isso?”
“Só se você quiser ficar aqui. Você tem escolha.”!
Ela olhou para seu caminho lá embaixo, tão nítido e simples dali…
Sentiu a presença daquela pessoa amada ali nas nuvens, tão protegida, sem qualquer dor!
Ele a observava com amor e esperava…
Ela viu de novo seu caminho, com dores, tristezas, amores e alegrias,
E tanta gente que esperava por ela, contava com ela, sofreria com sua ausência…
Ele percebeu tudo, olhava-a com muito amor e olhos rasos d’água.
Deu-lhe um beijo no rosto, um abraço como nunca havia sentido!
E voaram mais um bom tempo, juntinhos.
Sentiu um beijo delicado na testa e um “até breve”.
E acordou, estava descoberta e com o rosto banhado em lágrimas.
Mas leve e feliz, tinha estado noutra dimensão,
Onde a dor não tinha qualquer poder…
E sempre seria uma possibilidade!
Alda M S Santos
A FILA ANDA!
Frase preferida das pessoas recém saídas de relacionamentos
E o que se constata é que quase sempre anda para trás.
Na necessidade de “estar” sempre com alguém
Acabam por se envolver com pessoas-problemas da mesma maneira:
Ciumentas, possessivas, com baixa autoestima, desonestas,
Complexo de vítimas, imaturas, comprometidas…
Não se dão um mínimo tempo de reclusão para autoanálise
Não se permitem sofrer ou estar consigo mesmas, repetem os mesmos erros.
Enquanto não avaliarem e mudarem algo em si mesmas,
O “problema” que todos têm e que dificulta as relações,
Acabarão atraindo ou sendo atraídas pelas mesmas pessoas- problemas.
Pegar qualquer um que está na fila é andar para trás
Entrar nessa fila é fazer pouco de si!
Não se dar um tempo é violentar a si mesmo
É fazer pouco do amor que viveu
É desvalorizar o que ainda poderia chegar de bom.
Se ficasse fora dessa tão falada fila
E da premente necessidade de mostrar que não está só,
Talvez um amor de verdade pudesse ser vivido com plenitude.
Alda M S Santos
RESPONSÁVEL PELO QUE CATIVAS
“Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas!”
Meio pesado, porém, contém alguma verdade
Mal damos conta de nossas ações e sentimentos
Não podemos ser responsabilizados pelas ações dos outros
Tampouco pelo que sentem ou deixam de sentir
Mas, se bem avaliarmos, notaremos certa responsabilidade
Na esperança que ora alimentamos nos outros
Nas promessas que fizemos e deixamos de cumprir
No que fomos ou deixamos de ser para alguém
Ainda que sem saber…
Não somos totalmente “inocentes” no que despertamos no outro
Exupéry, então, tem razão com seu Pequeno Príncipe:
Somos, de certa forma, responsáveis pelo que cativamos!
Alda M S Santos
AMOR MULTIPLICADO
A importância que temos ou tivemos na vida de alguém
Sempre fica impressa em seu modo de ser e agir
Os conselhos, mesmo calados, que soube ouvir,
Os cuidados que passou a ter diante da vida
A coragem em enfrentar certas situações ou fugir de outras
O momento de saber se recolher e esperar
O respeito ao que o outro é e considera certo ou errado
O cuidado em não magoar por bobagens
Vemos o amor que o outro soube receber
Quando notamos um pouco de nós impresso neles
Nós nos multiplicamos naqueles que amamos
E que souberam nos amar…
Alda M S Santos
AMOR QUE FICA
Costumam me alertar: não se apegue demais
Você se envolve muito e depois sofre!
Num momento as pessoas estão bem, noutro podem não estar mais…
Um abraço carinhoso, um toque delicado
Um sorriso sincero e sofrido
O prazer num bom bate papo…
Atenção, companhia, amor desinteressado
E não sabemos quando podem ser os últimos…
Rapidamente são levados de nós pela doença, por males diversos
Pelas circunstâncias das quais não temos controle.
Eles têm me ensinado muito!
Independente de como a gente ou o outro esteja
Não dá pra ter medo de demonstrar amor e carinho
Receio de se entregar e se envolver.
Não sabemos quando aquele abraço, aquele olhar,
Aquele toque, palavra, sorriso ou lágrima
Podem ser um adeus!
E isso vale para convívios em qualquer idade ou estado de saúde
A única certeza que temos é a do hoje!
Amemos uns aos outros! Não amar também é sofrer
Só devemos nos afastar de quem amamos,
Quando nossa presença puder causar mais mal do que bem.
A saudade é a dor do amor que fica gravado na alma!
Alda M S Santos
#carinhologos
A DOR
A dor é o óleo que deixa
As engrenagens do coração lubrificadas
E o tornam sensível e propício para viver
As posteriores alegrias intensamente,
Sem trepidações ou danos à sua mecânica.
Cuidado com a falta ou o excesso do óleo!
Alda M S Santos
UM ANJO
A estação parecia abandonada, não passava nenhum trem
Vários passageiros iam para um lado ou para o outro
Nenhuma bagagem, uns se despediam
Ela estava triste num canto, aguardava
Alguém se aproximou dela
Não parecia um passageiro qualquer
Pareceu reconhecê-lo, mas não se lembrava de onde
Ninguém ali conversava, apenas se olhavam
Abraçavam, choravam, se entendiam
Ele disse “você já pode ir”, apontou para um lado
“Não estou pronta, não me despedi”- falou ela em silêncio
“Já está 50% do lado de lá, vá”
Deu a mão a ela e foram andando, ela se equilibrando no trilho do trem
Quando olhou para trás viu que ele tinha asas, era um anjo
Seu olhar dizia “não posso ir com você”
Chorando, ela seguiu para um destino com letreiro nas nuvens:
SAUDADE!
Alda M S Santos
COLO(RINDO) A ALMA
Nunca estamos cansados demais, tristes demais
Para alegrar um alguém, um coração carente
Uma alma já vivida e sofrida
Que, ainda assim, se alegra e agradece
E, ao preencher de cores os desenhos,
Enche de cores sua própria alma
Nos mostrando como lidar com a dor, as angústias, a saudade,
As decepções, a tristeza, o abandono, o desamor, o amor
A fé e a esperança com maestria e bondade
Com um sorriso terno no rosto, um abraço quente
E a alegria de uma boa conversa
Sem qualquer intenção de nos dar lições
Acaba dando mais que recebendo: muito amor
Alda M S Santos
#carinhologos
POR QUE O MUNDO NÃO PARA?
Porque o mundo insiste em girar
O Sol continua a nascer, a chuva a cair
O vento a balançar as folhas, os pássaros a cantar
Se eu estou aqui sem calor, sem voz, sem canto
Sequer sinto o vento ou a chuva a me molhar?
Parece uma afronta!
Porque o mundo insiste em girar
As pessoas a sair e a sorrir, a trabalhar
A se amarem, brigarem ou se odiarem
Guerrearem e se matarem…
Se eu estou aqui querendo que ele pare para eu descer
Ou que gire bem rápido e me lance para fora de órbita?
Por quê?
Será que está gritando algo para eu ouvir?
Terá que fazer um esforçozinho um pouco maior!
Alda M S Santos
NAS TEIAS DA VIDA
Uma aranha tece quietinha sua teia
Em muitas e muitas tramas delicadas
Sua casa, sua proteção
Já para os insetos que nelas caem
É suplício, é morte certa
Ali a aranha transita em casa, segura
Conhecedora de cada laço, nó, arte
Para ela a teia é vida
E o inseto se perde, se enrola, se prende
Para ele a teia é morte
E se houvesse uma reviravolta qualquer
E a aranha também se prendesse nas próprias tramas
Como alguém com um transtorno psicológico qualquer
Que não se encontra, não se sente em casa na própria teia
Sente-se como um inseto preso e à beira da morte
Quem poderá ajudar?
Outra aranha que conhece a teia
Ou um inseto que já a enfrentou?
Ora somos aranhas, ora insetos
Sempre nas teias da vida…
Alda M S Santos
NA CHUVA
Posso vê-la andando ali, devagar
Deixando a chuva cair, molhar tudo
Olha para cima, deixa a chuva molhar seu rosto, se entrega
Senta-se num banco na calçada
Tudo está fechado, é tarde
Coloca uma bolsa a seu lado, abraça a si mesma
Um ou outro transeunte em seu guarda-chuva passa e a olha displicente
Carros esporádicos espirram água para todos os lados
Um cachorro parece se compadecer e para a seu lado
Faz um carinho em sua cabeça, abraça-o
Ambos ficam ali por um bom tempo
Logo ele se vai atrás de uma cadelinha
Ela olha para cima, abre os braços
E se deixa lavar por inteiro.
Enfim, levanta e segue seu caminho lentamente
Ela faz parte daquela madrugada chuvosa, fria e triste
Olha para cima, me vê, percebe-se fora
E volta para dentro de mim
Juntas vamos para casa…
Alda M S Santos
Foto Google imagens
TROCO
Troco meu sorriso por suas lágrimas
Meu bem-estar pela sua dor
Minha energia pelo seu desânimo
Minha alegria pela sua tristeza
Minha saúde pelos seus males
Minha paz por seu desassossego
Não é que eu seja boazinha ou tola
Talvez seja até egoísmo
É porque sei lidar melhor com as lágrimas, a dor, o desânimo
A tristeza, os males, o desassossego
Quando estão em mim
Do que quando estão naqueles que amo!
Troco, inclusive, meu amor por seu “desamor”
Quem sabe nessa troca a gente não se equilibre melhor?
Alda M S Santos
A MÚSICA QUE A VIDA TOCA
A vida é um grande musical
Toca músicas animadas, dançantes
Também toca músicas tristes, frustrantes
Tantas vezes aprendemos o ritmo, dançamos com prazer
Mas a música que a vida toca nem sempre irá nos satisfazer
Muitas vezes teremos vontade de chorar
Outras, até desejo de partir, não mais bailar
Mas precisaremos aprender a dançar
Porque a vitrola da vida não para de tocar
Podemos dançar sozinhos
Mas melhor mesmo é quando dançamos com um par…
Com o outro aprende-se nova coreografia
A dançar a dois com harmonia
Rimos dos erros e tropeços
Até novas canções passamos a tocar
Uma dança aos pares ou em grupos
Tem muito mais magia…
Posso até ter minha canção favorita
Mas ela só fará mais sentido
E se tornará ainda mais prazerosa e bonita
Se tiver alguém que aceite dançá-la comigo…
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
VIDA NUBLADA
Quem gosta de chuva e dias cinzentos
Tende à depressão- ouvi certa vez.
O tempo lá fora costuma influenciar dentro da gente.
Sol “exige” energia, animação, alegria, festa
Chuva “exige” introspecção, nostalgia, quietude…
Não necessariamente!
O sol ou a chuva apenas conectam o que já há em nós
Potencializam, trazem à tona, tornam visíveis.
Se houver animação, não há chuva que aquiete
Se houver introspecção, não há sol que dê energia
A verdade é que o sol ou a chuva estão dentro da gente
Uns são mais sol, outros são mais chuva
E quem disse que não precisamos de ambos?
Amo dias de sol, mas nada se compara a um
Nostálgico e lindo dia de chuva!
Alda M S Santos
IMPOTÊNCIA
Não existe sensação pior que a da impotência
A incapacidade de realizar algo que se quer
Por quem se ama, por si mesmo.
Saber do sofrimento, da necessidade premente
Do grito contido, calado, sofrido
No silêncio audível, no sorriso disfarçado
Na distância forçada, na solidão,
Nas lágrimas escondidas…
Saber que tudo que somos de nada vale
Que os caminhos trilhados nem sempre ajudam
Que não conseguimos tirar a dor com a mão, como gostaríamos
E que, certas coisas, somente o tempo pode curar
Ou anestesiar, ou fazer adormecer…
Alda M S Santos
TÃO EU!
Andar na chuva, amar a chuva, ouvir música alta,
Dirigir com vento nos cabelos, sonhar acordada
Agitada, impaciente, falante, esbaforida…
Tão eu!
Dormir com a TV ligada, de óculos, deitada sobre um livro,
Ter pesadelos bem reais, acordar chorando,
Ocupar a cama toda, comer de tudo…
Tão eu!
Gostar de sorrisos, amar abraços, andar apressada,
Encantar com as crianças, emocionar com a velhice,
Rir por tudo, gargalhar de graça, chorar sem motivo…
Tão eu!
Subir em qualquer árvore, escalar montanhas,
Banhar em rios, mares e cachoeiras sem saber nadar,
Admirar bichos e plantas, fazer pedido pra estrela cadente,
Tão eu!
Preferir o dia, gostar de uma boa conversa, escrever,
Sentir falta de dançar, dos amigos, ter fé imensa em Deus,
Amar gente, oferecer ajuda, não pedir ajuda,
Tão eu!
Viver e amar, amar e viver…
Mesmo que em momentos tristes ou doloridos,
Escolher sempre a vida!
Alda M S Santos
QUANTAS VEZES?
Quantas vezes nos doamos?
Quantas vezes sorrimos para o outro para alegrá-los
Abraçamos alguém para acalentá-los
Dizemos palavras encorajadoras para animá-los
Damos atenção, carinho, silenciamos, para compreender a dor
Cedemos ao outro nossos ombros, nosso colo, nossa presença para secar lágrimas,
Se tudo que queremos e precisamos é de alguém
Que nos sorria, nos abrace, nos diga palavras sábias
Nos encoraje, nos dê atenção, colo, presença, amor…
Ou apenas silencie e acalme nossas angústias?
Quantas?
Exatamente o mesmo número de vezes
Que, ao nos doarmos, acabamos por receber muito em troca…
Quantas vezes?
Não sei! Sei que todas valeram cada segundo!
Alda M S Santos