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Autoimagem

Que vês no seu espelho?

QUE VÊS NO SEU ESPELHO?

Olha todos os dias nele, demorada ou rapidamente
Ao lavar o rosto, maquiar-se, fazer a barba, escovar os dentes
O que seu espelho reflete de volta, insistentemente
Qual imagem te mostra, vê algo diferente?

Que vês no seu espelho?

Rugas que mostram a cada dia um caminho que foi trilhado
O olhar com aquele brilho molhado, por vezes, decepcionado
Um sorriso disfarçado, ora amarelado, emocionado
Tentam esconder quantas vezes foi quebrado

Que vês no seu espelho?

Um ser humano sofrido, sobrevivente de lutas admiráveis
Repleto de cicatrizes, marcas no corpo, na alma, indeléveis
O peso do olhar, covardia ou coragem ao se encarar
Ao cobrar de si mesmo: que fez pra se orgulhar, se envergonhar?

Que vês no seu espelho?

Cada ruga, cada lágrima, cada sorriso, um sinal de amor
Uma saudade funda, uma alegria rasa, uma tristeza, um dissabor
Em cada marca, uma história, em cada quebra, uma dor
De quantas quebras um ser humano é capaz de se recompor?

Que vês no seu espelho?

Vê-se apenas viver, ser sorriso, ora flor, ora beija-flor…

Alda M S Santos

Quem sou?

QUEM SOU?

Sou o amor, o carinho, os erros e acertos

Sou a risada, a lágrima, as dores, os consertos

Sou aqueles a quem tenho apreço

Sou bondade, solidariedade, preguiça ou animação

Sou beijo, sorriso, abraço de montão

Sou a marca da paixão que deixo em seu coração

Sou fada, sou bruxa em noite de luar

Sou a magia, a poesia que há em cada olhar

Sou porção de Deus por aqui a passar

Sou a noite, o dia, o Sol e a Lua

Sou família, sou amigos, sou vento, tempestade crua

Sou eu, natureza, clareza, de alma nua…

Alda M S Santos

Identidade

IDENTIDADE

Quando a identidade está meio confusa

Não nos enxergamos, está desfocada

Perdemos a essência daquilo que somos

Bons amigos nos trazem de volta, dão uma animada

Sem pedir, nos relembram aquilo que fomos, que somos

Nos devolvem a luz do que nos é essencial

Fazem-nos ver sob o olhar do amor

Aquilo que deixamos se perder no corriqueiro, no trivial

Nada melhor que quem conosco conviveu

De nós trabalho, alegria e amor recebeu

Para nos fazer crer que ainda existimos

Que pelas dificuldades não nos consumimos

O outro é o espelho amigo que reflete o melhor de nós

Quando precisamos reativar nossa identidade

Ser para nós mesmos mais amor, mais bondade!

Alda M S Santos

Amor-próprio

AMOR-PRÓPRIO

Amor-próprio e autoestima é muito mais que se alegrar

Com a pele lisinha e dentes branquinhos

É mais que a satisfação de caber na calça jeans de sempre

Ou poder usar um biquíni de lacinho

É mais do que gostar da imagem que o espelho reflete

Autoestima em dia, amor-próprio o bastante

É encarar a si mesmo no espelho

É não desviar os olhos daquele olhar que te encara

É sorrir de volta para aquela imagem refletida

Com admiração, respeito, coragem

Apesar dos medos e derrotas

É reconhecer-se um vencedor

É saber perdoar os próprios erros

Encarar a si mesmo, sorrir de volta

Ou até mesmo chorar

Mas fazer as pazes consigo mesmo

E seguir em frente

É bom ter amigos, ter um amor

Mas jamais seremos bons amigos, bons amores

Se não entendermos que precisamos ser

Nossos melhores amigos

Nosso verdadeiro amor…

O primeiro compromisso que temos por aqui

É conosco mesmos!

Isso não é egoísmo

É a base de todo tipo de amor e amizade…

És capaz de se admirar ao espelho?

Alda M S Santos

Entre as muitas de mim

ENTRE AS MUITAS DE MIM

Muitas vezes sou palavras sem fim

Tantas outras o silêncio habita em mim

Algumas vezes quero abraçar e acolher o mundo

Noutras, nem a meu próprio mundinho consigo acolher

Sou, às vezes, gargalhadas de alegria e satisfação

Tantas outras sou um sorriso tímido de decepção

Muitas vezes sou a animação, a atração

Noutras, quero me esconder num cantinho sem aparição

Muitas vezes sou dança, sou verso, sou sedução

Noutras tantas sou muito atrapalhada, sou tombo, sou confusão

Muitas vezes sou maternal, terna, emocional

Noutras sou tão sozinha, isolada, individual

Tantas vezes vejo adiante um mundo de oportunidades

Noutras só vejo agonia e infelicidade

Muitas vezes estou em paz com as muitas de mim

Tantas outras elas travam uma batalha de vida e morte bem ruim

Entre as muitas de mim

Perfumada de flores, de jasmim

Nessa constante contradição

Procuro enfeitar esse jardim…

Alda M S Santos

Maior amigo

MAIOR AMIGO

Bolhas, feridas, cicatrizes e calos

Cada qual uma fase de recuperação

O que não mata deixa marcas

Que serão eternas no coração

Não brigue, não negue, não lamente

Apenas tenha consigo mais cuidado, mais atenção

Viva, enfrente, siga o caminho, simplesmente

Fuja dos tropeços nas mesmas pedras ou parar na mesma estação

Perdoe-se, não seja seu próprio carrasco

Tampouco seu maior inimigo

Para viver bem e alcançar o objetivo

É preciso tornar-se seu aliado, seu maior amigo

Alda M S Santos

Momentos ilha

MOMENTOS ILHA

Há momentos que somos mar

Imensidão encantadora e perdida

Há momentos que somos céu

Voo e livre imaginação

Há momentos que somos terra

Pés no chão, dor no coração

Há momentos que somos fogo

Irritabilidade e inconstância, desejo de mudança

E há momentos em que somos ilha

Isolados em nós mesmos em busca de nós

Sem perceber o que nos cerca

Que em nossos momentos ilha

Estejamos cercados do bem

Por todos os lados…

E que a gente possa se afinar com ele…

Alda M S Santos

Ainda estou em mim

AINDA ESTOU EM MIM

Quando encontro alguém que faz questão

De ressaltar alguma qualidade que não lembrava mais possuir

Algo que fiz por elas e que as marcou

Um defeito que reconheço que melhorei

Uma virtude perdida, uma deficiência amenizada

Ou uma mania que não passa de jeito nenhum

Sinto-me bem…

Sei que ainda estou em mim, que não me perdi pelo caminho

Que são bonitas as marcas que deixei

Que sou apenas uma criatura em evolução

E que posso melhorar muito ainda

É aí que percebo que o ”pão que o diabo amassou”

Não faz tão mal assim, pois Deus é quem dá o toque final

O diabo pode até sovar a massa, mas é Deus quem põe o pão para assar

E basta um toque divino para tudo se reverter

Tudo melhorar…

Eu ainda estou em mim, mesmo imperfeita

E gosto mesmo muito disso!

Alda M S Santos

Os olhos que me veem

OS OLHOS QUE ME VEEM

Gosto de olhos que falam

As palavras ditas pelos olhos não são falsas

Podem até não agradar

Mas a linguagem do olhar é verdadeira

Alguns olhos são treinados

Aprendem a desviar, pestanejar

Mas não enganam outro olhar também treinado

A ler o que diz o olhar desviado

Gosto de olhos que me veem inteira

Sem aumentar ou diminuir

Sem enaltecer ou depreciar

Gosto de olhos que dizem

“Eu te entendo, estou aqui”!

Gosto de olhos perspicazes a me olhar

Que me olham sem esperar demais de mim

Tampouco sem diminuir-me perante si

Gosto de olhos que acolhem, não julgam

Gosto de olhos que realmente me veem como sou

De dentro para fora…

Alda M S Santos

Florescendo, flores(sendo)…

FLORESCENDO, FLORES(SENDO)…

Sob sol, sob chuva, sob tempestades

Florescendo, flores sendo…

Acolhendo abelhas, borboletas e beija-flores

Ensurdecendo com o canto das cigarras

Florescendo, flores sendo…

Sob o entardecer, sob o luar ou a aurora

Dividindo espaço, multiplicando belezas

Queimando e perdendo pedaços para as formigas

Florescendo, flores sendo…

Alimentando-me de brisa, de doçuras, de toques delicados

Fazendo minha fotossíntese

Purificando o ar, espetando os dedos com espinhos

Molhando a raiz de lágrimas salgadas

Florescendo, flores sendo…

Nascendo, crescendo, perfumando a vida, encantando, morrendo…

Florescendo, flores sendo…

Alda M S Santos

O melhor amigo

O MELHOR AMIGO

O melhor amigo te olha nos olhos

Encara, enfrenta, diz a verdade

Diz que tem saudade do que você era

Daquilo que você tem deixado de ser

O melhor amigo não desvia os olhos

Fala onde você errou, te ampara nos seus medos

Ralha com você, mas te dá carinho e atenção

O melhor amigo não te deixa desviar o olhar

Está presente, não foge, te cobra presença

Diz que se orgulha de você, não te deixa esmorecer

O melhor amigo sabe tudo de você

Não te deixa se tornar seu pior inimigo

Tampouco permite que você faça gol contra

Ou que seja atingido por fogo amigo

O melhor amigo te alertará se fizer mal aos outros

Mas, sobretudo, se fizer mal a si mesmo

O melhor amigo, se você permiti-lo agir, nunca deixará você cair

E, se isso acontecer, não te deixará lá por muito tempo

Ele te ajudará a se reerguer e seguir

Olhe para ele, não se esconda!

Seu melhor amigo está diante de você

Naquele espelho que você se olha todos os dias

E nem sempre se vê…

Dê um abraço apertado nele

E aquele sorriso que faz tudo se renovar…

Diga com convicção e sinceridade:

Eu te amo para sempre e nunca te abandonarei…

Alda M S Santos

Um galho a mais

UM GALHO A MAIS

Para uns sou a base, o cais, o alicerce, a raiz

Sou segurança…

Para outros sou a flor, delicadeza, leveza, perfume

Sou encanto…

Às vezes sou o tronco forte, o galho que sustenta a gangorra

Sou diversão…

Noutras sou as folhas que caem ao sabor do vento e da maturação

Sou renovação…

Algumas vezes sou o fruto suculento, polpudo e saboroso

Sou combustível, alimento…

Posso ser também apenas um galho a mais a balançar na ventania

Sou esperança…

Tudo depende de quem me vê, de como se vê

De suas carências, do que precisa para viver…

Parte do que os outros são ou nos parecem ser

É apenas reflexo daquilo que somos e precisamos…

Sinto-me apenas um galho a mais, ora forte, ora frágil

Mas importante para a vida da minha pequena árvore

Nessa grande floresta da existência…

Alda M S Santos

Mesma massa

MESMA MASSA

Somos feitos da mesma massa, do mesmo barro

Com os mesmos ingredientes, com os mesmos propósitos

Mas cada um cresce de modo diferente

Em tempos e pontos diversos de agitação, repouso e calor

Dependendo daqueles com quem essa massa interage

Do modo de fazer de cada um, do amor aplicado na ação

Algumas massas crescem mais quanto mais sovadas são

Outras encruam, murcham, definham, azedam, se sovadas demais

Há as que precisam ficar reservadas, em repouso por tempo maior

Outras necessitam ser mais agitadas, viradas e remexidas

O tempo de forno e calor também é variável

Então, respeitemos o ponto ideal de cada uma

Nunca dizer que é drama ou frescura

Sequer que é massa fraca ou farinha ruim

Quando se queimam, encruam ou sofrem algum revertério

Após as muitas sovas da vida

Ou por terem sido “esquecidas” no forno…

Se a dor não é nossa, se a lágrima ou sorriso não são nossos

Não ousemos julgar ou medir

Cabe a nós ajudar, respeitar ou nos recolher em nosso canto!

Alda M S Santos

Cuidando de mim

CUIDANDO DE MIM

A dedicação e disciplina geram tônus e força muscular

A força se converte em coragem e confiança

A confiança se transforma em superação de limites

Superação de limites leva ao equilíbrio

O equilíbrio interno e externo produzem paz, satisfação

A satisfação reduz dores, cura males e dá origem a uma maior consciência corporal

A consciência corporal é eficaz para uma prática mais consciente do Pilates

A prática consciente leva à perfeição, à precisão e gradativa saúde …

Saúde é alegria, é cuidar da gente

E cuidar da gente é um modo de amar a quem nos ama e nos quer bem….

Alda M S Santos

Inteiros

INTEIROS

Numa mansão numa ilha paradisíaca,

Numa casinha branca à beira do rio

Numa gangorra na roça, descalça

Num barracão no morro do cafezal

Pilotando uma lancha veloz,

Um barquinho de pescador

Ou na suíte de um transatlântico

Não importa… o local é secundário

Prioritário é estarmos em nós mesmos

Estarmos bem encaixados em nossos direitos e avessos

Lidando bem com feridas e cicatrizes

Aceitando nossas imperfeições e inadequações

Nos perdoando de confiança excessiva, exposição exagerada de sentimentos

Ou de medos e traumas que nos travam

Sabendo que, independente dos outros,

Nós precisamos nos entender e aceitar

Destrinchar alegrias e dores, mágoas e regozijos

Onde estivermos por completo, inteiros

Onde nos sentirmos em total sintonia conosco

Sem máscaras, sem falsas alegrias ou autopiedade

Onde pudermos ser verdadeiramente

Corpo, mente, alma, coração

É que estaremos bem de verdade…

Alda M S Santos

Em construção

EM CONSTRUÇÃO

Não somos somente aquilo que nosso olhar transmite

O que há em nós reflete no outro, diferentemente em cada um

E retorna para nós para processamento

Posso ser vista melhor do que sou, dado o grau do amor de quem me vê

Ou posso ser vista menos do que sou, pela (in)capacidade do receptor de entendimento

Ambos ajudam em minha construção do eu

Instigam melhorias, ainda que pós erros e decepções

Somos uma massa sendo “sovada” todo o tempo

Ora homogênea, ora heterogênea

E essa massa cresce ou míngua a cada contribuição recebida

Pode adquirir sabor e beleza ou desandar, azedar

Dependendo do que o outro nos oferece

Alguns ingredientes são essenciais, outros dispensáveis

E há aqueles que, como a cereja do bolo, são puro encanto

Uma receita antiga, mas cheia de atualizações

Tornamo-nos pessoas dia a dia

Seres incompletos e insossos ao nascer

Vamos recebendo do meio os ingredientes necessários

Para a concretização desse plano de Deus em nós…

Alda M S Santos

Enigmas

ENIGMAS

Sou feita de barulhos e de silêncios

Ora sou um, ora sou outro

Ambos necessários em mim…

Há quem goste dos barulhos

Há quem prefira os silêncios

Há quem não compreenda nem um, nem outro

Há quem desperte barulhos intensos

Há quem provoque silêncios profundos, tranquilos ou dolorosos

Há quem não saiba lidar com nenhum dos dois

Há quem consiga fazer a travessia de um para o outro

Sou feita de contrários, de antagonismos

E nessa luta frenética em mim

Vou desvendando meus enigmas

Tornando-me mais eu…

Alda M S Santos

Acendendo nossa luz

ACENDENDO NOSSA LUZ

Dons que todos temos, mas que pouco desenvolvemos

Acender ou apagar, ligar ou desligar

A energia necessária para viver e fazer nossa luz propagar

Uns encontram uma faísca de luz num completo breu

Outros apagam até um holofote

Uns transformam nossos cacos de vidro em diamante

Nossas pedras em ouro, nossas dores em esperança

Outros, apagam nosso sorriso com críticas, veem nossa alegria como algo irritante

Uns buscam o que há de bom até nos defeitos

Outros, ao contrário, querem, a todo custo, encontrar o que há de ruim nas qualidades

Na triste incapacidade patológica de verem qualidades em si mesmos

Tentam também não enxergá-las nos outros

Pior, enaltecem apenas o ruim dos demais e até de si mesmos

Visam apagar tudo que o outro tem e o faz um ser único, especial

Inconscientemente, acabam apagando a própria luz

E, talvez, um possível gerador de luz e brilho que o outro poderia vir a lhe ceder…

Alda M S Santos

Flertando

FLERTANDO

Viver na superfície, sentado num banco, confortavelmente

Observando as belezas à nossa volta, nada a nos surpreender

É uma opção suave e tranquila de vida…

Viver no entorno, entrar na mata, nadar nas lagoas, enfrentar espinhos

Pescar, refrescar a si e aos outros

É uma opção mais ativa, porém, mais riscos…

Viver de mergulhos profundos, buscando sempre o novo

Esbarrando nas paredes mais escuras do lago

É uma opção mais complicada!

Nós somos esse lago atraente, convidativo

Só nos conheceremos a fundo se mergulharmos

Nas profundezas obscuras de nós mesmos

Se flertarmos conosco, desvendarmos nossos mistérios sem medos

Em busca do melhor que pudermos ser,

Para nós, para os outros,

E sermos mais felizes…

Alda M S Santos

Aquela que passa

AQUELA QUE PASSA
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Ora alegre, apressada, andar sensual
Ora compenetrada, sorridente, simpática, atenciosa,
Outra vez desligada, distraída, alheia a tudo, noutra dimensão
Pode ainda ser leve, em paz com a vida, consigo mesma,
Ou triste, cabisbaixa, solitária, perdida, querendo sumir
Ela pode não ser o que você vê
Mas o que prefere que você veja naquele momento
Ou talvez seja aquilo que não conseguiu esconder…
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Ou talvez até seja, mas você nunca irá saber
Pois até mesmo ela ainda se perde nas muitas de si mesma
Provável que todas lá dentro sejam verdadeiras, buscando equilíbrio
E, no meio de tantas, almeja se encontrar
Aquela que passa pode não ser o que você vê
O que se passa dentro daquela que passa, só ela sabe
Aquela que passa pode não ser o que você vê
Mas é o que ela, autêntica, consegue ser…
Alda M S Santos

Apelidos

APELIDOS
Apelidos podem ser marcantes
Quase sempre o são, sejam os carinhosos, pela delicadeza
Sejam os depreciativos, pela crueldade
Tanto faz se colocados pelos pais, amigos ou amores
Inimigos ou desafetos quaisquer
Doçura, princesa, gata, sapeca, anjinha, fadinha
Expedita, encrenca, pequena, “aldaciosa”
Baixinha, pretinha, branca, vida…
Príncipe, gato, amor, rei, anjo, tesouro, preto…
Sempre nos remeterão a alguém ou alguma situação
E nos levarão para lugares revisitados dentro de nós…
Alda M S Santos

Bagunça em mim

BAGUNÇA EM MIM

Há dias que estou tão bagunçada

Como aqueles jardins em que todas as flores disputam espaço

Perfumes, cores e formas se misturam…

Como um quarto de adolescente com livros, eletrônicos, roupas, calçados e pratos e talheres para todo lado

Nada se encontra ali…

Como uma criança numa loja de brinquedos deslumbrada com tudo, quer tudo

Não consegue se decidir…

Quando a bagunça é muita, não basta uma faxina

Precisa reorganização total e alguns descartes

Minha casa anda tão bagunçada,

Que tropeço em mim mesma, caio, machuco, choro,

Quase desisto! Quase!

Alda M S Santos

Onde me encontro?

ONDE ME ENCONTRO?

Não importa onde eu esteja

Quer seja em casa, na rua, na academia, numa festa

Na visita a amigos, a um asilo ou hospital, na igreja,

Em alto mar, num voo internacional, num trem

No meio do mato, no lombo de um cavalo,

Posso estar onde estiver, com quem estiver

Independente de todos os caminhos que percorra

Só vou me encontrar dentro de mim mesma.

E esse caminho só eu posso traçar

Só eu posso percorrer

Seja qual for o “transporte”,

Passando por atalhos ou não,

Regada a sorrisos ou lágrimas,

Sozinha ou acompanhada,

Só eu posso me encontrar,

E somente depois, talvez me encontre dentro de outro alguém…

Alda M S Santos

Sentinelas

SENTINELAS

Reclamamos muito dos juízes e carrascos da vida, que não são poucos!

Porém, muitas vezes, somos nós mesmos que nos julgamos, condenamos e executamos a pena: juízes, jurados e carrascos.

Por medo, preconceitos, desconhecimentos, falta de habilidade ou tato, por preguiça ou covardia, nos excluímos da vida.

Aquele curso, trabalho, empreendimento, ou proposta interessante que recusamos.

Uma atividade física que melhoraria nossa saúde e humor e não fazemos.

Uma viagem, um passeio, um convívio familiar dos quais não tomamos parte.

Novas amizades ou amores que abrimos mão, que fugimos, julgamos não merecer.

Nós mesmos abrimos mão, desistimos de algo que nos faria apenas o bem.

Somos nós mesmos, com nossa mente conturbada e volúvel, ora leão feroz e corajoso, ora ratinho amedrontado e covarde, que fazemos os caminhos de nossa vida.

Muitas vezes nós, como carrascos, não matamos de imediato, apenas somos sentinelas da cela nas quais nos colocamos.

Alda M S Santos

Diante do espelho

DIANTE DO ESPELHO

Diante do espelho eis a questão:

Quem é essa que me retribui o olhar?

Que olha além do brilho úmido, do tom castanho?

Dos cílios negros, do piscar intermitente?

Que tenta atravessar, ver em 3D, do outro lado?

O que vê? O que quer? Do que precisa?

Corajosa, mantém o olhar fixo em mim.

Mergulho profundamente, navego ali, temo me perder.

Vasculho recantos escondidos, cutuco pontos doloridos

Áreas obscuras, fechadas, há muito trancadas.

Retiro descartes jogados num canto, recupero itens da lixeira,

Troco “objetos” de lugar, demoro-me junto a alguns sentimentos

Sento, converso com eles, negocio, tento compreendê-los,

Aceitá-los, aproveitá-los, reativá-los ou descartá-los.

Tanta gente que já se foi e está ali. Reencontros, sorrisos. Para sempre serão amadas.

Vejo muito, vejo tudo, entendo tanto!

Hora de voltar!

Ela continua a me olhar. Lágrimas escorrem ali…

Lubrificaram o caminho difícil.

 Encaram-se. Sorriem.

Não foi difícil encontrar o caminho de volta.

Bastou seguir o amor, como migalhas de pão, deixado nas trilhas.

Apesar de tudo, são vitoriosas.

Lembram de um verso que leram:

  “Perdoa o que tiver que perdoar, abrace o que tiver que amar e o resto deixa, que a vida se encarrega de afastar”- (Tati Zanella)

Ou trazer de volta. 

Alda M S Santos

Limões e Laranjas

LIMÕES E LARANJAS
Certa vez um limão, cansado de ser preterido, resolveu mudar. Procurou a amiga laranja e disse:
“Estou cansado de ser como sou. Ouço que sou muito pequeno, verde em excesso, ácido demais. Tenho dificuldades em encontrar a minha metade. Estou só. Quero ser como você, grande, doce, laranja, a preferida por todos!”
A laranja, que sempre admirou o limão, estranhou e disse que gostava dele daquele jeito. Que era perfeito como limão.
Mas o limão insistiu tanto que ela o ensinou como era ser laranja.
Ele fez de tudo, lágrimas ácidas escorriam em sua casca verde, tentou crescer, mudar a cor, ser mais doce. Achou que tinha melhorado um pouco. Todos olhavam para ele.
Um belo dia, na banca de uma feira, um garotinho que sempre adorou limões, quando questionado pela mãe o motivo de não querer levá-lo, ele disse:
“Ah, mamãe, nem tá parecendo muito com limão! Não é nem limão, nem laranja. Gosto de limão de verdade. Vou preferir laranjas hoje”.
O limão ficou arrasado! Tanto esforço para parecer uma caricatura de si mesmo! Nem ele mesmo se gostava mais. Tantos o olhavam por causa do ridículo da situação: um limoranja! Nem sua metade havia encontrado! Limoranjas não existem!
Enxugou suas lágrimas ácidas, retirou aquela maquiagem de laranja, desinchou, lustrou sua casca grossa e muito verde e decidiu ser o que era: um limão!
Logo seus apreciadores voltaram. Até uns fãs da laranja notavam seu valor.
Percebeu que podia ser, como limão, o que quisesse.
Quando queria ser diferente, menos ácido, virava uma limonada.
Se queria ser mais doce, virava uma mousse, um bolo, picolé ou sorvete.
Quando queria ser mais quente, virava uma caipirinha.
E muitos elogiavam seu poder refrescante, capacidade de adaptação a vários itens culinários e vitamina C.
Podia ser o que quisessem dele, mas sem deixar de ser limão.
Mousse, bolo, sorvete, picolé ou caipirinha, a essência do limão era preservada.
Descobriu-se inteiro, amado por muitos, principalmente por si mesmo.
Não demorou, percebeu uma linda “limãozinha” de olho nele! E como era linda, pequena, bochechas verdes! Quando sorria, sumo ácido delicioso saía de si.
Um dia, tomou coragem e se aproximou dela: “tá quente aqui, vamos fazer uma limonada?”
Um tempo depois, uma laranja se aproximou dele e disse: “queria tanto ser como você! Não acho minha metade”!
Ao que o limão respondeu: ” senta aqui, vou te contar uma história”.
Era uma vez um limão que, insatisfeito consigo mesmo, queria ser uma laranja…
Alda M S Santos

Amor de Narciso

AMOR DE NARCISO

É muito fácil conviver com “iguais”,

Mas nada instigante!

O conforto aparente acaba por se tornar cansativo.

Sermos iguais na integridade, no caráter, 

Na bondade, na dignidade,

Isso é fundamental! 

Mas bom mesmo é conviver com as diferenças, 

Ainda que seja difícil, desafiador.

Não para torná-las semelhantes a nós, 

Não para nos impor a elas,

Mas para aprendermos a tolerância, o respeito, o amor.

O diferente de nós nos completa, 

Necessidade básica, 

Por isso, o diferente é atraente.

Somos iguais na maneira de sermos diferentes! 

Por mais sutil que seja, toda diferença é convidativa.

Gêmeos, geneticamente idênticos, completam-se nas diferenças.

Um buquê de rosas possui cores diferentes, mas harmônicas…

Não há supremacia de um sobre o outro, apenas diferenças. 

Amar apenas o igual é amar a si mesmo em excesso. 

É apenas buscar o próprio reflexo, aplausos, autoafirmação.

É olhar e admirar-se num espelho como Narciso, meio doentio.

Estamos aqui para sermos bons e cada vez melhores, 

Não que os outros, mas que nós mesmos.

Essa possibilidade encontra-se nos nossos relacionamentos,

Naqueles que possam nos “transformar no melhor que pudermos ser”.

Alda M S Santos

Simplesmente 

SIMPLESMENTE

Eu queria ser…

Suave como o beijo do beija-flor

Natural como a cor de uma rosa

Potente como as águas de uma cachoeira

Eu queria ser…

Forte como o sol do meio-dia

Cálida como a luz do luar

Misteriosa como a escuridão da noite

Eu queria ser…

Brilhante e colorida como uma esmeralda

Paciente como a ostra que produz a pérola da própria dor.

Sábia como a natureza que sempre se renova

Eu queria ser…

Serena como o orvalho que brilha prateado

Confiante como as aves que se recolhem e esperam a tempestade passar

Amorosa o bastante para nunca duvidar do poder do amor…

Eu queria… simplesmente isso.

Mas Deus me fez 

Simplesmente eu…

Ora forte, ora frágil

Ora brilhante, ora fosca

Ora esperta, ora tosca

Ora amarga, ora doce

Ora segura, ora perdida

Ora fria, ora quente…

Sempre crente no hoje 

E num amanhã que virá sempre melhor 

Ele me fez assim,

Simplesmente…

E assim me ama. 

Sou grata! 

Alda M S Santos

Autoimagem

AUTOIMAGEM

O que move nosso existir? O que se fosse tirado pesaria mais?

A saúde, a lucidez, os filhos, os pais, o cônjuge? 

Talvez a família, a paz, o respeito e admiração dos amigos, o amor, o trabalho, a casa, a fé em Deus? 

Fazer esse exercício nos dá a verdadeira dimensão do quanto temos, do quão valioso é nosso existir.  

Quando algo vai mal, temos a tendência a listar todas as coisas negativas para justificar nosso mau humor, mal estar, raiva ou desprazer. 

Pensando nas coisas boas, estabelecemos prioridades, valorizamos o que tem verdadeiro valor, tiramos o foco do que não é tão importante. 

Não é que o problema vá desaparecer, mas deixará de ser o mais importante, deixará de nos tirar o sono. 

Respondendo a pergunta inicial, de tudo que podemos perder, penso que o mais grave é o amor próprio, o autorrespeito, a autoestima. Isso é saúde mental.  

A autoimagem, a coragem de se olhar nos olhos no espelho, não sentir vergonha de si mesmo, isso nunca podemos perder. 

Tais coisas são essenciais para nos manter de pé para enfrentar qualquer problema e manter ou conquistar qualquer objetivo. 

Cuidemos de nossa autoimagem! 

Alda M S Santos 

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