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INTIMIDADE

INTIMIDADE
É bom ter intimidade
Faz bem, cria afinidade
Intimidade intelectual ativa o pensar
As ideias, o conversar, fazem-nos avançar
É bom ter intimidade
É gostoso, gera autenticidade
Intimidade física dá liberdade
De tocar, abraçar, beijar, se achegar
Fazer amor, seduzir, o outro conquistar
É bom ter intimidade
É prazeroso, mesmo na simplicidade
Intimidade de alma, coração, emocional
Conosco mesmos, com o outro
Como essa não tem igual
Ela carrega a paz consigo
Confiança, segurança, empatia
Poucos a têm, todos a querem encontrar um dia
Alda M S Santos

Solidão

SOLIDÃO

Solidão não é ausência do outro ao seu lado

Pessoas vão e vêm todo o tempo

Solidão é não encontrar-se consigo mesmo

Quando mais precisa de si

É buscar-se nas batidas frágeis de seu coração

Na infinitude da grandeza de sua alma

E não se ver, não se achar

Encontrar apenas escombros

Solidão mais doída não é ausência de pessoas

Solidão dolorosa mesmo é ausência de si mesmo

Porque a partir do momento que nos encontramos

Nos enxergamos e nos resgatamos

De nossos próprios escombros

É que passamos a enxergar quem está perto

E não notávamos, sequer percebíamos a presença

Para enxergar e valorizar a presença do outro

É preciso vermos a nós mesmos primeiro

Aí a solidão será escolha

E apenas um momento de paz…

Alda M S Santos

Depende…

DEPENDE…

Um manhã ensolarada e morosa ou uma tarde longa e chuvosa

Uma noite na roça ao luar ou uma tarde na areia à beira-mar

Um inverno congelante ou um calor sufocante

Diante de uma sofisticada lareira ou em volta de uma simples fogueira

Uma cidadezinha do interior formosa ou uma grande metrópole famosa

Uma cachoeira na floresta ou uma praia deserta

Um sábado numa boate lotada ou um filme debaixo do edredom na madrugada

Um traje de gala sofisticado ou um vestido de flores delicado

Depende…

Tudo vai depender da companhia que se tem

Mais vale a escuridão de um caminho com um alguém

Que a iluminação de outro, na solidão, sem ninguém…

Alda M S Santos

Estar perto

ESTAR PERTO

Quando algo incomodar a quem se ama

Nem sempre é preciso expor, falar, dialogar

Um simples silenciar pode ajudar

Às vezes nada concreto falta

Talvez apenas uma angústia no existir

Uma saudade de não se sabe o quê

Uma mágoa qualquer do viver, do porvir

Uma esperança por um sonho difícil

Pode ser uma preocupação excessiva

A fé que esqueceu de se fortalecer

Algo bom que deixou de acontecer

Ou apenas uma fase de muito cansaço

Dores emocionais, carência pessoal

Para qualquer uma dessas coisas

Basta ficar pertinho, estar ali, bem sentimental

Um toque, uma presença, um carinho especial

É um remédio sem erro, de eficácia total!

Alda M S Santos

Sintonizando

SINTONIZANDO

Estar em sintonia perfeita

Ouvir a estação sem interferências, claramente

Curtir aquela música suave

Nem sempre é fácil!

Por vezes a vida se assemelha

A uma estação de rádio mal sintonizada

A comunicação não flui, há chiadeira

Entender a música que toca é tarefa complicada

A mensagem sai truncada, barulhenta, sem nexo

Muitas vezes o silêncio, o toque, o olhar dizem mais

E a gente segue tentando cantar o que gosta

Expressando a vibração que sente nos versos

Dançando em falso no escuro, buscando acertar o passo com o outro, parear

Mexendo e girando para lá e para cá nesse viver complexo

Tentando, ao menos conosco mesmos, sintonizar…

Alda M S Santos

Descartáveis

DESCARTÁVEIS

Num mundo onde prevalece a lei do menor esforço

Onde se opta pelo que dá menos trabalho

Os descartáveis estão em alta

Copos, pratos, papéis, objetos diversos

Usou, não precisa lavar, descarta-se, joga fora

Nessa mesma onda, nessa avalanche descartável

Estão sentimentos, emoções, pessoas, relações

Se exige um pouco mais de atenção

Se cobra reflexão, valorização, tempo, reciprocidade

Ah, dá muito trabalho!

Deixa pra lá, passa a vez…

A fila anda!

Amizades, famílias, dons, aptidões, fé

Joga-se fora lares e o que tem dentro dele

Joga-se fora familiares

Reutilizar, renovar, para quê?

Joga fora e compra-se um novo

Pega, toma ou empresta de alguém!

Tudo que exige atenção, dedicação, cuidado diário

É perda de tempo…

E vamos nos enchendo de lixos descartáveis

Entupidos, pesados, cansados, doentes…

Mais vale uma taça de cristal que se lava a cada uso

Um amor que se irriga e se renova todo dia a cada beijo

Que a troca desenfreada para obter algo novo

Tudo de bom nesse mundo é o que nos empenhamos para ser duradouro

Para se eternizar em nós…

Alda M S Santos

Não estamos sozinhos

NÃO ESTAMOS SOZINHOS

Somos humanos cercados por outros humanos

Numa casa rodeada por outras casas

Numa cidade fronteiriça de outra cidade

Dentro de uma nação que se avizinha de outras nações

Habitantes do planeta Terra, ao lado de outros planetas e astros

Membros de uma galáxia gigantesca

Não estamos sozinhos!

Mesmo quando não nos sentimos mais que pequeninos grãos de areia

E parecemos estar muito sós, não estamos

Em nossa mais intensa introspecção temos a nós mesmos

E quando encontramos a nós mesmos

Somos capazes de identificar o outro tão perto de nós

E estender a mão, pegar uma mão…

Alda M S Santos

Muitas moradas

MUITAS MORADAS

“Há muitas moradas na casa de Meu Pai”

Nossos corações são uma casa de muitas moradas

Neles cabem os mais diversos moradores

Em diferentes graus de necessidade e profundidade

Em diversos níveis e capacidade de ensinamento e aprendizado

Nem sempre sabemos ou conseguimos controlar quem chega e quem se vai

Apenas tentamos organizá-los melhor, mais confortavelmente

Distribuindo melhor cada espaço

Evitando que alguns tomem posse de tudo

Estamos aprendendo a lidar com nossos inquilinos e proprietários

Aceitando tranquilamente os donos cativos por usucapião

E enfrentando as dores do eterno entra e sai

Apenas Ele sabe lidar bem com Seus moradores

Há perfeição, sabedoria e amor bastantes

Talvez um dia a gente aprenda melhor a morar e ser boa morada…

Alda M S Santos

Aura multicor

AURA MULTICOR

Enquanto a massa é cinzenta,

A aura é multicor, arco-íris, brilhante

Cabe à massa cinzenta fazer o papel tirano, rabugento

A alma, pela aura, faz o papel da alegria, do contentamento

A razão é quase sempre cinzenta e sisuda

A emoção é colorida e, muitas vezes, alegre, absurda

Nosso bem estar necessita da organização do cinza

Mas precisa também do encanto vibrante das cores,

Não podemos abrir mão do tom cinza, neutro,

É ele que possibilita às cores sua existência

É a tela receptiva na qual pintamos nosso mundo

Uma vida mesclada de cinzas, negros, cores, brancos e encantos

Fazer um bonito colorido nem sempre é tão simples

Mas é o que dá prazer ao viver…

Alda M S Santos

Trapaças

TRAPAÇAS

Trapaças no trabalho, na rua, no trânsito, no esporte

Na fila do banco, na escola, nos hospitais

Trapaças na política, na igreja, até nas famílias

A palavra de ordem é levar vantagem

Toma-se o que não lhe pertence

Justifica-se de qualquer modo

Quem foi trapaceado?

Ah, isso é mero detalhe…

Quem se importa?

De tanto trapacear o certo tornou-se relativo

Raizes sólidas não mais existem em nada

O errado evaporou, não mais existe

Sequer nota-se quando alguém é trapaceado

Ou quando se é o autor da falcatrua

Exceto quando sofre a trapaça

Aí tudo muda de figura…

Sentir na pele o mal que alguém sofre

É o melhor meio de entender a dor do outro

E procurar evitá-la…

Alda M S Santos

Que sejamos praia

QUE SEJAMOS PRAIA

Um grão de areia sozinho fica perdido

Levado pelo vento forte ou arrastado pelas águas

Sequer é visto ou notado

A não ser que esteja entre nossos dedos no sapato, incomodando

Ou que o vento o leve para nossos olhos, irritando

Um grão de areia sozinho desconhece seu poder

Sua capacidade de construção, beleza e importância

Um grão de areia para cumprir sua missão, valorizar-se

Precisa se juntar a outros grãos de areia

Um grão de areia não deixa de ser um grão de areia por estar sozinho

Mas só pode ser casa, lar ou praia

Quando se juntar a outros tantos grãos de areia

Aí entenderá seu propósito por aqui

Humanos sozinhos são grãos de areia

Humanos juntos são praia

E muitas praias formam a linda, complexa e controversa humanidade

Capaz de ser, ao mesmo tempo, construtiva ou autodestrutiva

Que possamos ser praia linda, encantadora e acolhedora…

Alda M S Santos

Até a vida anoitecer…

ATÉ A VIDA ANOITECER…

Há quem nos sugue

O vigor, a energia, a força

Há quem nos abasteça

De coragem, esperança e fé

Há quem nos dê, há quem nos tire

Há quem nos leve de nós mesmos

Há quem nos ajude a nos encontrar

Há quem fique, há quem se vá

Mas o que quer que façam conosco

Só o fazem com nosso aval

Assim dizem os sábios mais evoluídos

Que se mantêm intactos dentro de si mesmos

Meros mortais seguem a sugar e a abastecer

A serem sugados e abastecidos

Até a vida anoitecer…

Alda M S Santos

Degustação

DEGUSTAÇÃO

Numa analogia com um grande restaurante

A vida teria uma quantidade diversa de clientes

Glutões, famintos, anoréxicos, bulímicos

Aqueles que comem de tudo sem critério ou medida

Os que não ingerem quase nada por medo de peso extra

Os que engolem de tudo desenfreadamente e logo vomitam, descartam

Aqueles cujo organismo não dá conta de processar muito bem o alimento

Os que querem apenas variedade, sem qualidade

Os que ficam pegando rebarbas dos pratos alheios

Os que preferem somente a degustação, não pagam o preço do “prato”

Passam fome…

E aqueles sábios e experientes que sabem o que querem

Buscam exatamente o que precisam para se alimentar

Não se encantam mais só pela apresentação ou aroma do prato

Buscam prazer e valor nutritivo num prato que seja seu

Que tenham plantado ou pescado

Querem alimento para o corpo e para a alma

Estão sempre bem alimentados

Sabem que degustação por degustação não traz satisfação…

Alda M S Santos

Next!

NEXT!

A vida, muitas vezes, parece com aqueles cadastros online

Onde há lacunas obrigatórias a serem preenchidas

Não adianta ignorar, fingir que não viu

Recusar-se a cumprir a tarefa

Não há como prosseguir!

Sempre aparecerão os erros que impedem “a próxima página”

Ou os resolvemos, ou empacamos ali

São “problemas” cuja solução são a senha para o próximo passo

São erros(!) cujo alerta sinaliza que há algo impedindo a passagem

Que é preciso voltar atrás, corrigir, consertar, preencher

Ou, simplesmente, ficar ali estacionado

Não é vergonha pedir ajuda

Há erros e lacunas que não resolvemos sozinhos

Vergonha é repetir o mesmo erro até ser bloqueado

Next! Em frente! Enfrente!

Alda M S Santos

Isso é se eternizar…

ISSO É SE ETERNIZAR…

Pode ser que um dia nosso nome esteja gravado por aí

Pode ser que esteja escrito noutros lugares

Além da pedra de nossa lápide

Pode estar gravado nos documentos de filhos e netos

Nas escrituras de imóveis, nos registros de bens diversos

Pode estar gravado em letras garrafais e douradas

Dando nome a uma empresa importante

Ou a uma rua, escola, viaduto ou teatro

Pode estar impresso nos diários da vida de alguém

Na capa de um livro, na porta de uma sala ou consultório

Mas se não estiver gravado feito tatuagem nos corações daqueles que ficaram

Que fizeram parte de nossas vidas

Que amamos, que nos amaram

Marcado como digital firmada dia a dia nas delicadezas

Nenhuma gravação em letras douradas terá valia

E nossa passagem por aqui estará apagada para sempre

Pode ser que eu esteja gravada em vocês

Com as letras suaves da doçura e do amor

E vocês certamente estarão gravados em mim

E seremos eternos a cada vez que a lembrança de nosso nome

De nosso sorriso, abraço ou carinho

Fizer pulsar mais forte um coração

Isso é se eternizar…

Alda M S Santos

Gosto de gente

GOSTO DE GENTE

Gosto de gente

De barulho de gente silenciosa

De silêncio de gente barulhenta

De ter gente por perto

Ainda que não interaja com elas

Gosto de observar, de aprender com o que vejo

Gente me inspira, me faz refletir, me atrai

Gosto de gente que acerta, que erra

Sobretudo que aprende com os erros, que se desculpa

Gosto de gente malucona, fora dos padrões

Gosto de conversar com gente de verdade

Gente que é real, instável ou insegura

Gente imperfeita como eu, meio fora de órbita

Mas conectada em outras “gentes”

Gosto de imaginar uma história para cada um que vejo

Tenho até vontade de confrontar dados

Ou seja, gosto de gente que não se envergonha de ser gente

Gosto de gente que se comunica com o olhar

Gosto de imaginar o que o olhar diz

Gosto de gente que não passa por cima de gente em hipótese alguma

Gosto de gente que respeita gente, que dá as mãos

Gosto de um pouco de solidão também

De caminhar sozinha à beira-mar ou no meio do mato

E ruminar tudo que vejo e sinto

Assim fica mais fácil lidar com gente que mora dentro da gente

Inclusive as muitas de nós…

Gosto de gente!

Alda M S Santos

Abalando muralhas

ABALANDO MURALHAS

Aquelas tempestades que vêm e derrubam tudo

As que todos tememos e olhamos com desconfiança

Enxergando nelas apenas destruição e tragédias

Podem ser exatamente o que precisamos para recomeçar

Há muros que construímos ao redor de nós

Realidades que carregamos como verdades absolutas

Construídas sobre rochas aparentemente fortes

Que só uma boa tempestade para abalar suas estruturas

Mostrar sua real fragilidade e inconsequência

E nos permitir reconstruir, recomeçar

Mas há algumas construções que nenhuma tempestade derruba

São verdadeiras, reais, fortes, divinas

Construídas sobre a rocha do amor…

Muitas muralhas algumas tempestades conseguem derrubar e permitem reconstrução

Outras, é preciso cuidado, só com amor é possível derrubar

Pois carregam consigo estruturas que nos sustentam por inteiro

E que precisam ser resguardadas

Pois são impossíveis de serem reconstruídas…

Alda M S Santos

Quem não entende

QUEM NÃO ENTENDE

Quem não entende um olhar

Tampouco entenderá uma longa explicação,

Diz Mário Quintana.

Um olhar é capaz de dizer praticamente tudo

Para pessoas dotadas de sensibilidade

Ainda que não possam ler tudo escrito naquelas “linhas” do olhar

Que muitas vezes se desvia

Podem sentir, imaginar, calcular, intuir

Particularmente se é um olhar já conhecido

Um coração que dividiu consigo sonhos, esperanças e medos

E, a partir daí, conversar, agir, sorrir, chorar

Brigar, cobrar, orientar, sofrer junto

Estar perto, oferecer o ombro, o colo, a compreensão

Quem no olhar, ou no tom de voz, identifica uma dor

Num “tudo bem” vê um “to sofrendo”

Num silêncio ouve gritos

Nos gritos ouve a alma despedaçada que silencia

Numa meia palavra entende todo o texto

Num sorriso alegre para muitos

Percebe a sombra dolorosa que tira o brilho

É quem sequer precisaria de palavras para ajudar

Apenas abraça, se não for possível, protege na oração

Almas afins…

Alda M S Santos

Chave e fechadura

CHAVE E FECHADURA

Sonho de cem entre cem pessoas:

Encontrar alguém que lhes “complete” em todos os aspectos:

Físico, emocional, espiritual…

O que muitos desconhecem, e sofrem, é que isso não é imediato

Talvez apenas o físico, mas é, sim, uma construção diária.

Trabalho para toda a vida!

Para cada fechadura, o seu segredo

Para cada segredo, a sua chave

A chave e a fechadura podem muitas vezes emperrar

Perder o jeito, o lado certo, o modo de encaixar

Não casar adequadamente

Mas se for limada com jeito e perseverança

O encaixe poderá se dar, sem machucar

As portas da felicidade e da paz serão abertas

Se de todo modo não encaixa, a fechadura não é essa

A chave é outra, pertence a outro.

O amor é a chave universal.

A única que sabe qual porta pode ser aberta.

Infelizmente, alguns a esquecem no chaveiro, perdida entre tantas outras

Ou estragam chaves e fechaduras em impróprias, erradas e vãs tentativas!

Alda M S Santos

Um grande evento

UM GRANDE EVENTO

A vida se faz de pequenos grandes eventos

Da nossa habilidade de eternizar momentos

Gravá-los no disco rígido de nossa memória

Tatuá-los na pele delicada de nossa alma

E ativá-los a qualquer tempo

Uma caminhada tranquila num fim de tarde

Uma conversa no banco da praça admirando o por-do-sol

Um mergulho no mar de nossas emoções mornas, quentes, calmas ou agitadas

Um choro de alegria e alívio depois de fortes emoções

Um lanche no carrinho de cachorro-quente

Um piquenique à beira de uma cachoeira gelada

Um abraço de carinho e saudade de alguém amado

Daqueles que te levantam do chão nas pontas dos pés

Um “eu te amo”, tão verdadeiro e desejado

Um beijo quente, de amor, de entrega, de confiança

Uma “taquicardia” de prazer diante de alguém que é importante para nós

Uma bala trocada que adoça a boca do outro

Um jantar na grama sob o céu salpicado de estrelas

Sonhos, desejos e planos antecipando alegrias

Um filme abraçadinhos no tapete comendo pipocas com batom

Um simples sorriso, um cumprimento ou beijo soprado de longe que a tudo contagia

Uma vida repleta de pequenos grandes eventos

Grandes, maravilhosos e eternos eventos…

Alda M S Santos

Não vale a pena

NÃO VALE A PENA

Não vale a pena vitória sem dignidade

Beleza sem conteúdo, palavras sem verdade, força sem fragilidade

Não vale a pena amor sem reciprocidade

Amizade sem lealdade, paixão sem sensualidade, sorriso sem ingenuidade

Não vale a pena inteligência sem sensibilidade

Alegria sem profundidade, união sem sinceridade, fé sem bondade

Não vale a pena prazer sem intimidade

Lágrimas sem aprendizado, loucura sem afinidade, sonhos sem realidade

Não vale a pena maturidade sem liberdade, viver sem vontade

Amor sem uma dose de insanidade, aceno sem proximidade, vida que não deixa saudade…

Alda M S Santos

O que reténs de mim em você

O QUE RETÉNS DE MIM EM VOCÊ

O que reténs de mim em você

Passa por dois filtros, mais ou menos poderosos: meu e seu

O que reténs de mim em você

Depende do que eu deixo transparecer do meu modo de ser

E do que você foi capaz de enxergar com sua alma receptiva ou não

O que reténs de mim em você

Depende do que, de acordo com suas capacidades, necessidades e limitações, deixou passar por seu filtro

O que reténs de mim em você

Depende do muito ou pouco que pude ou fui capaz de te dar

O que reténs de mim em você

Depende do que foi capaz de entender, aceitar e absorver

O que retemos dos outros em nós

Depende muito deles, mas depende mais ainda de nós mesmos…

O que retemos dos outros em nós é um terceiro elemento: o que eles são, misturado ao que nós somos.

Alda M S Santos

Enquanto isso…

ENQUANTO ISSO…

Enquanto o rio não corre para cima

Vou descendo nas suas loucas corredeiras

Enquanto não conseguimos tirar leite de pedras

Vou amaciando uns corações mais flexíveis e receptivos

Enquanto vamos brigando por um mundo mais justo e fraterno

Vou estendendo a mão, desviando dos buracos, ajudando, sendo ajudada

Enquanto procuro pela rosa mais cheirosa, bonita e perfeita

Vou cuidando das lindas flores do meu jardim

Enquanto a escuridão da noite cai sobre todos

Busco uma estrela cadente e faço um pedido

Enquanto o amor não vence todos os obstáculos

Percebo que o impossível é especialidade Dele

Enquanto a tempestade assustadora não passa

Observo sua beleza, seu poder de destruição e reconstrução

E escrevo um poema…

Alda M S Santos

Caiu, quebrou…e agora?

CAIU, QUEBROU…E AGORA?

Bela, frágil, delicada

Caiu, quebrou, vários pedaços cortantes

Entornou, molhou, feriu, machucou, sangrou

E agora?

Junta tudo, enrola num jornal, põe para o lixeiro

Cristal quebrado não tem conserto!

Caiu, quebrou…e agora?

Guarda todos os cacos num cantinho como lembrança, revisita, faz um concerto dentro de si

Afinal, teve seus dias de glória, conta uma história especial e bonita

Caiu, quebrou…e agora?

Segue faltando pedaço, adapta-se ao que restou, meio vazio, meio cheio, entornando por aí

Caiu, quebrou…e agora?

Cola cada pedacinho como der, com cuidado para não mais se ferir

E continua a servir o doce vinho, o amargo Campari

Ou a borbulhante champanhe

Celebrando a vida…

Cada “cicatriz” a torna única, original, ímpar

Sinal de queda, mas também de vitória, aprendizado e sobrevivência…

Caiu, quebrou…e agora?

Cole! Seja o cristal ou a vida!

Alda M S Santos

Caí no poço

CAÍ NO POÇO

-Caí no poço!

-Quem te tira?

-Meu bem!

-Seu bem é esse? É esse?

-Que você quer dele? Maçã, pera, uva ou salada mista?

E as crianças brincavam na rua, felizes, escolhendo seus “pares”

Ganhando beijos, abraços, apertos de mão

Sem saber que a brincadeira era “preconceituosa e sexista”

Que formava pessoas dependentes, inseguras e frágeis

Hoje, para ser politicamente correto, seria mais ou menos assim:

– “Caí no poço!”

– Tem certeza? Ninguém cai assim! Quem te jogou? Não aceite! Denuncie!

– “Quem te tira?”

– Seu “bem” que nada! Não dependa de ninguém, aprenda a se virar, empodere-se!

– “Seu bem é esse?”

– Nada isso! Você é seu próprio bem! Abra os olhos! Veja bem onde está se metendo! Não se iluda!

– “Que você quer dele?”

– O quê? Ninguém dá nada para ninguém! Devemos conquistar o que queremos e não esperar nada do outro, além de respeito!

Assim, o mundo vai ficando cada dia mais sem graça

Cessam as brincadeiras de rua, com amigos reais, que nos divertiam

Nos faziam crescer, nos ensinavam a lidar com diversidades e adversidades

E nos preparavam para enfrentar um mundo, cada dia mais chato e cruel

E não recebemos nada melhor em troca…

Com pretensões de não ser excludente, de se tornar mais justo e igualitário

O “novo mundo” exclui, e muito, nossa capacidade de lidar com ele

E com aqueles que o habitam, independente de gênero, cor, raça, cultura ou sexo…

-Caí no poço! Quero ajuda! Quem me tira?

E quero salada mista!

Alda M S Santos

Uma brisa leve

UMA BRISA LEVE

Saudade só é boa quando a lembrança não dói mais

Quando traz alegria e não tristeza

Quando fazemos as pazes com quem ou o que foi embora

Quando a partida do outro ou de um tempo bom

Nos irriga de alegria, de gratidão, faz-nos bem por ter existido

Enquanto alimentarmos raiva, tristeza, revolta ou decepção

A saudade será como um desastre ambiental dentro de nós

Daquele tipo que percebemos a chegada

Mas não temos forças para evitar…

Saudade não pode ser uma tempestade destruidora

Saudade deve ser como uma brisa leve e suave

A balançar nossos cabelos, aquecer nossos corações

Arrepiar de prazer nossa pele, iluminar nosso sorriso de amor

Fazer brilhar nos olhos o reflexo de uma alma em paz…

Alda M S Santos

Não precisa ser…

NÃO PRECISA SER…

Não precisa ser tão grande, basta que nos preencha

Não precisa ser tão forte, basta que envergue sem quebrar

Não precisa ser luxuoso, basta que nos faça sentir especial

Não precisa ser rico, basta que seja precioso

Não precisa ser engraçado, basta que nos faça sorrir

Não precisa impedir nossas lágrimas, basta que nos ajude a enxugá-las

Não precisa ter ombros tão musculosos, basta que caiba nossa cabeça

Não precisa ter sorriso de comercial de creme dental, basta que ilumine os olhos ao nos ver

Não precisa ser perfeito, basta que nos dê o melhor de si

Não precisa ser o príncipe do sonho de todas, basta que seja nossa realidade

Não precisa ser só alegria, basta que seja amor mesmo na dor

Não precisa ser amor de novela, basta que seja verdadeiro

Não precisa ser o mais inteligente, basta saber priorizar o que é importante

Não precisa ser o mais romântico, basta ser sensível e carinhoso

Não precisa ser super-herói, basta que nos livre dos monstros e não nos cause medos

Não precisa ser espetacular e louco, basta que seja mágico e leve como borboleta

Não precisa ser infinito, basta que seja eterno e intenso enquanto for amor…

Basta ser você e eu!

Alda M S Santos

Pingos nos “is”

PINGOS NOS “IS”

Racionalizar tudo que nos acontece, esclarecer

Colocar todos os pingos nos “is” da nossa história

Começo, meio e fim, se possível com “felizes para sempre”

A conta precisa bater, um mais um precisa ser dois, noves fora

Ler tudo, interpretar, fazer uma releitura dos fatos

Das faltas cometidas, das bolas fora, dos gols

Dos amores, desamores, mágoas causadas e sofridas

Histórias interrompidas antes do fim, pendentes

Mal explicadas, não compreendidas, não aceitas

Essa é nossa tendência: matematizar tudo

Mas nem tudo é débito ou crédito, ônus ou bônus

Podemos estar bem no vermelho, mal no azul

E há belas histórias sem nexo, sem fim, perdidas no tempo

Valorosas, sofridas ou tristes, alegres ou saudosas

Como aquelas em que o livro termina

E a história continua dentro da gente

Criando, inventando, mudando cenários, imaginando, sonhando…

Nem todo ponto final sinaliza um fim

Talvez seja apenas uma nova página, um novo recomeço…

Alda M S Santos

Metades?

METADES?

Eles caminhavam de mãos dadas na avenida movimentada numa manhã ensolarada e fria.

Andavam devagarzinho entre apressados, agasalhos quentinhos quase tanto quanto a cena.

Cabelos brancos como neve brilhavam sob a luz forte.

Uma bengala numa das mãos dele, uma sombrinha grande fechada na dela.

Corpos meio encurvados somando umas quinze décadas…

Vez ou outra trocavam uma palavra, mas os olhares se comunicavam melhor.

Um bueiro aberto à frente, aquele cuidado de desviá-la do cone sinalizador do perigo.

Quantas vezes desviaram um ao outro do caminho interrompido?

Quantas vezes limparam as feridas das quedas nos bueiros da vida ou frustraram-se por não poderem fazê-lo?

Quantos segredos compartilhados ou guardados para proteção?

Quantos momentos de dor superados, fraturas coladas, perdão oferecidos, lágrimas misturadas?

Quantas marcas trazem nos joelhos, nos corações, nas almas?

São metades complementares, despareadas?

Não, são inteiros afins, falhos, com cicatrizes!

Contudo, dispuseram-se a caminhar juntos, a aceitarem-se e diminuírem essas falhas.

Quem vê conclui: “que lindo, que vida perfeita”.

Não, não são perfeitos e, por isso, ajudam-se em suas imperfeições e crescem.

Perfeitos não precisam do outro, de ninguém, não toleram imperfeições.

Lindo, sim! Não pela perfeição, mas pelo amor que cultivaram, que sobrevive às imperfeições.

Se estão unidos ainda assim, de mãos dadas, como a dizer “te aceito”, é exatamente por saberem-se imperfeitos!

Quantos de nós almejamos tudo isso, seguimos no barco da vida, remando sozinhos sem saber nos expressar?

Um viva às nossas imperfeições, melhorando a cada dia,

Sem desgastadas pretensões de alcançar a perfeição…

Alda M S Santos

Reações em cadeia

REAÇÕES EM CADEIA

Uma lagoa tranquila, águas praticamente paradas

Uma pedrinha que se joga e várias ondas se formam em cadeia

Até o lago voltar novamente ao repouso do início

Muitos movimentos são despertados e se propagam

Todos os nossos movimentos nessa vida provocam “ondas”

Quer sejam ações físicas ou emocionais,

Ondas se formam… nos outros, dentro de nós mesmos…

Mau humor, rispidez, desânimo geram reação em cadeia, causa e efeito

A boa notícia é que um sorriso, uma gargalhada, um abraço

Um beijo, um gesto qualquer de bondade e carinho, de confiança, repercute também em muitas ondas

Somos nós que escolhemos qual lago movimentar

Quais ondas provocar, quais ondas interromper…

Somos responsáveis pela “pedra” que jogamos, pelas ondas que despertamos…

Se somos a causa, respondemos pelos efeitos: bons ou ruins!

Alda M S Santos

Onde eu possa ser mais eu

ONDE EU POSSA SER MAIS EU

A casa mais receptiva do mundo não é a mais luxuosa ou bem localizada

Mas aquela que me permite sentar no sofá ou no chão

Andar de saltos ou descalça

Descabelada ou bem penteada, com ou sem maquiagem

Sorrir, chorar, cantar ou gargalhar sem receios

Onde eu possa ser mais eu…

As vestes mais cobiçadas e mais lindas que existem

Não são aquelas de marca nobre ou tecidos caros, modelos sensuais

Mas aquele vestido leve, de tecido simples, colorido e rodado que me faça leve e bela

Onde eu me sinta mais eu…

O passeio mais divertido do mundo não é aquele realizado em lugares de luxo

Mas o que nos leva a um lugar simples, natural e belo e haja conexão entre corpo, mente e alma

Onde eu possa ser mais eu…

A companhia mais desejada do universo

Não é a daquela pessoa famosa e importante, forte e bela, rica ou poderosa

Mas aquela que se alegra com minhas singularidades

Que possa sorver minhas lágrimas, despertar meus sorrisos, incentivar meu crescimento

Aquecer meu coração, irrigar minha alma, aceitar-me assim, imperfeita, amar-me e deixar-se amar

Onde eu possa ser mais eu…

Alda M S Santos

Solidão

SOLIDÃO

Solidão não é ausência de companhia

Solidão é ausência de conexão entre os próprios pensamentos e sentimentos

Ou presença de uma conexão tão ímpar que exclua qualquer outra pessoa além de si mesmo

Solidão não se terceiriza, não é responsabilidade do outro solucioná-la

Solidão só tem solução no interior de nossa alma

Assim, o outro pode entrar e ficar…

Alda M S Santos

Atrofiados

ATROFIADOS

Tudo aquilo que não usamos atrofia, enferruja, torna-se obsoleto, perde a utilidade, a validade, o brilho

O mesmo vale para objetos, eletrônicos, máquinas, alimentos, músculos, cérebro, sentimentos, emoções …

Não usar uma máquina, um veículo não os preserva

Não ingerir um alimento não o conserva ou eterniza

Não trabalhar músculos faz com que se atrofiem, percam tônus

A utilização é que faz correr o óleo, o sangue, o oxigênio, o fluido da vida…

Motor em uso mantém a máquina ativa

Sentimentos e emoções são o óleo, o fluido vital que gira o motor da vida

Coração partido tem mais vida que coração intacto, atrofiado por falta de uso…

Alda M S Santos

Preferências

PREFERÊNCIAS

Há quem olhe para a poeira e feiúra das ruínas

Mas há quem veja nelas a possibilidade de encontrar um baú de tesouros

Há quem se assuste com os barulhos e destruição das tempestades

Mas há os que aguardem ansiosos o arco-íris que a elas se segue

Há quem veja naufrágio, sombra, afogamento e terror nas ondas revoltas do mar

Mas há quem veja sossego e paz em suas águas verdes e espuma branca que lavam e levam embora o indesejado

Há quem veja numa árvore frondosa muitas folhas a sujar o quintal ou a rua

Mas há quem veja galhos para subir, flores e pássaros para admirar, frutos para se alimentar

Há quem se enfeze com os espinhos, pragas e ervas daninhas dos jardins,

Mas há quem se alegre e sinta o perfume, as cores e músicas encantadores

Há quem reclame do cansaço do trabalho ou dos estudos

Mas há quem se fixe no bem que essa dedicação pode trazer

Há quem se põe, rabugento, inerte, a criticar os corajosos, alegres e afoitos

Mas há aqueles que, apesar de joelhos esfolados, cara quebrada, mantêm o sorriso pedalando sua bicicleta

Há quem evite amar, confiar, por medo de ter o coração partido

Mas há os que amam, se arriscam, ganham ou perdem, sorriem, choram, sofrem, têm saudades, vivem…

E há aqueles que percebem-se de coração partido por falta de uso, de vida.

Todos podemos ter medos, nos assustar, nos acovardar, desconfiar, entristecer, fraquejar, reclamar das dificuldades…

Mas o que fazemos com esses sentimentos tão humanos,

É que dá o tom diferencial de nossas vidas….

Alda M S Santos

Ladrões

LADRÕES

Vivemos nos escondendo, de ladrões nos protegendo

Dos mais variados tipos, a nos levar muito além de bens materiais

Nos trancamos em casa, tetra-chaves, senhas, alarmes, cercados de segurança eletrônica

Mas deixamos nosso coração e emoções desprotegidos

Ignoramos as senhas violadas, blindagem rompida, alarmes a soar

“Ladrões” se disfarçam, chegam sem percebermos

Mudam trajes, modos, invadem, arrombam com luva de pelica

Ou usam as chaves que nós mesmos oferecemos

Nem sempre totalmente negativos, oferecem algo que precisamos em troca

Atendem a algumas carências ou necessidades

Mas levam bem mais do que deixam

Um carro, casa ou celular roubado substitui-se

A saúde física, emocional e mental, a paz, a tranquilidade familiar, a vida

Não se recupera tão facilmente…

Cuidar de nossa emoção é valorizar a vida!

Alda M S Santos

Promessas

PROMESSAS

Promessas…

Quantas ouvimos na vida, quantas fizemos?

Quantas vezes fomos decepcionados, quantas decepcionamos?

Quantas feitas em benefício próprio, para se proteger, ainda que de si mesmo?

Quantas para proteger aos que amamos, sem sequer saberem?

Tantas delas feitas em benefício da vida

E que, ao não cuidarmos, acabamos por reduzi-la a uma meia-vida?

Promessas quase sempre envolvem sacrifícios, força de vontade:

Parar de fumar, de beber, praticar regularmente uma atividade física, cuidar da emoção

Alimentar-se bem, fazer dietas, dormir 8h, obedecer o médico, curtir férias revigorantes,

Manter-se longe de emoções perigosas

Não trabalhar demais, não amar de menos

Ou o contrário, sei lá!

Se fossem coisas fáceis não haveria necessidade de promessas…

Deveríamos poder viver com uma única promessa

Melhor, com um único objetivo,

Ser e fazer feliz, sem depender demais dos outros…

Ainda assim, não estaríamos isentos de decepções!

Alda M S Santos

A última carta

A ÚLTIMA CARTA

Lembra-se do que escreveu naquela última carta

Sem saber que seria a última?

Lembra-se daquele abraço, daquele sorriso

Sem ter consciência que não haveria outros?

Lembra-se de um simples tchau, um até mais, sem saber que eram um adeus?

Lembra-se das gargalhadas perdidas, brigas tolas

Sem considerar que poderia se arrepender, sentir tanta falta?

Se não houver mais chance

Dizemos o que queríamos ao escrever,

Abraçar, sorrir, brigar, nos despedir, amar?

A marca derradeira foi a que gostaríamos de ter deixado?

A memória pode falhar, o outro faltar, empecilhos mil surgirem

A vida se esvair como fumaça no céu

Quantos “últimos” e saudosos momentos temos vivido?

Haverá tempo de reviver alguma coisa?

Oportunidade para uma última carta?

Bom mesmo seria não esperar pela última carta

Mas sempre “escrever” como se fosse a última…

Alda M S Santos

Que sou pra você?

QUE SOU PRA VOCÊ?

A brisa suave que refresca e acalma, a água que gela

Ou o fogo que aquece, mas a tudo consome

Que sou pra você?

O colo que acolhe, o abraço que acalenta e apascenta

Ou a presença que agita, movimenta, preocupa, enerva

Que sou pra você?

A companhia, a amizade, o amor, a confiança, o cuidado

Ou a ausência dolorosa e saudosa, porém, necessária

Que sou pra você?

Um presente desejado, querido e amado

Ou aquele “objeto” a mais que tens a entulhar seus móveis

Que sou pra você?

A fraqueza, o calcanhar de Aquiles, o ponto nevrálgico

Ou a rocha firme, a raiz, a força onde se apoias nas crises

Que sou pra você?

Um passado saudoso, um presente tolerável e um futuro incerto

Ou apenas aquilo sem o qual você não se imagina viver

Que sou pra você?

Posso ser um pouco de tudo isso

Em momentos diferentes…

Assim como você pode ser tudo isso para mim também

Como somos quase todos uns para os outros

Somos humanos, falhos, aprendizes,

E co-dependentes do amor, da doação, dos erros para crescer…

Alda M S Santos

E a vida acontece

E A VIDA ACONTECE…

Uns deixam ir tão facilmente quanto deixaram chegar

Esquecem na mesma medida em que foram capazes de lembrar

Sofrem por pouco tempo, descartam tudo que venha para doer

Vivem na mesma proporção em que deixam viver

Preferem cultivar o momento à nostalgia de uma saudade

Muitas vezes têm seu jeito displicente confundido com maldade

Pode ser apenas uma maneira de se cuidar, de se autoproteger

Lições que com a vida e seus tropeços aprendeu aos poucos conviver

Outros, têm dificuldade de abrir mão, deixar ir, são intensos

Também incompreendidos, apontados como moles, são densos

Sofrem mais de saudades, de tristezas, de ausências

Que não se aliviam com razão, consolo, alertas, avisos ou advertências

E a vida se constrói no silêncio de cada coração …

Alda M S Santos

Condicionamento

CONDICIONAMENTO

Nossa vida é feita de muitos condicionamentos

Somos “treinados” todo o tempo: corpo e mente

Disciplina, rotina, ordem, para tornar a vida mais “fácil”, mais segura

Temos horário para tudo: dormir, acordar, alimentar, trabalhar…

O corpo fica condicionado e “pede” sono, alimento, descanso, atividade, repouso

Nossa mente é um pouco mais complicada para treinar

Pudéssemos manter apenas bons pensamentos ou lembranças

Barrar entrada de pessimismo, tristeza e medos

Conservar bons sentimentos, apagar os ruins, afastar o que machuca…

Nossa mata interna fica, por vezes, escura, fria, sem vida

Abrir frestas para entrada do sol é importante, criar trilhas de fuga

A mente mantém ativo aquilo que não está resolvido

Enquanto não for trabalhado e solucionado

Inútil tentar condicionar!

Alda M S Santos

O amor na ausência

O AMOR NA AUSÊNCIA

O amor é sentimento tão ímpar

Que é sempre identificado

Ainda que na sua ausência.

Onde ele encontra morada

Tudo é luz, brilho, resplandecer

Cor, forma, contágio, alegria

Visível até aos mais incrédulos

Onde ele não é percebido

Notamos as pegadas de sua ausência:

Secura, tons acinzentados, amargor

Opacidade, escuridão, tristeza

Lágrimas, espaços vazios, vácuos

Mas ele está lá, em forma de semente

Pronta para germinar à primeira gota d’água

Ao calor do primeiro raio de sol

Ao cuidado de um mínimo gesto de reciprocidade

Vira broto, desenvolve raiz, cresce

Torna-se flor, árvore frondosa

Sem precisar fazer sombra ou derrubar outras “árvores”…

Alda M S Santos

Quanto vale uma vida?

QUANTO VALE UMA VIDA?

Uma pergunta difícil : quanto vale uma vida?

Uma vida vale tudo, mas não há nada que pague.

Também não vale nada, visto que não há valor material que possa sustentá-la

E tantas vezes parece estar presa a um único fio…e perdura

E outras, parece forte… e se perde

Vale o tamanho do nosso amor, da dor que fica

Da ausência deixada, da lacuna não preenchida

Como amor não tem medida, a vida também não tem…

Qualquer vida que se perde

Que permitimos que se vá

Que não conseguimos impedir a partida

É uma perda irreparável,

Independente de quem foi

Sexo, idade, classe social, instrução, religião, profissão…

É sempre um projeto de Deus interrompido…

E uma vida nunca pode substituir a outra

Cada vida é única e especial

Algumas são mais preciosas para a gente que outras

São aquelas que Deus nos entregou nas mãos e disse

“Cuida, confio em você”!

São aquelas pelas quais seremos cobrados

São aquelas que trazem tudo de bom que temos

Que fazem a nossa própria vida ser preciosa

Que nos alimentam de sorrisos e lágrimas

Que nos fazem acender, manter e fazer valer nossa porção divina…

Alda M S Santos

Caminhos buscados

CAMINHOS BUSCADOS

A certeza de trilhar o caminho certo

Torna a travessia mais leve, prazerosa

A brisa suave torna-se carinho

Barulhos diversos tornam-se música

Tons acinzentados ganham cor

Sol forte é animador, chuva é refrescante

Companhias são bênçãos

Pedras são apenas obstáculos a nos fazer mais fortes

Ao contrário, no caminho errado tudo torna-se difícil

Mesmo que pareça brilhante e cheio de luz

Nos cega, é cinzento, doloroso, amargurante

Cedo ou tarde, sai caro, a conta chega, e alta…

E mais que saber desviar das pedras,

É fundamental não se tornar uma pedra

A emperrar o próprio caminho ou o caminho dos outros

Muitas vezes é difícil saber qual o trajeto certo

Ele não faz propaganda, não se impõe como o melhor

Muitas vezes exige sacrifícios, pode doer

Mas traz prazeres inigualáveis…

Precisamos buscá-lo dentro de nossa consciência…

Alda M S Santos

Até o infinito

ATÉ O INFINITO
Encontra-se em embalagens biodegradáveis
Grandes ou pequenas, de qualquer cor ou idade
Gênero, raça, etnia, religião, cultura ou instrução
Resistente às lágrimas, frágil perante sorrisos
Desmancha-se diante da sinceridade
Encoraja-se frente às boas ações
Admira-se ao topar com gentilezas
Encanta-se com a beleza exterior
Deslumbra-se com a riqueza interior
Opta pela simplicidade e generosidade
Ganha forças num abraço, derrete-se num beijo
Confia e protege o outro, mesmo que em detrimento de si
Doa-se inteiramente por e com prazer
Aumenta com o tempo e, se real e verdadeiro
Dura até o infinito… O que é?
Quem sente, identifica-se, não precisa de resposta!
Alda M S Santos

O que sobra de mim?

O QUE SOBRA DE MIM?

O quanto há dos outros em mim

E o quanto há de mim nos outros?

Quando alguém amado ou bem próximo morre ou se afasta

Sabemos que ali com eles foi uma boa parte de nós…

Morremos um pouco na morte ou afastamento de entes queridos: familiares, amigos, mentores

E porque não dizer também dos desafetos?

O que sobra de mim,

Sem a parte de mim que os outros carregam?

O quanto de mim é, na verdade, baseado no que sou para os outros,

No que eles são para mim?

Minha história seria a mesma

Se fossem retiradas pessoas que a ajudaram a compor?

Nossas vidas são entrelaçadas a outras vidas

Se um fio é retirado, todo o novelo se modifica!

O fio original já não sabemos mais qual é

Está emaranhado no todo.

Seria como retirar o ovo de um bolo pronto.

O que é ovo, leite, farinha, e o que é bolo?

Alguns fios são como o fio base que sustenta toda a estrutura do novelo

Somos fios estruturais na vida de algumas pessoas

E a recíproca também é verdadeira

Cada qual tem o seu: pais, filhos, amores, amigos…

Daí o tanto que balançamos com as perdas da vida…

Morremos um pouco ao morrer cada ser que amamos

O que sobraria de mim sem você?

O que sobraria de você sem mim?

Um novelo, que falta fios, talvez sem cor, frágil

Mas, ainda assim, um novelo…

Alda M S Santos

Um amor e uma cabana?

UM AMOR E UMA CABANA?

Com amor basta uma cabana!

Uma cabana torna-se palacete

Quando há nos olhos o filtro dos bons sentimentos

No teto há estrelas, no chão há “pedrinhas de brilhantes”

Um palacete torna-se uma prisão de ouro

Se nos corações não há alegria

Se a alma não reflete o amor

Há cabanas e cabanas, palacetes e palacetes

Mas, cabanas e palacetes à parte

O que torna verdadeiramente valioso um lugar

São as companhias que carregamos conosco

Aquelas que fazem parte de nós,

Que “são” verdadeiramente da gente, que gostam de ser da gente

E trazemos conosco e nos levam com elas

Na mente, na alma, no coração…

Alda M S Santos

Emparelhar

EMPARELHAR

Andar lado a lado, sintonizar

Emparelhar com alguém

Tarefa tão difícil quanto desejada

Encaixar, harmonizar,

Buscar pontos comuns é tão importante

Quanto valorizar o que é diferente

Preto ou branco, grande ou pequeno

Audaz ou receoso, falante ou introvertido

Carinhoso ou contido, animado ou quieto

Aceitar e respeitar o diferente é ser humano

Nas diferenças há também harmonia

Se o coração sintonizar no amor…

Alda M S Santos

Que eu me importe

QUE EU ME IMPORTE…

Que eu me importe com o outro

O bastante para ajudá-lo nas tristezas, nas dores, nas necessidades mais prementes

Sem sufocá-lo ou parecer superior…

Que eu me importe com o outro

O bastante para me alegrar com suas alegrias

Sem invejar ou me enciumar, se possível,

Ainda que a felicidade dele não mais me inclua…

Que eu me importe com o outro

O bastante para valorizar bons momentos, guardar no coração, respeitar

Aquilo que hoje já não é mais como antes…

Que eu me importe com o outro

O bastante para dar a ele aquilo que não consigo dar nem pra mim mesma

Pois é algo que a gente só encontra fora de nós…

Que eu possa ser assim para o outro: verdadeira, inteira, amorosa

E que ele também possa ser desse grau e magnitude para mim,

Pois para isso fomos feitos: nos fazer bem…

Que nos importemos o bastante!

Alda M S Santos

Mais amor, por favor!

MAIS AMOR, POR FAVOR!

Entre tantas as falhas humanas

Entremeados das contradições a que nos submetemos todos

A pior de todas elas seria julgar o comportamento, o “erro”alheio,

Sentados no trono dos santos, encastelados na torre dos puros a julgar os mortais pecadores.

Enquanto isso, sabemos bem citar as escrituras quando nos convém:

“Aquele que for livre de pecados que atire a primeira pedra”.

Justificamos, assim, nossa companhia no erro, no pecado!

Porém, muitas vezes nos esquecemos do complemento

“Ninguém te condenou? Vá e não peques mais”.

Somos humanos, por essência falhos, contraditórios,

Mas também, por essência, dotados de inteligência para não repetir um erro.

Julgar o outro, carregar pedras nas mãos, não nos faz menos pecadores,

Apenas um pecador ocupado com a vida alheia!

O que nos faz menos pecadores é ser mais humanos e menos “deuses”!

Mais amor, por favor!

E pra quem gosta das escrituras

Eu prefiro essa: “Ame a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”!

Alda M S Santos

Quem sofre mais?

QUEM SOFRE MAIS?

Eu era ouvinte involuntária de um debate

Quem sofre mais:

Aquele que, sabendo-se culpado, paga sua pena

Ou o que paga uma pena sendo inocente?

Em defesa do inocente: nada é pior que sofrer por algo que não fez!

Em defesa do culpado: nada é pior que o peso da própria consciência acusadora!

O primeiro sente-se injustiçado, mas a alma está leve

O segundo tem o de fora e o de dentro a martirizá-lo

Que pesa mais, a injustiça ou a consciência?

Quem sofre mais?

E o debate seguia…

Alda M S Santos

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