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poemas e reflexões da vida cotidiana

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amadurecimento

Olho para esse mundo…

OLHO PARA ESSE MUNDO…

Olho para esse mundo e sinto desânimo, cansaço
Gente que parece louca, má, sem qualquer embaraço
Humanos nos mesmos erros e falhas na jornada
Tanta gente ofendendo, machucando, matando por nada
Como uma criança que escreve, erra, apaga
Infinitas vezes segue nessa mesma saga
Até perceber que o melhor é rasgar a folha
Amassar, jogar fora e recomeçar, sair dessa bolha
Pode doer bastante reescrever na página marcada, rasgada
Onde já nada se vê, está borrada, vista embaçada
Pode cansar recomeçar nova escrita,, nova história
Mas ainda é o melhor modo, há esperança de glórias
Jogar nosso caderno fora não é boa opção
Dar uma folheada desde o início nota-se evolução
O número de folhas em branco também faz pulsar o coração
Será que Deus repudia tantos cadernos fraudados
Que nos avalia como filhos de amor necessitados
Ou se arrepende e quer passar esse caderno a limpo?
Que Ele tenha piedade dessa insana humanidade
E que não desista de nós em meio a tanta desumanidade

Alda M S Santos

Sou assim…

SOU ASSIM…

Sou como uma borboleta ou beija-flor
Degustando a vida dia a dia de flor em flor

Sou como um furacão, ou um vulcão
Ora devastação, destruição, reconstrução

Sou tempestade, raios, relâmpagos e trovões
Sou susto, medos, mergulho em meus porões

Sou como lápis e borracha, tempos de glórias
Apagando dores, escrevendo alegrias, histórias

Sou como semente na terra escura, adubada
Buscando o Sol, a luz que ilumina a alvorada

Sou como rio caudaloso a caminho do mar
Curtindo cada cantinho, desejando oceanar

Sou máquina de costura a cerzir meus retalhos
Costurando momentos, dando sentido aos frangalhos

Sou escada, subida, de degrau em degrau, sou evolução,
Ora sou ponte, travessia, busca do novo, pulsar do coração

Sou chave que insiste em abrir fechaduras emperradas
Sou o rochedo forte, poderoso, no meio da estrada

Sou bailarina, leveza, delicadeza, encanto de viver
Sou livro aberto, páginas a preencher, mas pronto para se ler

Sou nuvem, ora branca, ora pesada, carregada
Chuva passageira, arco-íris, íris impregnada 

Sou pôr do sol, expectativa de um novo amanhã
Sou Lua, sou noite, mistério, romance, esperança vã?

Sou palhaço em movimento que faz o outro ser feliz, sorrir
Ainda que me sinta estátua por dentro, inerte, dificuldade no agir

Sou fonte de vida a correr todo o tempo, calidamente
Sou torpedo enviado, relógio marcando o tempo incessantemente

Sou pássaro livre que voa, jardim repleto de rosas
Sou brisa suave, vento forte, sou apenas Alda-ciosa

Alda M S Santos

Metamorfoseando

METAMORFOSEANDO

Ela está ali, quietinha, ignorando o Carnaval
Abrindo suas asas coloridas devagarinho
Pedindo espaço para seu voo solo
Até ali foi aceitando as mudanças, sua essência
Ou será que se sentiu perder na ambivaléncia?
Ovo, lagarta, casulo, borboleta, metamorfose..
Lá fora há todo tipo de presas e predadores
Um mundo vasto, brilhante e colorido
Será que em algum momento cogitou desistir?
Lagarta faminta, se nutrindo, devorando folhas
Casulo escuro, corpo estranho, se modificando
O quanto será que foi assustador?
Seguiu o curso da natureza, deixou-se levar
Quis voltar atrás, ao início, não crescer, se rebelar
Ou conscientemente fez sua parte, sem acelerar?
Será quantas vezes se sentiu estacionada
Acreditando que a fase casulo estava demorada
Ou querendo ficar ali para sempre fechada
Reclusa naquele mundo escuro e apertado?
Nossas metamorfoses também são assim
Há alegrias e dores, dúvidas e certezas
Mas a vida se impõe quase sempre, felizmente
Lá fora muitas vezes o Sol brilha ou chove
E quando não for assim, já sabemos que há fases escuras
E que há transmutação, metamorfoses
E está tudo bem querer estar quieto e só, se fortalecendo
Até ter vontade de ir lá fora inspecionar o tempo
Para seguir nos abrindo para o voo, solo ou acompanhado
E quem quiser, será bem-vindo para nosso lado…

Alda M S Santos

Etarismo?

ETARISMO?

Criança brinca, adulto trabalha, idoso descansa
Via de regra, é o costume, a norma, o conceito
Fugiu disso já vem julgamento, o pré-conceito

Criança estuda, adulto namora, cria família
Idoso dorme, joga dama, faz a sesta, letargia
Criança trabalhar, adulto descansar e idoso namorar gera conflito
E já se quer resolver tudo na exclusão ou no grito

O que não se sabe é que cada um tem em si
Uma criança, um adulto, um idoso para emergir
Se se respeita os próprios limites e não fere ninguém
Quem poderá julgar o que se passa com alguém?

Sou quem eu quiser com amor e respeito
Nesse mundo tão desumano se for bater no peito
Que seja para dizer: vivo com magia, com alegria
No mais, cada qual seja feliz em sua (ir)real fantasia

Alda M S Santos

Organizando

ORGANIZANDO
Organizando…
Nas gavetas de cima, aqueles que me amam incondicionalmente.
Preciso da força que me dão apenas por estarem  por perto.
Nas gavetas intermediárias, os críticos, os questionadores, analíticos, julgadores.
Preciso deles para me instigar e fazer crescer.
Nas gavetas de baixo, os falsos, hipócritas, mesquinhos, que se julgam melhores e superiores.
Em todas elas quem merece e/ou precisa de amor.
Nas de cima, aqueles fáceis de amar.
Nas intermediárias, os que aprendo dia a dia a amar.
Nas últimas, aqueles que nunca devo esquecer: para nunca me tornar e para, se possível, mudá-los de gavetas.
Ninguém de nossas vidas deve ser excluído, apenas remanejado.
Não estão ali por acaso…
Nos ajudam a seguir o curso de nossas vidas.
Alda M S Santos

Desejo

DESEJO

Desejo de catar lindezas por aí
Em todo canto poder me abstrair
Em grandes campos ou passarelas
Jardins de lindas flores amarelas

Desejo de me envolver só na simplicidade
Ignorar o que não agrega, a maldade
Mentiras e falsos profetas mandar embora
Quero a paz e a luz que sei, não demora

Chega a chuva, a luz, o calor do sol
Sob estrelas, frio, brisa ou arrebol
Quero a sabedoria simples do girassol

Viver num universo paralelo é perigoso
Por aqui pode estar difícil, pedregoso
Bom cuidar do jardim interno, ser cauteloso

Alda M S Santos

Chegada a hora

CHEGADA A HORA

É hora de ouvir o coração
Hora de se encher de muita emoção
Mas não é bom esquecer a razão
E lembrar da dor e da carência de nosso irmão

É chegada a hora de deixar brilhar a  luz
Seguir a estrela maior que nos conduz
Aquela que fala do amor maior
Pela criação, pelo próximo, ninguém é menor

É hora de ouvir seu próprio sentir
De ter sensibilidade no agir
Momento de cuidado para ninguém ferir

É fundamental respeito ao outro, a si
O que se lança no tempo volta para ti
Que a paz e o amor reinem para você e para mim

Alda M S Santos

Em cada lua

EM CADA LUA

A natureza está sempre a nos dizer
Que para tudo há tempo: viver ou morrer
De voltar a brilhar, de reviver, de crescer
Basta um olhar para admirar esse acontecer

Não importa se é a chuva que cai torrencial
Se é a trepadeira que se alastra no seu quintal
Se o sol que queima a pele, a brisa que arrepia
Ou a lua cheia no céu que nos contagia

Dentro de nós tudo está em processo
De evolução e crescimento, sem retrocesso
Cada qual numa fase, numa etapa, numa lua
Pode vir, natureza, seja como for, sou toda sua

Curtir a primavera interna, o coração fraterno
Entender que temos outonos e invernos
O mundo gira sem parar em torno do astro-rei
Passaremos por cada estação, isso eu sei

Alda M S Santos

Mundo

MUNDO

Mundo que tira, mundo que dá
Mundo que nos deixa a pensar
Mundo que nos rouba, que nos devolve
Mundo que nossas entranhas revolve

Mundo que nos cansa, nos ensina
Mundo que decepciona, nos fascina
Mundo do qual queremos fugir, sumir
Mundo que nos cativa e nos faz insistir

Mundo para o qual viemos por alguma razão
Para crescer, amar, lutar, ser evolução
Mundo que carrega muita desigualdade
Onde queremos ver mais humanidade

Mundo que quero subir no pódio e aparecer 
Às vezes quero ser minúscula, desaparecer
Mundo que quero deixar melhor que encontrei
Por isso busco fé e coragem, não desistirei

Alda M S Santos

Seria muito?

SERIA MUITO?
Seria muito imaginar que fui o sonho de alguém
Que minha existência foi planejada
Que antes de aqui chegar eu existi em outro lugar
E foi a mente, a alma, o coração
A imaginação e o desejo de um alguém
Que me tornaram possível viver por aqui?
Será que estive antes no coração de meus pais
Que tudo estava combinado previamente
Que para esta dimensão eu viria
E que teria por aqui um trabalho a fazer?
Seria muito pensar que me materializei nesse plano
Para tornar real o amor de um alguém?
Seria muito imaginar que esperam algo de mim
Que me “vigiam” o existir e o fazer
Na esperança de que eu caminhe sempre para e pelo bem?
Sendo assim, seria muito pedir
Que me perdoassem os atos falhos
Os caminhos sem saída que peguei
As trilhas com inúmeras bifurcações que me enveredei
A luz que outras vezes ignorei?
Seria muito pedir, a quem sonhou comigo
A quem permitiu meu existir
Que estivesse sempre a meu lado
Levando-me pelas mãos para o melhor caminho
Que não me permitisse fugir
Orientando-me com palavras de doçura e carinho
Alertando-me aos buracos nas vias existenciais
Preparando-me para o porvir
Dando-me colo, atenção, amor?
É que pareço forte, sabe
Mas, a verdade, é que tantas vezes só quero um pouquinho de colo
De apoio e da certeza de que não estou só
Seria muito pedir?
Alda M S Santos

Com espinhos

COM ESPINHOS

Não precisa eliminar os espinhos
Basta ter cuidado, ir com jeitinho
Rosas são belas mesmo assim
Têm cor, perfume, espetam, enfim

Não adianta exigir que seja perfeito
Todos temos nosso lado imperfeito
Somos um misto de defeitos e qualidades
É sábio conseguir priorizar o que traz felicidade

Nessa viagem escolhemos nossos caminhos
E as companhias para não seguir sozinhos
Tão importante quanto saber para onde ir
É escolher quem nos acompanhará sem fugir

As rosas nos ensinam a lidar com os espinhos
Nas estradas a saltar as pedras do caminho
A grande lição é amar o outro em sua essência
No bem, no mal, sempre, não só de aparência

Alda M S Santos

Extremismos

EXTREMISMOS

Sem medo de errar: todo extremismo é nocivo
Seja esportivo, religioso, político ou de qualquer tipo
Trazem consigo uma carga de amor e ódio
Uma insanidade patológica e agressiva, uma bomba relógio
Não permitem crescimento ou evolução
E sempre causam tragédias em diversas situações
Os excessos, quaisquer que sejam, envolvem insanas paixões
Daqueles tipos que causam amargas polarizações
Envolvem um “amor” meio adoentado
E como carona um ódio pelo outro lado
Na maioria das vezes por outro também extremista
E a vida vai sendo posta à prova, danos causados
Urge nos curarmos ou nos vacinarmos
Munirmos de respeito e sabedoria
Para não nos envolvemos nessa louca patologia
A vida pede por paz, luz e serenidade
Ainda que cada qual lide com sua verdade
Apreciar em si e no outro o jeito de ser liberdade
Faz-nos crescer em nossa humanidade

Alda M S Santos

Sobre eternidades

SOBRE ETERNIDADES

A palavra eterno traz a ideia de infinito
Algo que se perpetua no tempo e espaço
Isso te deixa alegre, feliz ou aflito?
Consegue lidar bem com esses laços?

Se for a saúde, a família, a amizade, o amor
É bom saber que é durável, não é finito
Mas se for angústia, medo, cansaço ou dor
Ou qualquer situação ruim não fica bonito

Sentir leveza frente às nossa eternidades
É necessário, urgente, afasta a ansiedade
Faz bem, traz paz, prazer, e doce felicidade

Mas se o eterno causar angústia, temor
Algo pode ser feito, mudar o cursor
E clicar em algo digno, que traga mais amor

Alda M S Santos

Bom mineiro

BOM MINEIRO

O bom mineiro é aquele que chega devagar
Tem doçura, calma e sensibilidade no olhar
Com jeitinho especial vai comendo pelas beiradas
Não desiste fácil, enfrenta qualquer parada

Simples por natureza, é bem hospitaleiro
Gosta de gente sincera, coração verdadeiro
Canjiquinha, tropeiro, doce de leite, pão de queijo
Junta tudo numa prosa regada a abraços e beijos

Gosta de praia,  roda de conversa e violão
Passeio na serra, na cachoeira, missa com sermão
Com verdade e bondade ganha seu coração

Alma feita de boa mistura de urbano e rural
Dentro do peito dele só cabe o que é natural
Se quiser morar ali, seja você, seja real

Alda M S Santos

Eu posso, sim, escolher!

EU POSSO, SIM, ESCOLHER!

Sou eu quem decido se rio ou se choro
Se não ligo, não me importo, se ignoro
Sou eu quem opto pelo azul ou rosa
Se calo, silencio ou se fico toda prosa

Eu posso, sim, escolher!

Posso escolher entre seguir ou parar
Sentar, deitar, descansar, relaxar
Sou eu quem escolho meus caminhos
Se quero companhia ou se vou sozinha

Eu posso, sim, escolher!

Sou eu quem faço a opção pelo amor
Por acolher só o que não cause dor
Sou eu que seleciono o que abraçar
Também o que não serve, descartar

Eu posso, sim, escolher!

O que olhar ou admirar, me encantar
Aquilo que prefiro não ver, apagar
Sou eu quem escolho o que dançar
Ou a música que quero tocar

Eu posso, sim, escolher!
E asslm dou o tom do meu viver!

Alda M S Santos

Pedidos de socorro

PEDIDOS DE SOCORRO
O mundo pede socorro
Quem é capaz de ouvir?
Pedidos tão barulhentos quanto uma sirene
Ou tão silenciosos como uma lágrima que cai
Crianças precoces sempre de agenda lotada e irritadiças
Jovens perdidos em tantas “opções” de vida moderna
Trancados em seus quartos, “góticos”, marcas roxas debaixo de lenços
Idosos “protegidos” em suas fantasias e remédios
Sorrisos, lágrimas, saudades, abandono
Adultos espremidos entre a infância e a velhice
Solitários entre tantas obrigações e cobranças, entre tanta gente necessitada
Escondidos em suas tarefas, fugindo em seus smartphones
Atrás de amigos virtuais nas telas dos PCs na solidão da madrugada
Todos “gritando” por socorro
Quem é capaz de ouvir?
Cada qual gritando sua dor de um modo
No andar, no olhar, no se esconder, no se mostrar
Na solidão autoimposta, nas atividades excessivas
Nas rebeldias constantes, nas drogas lícitas ou ilícitas
Na irritação desmedida, nos vícios diversos
Quem é capaz de ouvir?
A dor atinge a todos, o grau é variável, de “normal” a patológico
No sentir e no demonstrar
Mas há sempre uma “droga” a nos salvar
Até que não haja mais salvação
Quem é capaz de ouvir?
“Ouvir” a dor do outro é um modo de nos enxergarmos também
E, talvez, conseguirmos nos salvar…
É preciso olhar devagar, demorar-se na dor do outro
Mergulhar fundo na própria dor
Até não mais temê-la, até conseguir diluí-la…
É preciso a pureza e confiança de uma criança para “herdar o reino do céu”
O mundo pede socorro
Quem é capaz de ouvir?
Alda M S Santos

Quando a gente cresce

QUANDO A GENTE CRESCE

A vida muda quando a gente cresce
Tudo parece diferente quando se amadurece
Talvez o brincar já não seja tão espontâneo
Já nao é tao fácil o prazer momentâneo

O Sol lá fora era o bastante com um amiguinho
Criança fazia seu dia, sua alegria, seu caminho
Adulto precisa de várias boas combinações
Para não mergulhar em dolorosas situações

Precisamos aprender a valorizar a simplicidade
Deixar fluir nas relações a verdade
Esconder sentimentos não é boa pedida, é maldade

Vamos nos encantar com a natureza
Criar em nosso entorno mais beleza
Agradecer a Deus o que recebemos de bandeja

Alda M S Santos

Grade de proteção

GRADE DE PROTEÇÃO

Marcamos em nosso entorno o que nos causa mal
Uma caveira num produto que pode ser fatal
Uns cones onde transitar não seria o ideal
Grades de proteção onde há perigo real

Para as ameaças físicas sabemos nos alertar
Para poder da ameaça nos desviar
Que fazer quando o alerta precisa ser emocional
Fugir das tempestades, do vendaval?

Lembrar que não dá mais para mexer ali
Pode nos dar choques, nos ferir
Não mais nos enveredar nesses caminhos
Que parecem bonitos, mas são daninhos

Como avisar a alma, qual grade usar?
Que fazer para ela se proteger, se cuidar
Um quadro bem grande em letras garrafais
Escritas em alerta vermelho: AQUI JAMAIS

Risco de abalo císmico da emoção
Proteja sua vida, sua lida, seu coração
Será que vale esse alerta, não há senão
Esse quadro de aprendizado e lição?

Tão importante quanto não cair num buraco
É não deixar o coração se expor, ficar fraco
Quem não aprende na primeira lição
Sofre depois em busca de recuperação

Alda M S Santos

Simplesmente nua

SIMPLESMENTE NUA
Quero ter a coragem de me apresentar nua,
Completamente nua, sem disfarces ou maquiagens
Alma rasgada, sem vergonhas, pudores ou medos
Nasci nua, nua retornarei
Querendo ou não…
De nada valerá tudo que aqui acumulei
Exceto o que tiver guardado na sacola leve da minha alma
Ou nos espaços especiais, cedidos ou por empréstimo,
Que tiver ocupado positivamente na alma de alguém
Bens materiais, diplomas, cultura, contas bancárias…
Tudo são “vestimentas”, acessórios!
Currículo só valerá o emocional
Tudo o mais ficará para trás…
O que interessa é se isso tudo
Permitiu que eu me tornasse uma pessoa melhor,
Mais tolerante, amiga, amável, solidária, correta
Para mim mesma, para aqueles que me cercam…
Nudez da alma é a verdadeiramente cativante
E é só por ela que Ele se interessa!
Simplesmente nua, assim quero me apresentar…
Alda M S Santos

Rugas?

RUGAS?

Eu costumava dizer na escola:
Melhor enrugar o papel contact que o rosto
Sabemos que as rugas são inevitáveis
Isso está claro, bem posto
Mas podemos torná-las mais adiáveis
E não há qualquer mágica ou remédio milagroso
O segredo vem de pequenos cuidados
Que não devem ser esquecidos ou adiados
Nada contra um bom hidratante
Tem papel no colágeno, é revigorante
Mas há um hidratante mais que especial
Que não permite rugas na alma
Fugir das rusgas, ter bom astral
Ser e ter amigos, sorrir é a receita
Para uma vida menos imperfeita
Rir dos próprios atropelos e apelos
Não se cobrar tanto, não querer ser perfeita
Manter distância do que não agrega
Que é mala pesada, sobrecarrega
E se há um segredo especial além da boa genética
É ser boa gente para si e para os outros, ser ética
E não há melhor colágeno que o amor
Desse use e abuse, por favor!

Alda M S Santos

Vamos imaginar…

VAMOS IMAGINAR…

Vamos imaginar um mundo em que não estamos sozinhos 
De um lado ou de outro há sempre um alguém 
E uma boa interação é o que pode nos fazer bem

Vamos nos imaginar sentados numa roda de conversa 
Devagar, alegremente, sem pressa 
Vamos deixar nosso coração falar 
E termos a certeza de que esse é nosso lugar 

Vamos nos imaginar ouvindo com atenção 
Falando a todos, de coração para coração 
Sabendo que daqui, dessa boa prosa haverá comunhão 
Tudo ficará mais fácil, leve, com respeito e união

Vamos imaginar que nossa alegria é construção
É confiança, é amor, carinho e proteção
Olhar no nosso entorno e valorizar o coração
Que pulsa dentro do peito de cada irmão

Vamos imaginar e, imaginando, vamos realizar…

Alda M S Santos

Reformas

REFORMAS

Fim de ano, tempo de reformas

Descascar paredes, tinta velha, reboco caindo
Encontrar um meio de restaurar, renovar
Dar novo toque, suavizar o que está velho ou fosco
Dar nova cor, novo tom, poder brincar, sem.ser tosco

Fim de ano… tempo de reformas

Da nossa casa mais que especial
Essa em que nossa alma mora, de cristal
Aproveitar os vendavais e as tempestades
Para colocar tudo para fora e começar nova atividade

Fim de ano…tempo de reformas

Hora de escolher bem o que fazer com cada coisa, cada sentimento
O que pode ser limpo, restaurado depois desse momento
O que deve ser conservado e potencializado
E o que precisa ser lançado fora,  já não faz bem estar ao nosso lado

Fim de ano…tempo de reformas

Quero abrir todas as gavetas da minha alma
Nada ignorar, quero remexer cada coisa com calma
Desdobrar, sacudir, lavar, dobrar e guardar
Depois dessa limpeza catártica tudo terá encontrado seu lugar

Fim de ano… tempo de reformas

Com novo brilho no olhar e coragem para continuar
Estarei pronta para um novo ano em mim ativar, sem desanimar
A vida pede esse momento de análise de sentimentos
Só assim poderemos ser mais fortes a cada sofrimento

Minhas reformas começaram….

Alda M S Santos

Intuição

INTUIÇÃO

Aquela intensa e contínua sensibilidade
Sempre a alertar, despertar a curiosidade
Tornar alerta, avaliar a credibilidade
Sexto sentido, intuição ou mediunidade

Uns dizem que o santo não bateu
Que o sinal vermelho acendeu
Quando é assim, aprendi, sou mais eu
Acredito no que em mim nasceu

A vida tem meios de nos alertar
Aos pouquinhos sabe nos orientar
E o melhor caminho irá nos apontar

Basta não ignorar os contínuos sinais
Por mais insignificantes, não são banais
Corpo, mente, coração, juntos são sensacionais

Alda M S Santos

Como quem não quer nada

COMO QUEM NÃO QUER NADA

Como quem não quer nada
Vou seguindo meu viver, fugindo de cilada
Tentando lutar pelo que acredito
Ver a verdade, não acreditar em qualquer mito

Como quem não quer nada
Vou investindo no bem, numa boa empreitada
Ainda que tudo pareça assustador
Quero fazer minha parte, da luz ser seguidor

Como quem não quer nada
Quero pelo amor ser fascinada
Não querendo nada, posso ter quase tudo
Se a vida se construir no bem, sobretudo

Como quem não quer nada
Como boa mineira, vou comendo pelas beiradas
Devagarinho vou conquistando, amando, sendo amada
A vida pode ser maravilhosa se bem aproveitada

Como quem não quer nada
Tento ser a poesia na alvorada
No entardecer, por uma boa ação ser contagiada
E encerrar com uma oração de gratidão na madrugada

Como quem não quer nada..

Alda M S Santos

O uso do cachimbo

O USO DO CACHIMBO

O uso do cachimbo faz a boca torta
Para o bem ou para o mal, quem se importa?
Na visão do vício pelo tabaco, pelo fumo
Já é sabido que faz mal, não me acostumo

Numa visão mais ampla e genérica
Há muitas coisas tortas, homéricas
Cada um sabe o tanto que é nocivo
O mal uso que se faz do que parece atrativo

Tudo que é excessivo faz mal
Bom mesmo é saber dosar, ser racional
Ainda que seja algo muito emocional

Se for para entortar ou endireitar
Que seja por atos de amor e compaixão
Um vício cujo uso faça bem ao nosso irmão

Alda M S Santos

Leituras

LEITURAS

A vida é assim sempre escrita, registrada
Está aí para ser compreendida,, interpretada
Ora em prosa, em versos, grandes declarações
Ou apenas num olhar, uma palavra, doces sensações

Poucos são os alfabetizados nas emoções
Não sabem ler, fazem confusões
Ou apenas usam seu exíguo  repertório
Um modo de ser desconfiado ou até simplório

Mas sempre há tempo para aprender
Fazer dessa obra “escrita” um prazer
Poetas e poesias podem ajudar, fazer acontecer

Lê-se versos, natureza, um alguém
Somos escrita e leitura, autor e leitor para o bem
Somos sentimentos, vontades, desejos também

Alda M S Santos

Reciclagem

RECICLAGEM


Quero me especializar na arte de cultivar a beleza
Não só a que beneficia o exterior, a natureza
Mas aquela que dos sentimentos faz boa reciclagem
E efetua em nosso interior uma bela compostagem
 
Quero misturar as dores e lágrimas com sorrisos
De todo lixo emocional que for acumulado
Separar bem, equacionar, juntar, deixar reservado
Nossa natureza é sábia, nos ajuda, não nos deixa de lado
 
Utilizando nossos variados resíduos sentimentais
Sermos capazes de evitar degradações pessoais
Aquelas que nos causam rachaduras estruturais
 
Quero deixar agir, fermentar uma boa porção emocional
Aguardar que desse adubo irá brotar, reciclado, natural
Um alguém mais forte, refeito, iluminado, sem igual
 
Alda M S Santos

Refúgio

REFÚGIO

Quero encontrar um refúgio
Um lugar de paz e sossego
Onde possa me abrigar
Quando minh’alma precisar se calar

Quero encontrar um refúgio
Para o qual eu possa fugir
Quando tudo parecer difícil
E poder relaxar, sem fingir

Quero encontrar um refúgio
Para os males buscar reparo
Que me traga discernimento, refrigério
Quem sabe em mim mesma obter amparo

Quero encontrar um refúgio
Acho um lugar, mergulho em mim mesma
Lá encontro paz, lá encontro Deus!

Alda M S Santos

Travessia

TRAVESSIA

A ponte está aí, convidativa
A gente olha, fica tentado
Rústica, bela, longa, atrativa
Mas tenta enxergar do outro lado

A ponte a nós se apresenta
E se não pudermos pegar o caminho de volta?
Aqui, mesmo confuso, já é conhecido
Será que pode haver uma reviravolta?

Que haverá do outro lado
Dor, luta, sofrimento, morte, partida
Apenas uma continuidade disso tudo aqui
Ou haverá mais união, amor, compaixão, vida

Preocupações, tentações, medos e vontades, sedução
Sentimentos que lutam dentro da gente
Enquanto isso, sequer percebemos ou notamos
Que isso tudo é simbolismo, somos a ponte, a evolução…

Essa travessia não é escolha
Nós a fazemos sem perceber
Ela acontece à nossa revelia
Quando vamos ver, já acabou o viver…

Alda M S Santos

Autenticidade

AUTENTICIDADE

Gosto de gente autêntica, de verdade
Que erra, que acerta, que falha, não julga
Pois aqui estamos em busca de felicidade
Os caminhos construídos não nos subjugam

Ser amor, ser afeto, ser amizade, dedicação
Exige de nós sabedoria e bondade de coração
A diferença não nos tira a humanidade
Enaltece, enriquece, se for nossa naturalidade

Cada qual em seu caminho, suas trilhas 
Se for de verdade, se houver partilha
Haverá crescimento em diferentes cartilhas

Sensibilidade no trato mostra nobreza
Aceitação das adversidades é a certeza
De que em toda evolução há grandeza

Alda M S Santos

Porta entreaberta

PORTA ENTREABERTA

Uma porta entreaberta é um convite
Fica ali, imponente, calada, ela insiste
Sempre a falar com a gente, silenciosa, persiste
Instiga, fustiga, não nos deixa, cutuca
Alegra, entristece, dá esperança, coragem, machuca
Ela lembra que há algo mais à frente
Quer ser a opção que surge, nos faz mais valentes
Em busca do que poderia ser nosso maior presente
É uma luz que clareia caminhos, por vezes cega
Mas é o novo que se apresenta, não nega
O peito apertado, se alegra, teme
Quer seguir para longe, segurar esse leme
Vencer o temor que o novo traz
E ir atrás do que pode representar a paz
A conquista do que completa a alma, o coração
Alegria, amor, união, irmandade, evolução
A porta está entreaberta a nos convidar
Não seria de bom tom esse convite declinar

Alda M S Santos

Melhor companhia do mundo

MELHOR COMPANHIA DO MUNDO
Viver é a habilidade de nos refazer sempre
Curtir cada momento, eternizando-os
Ou transformando-os em algo tolerável,
Que não nos machuque, não nos domine.
Viver é a capacidade de mergulhar em todos os sentimentos,
De neutralizar alguns, refazer outros, transformar outros tantos.
É manter-nos de pé, enquanto a roda da vida gira forte
Ou levantar, quando cair, mesmo que ainda tonto.
Viver é, principalmente, quando se está no chão, sofrido,
Ainda ser capaz de estender a mão e ajudar.
Viver é saber valorizar as companhias que se tem, todas elas,
Mas, essencialmente, estar acompanhado, ainda que só,
É encontrar em si mesmo a melhor companhia do mundo.
Alda M S Santos

Mestra

MESTRA

A vida é a melhor mestra, a melhor professora

Não há como duvidar, ela sempre ensina

Para quem quer aprender, é tutora

Mostra como seguir, vencer nossa sina

As lições podem ferir, doer, machucar

Especialmente a quem quer se enganar

Deixa claro como água o que é bom, o que é mau

Desestrutura tudo, causa grande vendaval

Tempestades de vento, muito tormento

Decepções de todo tipo, descontentamento

Precisamos aprender, ter discernimento 

A cada lição ou aprendizado, uma marca é deixada

No corpo, na alma, fica a verdade tatuada

Quero paz, luz, quero saber fugir de qualquer cilada

Alda M S Santos 

Mais no meu blog vidaintensavida.com

De que adianta?

DE QUE ADIANTA?

De que adianta uma linda voz

Se quando é preciso, ela se cala?

De que adianta um belo sorriso, se apenas se abre para alguns,

E tantos necessitados são excluídos?

De que adianta tamanha inteligência,

Se não sabe agir ao sabor da emoção?

De que adianta tanta beleza, se não é possível mergulhar mais fundo,

Sob pena de “bater a cabeça” em rasa profundidade?

De que adianta tanta “cultura”,

Se as palavras mais doces não fazem parte de seu vocabulário?

De que adianta braços fortes e ombros largos,

Se não servem de abrigo ou de colo a quem precisa?

De que adianta o amor preso dentro de si,

Se ele é uma flor que precisa do sol

Que existe no outro,

Para crescer, se abrir e encantar?

De que adianta?

Alda M S Santos

Não estamos sozinhos

NÃO ESTAMOS SOZINHOS
Somos humanos cercados por outros humanos
Numa casa rodeada por outras casas
Numa cidade fronteiriça de outra cidade
Dentro de uma nação que se avizinha de outras nações
Habitantes do planeta Terra, ao lado de outros planetas e astros
Membros de uma galáxia gigantesca
Não estamos sozinhos!
Mesmo quando não nos sentimos mais que pequeninos grãos de areia
E parecemos estar muito sós, não estamos
Em nossa mais intensa introspecção temos a nós mesmos
E quando encontramos a nós mesmos
Somos capazes de identificar o outro tão perto de nós
E estender a mão, pegar uma mão…
Alda M S Santos

Fênix- Em escala de cinza

FÊNIX- EM ESCALA DE CINZA

Quero pedir licença para ter meus dias cinzentos.
Sem precisar explicar nada, falar nada. Simplesmente ficar em escala de cinza.
Pelo tempo que quiser ou julgar necessário.

A natureza, sempre tão colorida, tem períodos de recolhimento, de seca.
O Sol se põe e abre espaço para a escuridão da noite.
O mar tem períodos de ressaca.
A Lua tem a fase Nova.
A terra tem períodos inférteis.

Nenhum deles tem que dar explicação. São aceitos como são!
Por que eu, uma simples mortal, tenho que justificar, esconder, disfarçar ou me envergonhar de meus dias cinzentos?
Se toda a natureza tem seus momentos de brilho e opacidade, por que eu não posso?

Quero sentar num canto, invisível, chorar se quiser, dormir 24 horas seguidas, sequer me olhar no espelho.
Apenas desligar de tudo e de todos.
Ficar em modo de espera, em coma induzido. Acinzentar-me!

Agradeceria se não me enxergassem.
Se me vissem, não me perguntassem nada.
Se questionassem, aceitassem meu “tudo bem”.
Não ê grosseria ou ingratidão. É respeito próprio.
Independente se minha tristeza ou dor é maior ou menor que a sua, é minha.
Pra mim tem valor.

Sem piadinhas, por favor! Brigou com o marido? Dormiu comigo? Acabou a bateria? Vou ignorar, por educação.
Posso garantir que vai passar.
Sou parte da natureza, mesmo pequena e mortal, eu me refaço.
Como fênix, renasço das cinzas.

Prometo que quando os dias cinzentos forem seus, eu os presentearei com o mesmo respeito.
Agradeço os olhares coloridos e cinzentos que dirão silenciosos “estou aqui”. Eles me bastarão.

Como fênix, renascerei das cinzas…

Alda M S Santos

Só a Lua

SÓ A LUA

Lá do alto olhando, brilhando ou não
Só ela percebe o que se passa num coração
É encanto, beleza, companhia, mistério
Pode ser silêncio, voz, um doce refrigério

Não critica, não ofende, acolhe, não julga
Lá de longe entende, está junto, não subjuga
Há momentos que parece orientar, abraçar
Sabe com sua luz e brilho nos acalentar

Conhece nossos medos, nossas fragilidades
Vitórias, derrotas, culpas, ansiedades
Nossos (des)afetos, amores, amizades
Com ela partilhamos nossas (in)verdades

Com a Lua em fases quero sempre estar
Entre ela e eu muitos segredos partilhar
Lágrimas derramar, decepções amenizar
Nesse mundo aqui não dá para confiar

TARDE DE POESIAS: SÓ A LUA SABE

Alda M S Santos

Até a vida anoitecer…

ATÉ A VIDA ANOITECER…
Há quem nos sugue
O vigor, a energia, a força
Há quem nos abasteça
De coragem, esperança e fé
Há quem nos dê, há quem nos tire
Há quem nos leve de nós mesmos
Há quem nos ajude a nos encontrar
Há quem fique, há quem se vá
Mas o que quer que façam conosco
Só o fazem com nosso aval
Assim dizem os sábios mais evoluídos
Que se mantêm intactos dentro de si mesmos
Meros mortais seguem a sugar e a abastecer
A serem sugados e abastecidos
Até a vida anoitecer…
Alda M S Santos

Nem tudo

NEM TUDO

Nem tudo que é sentido precisa ser dito
Basta que faça bem, que seja bonito
Nem tudo precisa sufocar, silenciar
Quando calar fizer doer ou machucar

Nem tudo que é sonhado pode parecer real
Mas enquanto dura acalma o vendaval
Nem tudo que parece difícil é impossível
Se houver disposição para torná-lo possível

Nem tudo que mexe com a emoção
É necessariamente errado, sem razão
Faz parte do que faz pulsar o coração

Nem tudo que acontece é por si só bem ou mal
Tudo dependerá do nosso sentir ou agir
Daquilo que for capaz de nos fazer seguir

Alda M S Santos

Simplesmente nua

SIMPLESMENTE NUA
Quero ter a coragem de me apresentar nua,
Completamente nua, sem disfarces ou maquiagens
Alma rasgada, sem vergonhas, pudores ou medos
Nasci nua, nua retornarei
Querendo ou não…
De nada valerá tudo que aqui acumulei
Exceto o que tiver guardado na sacola leve da minha alma
Ou nos espaços especiais, cedidos ou por empréstimo,
Que tiver ocupado positivamente na alma de alguém
Bens materiais, diplomas, cultura, contas bancárias…
Tudo são “vestimentas”, acessórios!
Currículo só valerá o emocional
Tudo o mais ficará para trás…
O que interessa é se isso tudo
Permitiu que eu me tornasse uma pessoa melhor,
Mais tolerante, amiga, amável, solidária, correta
Para mim mesma, para aqueles que me cercam…
Nudez da alma é a verdadeiramente cativante
E é só por ela que Ele se interessa!
Simplesmente nua, assim quero me apresentar…
Alda M S Santos

Estradas da vida

ESTRADAS DA VIDA

Aquele vento nos cabelos pelas janelas abertas
As vistas ardem, o peito aperta, as lágrimas rolam
Segue dirigindo, música alta, meio alheia a tudo
Será que a rota está certa?
Não se preocupa muito, sensação de liberdade
Vontade de dirigir sem rumo, indefinidamente
Passa por lugares chuvosos, outros ensolarados
Estradas planas ou grandes aclives, secas ou floridas
Retas ou curvas, lá fora a vida parece meio irreal, surreal
Vê as árvores passando tão rápido, tão perto
Dentro dela enorme confusão, um grande vendaval
Tenta organizar os espaços, estabelecer prioridades
Apagar com sorriso as mágoas e decepções
Escrever, a lápis mesmo, novos planos
Pode precisar redefinir, reescrever, refazer
Acende a luz para iluminar alguns sonhos
Deleta outros, são mesmo impossíveis
E o caminho vai ficando para trás
Culpas, erros, derrotas, excesso de confiança vão ficando
Percebe que as estradas são metáforas da vida
Há de tudo um pouco, mas tudo vai passando
Basta seguir em frente que novos pontos vão se descortinando
Tenta levar consigo boas lembranças, pessoas de bem
O amor,  a amizade, a fé e a esperança
Quando já não doer mais, talvez ela volte
Para um novo ponto de partida
Um recomeço para a mesma vida …

Alda M S Santos

Não quer

NÃO QUER
Ela não quer ser uma lembrança dos tempos áureos
Uma foto desbotada na estante de alguém
Uma marca impressa numa alma arrependida
Ou a saudade de uma relação doída
Ela não quer ser história passada
Nos livros a tristeza registrada
Ela não quer ser a magia
Rabiscada num livro velho de poesia
Ela quer se eternizar, se renovar
Ser desejada, cobiçada, uma joia rara, valorizada
Não tem um preço a se pagar
Mas tem valor que qualquer um pode conquistar
Cobra apenas cuidado e desejo de conservar
Ela não quer ser esquecida, embrutecida
Precisa de amor para ser abastecida
Ela é o que sustenta a vida
Ela é a natureza…viva…
Alda M S Santos

Pontes

PONTES
Pontes são convites, são chamados
Elos a permitir a ida de um lugar a um ainda não-lugar
Aquele que vemos apenas pelas frestas das persianas de nossa mente
Apresentar o desconhecido ao conhecido
Possibilitar o novo, encorajar
Passarelas ou pinguelas, as físicas ou as mentais
Assustadoras para muitos, paralisantes
Fundamentais para tantos…
Necessárias onde há falhas no caminho, obstáculos, interrupções
Rios, mares, montanhas, abismos
Aqueles da natureza ou dentro da gente
Não vale é ficar parado onde já esgotou possibilidades
Ou no meio da ponte a impedir o caminho dos outros
Ou ainda esperando até as forças faltarem para a travessia
Encontrar pessoas ponte, pessoas pinguela
A nos dar as mãos, acalmar nossos medos
Encorajar cada passo na pinguela
“Em frente, não olhe para baixo”
“Um passo de cada vez, tá quase lá, estou aqui”
São ouro num mundo tão cheio de muros…
Alda M S Santos

Dúvidas e certezas

DÚVIDAS E CERTEZAS

Há tantos medos, dores, inseguranças
Tantas dúvidas, falta o chão, falta esperança
As certezas nem sempre trazem bonança
Confiar anda difícil em meio a tanta lambança

Nosso planeta passa por grandes provações
Nós nos metemos em grandes atribulações
Criamos nosso caos, nossas tentações
Perdidos ficamos, tentando fugir dos furacões

São várias as opções e caminhos
As encruzilhadas são verdadeiros descaminhos
Tantas vezes só queremos a proteção de nosso ninho

Urge saber a hora certa e como nos proteger
De lutar, enfrentar, não nos esconder
A mudança precisa vir de nós, se quisermos vencer

Alda M S Santos

Dissabor

DISSABOR

Um machucado, uma fratura, uma ferida que arde, sangra, queima

Fase aguda do mal, só analgésico forte para aliviar, é normal

Um aperto no coração, tristeza, mágoa, decepção

Fase aguda da dor, que fazer para sanar desilusão?

Machucado melhora com antisséptico, anti-inflamatório e antibióticos

Um curativo, uma tala, que por um tempo isola do meio externo aquilo que está em recuperação

E quando a dor está no coração, que fazer então?

Qual o remédio, dá pra isolar do mundo externo a emoção?

Não sei, mas é bom retirar-se do meio, afastar da multidão

Buscar o interior, sanar a dor, retirar da alma a cicatrização

Ferida é sempre ferida, dor é sempre dor

Seja física, mental, emocional é sempre um mal

Passamos primeiro pelo vendaval

Em seguida vem a calmaria, levantamento de perdas, bom sinal

E, lentamente, a cura, a reconstrução

Mas todo cuidado é pouco com o remédio que se usa

Tanto para o mal físico ou emocional

Não dá para criar vícios e dependências, seria fatal

Ou cria-se raiz para novo mal, com nova aparência

Mas tudo tem seu tempo…

Logo o que era ferida é descoberta para o mundo exterior

Fica a cicatriz, o aprendizado

O coração aprende a lidar com qualquer dissabor

É a cura… e a vida segue, de preferência, sem rancor…

Alda M S Santos

Na guerra ou na paz

NA GUERRA OU NA PAZ

Em tempos de guerra foge-se de campo aberto
Soldados expostos assim seriam alvo certo
Protegem-se na mata em fardas camufladas
Ou escondidos atrás de barricadas

Nas lutas da vida não é diferente
Tenta-se a todo custo ser previdente
Não expor seus ataques ou defesas
Para não ser preciso virar a mesa

Mas é fundamental saber quando recuar
Pois a vida muitas vezes se impõe
Sábio é quem aceita, não se interpõe

Chegará a hora de avançar
A vitória pode vir para quem souber esperar
E não desanima, sabe seu potencial valorizar

Alda M S Santos

Quem não tem?

QUEM NÃO TEM?

Quem não tem?
Um erro que quer esquecer
Com o vento desaparecer
Deixar no tempo se desfazer?
Quem não tem?
Um amor marcante para celebrar, a alma enobrecer
Nos momentos de tristeza o coração aquecer?
Quem não tem?
Uma cicatriz que vira e mexe faz doer
Que sangra, machuca, faz sofrer?
Quem não tem?
Algo do qual muito arrepender
Que machucou, envergonhou, mas fez crescer?
Quem não tem?
Uma ação que deixou orgulho e alegria
Por ter levado a paz, a magia e a harmonia?
Quem não tem?
Uma história boa para sonhar, reviver
Em boas lembranças se entregar, amolecer?
Quem não tem?
Um sonho, um desejo de entontecer
Que faz a vida cada minuto valer?
Quem não tem?
Um segredo lá no fundo bem guardado
Que o torna único, especial, bem-amado?
Quem não tem?
Esperança de algo de bom fazer
Deixar por aqui marcas de amor, de intenso viver?
Quem não tem?

Alda M S Santos

De tempos em tempos

DE TEMPOS EM TEMPOS

De tempos em tempos ela some
Todos pensam que se foi, morreu
Não embeleza, não alegra, não encanta
Parece que da vida se esqueceu

Mas a natureza é sábia, ela fica guardada
Em raízes na terra aprofundada
Meses e meses ali protegida
E renasce linda, fortalecida

Nós também por vezes somos assim
Perdemos nossa cor, nosso brilho
Nosso encanto e perfume, enfim

Mas, como Dálias, em nós a vida renasce
O sorriso brilha, a luz reaparece
O desejo do ser se faz, a vida acontece

Alda M S Santos

Castelos de areia

CASTELOS DE AREIA

Ainda que a vida nos pareça um castelo de areia

Desmoronando quando parece linda e perfeita

Mesmo que a gente se prenda nos fios dessa teia

Que tenhamos forças e coragem para continuar

Que possamos sempre encher nosso baldinho de água

Quantas vezes forem necessárias para outro castelo construir

Que seja ainda mais belo e resistente

Para abrigar sonhos de príncipes e princesas reais ali

Que a gente possa perceber que a beleza está no construir

Em cada detalhe feito e refeito com amor

Assim já terá sido lindo quando ele ruir

E a vida ficará mais leve e fluida, sem rancor

Alda M S Santos

Quero acreditar

QUERO ACREDITAR
Quero acreditar que todo sonho é possível
Mas preciso crer que tenho forças para enfrentar o que se apresenta
Coragem para abraçar o que desejo
Ou tônus muscular para fugir do que não me agrada…
Quero acreditar que toda lágrima é passageira
Que apenas lava o caminho para o bem passar
Preciso crer que a saudade que chega
Ainda que doa e machuque
É sinal de bons tempos idos
Quero acreditar que deixar ir aquilo que ainda cabe aqui, ou não mais, é necessário
Preciso crer que abrir mão,
Ou os braços para a vida
Com sorriso no rosto
E fé inabalável na alma
É o melhor jeito que há de viver…
Quero acreditar!
Preciso…
Alda M S Santos

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