CENAS DA CIDADE
Burburinho de gente na estação do metrô
Corre e corre para pegar o ônibus integração
Trem lotado, perfumes misturados, smartphones
Alguns conversam, um casal abraçado, um senhor idoso, de pé, é ignorado
Entra e sai constante a cada estação
Uma multidão atravessa no semáforo aberto
Outros correm entre os carros mesmo
Caminho na larga calçada sem muita pressa
De um lado da avenida o Parque Municipal, árvores, lagos, brinquedos e edificações tombadas
No meio, o Ribeirão Arrudas canalizado, águas sujas
Do outro lado, prédios e mais prédios
Um ambulante vende loterias: “hoje é dia da sorte”
Outros vendem biscoitos, salgados gordurosos, variedades
Outro grita: “moça bonita que sorrir não paga…”
E a gente ri, não da piada antiga, mas da expressão do vendedor
Pessoas apressadas, umas sorriem, dizem bom dia
Outras ainda dormem nos bancos, ao lado de lixeiras
Enroladas em seus cobertores, provavelmente doações
Debaixo de árvores ou nos cantos das ruas
Ruas que são suas casas…
Bens públicos e bens privados usados inadequadamente
Tantos rostos, tantas histórias…
Vontade de perguntar a cada uma delas o que se passa
Mas eu também sigo, também tenho uma história, sou parte da cena da cidade.
Refletindo sobre a vida, entro no hospital, desejo “bom dia”
“Posso ajudar?”- um porteiro solícito pergunta
Quero gritar: “acordem todos”!
Mas falta-me a voz, a coragem
“Onde marco cirurgias”?
“Siga em frente, moça, até o fim”!
Parece profético!
“Pode deixar, seguirei…”- ele sorri
“Obrigada! Bom trabalho”!
“Boa cirurgia, Deus abençoe!”-alguém que não é indiferente.
Da janela do andar lá em cima observo as cenas da cidade…
Como será que somos vistos do Alto, por Ele?
Esse louco formigueiro humano disputando espaço
Atrapalhadamente, vivendo…
Alda M S Santos
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