METAMORFOSEANDO
Ela está ali, quietinha, ignorando o Carnaval
Abrindo suas asas coloridas devagarinho
Pedindo espaço para seu voo solo
Até ali foi aceitando as mudanças, sua essência
Ou será que se sentiu perder na ambivaléncia?
Ovo, lagarta, casulo, borboleta, metamorfose..
Lá fora há todo tipo de presas e predadores
Um mundo vasto, brilhante e colorido
Será que em algum momento cogitou desistir?
Lagarta faminta, se nutrindo, devorando folhas
Casulo escuro, corpo estranho, se modificando
O quanto será que foi assustador?
Seguiu o curso da natureza, deixou-se levar
Quis voltar atrás, ao início, não crescer, se rebelar
Ou conscientemente fez sua parte, sem acelerar?
Será quantas vezes se sentiu estacionada
Acreditando que a fase casulo estava demorada
Ou querendo ficar ali para sempre fechada
Reclusa naquele mundo escuro e apertado?
Nossas metamorfoses também são assim
Há alegrias e dores, dúvidas e certezas
Mas a vida se impõe quase sempre, felizmente
Lá fora muitas vezes o Sol brilha ou chove
E quando não for assim, já sabemos que há fases escuras
E que há transmutação, metamorfoses
E está tudo bem querer estar quieto e só, se fortalecendo
Até ter vontade de ir lá fora inspecionar o tempo
Para seguir nos abrindo para o voo, solo ou acompanhado
E quem quiser, será bem-vindo para nosso lado…
Alda M S Santos
FORMATAR ESSE HD
Onde será que está a falha
Tem que haver uma nessa batalha
Será a falta de uma educação de qualidade
Que tenha história e profundidade?
Será que a falha está na família
Na igreja, na sociedade, nessa matilha
Que não aprende e não ensina a lição
Dos maiores erros humanos como nação
Inconcebível que haja apologia ao nazismo
De fora da ilha dá pra ver todo o ostracismo
Nossa vergonha maior como humanidade
Achar-se melhor, ter sobre outros superioridade
Excluir, destruir,, humilhar, torturar e matar
Meu Deus, não dá para sequer imaginar
Que alguém tenha isso como convicção
É, o mundo carece de intensa renovação
Em tempos em que tudo parece distorcido
Valores falhos, mentiras, mundo sofrido
A tecnologia em alta, humanidade em baixa
Vamos formatar o HD, reiniciar, passar borracha
Alda M S Santos
DEIXE DEUS AGIR
Inspira, expira, deixe a paz em circulação
Entra e sai… entra e sai…no e do coração
Troca de oxigênio e gás carbônico
Antes que o mal se torne crônico
Em que momento começou a dar errado
Dá vontade de esquecer, não deixar parado
Inspira fundo, outra vez, expira devagar
É bom a gente ativar a alegria, contaminar
Pedimos paz, sabedoria, sem violência
Que Jesus cubra o Brasil de amor e resiliência
Que vejamos o outro, sem prepotência
Inspira, expira, inspira, expira, não conspira
Respeito, amor e fé e a roda da vida gira
E Deus agirá em nós, na verdade, sem mentira
Alda M S Santos
NESSE TREM…
No trem da vida há gente como a gente
Mas também há gente bem diferente
Há quem veio para uma longa viagem
E há quem desça à primeira triagem
Há quem senta todo o tempo ao nosso lado
Há quem nem esquenta lugar, fica no passado
Há passageiros indo e vindo a cada estação
Há quem se alegre e quem chore na (des)embarcação
O trem da vida é como se fosse um grande coração
Acolhe a todos por amor, amizade ou compaixão
Aberto a quem quiser entrar e ficar
Respeita a todos, entende o desejo de mudar
A viagem desse trem não tem ponto final
Somos todos viajantes por aqui, afinal
O bilhete de viagem já tem a data de desembarcar
Na hora certa saberemos em qual lugar
Alda M S Santos
A SALVO
Sempre buscamos estar a salvo por aqui
Protegidos e amparados para prosseguir
Encontrar em algo ou alguém
A delícia da paz, do amor também
Poder no cansaço ter onde se aconchegar
Um colo, um abraço, um beijo, um olhar
Uma palavra amiga, de total compreensão
Nesse mundo que muito nos lança na contramão
A natureza é bênção, é linda, é admirável
Mergulhar nela é mergulhar em si, no inimaginável
E, talvez, perceber o viver mais agradável
Ela nos permite estar a salvo em qualquer estação
Nos remete ao interior, ao coração
Quem atender ao chamado encontrará salvação
Alda M S Santos
EDUCAÇÃO LIBERTADORA
Ele acreditou na capacidade do ser humano sempre aprender
Ele afirmou que há aprendizado recíproco no ato de ensinar
Divulgou e defendeu a educação, um exímio intelectual
Sempre a apontou como o melhor meio de justiça social
Filosofou e intelectualizou a Pedagogia do Oprimido
Acreditou na capacidade de cada um construir seu saber
Sem eliminar o que puder do outro receber
Apenas incentivando a disposição interna e a individualidade
Freire responde pelo que há de mais democrático na intelectualidade
Para ele não há saber superior, apenas saberes diferentes
Todos aprendemos na troca constante ou intermitente
A máxima de Freire: a leitura do mundo precede a leitura da palavra
Ou seja, a leitura de nós mesmos e do outro é essencial
A qualquer um que pretenda crescer, modo gradual
Ninguém é superior a ninguém, isso é pontual
Mas, mesmo o.contrariando, Paulo Freire é sabedoria sem igual
Alda M S Santos
SARAU CENTENÁRIO DE PAULO FREIRE
QUAL SUA NATUREZA?
Olho para o céu, tão negro, tantos pontinhos brilhantes
Estrelas que estão a anos-luz de distância, piscantes
E ainda irradiam brilho, luz, magia
Encantam, atraem, seduzem, são pura energia
Tão poderosas, mas para se mostrarem precisam da escuridão
Fico a imaginar o quanto de força e brilho em nós
Está lá dentro aguardando para desatar nós
Quando tudo parecer escuro ou solitário cá fora
A luz que se evidencia na escuridão
A própria companhia que nos acolhe na solidão
A sabedoria que brota na dureza do chão
O amor que chega ou vai embora a cada estação…
As estrelas estão no meu céu agora
Mas em algum lugar há sol nessa hora
Ou o céu está tristonho, nublado
Ou a chuva cai, torrencial, tempo fechado
Mas o que vale lembrar é que as estrelas estão lá
E quando tudo estiver bem escuro
É o momento de deixarmos que brilhem
E extrair e contemplar o melhor dessa beleza
Do céu, lá de fora ou de nossa própria grandeza
E em você, há sol, estrelas, chuva, qual sua natureza?
Alda M S Santos
INTUIÇÃO
Aquela intensa e contínua sensibilidade
Sempre a alertar, despertar a curiosidade
Tornar alerta, avaliar a credibilidade
Sexto sentido, intuição ou mediunidade
Uns dizem que o santo não bateu
Que o sinal vermelho acendeu
Quando é assim, aprendi, sou mais eu
Acredito no que em mim nasceu
A vida tem meios de nos alertar
Aos pouquinhos sabe nos orientar
E o melhor caminho irá nos apontar
Basta não ignorar os contínuos sinais
Por mais insignificantes, não são banais
Corpo, mente, coração, juntos são sensacionais
Alda M S Santos
RODA PIÃO, BAMBEIA PIÃO
Somos piões sendo por outros girados
Pelas mãos de alguns somos balançados
Ficamos rodando, rodando, sendo forçados
Até pararmos no próprio eixo, avariados
A vida pede luta, pede análise, pede calma
Tanto por fazer, precisamos paz na alma
Urge ter sabedoria, buscar informação
Saber quem nos comanda, exige nossa atenção
Queremos o bem, a harmonia, a paz, afinal
Mas estamos sendo sacudidos num vendaval
E o pião vai girando desgovernado, sem final
Todo cuidado é pouco para não cairmos na tentação
De agir contra o que acreditamos, ferir nosso coração
A luz deve sempre prevalecer, seguirmos em evolução
Alda M S Santos
TENHO MEDO…
Esse mundo anda tão estranho, tão assustador
Muito humano sendo usurpador
De direitos, de vontades, espalhando dor
Tenho medo de tanta gente do mal, sem pudor
A noção do certo e do errado está distorcida
Só se vê uma longa e desfreada corrida
Para ver quem ao outro se impõe
E seu modo de ser e viver se sobrepõe
Relações de mentira, muita insanidade
Ameaças, medos, sobra maldade
Aprisionamento, exclusão, falta autenticidade
A vida pede sabedoria, pede verdade
A Deus clamamos por bênçãos e bondade
Que possamos crescer em paz e liberdade
Alda M S Santos
O USO DO CACHIMBO
O uso do cachimbo faz a boca torta
Para o bem ou para o mal, quem se importa?
Na visão do vício pelo tabaco, pelo fumo
Já é sabido que faz mal, não me acostumo
Numa visão mais ampla e genérica
Há muitas coisas tortas, homéricas
Cada um sabe o tanto que é nocivo
O mal uso que se faz do que parece atrativo
Tudo que é excessivo faz mal
Bom mesmo é saber dosar, ser racional
Ainda que seja algo muito emocional
Se for para entortar ou endireitar
Que seja por atos de amor e compaixão
Um vício cujo uso faça bem ao nosso irmão
Alda M S Santos
ENQUANTO SEU LOBO NÃO VEM
“Vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem”
Onde há “lobos” mais malvados e perigosos
Que podem matar, ferir, deixar doente
Onde é a floresta em que há mais meliante
Na mata, na selva de pedra, ou dentro da gente?
Que fazer, correr, fugir ou enfrentar
Mostrar a ele qual é o seu lugar?
As florestas verdes são menos perigosas
São o que são, não falseiam, não enganam
Saber o que esperar é luta justa
Quando não enxergamos o mundo tão cor de rosa
Mas uma coisa é certa, clara, cristalina
Quando se sabe bem a fome de seu lobo interior
A força que tem, a coragem, a sensibilidade
O Calcanhar de Aquiles, a fragilidade
Sao facilmente domados os lobos do exterior
Vamos passear na floresta?.
Alda M S Santos
PERDÃO
Uma das maiores virtudes, prova de nossa evolução
É saber perdoar nos outros sua imperfeição
Aqueles que nos envolvem em suas malhas
Desculpar, deixar seguir e nos manter distantes de suas falhas
Mas importante mesmo e nem sempre tão fácil
É perdoar em nós mesmos as más escolhas
Os caminhos escuros, nem sempre retos
Nossas fragilidades, nossos desejos tão incertos
Culpa pesa, remorso idem, a dor sobrecarrega
É sabido que autopunição atrasa, ninguém nega
Deixar para trás o que nos paralisa
E buscar no hoje, no agora, o que nos avaliza
Essa é a sabedoria que o viver exige
A vida nos oferece opções variadas
Cabe a nós mesmos fugir das ciladas
Olhar com olhos de amor e perdão para si
É saber que o passado se foi, deixou lição
E o futuro chega sempre, está logo ali
Perdoe, perdoe-se, olhe ao longe
O sinal da vida está aberto!
Alda M S Santos
VIRTUDES E DEFEITOS
Quais minhas mais belas virtudes
E meus mais desastrosos defeitos
Será que consigo ressaltar o que é bonito
E apagar aos poucos o que traz atrito?
Qualidades nos fazem ser admirados
Defeitos nos repelem, nos olham de lado
Posso adquirir uma virtude com o tempo
E melhorar o que não está a contento?
A vida ensina, as experiências também
Na alvorada o Sol renasce, faz o bem
Em cada raio de luz é vida renovada
É sabedoria para enfrentar qualquer parada
Posso sempre evoluir, isso é certo
Ser meu melhor a cada dia, coração liberto
Para cada defeito que me desagrade
Te darei em dose dupla uma bela qualidade
Alda M S Santos
NÃO É SORTE!
A mim dizem que é sorte
O acaso que agiu a favor
Mas ao avaliar o empenho empregado
Afirmo que conquistei tal valor
Insistem que sou mulher de sorte
Esse adjetivo não é o mais adequado
Lutei, busquei, confiei, conquistei
Nada foi subtraído ou roubado
Prefiro dizer que meu mundo foi abençoado
Podem afirmar que é sorte
Mas melhor acreditar que é dedicação
Um tanto de trabalho e amor
E coragem para enfrentar qualquer atribulação
Sorte ou azar são obras do acaso, da dúvida, do temor
Bênção é obra da fé, do trabalho e do amor
Não é sorte, é Deus!
Alda M S Santos
PÉTALAS CAÍDAS
Um lindo jardim, um maravilhoso e colorido roseiral
Rosas em botões ou abertas enfeitando o quintal
Algumas já murchando, pétalas caindo
Se desfazendo, para onde será que estão indo?
Aos seus pés, bem junto à raiz, pétalas vão repousar
Cumpriram sua missão de embelezar e perfumar
Ali pelas intempéries serão consumidas
Pelo frio, vento, chuva, sol abastecerão a raiz, novas vidas
Nada se perde de nossas pétalas que caem, elas têm seu papel
São nossos momentos passados, ainda que pareça cruel
Elas alimentam e adubam nosso hoje, nosso amanhã
Mostram-nos que a esperança nunca é vã
Essa circularidade de vida, de momentos a sentir
Uns chegando, outros passados, outros por vir
São a certeza que há razão em todo existir
E que também há emoção, coração, não dá para desistir
Alda M S Santos
EVOLUIR SEMPRE
Nessa vida de comandantes e comandados
Estamos sempre a mudar de posição, de lado
Importante é saber como melhor agir
Sempre no e pelo bem seguir
Quando comandante ser amor, ser luz
Ser a paz, o caminho, a direção que melhor conduz
Quando comandado ser bondade e humildade
Ter sabedoria, discernimento e liberdade
Bom ter claro nossa responsabilidade
Em qualquer lado deixar de fora a vaidade
Entender que estamos aqui para evoluir, essa é a verdade
Se errar, consertar, se cair, levantar
Sempre guardar bem, a lição registrar
E eternamente ao Alto agradecer e orar
Alda M S Santos
MUNDO DIFÍCIL
Há por aqui gente de todo tipo
Em diferentes fases de evolução e aprendizado
Há quem se doe, seja crédulo, ajude
E há quem não saiba sequer ser amado
Há quem veja sempre o lado bom das pessoas,
Sabe ser carinho, acolhimento e respeito
Mas há quem não entenda esses sentimentos
E queira sempre tirar proveito
E a balança está sempre a oscilar
Crédulos, descrentes e aproveitadores
Em quantos ainda podemos confiar?
Inspirar esperança,, não deixar de acreditar
Pois quando se perder a fé na humanidade
É jogar a toalha antes da luta terminar
Alda M S Santos
LEITURAS
Há leituras e leituras…
Há quem leia um poema e se emocione
Há quem leia uma capa e se admire
Há quem leia um número e racionalize
Há quem leia apenas palavras e viaje
Há quem leia um corpo e se encante
Há quem leia um olhar e ali se perca
Há quem leia um toque e retribua
Há quem leia um abraço e devolva
Há quem leia um sorriso e se ilumine
Há quem leia a distância e a percorra
Há quem leia o silêncio e grite em resposta
Há quem leia uma dor e se solidarize
Há quem leia uma lágrima e a enxugue
Há quem leia uma saudade e vá nela morar
Há quem leia mais uma história fictícia e desista
Há quem nessa história se encaixe e insista
Há quem leia um momento doce e se lambuze
Há quem apenas decifre códigos gráficos
E há quem leia e interprete tudo isso
De acordo com suas vivências…
Como você me lê, lê os outros?
Alda M S Santos
DÚVIDAS E CERTEZAS
Há tantos medos, dores, inseguranças
Tantas dúvidas, falta o chão, falta esperança
As certezas nem sempre trazem bonança
Confiar anda difícil em meio a tanta lambança
Nosso planeta passa por grandes provações
Nós nos metemos em grandes atribulações
Criamos nosso caos, nossas tentações
Perdidos ficamos, tentando fugir dos furacões
São várias as opções e caminhos
As encruzilhadas são verdadeiros descaminhos
Tantas vezes só queremos a proteção de nosso ninho
Urge saber a hora certa e como nos proteger
De lutar, enfrentar, não nos esconder
A mudança precisa vir de nós, se quisermos vencer
Alda M S Santos
NA GUERRA OU NA PAZ
Em tempos de guerra foge-se de campo aberto
Soldados expostos assim seriam alvo certo
Protegem-se na mata em fardas camufladas
Ou escondidos atrás de barricadas
Nas lutas da vida não é diferente
Tenta-se a todo custo ser previdente
Não expor seus ataques ou defesas
Para não ser preciso virar a mesa
Mas é fundamental saber quando recuar
Pois a vida muitas vezes se impõe
Sábio é quem aceita, não se interpõe
Chegará a hora de avançar
A vitória pode vir para quem souber esperar
E não desanima, sabe seu potencial valorizar
Alda M S Santos
CURAS
Somos como uma casa cheia de remendos
Trincas abertas, fechadas, cicatrizes e fendas
Troca daqui, troca dali, põe, repõe, substitui
E a casa fica com uma aparência de nova
Só quem nela mora sabe de todas as reformas
Cada base reconstruída, vigas levantadas
Estrutura a duras penas renovada
Como nossas dores, alma machucada
Lágrimas molhando a massa da nova fachada
Amizades substituindo amizades falidas
Amores curando feridas de outros amores
Brilhos e sorrisos eliminando medos e dores
A vida se renovando em novos jardins, novas flores
Medicamentos que vão tratando corpo, alma, coração
Só não dá pra ficar dependente, não
Remédio bom, que cura, ilumina, vitaliza
Não pode escurecer ou matar um coração…
Alda M S Santos
AGRURAS DA MALDADE
Somos muito mais fortes que pensamos
Deus nos fez assim, aparência de flor
Delicadeza de pétala de rosa, suavidade
Perfume, encanto, aparente fragilidade
Mas é falácia, pura ingenuidade
Somos santidade ou somos o profano
Depende de quem em nós se fizer engano
Somos a textura da pétala ou o espinho da rosa
Somos meninas, moças, somos mulheres!
Se não conquistamos nosso espaço pela delicadeza
Deus nos deu espinhos para nossa defesa
Roseirais aguentam a chuva, o sol, o vento
Podem perder pétalas, botões, ser sofrimento
Mas se juntam, se alinham, se protegem
Perder uma pétala, um botão, uma rosa
Não diminui em nada o roseiral
O essencial está enraizado, forte
Regado nas noites de sereno e lágrimas, sem norte
O que se perde por ação da natureza
Ou até mesmo ação humana, malvadeza
Volta para a terra e será adubo, nutrição
Volta para a alma, será motor para o coração
A fortalecer o que houver de bom, ser renovação
Roseiras que foram podadas dão as mais lindas rosas
Mulheres que foram magoadas, feridas, decepcionadas
Em sua emoção cinicamente violentadas
Crescem, se fortalecem, brilham, engrandecem
O olhar delas é misto de delicadeza, força e superação
Não será qualquer um que poderá derrubar esse roseiral, não
Rosas e mulheres podadas se abrem novas para a vida
Preparadas para o caminho, o amor, a lida
Nada segura uma mulher consciente de sua força e fragilidade
Que venceu e se fortaleceu nas agruras da maldade!
Alda M S Santos
LÁGRIMAS
Há quem diga que só choro alto alivia
Mas de todo tipo pode ser um pranto
Aquele apertado na cama macia
Ou o que quietinho se esconde num canto
Há choro doloroso debaixo das águas do chuveiro
Ou aquele que incha o rosto inteiro
Também pode ser caminhando na chuva
Para com ela se misturar sem guarda-chuva
Todo choro, escandaloso ou contido
Nunca deixará de ser sofrido
O que todo pranto busca é um abrigo
Quem muito viveu essa lição aprendeu
Todo mundo um dia um choro escondeu
Mas, cedo ou tarde, um sorriso apareceu…
Alda M S Santos
REFLEXOS DA ALMA
Sabe aquele olhar do qual você não consegue desviar
Ou aquele que, ao contrário, você não consegue enfrentar?
Devem-se à intensidade de sentimentos nele contidos
Olhares são reflexos do que vai na alma
São luz ou escuridão, toda a emoção
Nada escapa a um olhar atento
O que vai no outro olhar de sentimento
Falam de mágoa, de tristeza, falam de dor
Falam de alegria, de desejo, falam de amor
Falam de esperança, de magia, falam da beleza da flor
Despertam a magia, acendem o calor
Podem provocar frio na barriga
Ou até criar uma briga
São diretos, certeiros, disfarçados ou sem pudor
Acabam com a letargia ou o torpor
São o modo que Deus criou
De nos fazer encontrar com quem Ele nos enviou
Para tornar nosso caminho mais suave
Enquanto estivermos por aqui nessa nave
Tentando ser e fazer feliz com um olhar que sorri
Que diz, “aconteça o que acontecer, estou aqui”
Que anda dizendo seu olhar por aí?
Alda M S Santos
QUAL A COR DO SEU AMOR?
Se o amor tivesse cor
Qual seria a cor do seu amor?
Seria branco feito a neve
Amarelo como o sol brilhante
Negro como a noite envolvente
Vermelho como coração pulsante
Ou seria confuso, furta cor?
Qual a cor do seu amor?
Rosado feito rosa acanhada
Verde feito mata na chuvarada
Magenta feito moça assanhada
Rubro feito desejo em noite enluarada
Negro feito olhos de prazer na madrugada
Qual a cor do seu amor?
O amor tem a cor da emoção
A cor de uma saudade que aperta o coração
A cor de um beijo ardente de tensão
A cor de todo o arco-íris quando há afinação
A cor de um sorriso de prazer
Por sentir-se do viver a maior razão
Amor é de toda cor
Amor é da cor do prazer
Da cor de toda pele que brilha
Pelo intenso prazer de viver!
Alda M S Santos
Dia da consciência negra
SEXTO SENTIDO
Além dos cinco sentidos tão conhecidos
Visão, audição, olfato, paladar, tato
Todos temos um sexto sentido
Uns dão atenção, outros não, é fato
É aquela intuição, que num momento paralisa
Que interpreta uma expressão, analisa
Que em segundos capta a atração, o amor
É também capaz de prevenir, afastar uma dor
A intuição é o sexto sentido que nos diferencia
Nos faz confiar um no outro, o olhar sentencia
Que nos faz agir por emoção, sentir a sintonia
A intuição nos faz selecionar uns entre bilhões
Nos faz amar, encantar, abraçar, nos atrair
Faz confiar, nos entregar, sem medo do porvir
Alda M S Santos
Tarde de poesias: sexto sentido
ESSA GENTE SIMPLES
Em cada cantinho um gesto dessa gente
Que mostra a simplicidade no jeito de ser gente
O jeitinho de sorrir e cumprimentar
A doçura do olhar e o modo de prosear
A disponibilidade sempre em ajudar
Podem estar lavando a toalha na pedra
Trançando os cabelos sentada no quintal
Dependurando roupas no varal
Ou servindo um almoço caseiro pro pessoal
Nunca deixam de atender aquele que chega
Abrem as porteiras da sua fazenda
Oferecem um pouco de sua merenda
Deixam você colher jabuticaba no seu terreiro
Pegam a escada, nada cobram, seria um exagero
Essa simplicidade no agir que encanta
Que faz dessa alma simples e acolhedora
A beleza dessa terra e dessa gente encantadora
Quanto mais simples, mais humilde, mais se doa
Deus colocou nesse cantinho só gente boa…
Alda M S Santos
SABEDORIA DA FLOR
Para tudo que se deseja conquistar
Há meios e meios de se alcançar
Há quem use espinhos para se defender
Outros a delicadeza para convencer
Nem sempre é certo que se chegará ao intento
Mas quem usa a sabedoria da flor a seu favor
Que quando mais apertada mais perfumada
Tem menos risco de sofrer nessa empreitada
Se há um caminho rápido, mais curto
Mas que põe a todos em surto, em exaustão
Não fará bem, será frágil competição
Se a estrada parece longa, demorada
Tente observar a natureza, a passarada
Algo de bom fará sua alma se sentir amada
Alda M S Santos
SUPER- HERÓIS
Queria ter essa fé nos super-heróis
Acreditar que nos salvam de todo mal
Que nunca seremos levados no vendaval
Que nos carregariam de volta ao nosso quintal
Queria ter essa fé nos super-heróis
Saber que estaria protegida
Num super abraço seria acolhida
Num intenso olhar seria entendida
Sentir que há alguém a nos amparar
Que das adversidades irá nos afastar
Que nada os impedirá de por nós lutar
Crianças, neles acreditamos piamente
Crescemos e os buscamos inconscientemente
Maduros, sabemos que os heróis vivem dentro da gente
Alda M S Santos
O QUE CABE NO CORAÇÃO
Que ficará na lembrança?
Agosto chegando, com o perdão do trocadilho
Não esteve muito ao nosso gosto não
Que ficará na lembrança, haverá esperança?
Rostos mascarados, olhos assustados
Abraços que não deu, pessoas que perdeu
Um refúgio em si mesmo que escondeu
Que você perdeu?
Nesse balanço da vida que pareceu tão fugaz
Houve algo para te trazer a paz?
Que fez de bom, cresceu, desenvolveu
Questionou se seria da humanidade o apogeu
Ou simplesmente não se importou, relaxou
Se entregou aos braços de Morfeu?
Teve piedade, compaixão, caridade
Entre as dores coração amoleceu ou endureceu
A vida continuou a ser um espetáculo
Ao qual você assistiu cansado , inerte
Ou levantou da cama, do sofá, lutou, agiu?
Que você perdeu?
Amizades, um amor, festas, trabalho
Foi grato às oportunidades ou se enfureceu?
Oito de doze, dois terços do ano se foram
Um vírus, uma pandemia, lições ficarão
Bom é ser o bem, fazer o bem, estender a mão
Manter só aquilo cujo valor cabe no coração…
Alda M S Santos
APRENDI
Aprendi a viver com a água encanada
Mas não perdi o gosto de no rio ser banhada
Aprendi a transitar em rua asfaltada
Mas amo em caminhos de terra fazer minha caminhada
Aprendi a viver de certa forma engaiolada
Mas minha alma se encanta com a liberdade da passarada
Aprendi a não temer o escuro da madrugada
Pois sei que Ele sempre manda a beleza da alvorada
Aprendi a conviver com alma machucada
Pois sei que cedo ou tarde estará cicatrizada
Aprendi a viver, às vezes, perdida nessa estrada
Pois acabo me encontrando quando me percebo amada
Aprendi por frascos ser dia a dia perfumada
Mas não o desejo de me perfumar na floresta encantada
Aprendi a ver a luz em ruas enfileirada
Mas nada se compara ao brilho de uma noite enluarada
Aprendi enfrentar as dificuldades de uma vida entrincheirada
Mas nunca saberei lidar com a vida que se faz desprezada
Alda M S Santos
QUARENTENA
Vou colocar um coração em quarentena
Isolado, afastado, separado para não (se) contaminar
Logo, logo ele se livra da pena
E poderá voltar a vibrar, a amar
Vou colocar um corpo em quarentena
Para acalmar músculos e nervos
A fadiga evitar, a inércia apagar
Em busca de uma vida mais amena
Vou colocar uma mente em quarentena
Descansar, renovar, reciclar, reavaliar
Evitar curtos-circuitos cerebrais
E voltar reenergizada, querendo mais
Vou colocar uma alma em quarentena
Apenas para ela acompanhar nessa missão
Um todo de corpo, mente, coração
E não deixá -los separados, sempre aliados
Vou colocar-me em quarentena
Para uma vida mais doce e plena…
Alda M S Santos
QUERO ACREDITAR
Quero acreditar que tudo vai passar
Que logo vou poder sair, trabalhar
Brincar, passear, abraçar, amar
Ter a “vida” de novo para me ocupar
Mas não quero que volte a ser como antes
Quero que esse medo de tudo perder
Tenha mudado algo dentro de cada ser
Que tenham acordado para o que vale a pena viver
Que aproveitemos a reclusão e introspeção
Para autoanálise, autocrítica e autoavaliação
Que tudo sirva de aprendizado e lição
Que tenhamos sentido a nossa fragilidade
Também a força que brota na necessidade
E a importância da compaixão e solidariedade
Alda M S Santos
MINHAS PEDRAS
Há coisas que devemos por bem compartilhar
Alegrias, amor, sorrisos, carinho
Coisas que fazem bem trocar
Também é bom, até necessário, falar, conversar
Desabafar, dividir com alguém as pedras do caminhar
Mas é importante também saber a hora de calar
Há pedras que podemos com o outro revezar
Outras são só nossas, não dá para repassar
Sob pena de o peso ser grande demais
Para que qualquer um possa carregar
Melhor deixar apenas as flores perfumar
As minhas, as suas, as nossas pedras
Um dia serão um belo calçamento
Onde desfilarão somente bons sentimentos
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
O SILÊNCIO
Nada diz mais que um bom silêncio
Aquele que sentamos conosco e nos passamos a limpo
Boas perguntas, respostas sinceras
Sem medo de sermos devorados por famintas “panteras”
Um auto divã, real, sem expectativas vãs
Quem sou, o que gosto, o que me incomoda
Porque me deixo girar nessa roda
Que aceito, o que permito, o que me deixa aflito
Quem amo, quem tolero, quem evito
O que me mantém por aqui, ativo, cativo
Silêncio lá fora, barulho cá dentro
Ele muito diz para quem se dispõe a ouvir
Ou para quem não tem com quem falar, para onde ir
Silêncio, conhecido também como solidão
Pode ser um grande amigo nesse mundo nem sempre irmão…
Alda M S Santos
QUISERA
Quisera ser uma fada e ter todo o conhecimento
Poderes do bem, do discernimento
Saber distinguir o que será de bom aproveitamento
E o que não irá trazer aborrecimento
Quisera poder afastar o mal com um simples toque
Despertar a todos para o bem, para a luz, sem choque
Não ser enganada, ter poderes sobrenaturais
Daqueles que nos fazem querer amar mais e mais
Quisera ser uma fada capaz de consertar o mundo
Colocar a Terra de novo nos eixos, em órbita
Despertar sentimentos nobres e profundos
Quisera ser uma fada, não ficar apavorada
Mas se conseguir a paz em minh’alma já estarei abençoada
Já poderei levar bons adeptos comigo nessa escalada
Alda M S Santos
UMA FADA ME DISSE
Um dia uma fada me disse
Que para ser feliz é preciso amor levar
Em qualquer situação, tempo ou lugar
Que tudo pode falhar, só o amor não pode faltar…
Ela é uma fada de grande coração
Sempre nos ensinando uma lição
O mundo precisa dar-se as mãos
Para, finalmente, serem mais irmãos…
A fada me fez ver a realidade
Que não devo me (pre)ocupar tanto com a humanidade
Se eu for carinho, luz, solidariedade
Já estarei agindo em nome da bondade
Fada é a luz da Natureza
E sempre encontra nela a maior riqueza
Aquela que nos aproxima de Deus, de Sua grandeza
Num encontro de rara e intensa beleza…
Um dia Fada Luz me falou
E seguindo seus passos estou…
Alda M S Santos
COMO É POSSÍVEL?
Como é possível, ao mesmo tempo
Estar tão perto, estando tão longe
Estar tão longe, estando tão perto
Estar tão dentro, sem haver cabimento
Como é possível, ao mesmo tempo
Ser tão doce sorriso, escondendo amargas lágrimas
Ser tão acolhedor colo, estando carente de aconchego
Ser reflexo de si mesmo, de tão brilhante luz,
Tendo apenas uma faísca acesa
Como é possível, ao mesmo tempo
Ser o amor em meio a tanta indiferença
A esperança em meio a dolorosa ingratidão
A paz em meio a tanta maldade e confusão
Como é possível, ao mesmo tempo
Ser o norte quando se está perdido
O recomeço depois de haver desistido
A continuidade de um viver intenso, meio sofrido
Quando sabemos que a qualquer hora
Seremos pelo tempo engolidos, consumidos?
Como é possível?
Alda M S Santos
MINHA POLÍTICA
Não, eu não discuto política
Ela me entristece, magoa, fere, me tira do eixo
Faz-me perder as esperanças num mundo melhor
Prefiro viver a política como posso: agindo
Tentando ser a leveza onde tudo pesa
A balança para equilibrar desigualdades
A mão que se estende a quem está só
O colo que abraça e acolhe quem está perdido
Mesmo que eu mesma precise de colo também
Que chore, perca as esperanças ou a fé
Que também ache que não tem mais jeito muitas vezes
Agindo como posso na posição que estou
Não gosto de radicalismos
E é só isso que tenho visto em ambas as partes
Óbvio que tenho minha posição
Eu sou pelo amor, sempre
Eu o utilizo como minha régua, minha ferramenta
Minha medida para qualquer coisa ou situação
“O quanto há de amor nisso?- sempre me questiono
Avalio a qualidade das pessoas pelo amor
Ele me permite ter a tolerância suficiente com os diferentes
Ele me permite tentar entender quem pensa diferente de mim
Ele me ajuda a olhar pela perspectiva do outro
Ele me faz questionar até que ponto estou certa
Minha política é viver o amor, levar o amor
Portanto, sou contra qualquer exclusão, de qualquer tipo
Minha política é amar e fazer o bem, sempre
Qualquer coisa que fugir a isso, não me interessa
Não terá meu apoio ou aprovação!
Qual sua medida, sua régua?
Alda M S Santos
EM PRETO E BRANCO
Muitas vezes sou cor, multicor, sou arco-íris
Noutras sou preto e branco
Nuances de cinza, em sombras
Há quem me veja só em cores
Brilho, sorrisos, flores e amores
E me ignore quando preto e branco
Quando saudade, dor, lágrimas e apatia
Sou assim, essa mistura, essa aquarela, essa energia
Mas nenhum arco-íris surge antes da tempestade
Sem a chuva, o cinza , o medo não há magia
Só merece o brilho e intensidade das cores do arco-íris
Quem soube aceitar, lidar com o cinza, ser sintonia
Das próprias tempestades e ventanias
E não fugiu dos vendavais dos outros
Soube ser cais, ser porto
Daqueles que fazem nosso clima mais ameno
Em qualquer tempo, cor ou intempérie…
Como você se vê, me vê?
Alda M S Santos
A GENTE COMBINA…
Vento que uiva, que canta
Fala baixinho, sussurrando
Ora grita, nervoso, intenso
Traz e leva pensamentos e desejos
Vento que passa veloz
Muda o plano de voo das aves,
Traz consigo tempestade atroz
Balança galhos das árvores
Que se curvam ao seu poder
E, resilientes, retomam seu prumo, até sem querer
Vento que acaricia feito brisa suave, que atiça
Que arrepia cada centímetro da pele, que enfeitiça
E que esquenta corpo e alma, lá dentro, bem fundo
Ou que, devastador, gela tudo em nosso mundo
Vento que chega sem qualquer aviso
Deixa em alvoroço rios e mares, impreciso
Pega toda a gente desprevenida
Correndo em busca de boa guarida
Ou se entregando a ele, sem saída
Vento que vem e que vai
Uma hora a gente combina direitinho
Quem sabe a gente não vai juntos pro mesmo caminho?
Alda M S Santos