ENTRE TODOS OS CAMINHOS
Muitas vezes parecem haver inúmeros caminhos
Noutras sequer um se descortina, ficamos sozinhos
Tantas vezes nas rotatórias da vida
Perdemos o ponto, a hora, não vimos a saída
Ora há retas longas e intermináveis
Em declives e aclives inimagináveis
Ora a todo tempo há várias bifurcações
Vontade de sentar e esperar mais provisões
Há momentos em que seguir cansa
Bate uma vontade de desistir dessas andanças
Ou de fazer novos tratos, algumas alianças
Sejam quais forem as nossas opções
Vale sempre observar bem nossas emoções
Pois são elas que apontam as melhores direções
Alda M S Santos
LINHAS TORTAS
“Deus escreve certo por linhas tortas”
Será algo sem saída, fechamento de portas
Ou um novo caminho que se descortina
Abrindo nossa visão, iluminando nossa retina?
As linhas são tortas ou nossa visão é deturpada
Será que há à frente uma estrada encantada e iluminada
Em belas e longas curvas delineada, disfarçada
E a gente só enxerga escuridão, encruzilhada?
Quero transformar as linhas tortas do meu papel
Em belas gaivotas a namorar sob meu pincel
E acreditar que posso desenhar de novo nesse céu
Quero que as linhas tortas, curvas ou retas
Sejam para mim a maneira mais bela e certa
De me encontrar no amor nessa vida tão incerta
Alda M S Santos
PELA ESTRADA AFORA
“Pela estrada afora eu vou bem sozinha”
Vamos caminhar nessa estradinha?
Caminho do rio ou da floresta?
Para todo lado há lobos maus
Nem sempre dá para fazer a festa
Mas a magia do caminhar é sensacional
Vão em frente Chapeuzinhos e vovozinhas
Tentando escolher o melhor caminho
Em busca de seus doces, oferecendo suas doçuras
Fugindo do mal, das amarguras
Muitas vezes o coração é que é deserto
Mas cada qual segue sua sina, sua trilha
Sabendo que o mal pode estar por perto
Mas confiante que o bem também, por certo
Por vezes, fazem algumas travessuras
Afinal, o quadro da vida pede variadas pinturas
Seguem Chapeuzinhos, vovozinhas e lobos
Bons ou maus… aprendendo, afinal
Ora se cruzam, ora seguem em paralelas
Buscando o que há de bom por aqui
Até chegar à tardinha, ao sol poente do existir
E junto à própria consciência, feliz e contente, dormir…
Alda M S Santos
NÃO VOU SÓ
Não vou só por esses caminhos
Carrego lembranças de muitos carinhos
Menina, moça ou uma (in)segura mulher
Fragilidade e força para o que der e vier
Não vou só nessa viagem
Atenta, encanto-me com a paisagem
Se o que se apresenta é a solidão
Visto-me de sonhos, acalento do coração
Não vou só nessa jornada
Acompanha-me a fé, sou abençoada
Entre tudo e todos estou amparada
Não vou só nessa travessia
Em busca do bem, da alegria
Vou fazendo versos, espalhando a poesia
Alda M S Santos
POR ONDE TENS ANDADO?
Por onde tens andado?
As estradas nem sempre são planas ou belas…
Que caminhos tens trilhado?
As trilhas, muitas vezes, têm bifurcações confusas…
O que tens plantado?
As sementes nem sempre são boas ou as terras férteis…
O que tens colhido?
A colheita nem sempre é farta ou digna…
Mas, mais vale com quem se anda
Com quem se planta e se cuida
E com quem se partilha a colheita…
Os pés podem estar sujos dos caminhos incertos
As mãos machucadas pela colheita mirrada
Mas o coração precisa estar limpo e puro
Recheado de bondade, amor e compaixão
A alma repleta de luz a iluminar nossos caminhos
E, se não iluminar, ao menos não criar sombras nos caminhos dos outros
São coração e alma que mostram os caminhos que trilhamos
Mesmo que nem sempre haja flores ou belas paisagens,
Podemos vislumbrar um jardim, um oásis…
Por onde tens andado?
Alda M S Santos
ONDE VOCÊ QUER FICAR?
Na vida há cobertor que não aquece
Água que a sede não mata
Abraço que a dor não amortece
Amizade que nó não desata
Há estrelas que não amenizam a escuridão
Sol que não ilumina nosso caminhar
Saudades que nos tiram o chão
Rios que não chegam ao mar
Há males que não nos deixam arredar pé
Há compaixão para a alguém estender a mão
Também tem energia que nasce junto da fé
E sabedoria ao tocar com delicadeza um coração
Na vida há também luz que vem de dentro
Amor que nos põe no centro
Calor que brota e alastra da alma parceira
Beijo que aquece a vida inteira
Na vida há todo tipo de lugar
Só precisamos saber onde queremos ficar…
Alda M S Santos
UMA LONGA ESTRADA
Uma longa estrada pela frente
Música no ar, muita coisa na mente
Dirigindo, sem rumo, seguindo
Apenas deixando o tempo passar, fluindo
Desejo de apenas deixar-se levar
Nas estradas de terra, no ar
Num barco, nas ondas do mar
Na imaginação, um bom lugar, talvez ficar
O pôr do sol ao longe observar
Querendo também com ele se esconder
Nascer noutro canto, além-mar
A vida pede ou cede passagem
Não sabe, apenas segue viagem
Ora no centro, ora à margem
Alda M S Santos
SEM RUMO
Sem rumo, sem prumo
Tentando fazer um resumo
Dessa história, obra aberta
Querendo fazer a escolha certa
Sem rumo, sem prumo
Sem rota ou plano de voo
Apenas voando, sem direção
Pés em falso, fora do chão
Sem rumo, sem prumo
Em sonhos flutuando
Em versos mergulhando
E a vida… passando
Falta o ar, falta o chão
Tantas vezes, falta motivação
Mas a gente segue em frente
Sendo luz, vencendo a escuridão
Alda M S Santos
ANDANÇAS
Andei por caminhos desconhecidos
Tive medo, me acovardei
Quis voltar, desistir, chorei
Mas a esperança prevaleceu, enfrentei
Andei por caminhos estreitos, esburacados
Tentei não cair, carregar os fardos
Nem sempre leves, enfrentando o cansaço
Buscando o refrigério de um abraço
Andei por caminhos floridos
Intenso perfume, coloridos
Sentindo de Deus o cuidado, o abrigo
Em cada passo protegida do perigo
Andei por caminhos de amor e compaixão
Olhei para o lado, vi meu irmão
Seguimos juntos, mãos dadas
Tornando mais fácil nossa caminhada
Alda M S Santos
SIGO A LUZ
Não importa se o caminho é longo
Se está complicado prosseguir
O cansaço assume, não deixa fluir
Sigo a luz..
Quando não consigo acreditar
Que tudo isso irá passar
E poderemos de novo nos abraçar
Sigo a luz…
Quando o brilho do Sol é insuficiente
A escuridão da noite é persistente
E fica impossível ser bom previdente
Sigo a luz…
Quando o amor é mais dor que calor
Quando o jardim já não tem mais flor
E tudo parece querer nos indispor
Sigo a luz…
Só a luz renova a energia
Só a luz promove a magia
Só a luz de Deus em nós, só ela
É capaz de em nós ser o guia
Sigo essa luz…
Alda M S Santos
MUITOS CAMINHOS
São muitos os caminhos, os sonhos
Ora são lindos, prazerosos, ora medonhos
Cabe a nós fazer a melhor escolha
Nos mover, sair feliz dessa bolha
Num eterno ir e vir, cair, seguir
Desejamos ser amor, nunca desistir
Nos alegramos, decepcionamos
Erramos, assumimos falhas, perdoamos
De encontros se faz o viver
Amizades, amores, relações de prazer
Somos da vida a civilização
E tantas vezes disso abrimos mão
Mas a cada dificuldade, um aprendizado
A cada tombo, um levantar mais animado
A vida é de quem não fica parado
E busca seu sonho, mesmo amedrontado
Alda M S Santos
ELA CAMINHA PELA VIDA
Ela caminha pela vida vestida de saudade
Saudade de tempos que não sabe bem definir
Talvez em que fosse mais real um sentir
Ou um desejo grande de fazer sorrir
Ela caminha pela vida vestida de brisa
Ora suave, leve, refrescante
Ora quente, envolvente, vibrante
Abraçando os sonhos, amante, delirante
Ela caminha pela vida vestida de amor
Transita em jardins, colhendo flor
Querendo ter asas como borboletas
Ou sendo a rosa daquele beija-flor
Ela caminha pela vida vestida de Lua
Só brilho, eclipses, fases
Corpo entregue, alma nua
Doce vida, belos sonhos em tons lilases
Ela caminha pela vida…
Alda M S Santos
ATALHOS
Buscamos muito por atalhos
Por caminhos mais rápidos
Sem saber que tantas vezes
A longa estrada é que faz viver
Nos atalhos queimamos etapas
Não aspiramos as flores que perfumam
Não ouvimos o cantar dos pássaros
Não amamos sob as estrelas que iluminam
Não recebemos o sol que nos aquece
Ou a brisa cálida que nos enternece
Queremos chegar logo, atalhar
Para o objetivo logo alcançar
Não quero mais atalhos!
Quero trilhar o caminho mais longo
O destino final todos sabemos
Urge aproveitar os beijos e o dar-se as mãos
Abraçar a vida que se apresenta nessa estrada
Entre a aurora e o anoitecer
Quero mesmo é poder viver
Acolhendo tudo com prazer
Lágrimas, sorrisos, beijos, flores
A doçura da vida, dos amores
Não quero atalhos!
Alda M S Santos
ACENDA SUA LUZ
Se o caminho tem muitos pontos escuros
Seus planos estão cheios de furos
Há poucas pontes, muitos muros
Acenda sua luz!
Se a tristeza quer tomar conta
Tanto pesadelo que amedronta
Ser feliz ja é quase uma afronta
Acenda sua luz!
Se lá fora está muito nublado
Não se vislumbra um dia ensolarado
Querem te tornar desanimado
Acenda sua luz!
Alda M S Santos
ILUMINANDO
Sigo iluminando os caminhos pelos quais eu passo
Um esforço a mais para manter a esperança eu faço
Não dá para caminhar na escuridão
Não dá para viver sem luz no coração
Procuro voar, ainda que na aeronave da imaginação
Ou nadar nas águas profundas de minha emoção
Abasteço com o combustível de boas lembranças
De um viver de alegrias e muitas andanças
A vida vai se fazendo, estejamos inertes ou agindo
Marcas vão sendo em todos impressas
Em muitas almas tantas vezes controversas
Quero me encontrar em mim,
Preciso não me perder nesse louco motim
Por uma vida que faça sentido do inicio ao fim …
Alda M S Santos
UM NORTE
Pode haver coisa mais linda
Que uma estrada assim tão colorida
Cheiro de mato, de terra molhada
De uma vida que segue, não fica parada?
Verde em vários matizes, brilhantes
Aromas da natureza, marcantes
Sons que acalmam, energizantes
Cachoeira que seduz, atraente, hipnotizante
Não importa se há bichos
Eles fazem parte do encanto
São natureza viva, cada qual em seu canto
Há quem goste, há quem desgoste
Há quem fique totalmente perdido
Há quem encontre aqui o seu norte
Alda M S Santos
SIMPLESMENTE, IA…
As árvores passavam rápido lá fora
Um vento gostoso entrava pela janela
E bagunçava todo o cabelo dela
Uma música alta tocava ali atiçando a coragem
Pisava fundo, subia, reduzia na banguela
Quanto mais seguia, mais caminho surgia
E ela dirigia meio sem saber para onde ia
Simplesmente, ia…tinha que ir, disso sabia…
Algo estranho a impulsionava, nada a impedia
Ora sol, ora chuva, sempre a música a embalava
Que buscava?
Não sabia, simplesmente ia…
Quando chegasse, saberia, ou regressaria…
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
POR ONDE EU FOR
Sigo por aí parecendo muito certa de meus caminhos
Dos entroncamentos, das vias esburacadas
Dando de cara com gente má e bons anjinhos
Nas ruas sem saída e grandes encruzilhadas
Não consigo fugir de mim, deixar nada para trás
Por onde eu for, nas costas e na alma, levo bagagem
No coração quem me amou, quem amei
Nessa vida especial, minha grande viagem
Vão comigo as lembranças das lágrimas derramadas
Toda a tristeza e dores já acalmadas
O aprendizado que trouxe de toda vida aproveitada
Mas por onde eu for, certa do caminho ou não
Levo comigo tudo que sou, toda emoção
Disso nunca conseguirei abrir mão
Alda M S Santos
A GENTE COMBINA…
Vento que uiva, que canta
Fala baixinho, sussurrando
Ora grita, nervoso, intenso
Traz e leva pensamentos e desejos
Vento que passa veloz
Muda o plano de voo das aves,
Traz consigo tempestade atroz
Balança galhos das árvores
Que se curvam ao seu poder
E, resilientes, retomam seu prumo, até sem querer
Vento que acaricia feito brisa suave, que atiça
Que arrepia cada centímetro da pele, que enfeitiça
E que esquenta corpo e alma, lá dentro, bem fundo
Ou que, devastador, gela tudo em nosso mundo
Vento que chega sem qualquer aviso
Deixa em alvoroço rios e mares, impreciso
Pega toda a gente desprevenida
Correndo em busca de boa guarida
Ou se entregando a ele, sem saída
Vento que vem e que vai
Uma hora a gente combina direitinho
Quem sabe a gente não vai juntos pro mesmo caminho?
Alda M S Santos
TRAVESSIA
A ponte está aí, convidativa
A gente olha, fica tentado
Rústica, bela, longa, atrativa
Mas tenta enxergar do outro lado
A ponte a nós se apresenta
E se não pudermos pegar o caminho de volta?
Aqui, mesmo confuso, já é conhecido
Será que pode haver uma reviravolta?
Que haverá do outro lado
Dor, luta, sofrimento, morte, partida
Apenas uma continuidade disso tudo aqui
Ou haverá mais união, amor, compaixão, vida
Preocupações, tentações, medos e vontades, sedução
Sentimentos que lutam dentro da gente
Enquanto isso, sequer percebemos ou notamos
Que isso tudo é simbolismo, somos a ponte, a evolução…
Essa travessia não é escolha
Nós a fazemos sem perceber
Ela acontece à nossa revelia
Quando vamos ver, já acabou o viver…
Alda M S Santos
ALÉM DO HORIZONTE
Do horizonte multicor faço uma tela gigante da vida
Um filme de um viver, de um “passar” por aqui
Cada cor refletindo uma alegria, um êxtase
Uma dor, um prazer, um dissabor
Uma mistura delas tão nítida em alguns pontos
Tão confusa e borrada em outros
Filme que desperta sorrisos, satisfação
Lágrimas, tristeza, saudade, gratidão
Um filme de bilheteria singular
Será que nossa história passa em alguma outra tela por aí?
Causa emoção, esperança, dores e arrependimentos
Ou quem sabe tenha takes e cenas de amor e saudade?
Luz, escuridão, emoção, decepção, vida…
Cada uma delas retratando um momento especial
Porque viver é sempre especial
No horizonte multicor assisto a um filme que ainda acontece
E continuo produzindo novas cenas…
Gravando!
Alda M S Santos
TRILHANDO
Busco as trilhas do viver
Na mata densa e quase fechada
Sigo em frente, não olho para trás
Caminho sob árvores, piso em folhas secas, sou animada
Cheiro bom de terra molhada
Ar puro, sons da natureza, verde intenso
Um pássaro que canta para atrair sua namorada
Nas árvores, num coração, as marcas de um amor, de alguém
Em frente, sigo a trilha, não busco ninguém
Roupas dependuradas num galho
De quem serão? Não há ninguém!
Despertam a imaginação…
Barulho de água corrente me atrai, mudo a rota
Quanto mais ando, mais quero andar
Tão fácil ali me perder…
Percebo que nas trilhas da mata densa
Sempre em frente, numa água cristalina que cai
Encontro a minha própria trilha
O cansaço não vence, se esvai
Aquela trilha leva a mim mesma
Perdendo e me encontrando
Vou trilhando, vou vivendo…
Alda M S Santos
A VIDA SEGUE…
Sozinho ou acompanhado
Com os pares de sempre ou novos acompanhantes
Importante é seguir em frente…
Essencial é carregar a consciência limpa
Levando conosco a delícia de uma alma em paz
E a disposição para enfrentar períodos de turbulência
A vida segue e vai levando a todos
Grandes ou pequenos, fortes ou frágeis
Dispostos ou não, falsos ou verdadeiros
Leves ou pesados, conscientes ou confusos
Mas tem voos mais emocionantes e melhores pousos
Para quem sabe o que quer e luta por isso
Sem contudo cortar as asas
Ou derrubar o avião de ninguém…
A vida segue…
Ir junto não é uma opção
Mas como e com quem iremos podemos, sim, escolher…
A vida segue…
Alda M S Santos
E O BARCO DA VIDA PARTE…
E o barco da vida parte
Leva quem tem coragem
Leves e com espaços a preencher
Ou pesados de tanta bagagem
E o barco da vida parte
Deixa a segurança do cais
Em busca de novas aventuras
Talvez de um novo caos
E o barco da vida parte
Vários rumos, vastos oceanos
E o que fica é a vontade
De ser feliz também nesse plano
E o barco da vida parte
Leva alguns, deixa outros
Na saudade do vivido
Do que ficou por viver
Do que há ainda para viver
E o barco da vida parte
Todos os dias, todo o tempo
Com ou sem passageiros e tripulantes
Nem sempre a contento
Ele parte…
Alda M S Santos
MUITAS VEZES…
Muitas vezes, os caminhos difíceis que evitamos
E dos quais fugimos todo o tempo
São atalhos a nos levar para um lugar há muito sonhado
Muitas vezes, os ventos dos quais nos abrigamos
Por medo de destruição e perdas
É o que falta para levar embora o que machuca
E trazer o que falta para nos tornar mais felizes
Muitas vezes, as pedras que tememos
E das quais nos desviamos
São degraus a nos levar para o topo
Não o topo do mundo
Mas o topo de nós mesmos
Muitas vezes, enquanto lamentamos
Reclamamos, choramos e criticamos
Deixamos de estar atentos
Para aproveitar tudo que se apresenta…
Alda M S Santos
NÃO VAI MUITO LONGE
Não vai muito longe
Aquele que corre demais
Foca pouco e não olha para trás…
Não vai muito longe
Aquele que, a despeito de tudo e de todos
Segue trilhas não muito eficazes…
Não vai muito longe
Aquele que desvia e se perde no caminho
E em busca de coisas “grandes”
Perde algo que aparenta pequenez
Mas na verdade é fundamental:
Sua própria essência…
Na verdade só vai longe
Quem não abandona a si mesmo
Tentando ser aquilo que não é!
Alda M S Santos
DEMOLIÇÃO
Demolir é tão importante quanto construir
Tantas vezes é pré-requisito para uma nova construção
Trincar, quebrar, desmoronar, ruir
O que não serve mais deixar cair, jogar no chão
Entregar-se, se preciso, à emoção
Sofrer, chorar, lamentar, mas levantar
Das ruínas tirar uma lição
Aproveitar o que for útil, der suporte
Regar com suor, sorrisos ou lágrimas esse chão
E ali construir base sólida, forte
Aproveitar a demolição para recomeçar
Nova e bela construção
Um novo castelo nascido em nós ressurge
Só assim mantém-se vivo nosso coração…
Alda M S Santos
PASSA POR DENTRO
Venha o que vier, estejamos onde estiver
Aconteça o que acontecer
Seja que problema for
A saída sempre passa por dentro
Por dentro de nós mesmos
Se é a saúde que incomoda
A mente que falha
O coração que aperta
O meio de fora que não ajuda
O outro que não corresponde
Não importa
Tudo só se resolve
Quando é absorvido e processado dentro de nós
Colocamos os problemas em nosso divã interior
Silenciamos e buscamos nossa “verdade”
Debatemos conosco mesmos
E chegamos a um bom veredicto
Uma boa saída
Nossos problemas se resolvem
Quando não fugimos deles
Ao contrário, nós os encaramos frente a frente
Sendo honestos e verdadeiros conosco mesmos
Assumindo nossas responsabilidades
Nas causas e nas consequências…
Toda saída tem um atalho
Que passa por dentro de nós!
Alda M S Santos
DEIXE O VENTO LEVAR
Se está difícil fique contra o vento
Sem medos ou anseios
Abra os braços, a alma, sem lamento
Deixe o vento levar…
Feche os olhos, deixe-se tocar
Arrepiar, arrancar todo o tormento
Não segure nada que machuca ou angustia
Deixe o vento levar…
Forte ou frágil, seja resistente, sem ressentimento
Se só traz dor ou impede seu crescimento
Deixe o vento levar…
Inspire fundo, expire, libere todo o sentimento
O que for bom retornará para ti
Sem prejuízos ou arrependimento
Deixe o vento levar…
O que ficar vale uma vida, ainda que por breve momento…
Alda M S Santos
FIM
Do princípio ao fim
Ou do fim ao princípio
Tantas questões dentro de mim
Chego só, volto só
Enfim, qual é o propósito
Disso tudo, Serafim
Será o fim?
Aterrisso sem nada saber
Tenho tanto ainda para aprender
E já começo a voltar
Para casa regressar
Perco a mobilidade, a habilidade
A memória e, por vezes, a consciência
Não é uma incongruência
Disso tudo, Serafim?
Tudo que amealhei por aqui
Não mais me pertencerá
O que me acompanhará é aquilo que ganhei ou perdi
Conquistei ou doei, e que poderei também deixar
Com quem esteve comigo do princípio ao fim
Chego nua, volto vestida de Lua, perfume de jasmim
Várias fases, brilho e luz…
Um ciclo que se fecha em mim e me conduz…
Alda M S Santos
PONTES
Há pontes que nos levam
Outras nos trazem de volta
Tão bom ir, desbravar
Conhecer, buscar, se inteirar
Descobrir mundos e pessoas
Amar, aprender, ensinar, saberes trocar
Mesmo que nos causem medo de transitar
Mas bom mesmo é aquela ponte
Que pegamos para voltar
E é só nossa essa travessia
Esse delicioso, por vezes, doloroso caminhar
Quase sempre cansativo retornar
Pontes que nós mesmos (des)construímos
Não ficam prontas a nos esperar
Mas que são erguidas com maestria
Quando impera o desejo de regressar
E descobrir, finalmente, que ali é nosso lugar…
Alda M S Santos
UM ATALHO
Se a estrada estiver longa e interminável
Se o destino parecer inalcançável
Pegue um atalho, corte caminho
Se a trilha mansamente escurecer
Se o cansaço quiser te abater
Pegue um atalho, corte caminho
Se o terreno for pura aridez
E o humor total acidez
Pegue um atalho, corte caminho
Se a solidão for a sua companhia
Ofereça-a sua mão, viva essa magia
Pegue um atalho, corte caminho
Se um dia quiser desistir, exausto demais para prosseguir
Pegue um atalho, concentre-se no entorno, na natureza
Inspire, expire, encontre sua própria beleza
Quando a chegada parecer distante, quase invisível
Construa seu atalho, acredite, torne-a possível!
Alda M S Santos
VÁ!
Vá! Sempre em frente
Não importa o meio de transporte
Sobre duas rodas, vento no rosto
Ou deslizando na água suavemente, refrescando a alma
Vá! Não desista!
Submerso, dentro de um submarino, dentro de si mesmo
Pedalando uma bike nas trilhas perigosas
Vá! Insista!
No conforto de uma limusine tomando Champagne
Num ônibus lotado de gente tão maluca quanto você
Numa aeronave veloz além das nuvens
A pé numa estradinha de piso batido e flores nas margens
Caminhando ou correndo
Nas asas da imaginação…
Vá! Não fique parado!
A vida não espera por ninguém
O tempo não perdoa quem estaciona
Ele passa e te deixa para trás
E quando vê, a vida passou…
Vá! Sempre em frente!
Alda M S Santos
HOUVE UM TEMPO
Houve um tempo em que os dias eram pequenos
Para tanto que se havia a fazer
Também houve um tempo em que eram tão longos
Por não saber exatamente o que fazer…
Houve um tempo em que percebi
Que a extensão dos dias está diretamente ligada ao prazer de viver
Hoje os dias têm o tamanho que têm de ter
E a eles eu me adequo, tendo ou não o que fazer
Sabendo que haverá um tempo
Que não notarei sua extensão
E nada poderei fazer
Exceto lembrar do que fiz ou deixei de fazer
Houve um tempo…
Alda M S Santos
Cachoeira do Tabuleiro- Conceicao do Mato Dentro
ENCONTRE!
Encontre aquilo que você precisa
Busque, vá atrás, olhe bem, avalie
Não fique parado, aja, reaja!
Você precisa encontrar o caminho
Caminhando, ora sozinho, ora acompanhado
Sequer sabe o que precisa?
Não tem problema!
Quando encontrar você saberá
Será invadido por uma sensação de tranquilidade
Consciência leve, confiante, recheada de amor-próprio
Principalmente de uma alma em sintonia com o outro
Irá se sentir completo, pleno
Poderá até transbordar…
Mas para isso precisa caminhar
Por lugares bem simples, sem interdições
A vida acontece onde a gente menos espera
Algumas vezes pode até bater em nossa porta
Mas teremos que levantar para abri-la!
Encontre! Encontre-se!
Alda M S Santos
LEGADO
Sempre deixaremos um legado por aqui
Passar por esse local, tempo e espaço
Não nos permite ficar incólumes
Algo sempre ficará de nós para os demais
Temos por obrigação deixar o melhor de nós
Deixar mais do que recebemos
Processar tudo que vier para nós
Do ontem e do hoje e construir algo inovador
Transformar dores e angústias em crescimento
Mágoas e desrespeito em esperança
Amor em mais amor…
Não podemos perpetuar o mal, o negativo
Um mundo melhor se constrói
Não desconsiderando o que de ruim nos aconteceu
Mas usando esse aprendizado para não causar o mesmo mal
Naqueles que amamos ou convivem conosco
Ou também nos demais que partilham esse tempo terreno
Somos responsáveis simplesmente por estar aqui
Quanto mais sabemos, maior nossa responsabilidade!
Alda M S Santos
QUANTOS DEGRAUS?
Quantos degraus até o céu?
A escada é sinuosa, rolante, escorregadia, antiderrapante?
Quem pode subir, há restrições, limites de entrada?
Podemos levar alguém, sermos levados por alguém?
E se nos cansarmos no caminho, tropeçarmos, cairmos?
Podemos voltar a subir ou perdemos a vez?
Os últimos serão os primeiros?
Quantos degraus até o céu?
A entrada é franca? Paga-se com quê?
Qual a “moeda” de troca?
Muitas perguntas… Sei lá!
Enquanto isso vou fazendo do agora o meu céu
Tal qual crianças a brincar, a pular amarelinha
Continuo subindo até o céu…
Alda M S Santos
RESPEITANDO LIMITES
Nem estacionada e nem correndo
Sigo a vida no ritmo que me satisfaz
Com aqueles que mereci para estarem nessa jornada comigo
Junto daqueles que me conquistaram com amor e carinho
Dia e noite, faça chuva ou faça sol
Nas tempestades ou nas bonanças, caminhamos
Se estaciono, enferrujo, atrofio
Se corro, posso me contundir, machucar, ferir
E ser obrigada a parar antes do fim
Quero seguir caminhando, sempre em frente
Mãos dadas, objetivos comuns, almas afins
Respeitando os limites físicos
Mas também os intelectuais, os emocionais
A mente, o coração, a alma também têm ritmo próprio
E cada qual sabe bem aquele que lhe cabe
E faz feliz…
Sigo caminhando…
Alda M S Santos
NEXT!
A vida, muitas vezes, parece com aqueles cadastros online
Onde há lacunas obrigatórias a serem preenchidas
Não adianta ignorar, fingir que não viu
Recusar-se a cumprir a tarefa
Não há como prosseguir!
Sempre aparecerão os erros que impedem “a próxima página”
Ou os resolvemos, ou empacamos ali
São “problemas” cuja solução são a senha para o próximo passo
São erros(!) cujo alerta sinaliza que há algo impedindo a passagem
Que é preciso voltar atrás, corrigir, consertar, preencher
Ou, simplesmente, ficar ali estacionado
Não é vergonha pedir ajuda
Há erros e lacunas que não resolvemos sozinhos
Vergonha é repetir o mesmo erro até ser bloqueado
Next! Em frente! Enfrente!
Alda M S Santos
FRONTEIRAS
Do lado de lá ou do lado de cá
Uma linha invisível a separar
Fronteiras a nos impor limites
A nos deixar de lados diferentes do front
Tal qual a linha no horizonte
A dividir o que é céu e o que é mar
Do lado de lá ou do lado de cá
Aquele traço suave quase apagado a separar
O amarelo fosco do entardecer e o cinza chumbo do anoitecer
As águas doces de um rio que se encontram com o sal do mar
A terra seca da chuva prata que a inunda
Do lado de lá ou do lado de cá
Nem sempre enxergamos a linha tênue a separar
O que é efêmero do que é eterno
O que é certo do que parece certo
O que é bom do que é ruim
O que é verdade ou o que é saudade
O que é nosso do que pensamos que fosse
O que é amor do que são só palavras
Do lado de lá ou do lado de cá
A fronteira a dividir esse front
Não é enxergada nem na luz nem na escuridão
Mas é sentida a cada passo
Em cada grito ou silêncio de dor ou alegria
Em cada pegada deixada nas areias dessa estrada chamada vida…
Alda M S Santos
VAMOS RECOMEÇAR?
Percorremos tantos caminhos na vida, em várias direções
Em busca de realização profissional, harmonia familiar
De uma vida recheada de amores sinceros, amizades verdadeiras
Em busca de um Deus que nos acolha, oriente, perdoe e ampare
Mas qual deles nos leva a nós mesmos?
Alguns sabemos que nos afastam de nós, precisamos retornar
Recomeçar da estaca zero, se possível, mais sábios, talvez mais fortes
Tudo dependerá de nosso olhar e ação sobre as curvas e entraves do caminho
Da perícia em saber a hora de voltar
Qual delas poderá nos redirecionar em busca de nós mesmos?
É preciso estar consciente das próprias pegadas para caminhar
Um caminho que nos afasta de nós mesmos e daquilo que mais prezamos não é uma boa escolha
Um caminho válido é aquele que nos leva ao aprendizado, ao autoconhecimento
Pois, por incrível que pareça, estamos sempre a nos surpreender
E nisso consiste a beleza do existir…
Vamos recomeçar?
Alda M S Santos