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poemas e reflexões da vida cotidiana

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autoconhecimento

Calar e observar…

CALAR E OBSERVAR…

A sabedoria tem um cantinho perfeito para habitar
Não é aquele barulhento espaço ou lugar
Ela gosta mesmo é do silêncio, do divagar
Prefere aqueles que sabem calar, observar
Não é necessariamente focar só no outro
Mas, particularmente em si mesmo
Ainda que fique um tempo andando a esmo
Há quem tanto faça, aconteça e apareça
Mas se bem avaliar, há muito que desmereça
Gosto de ir para um cantinho dentro de mim
Como se estivesse sentada num jardim
Sentir cores, flores, bichinhos e aromas
Texturas de sentimentos presos em redomas
Sorrio, choro, calo, grito, canto
Saio fortalecida, afasto o pranto
E faço o mesmo com o meu entorno, ao meu redor
Assim vou aprendendo a ser maior
Quem sabe calar, observar, saberá priorizar
E encontrará um bom propósito para viver, para amar …

Alda M S Santos

Tem controle dessa aeronave?

TEM CONTROLE DESSA AERONAVE?

Tantos botões, luzes e relógios nesse painel
Confuso manter o controle dessa coisa no ar
Mas basta atenção e treino, horas de voo
Aí fica quase automático o prazer de voar

Para uma boa experiência de navegação
É preciso ser acessível a comunicação
Sentir segurança é tão imprescindível
Se quiser voar alto, apesar do (im)possível

Seria tão bom termos essa certeza na vida
Saber qual botão apertar em cada lida
Colocar no automático quando cansados
Voar sem destino até ficar de novo motivados

Há momentos em que se deseja voltar para o hangar
Ou parar o relógio, ficar ali infinitamente no ar
Lá de cima observar a tudo e todos, a beleza do lugar
A vida é feita de voos e pouso, até a aeronave pifar

Alda M S Santos

Sou assim…

SOU ASSIM…

Sou como uma borboleta ou beija-flor
Degustando a vida dia a dia de flor em flor

Sou como um furacão, ou um vulcão
Ora devastação, destruição, reconstrução

Sou tempestade, raios, relâmpagos e trovões
Sou susto, medos, mergulho em meus porões

Sou como lápis e borracha, tempos de glórias
Apagando dores, escrevendo alegrias, histórias

Sou como semente na terra escura, adubada
Buscando o Sol, a luz que ilumina a alvorada

Sou como rio caudaloso a caminho do mar
Curtindo cada cantinho, desejando oceanar

Sou máquina de costura a cerzir meus retalhos
Costurando momentos, dando sentido aos frangalhos

Sou escada, subida, de degrau em degrau, sou evolução,
Ora sou ponte, travessia, busca do novo, pulsar do coração

Sou chave que insiste em abrir fechaduras emperradas
Sou o rochedo forte, poderoso, no meio da estrada

Sou bailarina, leveza, delicadeza, encanto de viver
Sou livro aberto, páginas a preencher, mas pronto para se ler

Sou nuvem, ora branca, ora pesada, carregada
Chuva passageira, arco-íris, íris impregnada 

Sou pôr do sol, expectativa de um novo amanhã
Sou Lua, sou noite, mistério, romance, esperança vã?

Sou palhaço em movimento que faz o outro ser feliz, sorrir
Ainda que me sinta estátua por dentro, inerte, dificuldade no agir

Sou fonte de vida a correr todo o tempo, calidamente
Sou torpedo enviado, relógio marcando o tempo incessantemente

Sou pássaro livre que voa, jardim repleto de rosas
Sou brisa suave, vento forte, sou apenas Alda-ciosa

Alda M S Santos

Real

REAL

O que é real para mim, para você
Será tudo aquilo que a gente vê
Ou basta sentir a dor ou o prazer de ser
Aquilo que se é, sem mesmo saber o porquê?

O que é a realidade que nos faz despertar
Ou até mesmo adormecer sem querer levantar
É somente o que nos faz sentir livres, vivos
Ou também é real o que nos deixa cativos?

Minha realidade pode ser diferente da sua
Ela pode me deixar exposta, alma nua
Sei que enfrentá-la não precisa ser doloroso
Posso refletir e deixar o aprendizado gostoso

Quando encontro em mim as respostas
Para as perguntas ou emoções já postas
A realidade torna-se clara, significativa
Entendo a minha, a sua, nessa vida ativa

Alda M S Santos

Sobre máscaras

SOBRE MÁSCARAS

Não é sobre máscara de folia, de Carnaval
Quero falar sobre a máscara de proteção emocional
Aquela que a gente usa para não se expor
E esconder fragilidade atrás de alegria ou torpor

Essa máscara que por vezes nos esconde da gente
Nem o espelho reflete a dor que se sente
Não deixa o que está dentro sair para o mundo
Nem o mundo entrar em ambiente tão profundo

Coisas guardadas nos nossos porões secretos
Não se quer mexer no que ainda é tão incerto
O que todos podem ver como falta de emoção
A máscara esconde num controverso coração

A vontade é de poder ao mundo gritar
O que se passa lá dentro, máscaras arrancar
Sou eu, sou assim, pode me aceitar, por favor?
Quero te ver, quero que me veja, quero ser  amor…

Alda M S Santos

Como você se comunica?

COMO VOCÊ SE COMUNICA?

Como você se comunica?
Fixa no que é dito de modo verbal
Entende algum outro tipo de sinal
Ou se perde, logo põe ponto final?

Como você se comunica?
Interpreta o brilho de um olhar, um sorriso
Cuidado, carinho podem ser o paraíso
Ou se não são palavras fica indeciso?

Como você se comunica?
Capta a essência do silêncio fecundo
Adequa, atrai, acolhe, acredita ser profundo
Ou desiste por não fazer parte de seu mundo?

Como você se comunica?
Já pensou no que pode estar deixando passar
Por restringir tanto seu entender, seu pensar
A comunicação vai muito além do verbalizar…

Alda M S Santos

Quando olho para dentro

QUANDO OLHO PARA DENTRO

Quando olho para dentro a visão se amplia
Entendo o que se passa lá e cá, boa sinergia
O que sinto, o porquê, as faltas e os excessos
Fica mais fácil avaliar todo o processo

Quando olho para o interior, me encontro
Pergunto, respondo, silencio, confronto
Pode doer, fazer sofrer, fazer chorar
O caminho se descortina para poder continuar

Quando olho para aquele cantinho especial
Descubro o que me faz bem ou faz mal
Melhor, entendo o que não é primordial
Posso dispensar sem medo de vendaval

Quando mergulho em mim, saio da superfície
Busco pureza, claridade, afasto toda imundície
Vem a certeza que tudo que se quer resolver
Começa de dentro para fora, novo florescer

Alda M S Santos

Sobre conversar

SOBRE CONVERSAR

Quando está doendo parece bom poder falar
Se está machucando seria legal poder compartilhar
É saudável ter alguém quando a solidão apertar
Quando não houver caminho é bom poder conversar

Seres sociais que somos dialogar pode ajudar
Encontrar no outro a compreensão pode acalmar
Quando eu falo eu me permito refletir
Refletindo sobre meu sentir, posso melhor agir

A vida tem momentos de sombras, todos sabemos
Nem sempre estaremos bem, entendemos
Dividir isso pode aliviar, melhor seguiremos

Quando se sentir só, sem  apoio ou sem chão
Permita-se ter alguém que ouça seu coração
Sem juízo de valor, com respeito e compreensão

Alda M S Santos
#cvv.org.br #disque188

Posso ser

POSSO SER

Posso ser tudo que pede meu ser
Há forças internas a se romper
Nada há por aqui que possa me tolher
O amor que brota faz tudo florescer

Posso ser as águas calmas de um rio, faceira
A energia que cai nas pedras de uma cachoeira
Posso ser da tempestade o temor, a agonia
Ou as cores do arco-íris, o brilho, a fantasia

Posso ser em mim, em você, o beijo doce
O sonho belo e mágico, se real fosse
Um sabor embriagante que alucina, agridoce

Posso ser do dia, a luz, da noite, a escuridão
Posso ser frio no estômago, calor no coração
Enfim, posso ser na vida esse intenso turbilhão

Alda M S Santos

Flores sazonais

FLORES SAZONAIS

Cada época ou fase da vida tem sua cor
Seu perfume, seu encanto, seu frio ou calor
Se é outono, inverno, primavera ou verão
Bom é estar pronto para qualquer sensação

Pode haver preferências ou escolhas
Importante é não estacionar, é sair da bolha
Posso abraçar minha primavera ou verão
Sabedora que no inverno houve hibernação

Posso aproveitar todo o potencial
Que a vida me traz de modo especial
Não fecho as  janelas ou portas para nada
Sempre há algo bom nessa jornada

A vida é um jardim de flores sazonais
Ser feliz é aprender identificá-las mais e mais
E, independentemente de qual seja a estação
Estarmos abertos para deixar pulsar o coração

Alda M S Santos

Modo avião

MODO AVIÃO 

Vou me colocar em modo aviāo 
Descansar a mente,  o coração 
Se precisarem de mim, sejam originais 
Nada de usar redes ou Wi-Fis

A energia será renovada em novas paradas
Não vou precisar de fios ou tomadas 
Quero fonte nova, solar ou lunar 
Num rio caudaloso poder me banhar 

O que for superficial talvez não passe 
A prosa será mantida face a face
E a poesia declamada em interface 

Vou me colocar em modo avião, bem natural
Ouvir meu coração,  alimentar o essencial 
E quem chegar, ficará, será fundamental 

Alda M S Santos 

É SETEMBRO!

É SETEMBRO!

Há o momento para ver o broto crescer
Em seu tempo, cada qual rompe o alvorecer
Vai em direção ao Sol, ao calor, à luz
Tal qual botão de rosa que seduz

É setembro, primavera é flor que venceu o inverno
Chegou até aqui cuidando do que é interno
Como flores, também alimentamos nossas raízes
Para resplandecer em cores, brilho e vernizes

Como flores, temos também espinhos
Delicadezas, perfumes, carecemos de carinhos
Para vencer nossos invernos e não sermos sozinhos

Fazemos parte de um grande jardim
Cada flor com sua beleza age assim
Atrai, encanta, embeleza, é plena, enfim…

Alda M S Santos

Ousadia de viver


OUSADIA DE VIVER

Quero viver sem perder a ousadia
A ousadia de ser quem eu sou
A despeito de opiniões em contrário
De palavras paralisantes ou silêncios cortantes
Quero manter a ousadia
De buscar aquilo que muitos acreditam ser impossível
De escalar os montes que acreditar valerem o esforço
De descer rolando se me aprouver
De sentar e esperar quando minha alma pedir isso
Quero viver com a ousadia
De descartar aquilo que não merece ser conservado
De lutar pelo que merece ser conquistado
E de ainda brigar mesmo quando a batalha parecer perdida
Quero viver com a ousadia
De ser maluca, às vezes, para manter a sanidade
De ser criança sempre, para não perder a simplicidade
De ser feliz, mesmo infeliz em alguns momentos de saudade
Quero nunca perder a ousadia de simplesmente viver
De ser “eu” em meio a tantos outros eus…
Que eu nunca perca a ousadia…

Alda M S Santos

Virtudes e pecados

VIRTUDES E PECADOS
Numa vida de virtudes, há pecado que nos condenaria?
Numa vida de pecados, há virtude que nos salvaria?
Que há de tão bom em nós que neutralizaria qualquer mal?
Que poderia haver de tão ruim que anularia qualquer bem?
Que carregamos de tão leve, feito balãozinho no jardim, que teria peso positivo?
Que carregamos de tão pesado, feito esponja encharcada, que pesaria negativamente na balança?
Pudéssemos julgar a nós mesmos com os mesmos critérios que julgamos os outros
Nas mesmas leis, pelo mesmo peso e medida
Com direito às mesmas atenuantes e defesas
Sob o mesmo júri implacável
Qual seria nosso veredicto, inocentes ou culpados
Qual penalidade receberíamos?
Teríamos direito de recorrer?
Virtudes e pecados, pecados e virtudes
Qual humano está isento a ponto de ser capaz de julgar?
Alda M S Santos

Menina

MENINA

Menina que sonha, que tem esperança
Que brinca de ser gente grande
Que cai, machuca, levanta, não se cansa
Sorri, ainda que na vida tudo desande

Menina que é força ou fragilidade
Que busca um ombro, acolhimento
Carrega um mundo de sensibilidade
Pede colo, carinho, contentamento

Menina que ama, que sonha, que deseja
Não importa a idade em que esteja
A alma viva de mulher/menina festeja

Menina que sabe bem curtir essa viagem
O amor é sua mais eficaz linguagem
Ontem, hoje, amanhã, um resumo: coragem

Alda M S Santos

Só a Lua

SÓ A LUA

Lá do alto olhando, brilhando ou não
Só ela percebe o que se passa num coração
É encanto, beleza, companhia, mistério
Pode ser silêncio, voz, um doce refrigério

Não critica, não ofende, acolhe, não julga
Lá de longe entende, está junto, não subjuga
Há momentos que parece orientar, abraçar
Sabe com sua luz e brilho nos acalentar

Conhece nossos medos, nossas fragilidades
Vitórias, derrotas, culpas, ansiedades
Nossos (des)afetos, amores, amizades
Com ela partilhamos nossas (in)verdades

Com a Lua em fases quero sempre estar
Entre ela e eu muitos segredos partilhar
Lágrimas derramar, decepções amenizar
Nesse mundo aqui não dá para confiar

TARDE DE POESIAS: SÓ A LUA SABE

Alda M S Santos

Que vês no seu espelho?

QUE VÊS NO SEU ESPELHO?

Olha todos os dias nele, demorada ou rapidamente
Ao lavar o rosto, maquiar-se, fazer a barba, escovar os dentes
O que seu espelho reflete de volta, insistentemente
Qual imagem te mostra, vê algo diferente?

Que vês no seu espelho?

Rugas que mostram a cada dia um caminho que foi trilhado
O olhar com aquele brilho molhado, por vezes, decepcionado
Um sorriso disfarçado, ora amarelado, emocionado
Tentam esconder quantas vezes foi quebrado

Que vês no seu espelho?

Um ser humano sofrido, sobrevivente de lutas admiráveis
Repleto de cicatrizes, marcas no corpo, na alma, indeléveis
O peso do olhar, covardia ou coragem ao se encarar
Ao cobrar de si mesmo: que fez pra se orgulhar, se envergonhar?

Que vês no seu espelho?

Cada ruga, cada lágrima, cada sorriso, um sinal de amor
Uma saudade funda, uma alegria rasa, uma tristeza, um dissabor
Em cada marca, uma história, em cada quebra, uma dor
De quantas quebras um ser humano é capaz de se recompor?

Que vês no seu espelho?

Vê-se apenas viver, ser sorriso, ora flor, ora beija-flor…

Alda M S Santos

Somos nós

SOMOS NÓS

Somos nós que podemos escolher
Aquilo que em nós deve prevalecer
Se deixamos a entrada livre, porta aberta
Ou se esperamos com calma a hora certa

Somos nós que damos permissão
A toda e qualquer invasão de emoção
Escolhendo o que em nós é melhor cultivar
Alimentando o que nos fará crescer, frutificar

Em nós pode haver embates
Lutas, vitórias, derrotas, empates
Que nossa alma seja forte, não se mate

Os ventos trazem de tudo sem piedade
Brisas leves ou fortes tempestades
Que prevaleça a liberdade com dignidade

Alda M S Santos

Eu sou…

EU SOU…

Sou aquela que intensa e alegre chega
Sou amor, carinho que se aconchega
Sou triste, desanimada, acabrunhada
Nessa vida tantas vezes desordenada

Sou aquela que se vai, que chora e sorri
Que briga pelo que quer, sem desistir
Ora frágil, ora forte, ora sem norte
Tentando não depender muito da sorte

Sou aquela que precisa de gente
Para ficar bem, ser mais contente
Não abro mão de um pouco de introspecção
Aquela que se obtém na solidão

Sou apenas mais um alguém
Que erra, que conserta, que acerta também
Encontro a paz na natureza, na simplicidade
Num amor pleno, verdadeiro e sem maldade

Alda M S Santos

Passeio em mim

PASSEIO EM MIM

Gosto de passear em mim
Em meus espaços ensolarados
Nos meus jardins encantados
Nos meus sonhos amalucados

Gosto de passear em mim
Nos meus recantos mais secretos
Nos meus caminhos nem sempre retos
Nos meus desejos tantas vezes incertos

Gosto de passear em mim
Derrapar nas dúvidas das curvas sinuosas
Nas memórias doces, às vezes perigosas
Nas esperanças do amanhã, majestosas

Gosto de passear em mim
Posso me cansar ou relaxar
Me perder, para me encontrar
E retomar o caminho de me amar…

Alda M S Santos

Uma carta para você

UMA CARTA PARA VOCÊ
Oi! Quero falar algo especial para você
Já nos conhecemos há algum tempo
Tantas fases, faces, interfaces…
Tantos mergulhos enveredados, aprofundou
Tantos em que se fraturou, machucou
Outros em que quase se perdeu, não voltou
Mas houve mergulhos mais proveitosos
Que aliviaram o peso das bagagens
Uns deixados por lá, noutras paragens
A cada mergulho um novo conhecer
Uma nova pessoa desabrochou de você
Algumas você gostou, deu as boas-vindas
Outras te cutucaram, instigaram, questionaram
Teve até vontade de perguntar: por quê?
Tanta gente boa encontrou nos Caminhos
Que parearam, ajudaram, despertaram seu ser
Hoje aprendi um pouco mais de você, com você
O mais importante disso tudo é se conhecer
Se entender, se apaixonar por você
Nunca, nunca desistir, prosseguir, sem perecer
Às vezes, pode ser meio difícil, doer
Mas um Caminho lindo sempre haverá
Que te levará até você
Ora florido, ora esburacado, claro ou escuro
Só não pode ter medo dessa travessia
Crie portas, abra comportas, derrube muros
Aceite o amor, os desafios, não fuja
Do outro lado, nem tão longe assim, está você
Também está o outro, para te ajudar a crescer
Cada dia mais nova pessoa, intensa, várias versões, sempre você
E posso te garantir, pode até dar medo
Mas sempre valerá a pena percorrer
Nesse caminho o autopresente é se conhecer
Muito prazer!
De mim para você…
Alda M S Santos

Quem sou?

QUEM SOU?

Sou o amor, o carinho, os erros e acertos
Sou a risada, a lágrima, as dores, os consertos
Sou aqueles a quem tenho apreço

Sou bondade, solidariedade, preguiça ou animação
Sou beijo, sorriso, abraço de montão
Sou a marca da paixão que deixo em seu coração

Sou fada, sou bruxa em noite de luar
Sou a magia, a poesia que há em cada olhar
Sou porção de Deus por aqui a passar

Sou a noite, o dia, o Sol e a Lua
Sou família, sou amigos, sou vento, tempestade crua
Sou eu, natureza, clareza, de alma nua…

Alda M S Santos

Além da superfície

ALÉM DA SUPERFÍCIE


Quando na superfície parece escuro, não dá para ver a claridade
É preciso mergulhar fundo, sem medo da profundidade
Lá pode parecer escuro, mas é onde se encontra nossa verdade
Pode doer, ferir, mas a busca por nós mesmos precisa acontecer
Não há como se fazer entender para outro ser
Se nós mesmos não nos conseguir conhecer
Desvendar nossas mágoas, nossos sentimentos
A razão imprecisa de dores e sofrimentos
Esse mergulho pode assustar, termos medo de não voltar
De por lá nos perder, nada apaziguar
Apenas fazer a água turva balançar
E perder a noção de onde se está
Certo é que é preciso fazer essa viagem
A superfície não é assim tão boa paragem
Particularmente quando já não vemos mais nossa imagem
Refletida, mas obscurecida no Sol claro e forte que nos cega
Quando nossa própria alma nos renega
Quando há a percepção amarga de que já não falamos o mesmo idioma
Com quem sempre dialogamos na mesma língua
E compreendíamos sem esforço, sem precisar tradução
É preciso o encontro com nosso eu para renovação

Alda M S Santos

Por vezes

POR VEZES

Por vezes sou assim, indefinida, como hoje
Nuvens densas, pesadas, profunda introspecção
Prestes a desaguar forte, muita emoção
Buscando em mim mesma a razão do desejo de renovação

Por vezes sou sol forte, brilho, calor, luz
Aquecendo a vida, facilitando um desabrochar
Certa que há uma força maior que me conduz
Companheira, amiga, de mim sempre a cuidar

Por vezes sou saudade, sou nostalgia
Desejo de voltar no tempo, ser minha harmonia
Noutras sou sorriso rasgado, não quero o passado
O futuro é meu objetivo, sonho abençoado

Por vezes sou oceano, sou as ondas do mar
Que avançam e arrastam tudo na areia
Ou que buscam e levam para outro lugar
Aquilo que faz sofrer, faz doer, faz chorar

Por vezes sou sereia numa noite de Lua cheia
Em raios prateados simplesmente a cantar
Querendo a sedução, o encanto, a magia
E uma vida onde reine a leveza da poesia

Alda M S Santos

Sexto sentido

SEXTO SENTIDO

Além dos cinco sentidos tão conhecidos
Visão, audição, olfato, paladar, tato
Todos temos um sexto sentido
Uns dão atenção, outros não, é fato

É aquela intuição, que num momento paralisa
Que interpreta uma expressão, analisa
Que em segundos capta a atração, o amor
É também capaz de prevenir, afastar uma dor

A intuição é o sexto sentido que nos diferencia
Nos faz confiar um no outro, o olhar sentencia
Que nos faz agir por emoção, sentir a sintonia

A intuição nos faz selecionar uns entre bilhões
Nos faz amar, encantar, abraçar, nos atrair
Faz confiar, nos entregar, sem medo do porvir

Alda M S Santos
Tarde de poesias: sexto sentido

Reencontro

REENCONTRO
O melhor reencontro de todos é o que acontece conosco mesmos
Aquele reencontro com partes de nós que julgávamos perdidas
Com pedaços de nós que admirávamos
E que ficaram escondidos, deram uma volta por aí
Ou simplesmente abriram espaço a outras
Aquela parcela de nós que transformava nossos medos em confiança e fé
Nossas lágrimas em esperança e sorrisos
Nossas culpas e frustrações em aprendizados e recomeços.
Saberemos quando olharmos com certo distanciamento
Que essas partes não se perderam, estavam ali
Foram resgatadas no momento que mais precisávamos
E nos ajudaram a levantar
Cambaleantes ainda, frágeis, chorosos,
Porém, com força potencial interna
Transformados pelo vivido ou pelo “quase” vivido
Percebemos que não nos perdemos de nós tão facilmente!
Em frente! Com fé!
Alda M S Santos

Única

ÚNICA
Sou como uma taça de cristal
Caída, quebrada, colada
Arrumada várias vezes, levantada
Para a vida brindar, animar
Não sou menos valiosa por isso
Tampouco menos bonita
Sou diferente!
Minhas emendas me tornam única
Minhas cicatrizes e marcas me fortalecem
Meus machucados me tornam solidária
Aos machucados dos outros
Minhas dores e medos me fazem empática
Às dores e medos alheios
Minhas falhas e imperfeições me fazem compreender melhor
As falhas e imperfeições das pessoas
O que eu vivi, construí e trago até aqui
Só me é valioso na medida que posso agir
E ajudar outra taça a se reconstruir…
Sou taça renovada, reconstruída!
E daí?
Alda M S Santos

Quando eu era…

QUANDO EU ERA…

Quando eu era infância, criança
Tempo de sorvetes, doces, lambança
Eu era pura levadeza, sapequice, brincadeira
Subia em árvores, nadava no rio, sem canseira

Quando eu era criança, pureza me definia…

Quando eu era adolescência, juventude
Era ansiedade, sonhos, inquietude
Um mundo inteiro para conquistar
Um coração cheio, pronto para amar

Quando eu era jovem, esperança me movia…

Quando adulteci, a vida falou por si
Família, trabalho, estudo, em mil ocupações me envolvi
Paradoxalmente, quase sem tempo para mim
Foi onde a vida se impôs, deixei assim

Vida adulta, em realização me envolvia…

Na maturidade ainda sou eu
A criança levada ressignificada
Em novas árvores dependurada
A jovem de alma sonhadora, lavada
Quer amor, novas esperanças, quietude,
Ora companhia, ora solidão, ora solitude

Maturidade sou eu, na maior amplitude…

Alda M S Santos

Camuflagens

CAMUFLAGENS
Habilidade de passar despercebido onde quer que esteja
Meio de se proteger, assemelhando-se ao ambiente para não chamar a atenção
Tornar-se um igual a tantos outros iguais
Apagar algum brilho ou cor, acender outras
Gritar onde se grita, silenciar onde tudo é silêncio,
Ser cinza onde tudo é cinzento, desligar-se onde tudo está em off
Mexe daqui, mexe dali, e…pronto!
Tudo homogêneo, nada se destaca, todos uniformizados
Um bloco de iguais!
O risco é acabar esquecendo o que se é
E, na tentativa de se autoproteger ou agradar aos outros,
Acabar por não ser mais nem um e nem outro…
Pior, perder até o prazer de ser o que se é!
Alda M S Santos

Como a Lua

COMO A LUA

Tantas vezes como a Lua
Ora soberana, na escuridão do céu
Cheia, brilhante, encanto dos amantes
Sabedora de si, de seu papel

Tantas vezes como a Lua
Solitária,  isolada, perdida no céu
Invisível, em eclipse, da luz escondida
Em si não se encontra, cansada, sofrida

Tantas vezes como a Lua
Crescente, bela, sentindo-se parte
Entre astros e estrelas, renascimento
Infinitamente, a rainha do firmamento

Tantas vezes como a Lua
Encanto, loucas fases, passageiras
Mistério, beleza, nua e crua, da paz mensageira 
Seguindo, amada, amante, da vida parceira

Alda M S Santos

Nunca desistir de mim

NUNCA DESISTIR DE MIM
Não desistir de mim, esse é o trato
Não importa o que eu fizer
Ou o estado de minhas emoções
Se estiver forte e vitoriosa
Ou frágil e chorosa
Se estiver contente e esperançosa
Ou carente e nada amorosa
Se agir com sabedoria ou cometer uma burrada apocalíptica
Não desistir de mim, esse é o trato
Quando sou a fortaleza em que os outros se apoiam
Ou quando sequer tenho forças para chorar
Ser minha maior amiga sempre
Daquelas que acariciam, elogiam, incentivam
Mas que também ralham, puxam as orelhas, e nunca abandonam
Não desistir de mim, esse é o trato
Não posso parar, estacionar
Preciso prosseguir, cuidando para não cair
Consciente que estarei dando o melhor de mim…
Pois só assim poderei merecer o melhor dos outros
Não desistir de mim, nunca!
Esse é o trato!
Alda M S Santos

Se um dia eu me perder

SE UM DIA EU ME PERDER
Se um dia eu me perder
Procure-me onde haja muito verde, muita mata, ar puro,
Se um dia eu me perder
Procure-me onde as águas sejam límpidas a refletir o céu,
Se um dia eu me perder
Procure-me num roseiral, em meio às borboletas azuis,
Se um dia eu me perder
Procure-me na alegria inocente de um grupo de crianças,
Se um dia eu me perder
Procure-me nos grãos de areia da praia ao pôr do sol,
Se um dia eu me perder,
E ainda assim não me encontrar,
Não busque em mim, olhe dentro de você,
Se me procuras, é porque me amou,
Se me amou de verdade, eu também te amei,
Certamente uma parte bonita de mim estará gravada em você,
Uma parte grande de você estará presa em mim,
E poderá levar-me a me encontrar…em você, em mim,
Comigo, com você!
Se um dia eu me perder de mim…
Alda M S Santos

RÓTULOS

RÓTULOS

Não me adapto com rótulos
Não há um que consiga definir
Por mais que tente não é correto
É uma prisão que acaba por excluir

Ou te colocam além ou aquém
Daquilo que você realmente é
E, você, se não ficar atento
Se perde, tentando ser o que não quer

Rótulos nos limitam, travam
Ignoram que a vida é evolução
Impedem o agir da emoção, da razão

Quero a liberdade de ser eu
Se houver conceitos, que sejam meus
E, se quiser, você pode uni-los aos teus

Alda M S Santos

Qual o barulho do seu silêncio?

QUAL O BARULHO DO SEU SILÊNCIO?

Qual o barulho do seu silêncio?
Ele grita alto, é ensurdecedor
Aperta sua voz, é sufocador
Ou se recolhe, renovador?

Qual o barulho do seu silêncio?
Forte como águas de uma cocheira
Suave como banho na banheira
Ou sedutor como moça namoradeira?

Qual o barulho do seu silêncio?
Reflexivo, introspectivo, envolvente
Extrovertido, audaz, caliente
Ou pacífico, calmante, atraente?

Qual o barulho do seu silêncio?
Emocionante como lágrima que cai
Entorpecente como a dor que se vai
Eloquente como o amor que nos atrai?

Qual o barulho do seu silêncio?

Alda M S Santos
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Real

REAL

Sou assim, queira ou não, bem real
Acerto, erro, brinco, fico séria
Gosto de ser o máximo natural
Descabelada, arrumada, no salto ou descalça

Sou assim, queira ou não, bem real
Sorrio até a barriga doer
Choro até não mais poder
O rosto inchado, olhos vermelhos
Até passar o vendaval
Sou doçura, carinho, colo, desejo
Por vezes bem sensual

Sou assim, queira ou não, bem real
Ora distante, falante, alegre ou enraivecida
Isso tudo faz parte da vida
Ora pura candura, fácil leitura
Ora travessura, bravura, amargura
Buscando apenas uma cura

Sou assim, queira ou não, bem real
Ora lindeza, feiúra, pureza, levadeza, comunicação
Ora tristeza, dor, reflexão, introspecção, solidão
Apenas alguém que quer da vida amor, emoção, evolução
Sou assim, queira ou não, bem real…

Alda M S Santos

Em busca de mim

EM BUSCA DE MIM
Sempre fui apaixonada por água
Não nado bem, tampouco bebo o bastante
Mas ela exerce verdadeiro fascínio em mim
Não importa como se apresente:
Rio, cachoeira, mar, lagoa, chuva, nascentes…
Posso ficar horas admirando!
Água tem o poder de me acalmar
Molho os pés, a nuca, lavo o rosto, sento à beira
Ouço o barulho suave do rio ou furioso da cachoeira ou tempestade,
Mergulho, sinto seu frescor, lavando tudo.
Tudo é encanto!
Quero ali ficar até tudo de negativo ir embora
Encher-me de positividade
Restabelecer a confiança, o amor
A fé no ser humano, na vida, em mim mesma
Enquanto houver água correndo,
Haverá encanto, haverá vida.
Água que nasce, que brota
Que corre, que cai, que vai, me leva…
Em busca de outros caminhos
De outras águas,
Em busca de mim…
Alda M S Santos

O poder

O PODER

Há poder num dia ensolarado
De encantar e se fazer admirado
Há poder num dia chuvoso
De ser nostálgico, meio dengoso

Há poder numa noite de amor
De reenergizar, aquecer, ser calor
Há poder numa amizade, na bondade
Aquela que traz aconchego, serenidade

Há poder no acolhimento, na empatia
Há luz, caminhos são vislumbrados
Num conselho há magia, sabedoria

Mas só nós podemos mudar nossa história
O poder de verdade está dentro da gente
Esperando para ser despertado e encarado de frente

Alda M S Santos

A sabedoria

A SABEDORIA

Viver a sabedoria do deserto
Proteger-se do calor intenso
Cuidar-se nas tempestades de areia
Logo a noite chega e com ela o frio intenso
Poupar energias para desfrutar do oásis

Viver a sabedoria da Lua
Ainda que sozinha, brilha, encanta, inspira
Sem orgulho, reflete a luz que recebe
Sem perder a própria essência

Viver a sabedoria da infância
Se há saúde, sol e amigos, chorar para quê?
A vida aguarda no quintal ou na rua
Cada dia traz consigo a própria magia

Viver a sabedoria da areia
Deixar-se moldar pelas ondas
Na certeza de que nada é eterno
Nem a tormenta, nem a calmaria…

Alda M S Santos

Moro num lugar

MORO NUM LUGAR

Moro num lugar simples e encantador

Nada paguei por ele, veio de graça

Tantas vezes tem brilho e cor

Talvez eu tenha pedido, merecido

Às vezes fica úmido, escuro, até meio mofado

Noutras é dia lindo, ensolarado

Mas é o que tenho de mais meu, mais concreto

A mim cabe saber cuidar, amar, estar por perto

Zelar, seja nos dias de luz ou escuridão

Nos dias em que há festa no salão

Quando fica apertado e parece não me caber

Ou quando sobra tanto espaço que não sei o que fazer

Pode ser muitas vezes uma mansão luxuosa

Noutras uma casinha simples no pé da serra

Não posso partilhar com qualquer um minha morada

Pois é casa simples, especial, até sagrada

Mas gosto de dividir com pessoas especiais

Com as quais me sinto bem, amada

O prazer de aqui morar, ser abraçada

Essa casa, meu corpo, onde minha alma fez morada

Alda M S Santos

Confiança

CONFIANÇA

A confiança funciona assim:

Primeiro você olha, observa

Olha de novo

Se aproxima, não resiste

Tem medo, insiste

Vai assim mesmo

Olha nos olhos

Vai chegando devagar

Um pé, outro pé

Uma asa que bate meio insegura

Mais uns pulinhos

Quando vê já está perto

Está dentro, está entregue

Está nas mãos, no coração

Assim funciona a confiança

Assim funciona o amor

E fica para sempre…

Alda M S Santos

Identidade

IDENTIDADE

Quando a identidade está meio confusa

Não nos enxergamos, está desfocada

Perdemos a essência daquilo que somos

Bons amigos nos trazem de volta, dão uma animada

Sem pedir, nos relembram aquilo que fomos, que somos

Nos devolvem a luz do que nos é essencial

Fazem-nos ver sob o olhar do amor

Aquilo que deixamos se perder no corriqueiro, no trivial

Nada melhor que quem conosco conviveu

De nós trabalho, alegria e amor recebeu

Para nos fazer crer que ainda existimos

Que pelas dificuldades não nos consumimos

O outro é o espelho amigo que reflete o melhor de nós

Quando precisamos reativar nossa identidade

Ser para nós mesmos mais amor, mais bondade!

Alda M S Santos

Tudo de você

TUDO DE VOCÊ

Há alguém que conhece tudo de você

Tudo, tudo mesmo?

Suas qualidades, suas vitórias, seus sorrisos

Suas lágrimas, medos, fracassos

Preconceitos, mesquinharias, covardias

Aquilo que você tem vergonha de admitir até para si mesmo?

Não te vê apenas maquiado, mascarado

Do jeito que quer que te vejam

Mas enxerga além da superfície

Vê sua capacidade de se doar

Conhece seus direitos e avessos

Suas sedas suaves, suas belas costuras e bordados

Seus rotos, esfarrapados, cerzidos?

As vezes que caiu, levantou, derrubou ou salvou alguém

Aquelas em que quase desistiu

Ou que prosseguiu por prosseguir

Te encontra nos dias em que o sol brilha

Mas também naquele cantinho escuro de sua alma

Para onde você vai vez ou outra

E ficaria ali com você sendo seu abraço, seu apoio

Numa conversa verdadeira infinita…

Há alguém para quem você seja transparente

E mesmo assim te reconheça como belo ser humano

Que respeita sua história, não desiste de você

Está perto e, ainda assim, te ama?

Além de Deus, que nos ama com amor piedoso e misericordioso

Talvez você mesmo, que se entende e se aceita

Se possui outro alguém assim

Você é muito mais rico do que pensa…

Há alguém que saiba tudo, tudo de você?

Alda M S Santos

Desculpe-me

DESCULPE-ME

Desculpe-me pelas vezes em que não te ouvi

Por aquelas que fingi nada sentir

Desculpe-me pelas vezes que te fiz sofrer, chorar

E num pranto sentido mergulhar

Desculpe-me pelas vezes em que seu jeito desrespeitei

E fiquei perdida, desesperei

Desculpe-me por tentar fazer de ti o que não és

Para agradar aos outros, em tanto revés

Desculpe-me pelas vezes em que fui tão coração

E te magoei sem razão

Desculpe-me pelas vezes que, afoita,

Não te dei tempo para se recolher, repensar

Desculpe-me pelas vezes em que não vivi

Por medo insano de viver, quase morri

Desculpe-me, meu interior,

O lado mais verdadeiro de mim

Pelas vezes em que fingi não estar a fim

Desculpe-me pelas vezes em que errei

E quase joguei fora a chance de viver, não perdoei

Felizmente, aprendi, enfim

O que sou é o que há de mais belo e real para mim

E, antes de qualquer um, devo a mim mesma perdoar, amar

Até quando for permitido juntas este caminho atravessar…

Desculpe-me!

Alda M S Santos

Sou parte

SOU PARTE

Apenas um pontinho na imensidão

Um grãozinho em tamanha grandeza

Uma parte aparentemente insignificante

Diante de tão vasta e maravilhosa natureza

Ainda assim, mesmo um pontinho ali, faço parte

Tanto verde, tanto céu, tanta vida, tanta história

E posso em tudo influenciar

Por atividade ou inércia

Posso modificar o ciclo natural das coisas

Tudo que faço ou não faço

Tem efeito dominó, atinge a tudo e a todos

Tem efeito bumerangue, retorna para mim mesma

Essa energia que a tudo atrai, repele ou contagia

Que se faz harmonia, magia, sintonia

Mostra que fazemos parte

Somos importantes por aqui

É uma grande responsabilidade

Sou parte! Somos parte!

Alda M S Santos

O mundo lá fora

O MUNDO LÁ FORA

É bom levantar voo, viajar, voar, conhecer o mundo

Desbravar o universo lá fora, o mundo desconhecido

Mas isso só é válido se tivermos para onde voltar

É bom, é preciso ter mar aberto para navegar

Tanto quanto é preciso ter cais para retornar

É bom ter um céu azul infinito para plainar

Desde que se tenha onde pousar

É bom mergulhar nas profundezas do mundo de alguém

Mantendo um pé firme cá fora

Para podermos voltar para dentro de nós mesmos

Quando tudo parecer ruir, desmoronar

Nunca devemos ir a lugar algum

Se não soubermos de onde estamos saindo

E para onde poderemos voltar…

Alda M S Santos

Em preto e branco

EM PRETO E BRANCO

Muitas vezes sou cor, multicor, sou arco-íris

Noutras sou preto e branco

Nuances de cinza, em sombras

Há quem me veja só em cores

Brilho, sorrisos, flores e amores

E me ignore quando preto e branco

Quando saudade, dor, lágrimas e apatia

Sou assim, essa mistura, essa aquarela, essa energia

Mas nenhum arco-íris surge antes da tempestade

Sem a chuva, o cinza , o medo não há magia

Só merece o brilho e intensidade das cores do arco-íris

Quem soube aceitar, lidar com o cinza, ser sintonia

Das próprias tempestades e ventanias

E não fugiu dos vendavais dos outros

Soube ser cais, ser porto

Daqueles que fazem nosso clima mais ameno

Em qualquer tempo, cor ou intempérie…

Como você se vê, me vê?

Alda M S Santos

Única

ÚNICA

Sou como uma taça de cristal

Caída, quebrada, colada

Arrumada várias vezes, levantada

Para a vida brindar, animar

Não sou menos valiosa por isso

Tampouco menos bonita

Sou diferente!

Minhas emendas me tornam única

Minhas cicatrizes e marcas me fortalecem

Meus machucados me tornam solidária

Aos machucados dos outros

Minhas dores e medos me fazem empática

Às dores e medos alheios

Minhas falhas e imperfeições me fazem compreender melhor

As falhas e imperfeições das pessoas

O que eu vivi, construí e trago até aqui

Só me é valioso na medida que posso agir

E ajudar outra taça a se reconstruir…

Sou taça renovada, reconstruída!

E daí?

Alda M S Santos

Entre as muitas de mim

ENTRE AS MUITAS DE MIM

Muitas vezes sou palavras sem fim

Tantas outras o silêncio habita em mim

Algumas vezes quero abraçar e acolher o mundo

Noutras, nem a meu próprio mundinho consigo acolher

Sou, às vezes, gargalhadas de alegria e satisfação

Tantas outras sou um sorriso tímido de decepção

Muitas vezes sou a animação, a atração

Noutras, quero me esconder num cantinho sem aparição

Muitas vezes sou dança, sou verso, sou sedução

Noutras tantas sou muito atrapalhada, sou tombo, sou confusão

Muitas vezes sou maternal, terna, emocional

Noutras sou tão sozinha, isolada, individual

Tantas vezes vejo adiante um mundo de oportunidades

Noutras só vejo agonia e infelicidade

Muitas vezes estou em paz com as muitas de mim

Tantas outras elas travam uma batalha de vida e morte bem ruim

Entre as muitas de mim

Perfumada de flores, de jasmim

Nessa constante contradição

Procuro enfeitar esse jardim…

Alda M S Santos

O que te salva

O QUE TE SALVA

Quanto mais coisas se perde

Mais valor têm as que ficam

Quanto mais pessoas vão embora, desistem

Mais valor têm as que ficam, insistem

O que vem fácil sempre vai facilmente também

O que é difícil, demorado

Quase sempre é mais duradouro, valorizado

Portanto, não é bom desanimar

Algo extraordinário pode-se conquistar

Clichê ou démodé, tanto faz

Mas uma verdade não se desfaz:

A felicidade não está na quantidade

Mas naquilo que possuímos com qualidade

Entre idas e vindas, ganhos e perdas

Decepções e superações, derrotas e vitórias

A admiração que tem por si mesmo nunca deixe desaparecer

Porque é ela que te salva

Quando tudo parecer se perder…

Alda M S Santos

Maior amigo

MAIOR AMIGO

Bolhas, feridas, cicatrizes e calos

Cada qual uma fase de recuperação

O que não mata deixa marcas

Que serão eternas no coração

Não brigue, não negue, não lamente

Apenas tenha consigo mais cuidado, mais atenção

Viva, enfrente, siga o caminho, simplesmente

Fuja dos tropeços nas mesmas pedras ou parar na mesma estação

Perdoe-se, não seja seu próprio carrasco

Tampouco seu maior inimigo

Para viver bem e alcançar o objetivo

É preciso tornar-se seu aliado, seu maior amigo

Alda M S Santos

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