ANTI-GÊNIO
Chateada com a vida ela tropeça numa lâmpada e a chuta longe.
Sem esfregadinha a lâmpada se acende e logo um gênio cansado aparece.
“Oba! Já sei! Tenho direito a três pedidos!” -ela diz
“Sou o Anti-Gênio, vou retirar três coisas de você!”- ele fala impassível.
“Como assim?”- ela se assusta
“Vou levar três coisas suas, mas deixo você escolher quais.”- retruca
“Mas não tenho nada valioso que você possa querer”
Ela reclama, pede, implora…e nada…
“Se você não escolher eu levo o que quiser”- rebate.
E na lâmpada vão aparecendo as cenas da sua vida
Presas na lâmpada longe dela tudo que pretende destruir
Com as pessoas que ele pretende levar:
Seus pais cuidando dela com carinho
Os irmãos brincando com ela na rua de terra
Os amigos queridos da escola, da igreja
Seu casamento, seu parceiro de todos os dias
Os filhos queridos, tão lindos, tão seus, tão pequenos ainda…
A saúde, a disposição para o trabalho
As amigas sempre presentes…
A cada cena que passava ela chorava e dizia: “isso não”!
“Por que você não procura alguém com muitos bens”?- desabafou
“Isso eu já tenho, quero coisas valiosas”…
“Mas tudo isso é valioso apenas para mim! De que servirão para você”?
“São valiosos para você? Achei por aí….”- pergunta o Anti-Gênio
Ela não sabia o que dizer temendo afirmar que sim, que eram muito valiosos
E ele levar a todos…
“São tudo que eu tenho, não quero mais nada, apenas que fiquem comigo”…
Ela estendeu a mão e foi tocando com carinho as cenas na lâmpada
Cada uma que tocava ia desaparecendo
Voltavam para dentro de si…
E o Anti-Gênio, sem nada mais dela preso em sua lâmpada,
Foi em busca de outras coisas valiosas perdidas de seus donos…
Tudo é tão leve, tão fugaz
E pode escapar de nossos dedos e ir embora a qualquer momento…
Alda M S Santos
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