AO SABOR DO VENTO
Um barco, uma âncora, uma bandeira a balançar
Seus olhos observam, sua alma voa
Ao sabor do vento navegam no oceano
Leva para lá e traz de volta para cá
E nesse constante remexer, nessa brisa refrescante
Ora é paz, calmaria, ora é tempestade, inconstância
Tenta encontrar seu lugar, se encaixar
Ser barco, ser âncora, ser vento, ser pouso…
Joga água salgada no rosto, aquece-se ao sol
Tenta lavar e aquecer também a alma
E o barco balança, a âncora repousa
O porto está longe e a bandeira balança ao sabor do vento
Fecha os olhos e, como ela, solta-se, entrega-se, deixa-se levar…
Alda M S Santos
DE NADA VALE
De nada vale estar cercado de água
Se ela for de oceano, não der para beber
Não dá para afogar as mágoas
Se desistir de se fazer entender
De nada vale saber nadar
Se não quiser aprofundar
Ter medo de fundo mergulhar
Num rio raso que pode seu coração fraturar
De nada vale se estender ao sol ou ao luar
Se não souber essa magia aproveitar
Sair na chuva sem querer se molhar
Ou ir para o parquinho sem saber brincar
De nada vale todo esse nosso viver
Se por aqui não fizermos acontecer
Aquilo que nos faz amar, encantar e crescer
Ajudando a tantos jardins enfeitar e florescer
Alda M S Santos
COEXISTÊNCIA
Vida e morte, morte e vida
No mesmo espaço, no mesmo cacho
Coexistência…
Fases de um viver, circularidade do existir
Por que tanta resistência em aceitar um partir?
Doloroso, fere fundo
A saudade que fica é paradoxal
Alimenta a ausência, machuca
Mas da vida é prova cabal
Quero a vida que há mesmo na morte
Aquela que nos deixa mais forte
E confiantes num poder maior
Num porvir que justifique esse existir
Saudade…
De tudo que partiu
De tudo que morreu em mim
Para mim
Saudade…
Um dia nos encontraremos
Em qualquer lugar, noutro plano
E, enfim, entenderemos…
Alda M S Santos
É A VIDA
Tá no ar, na brisa a suavizar
No coração que ora bate forte
Ou que tantas vezes parece parar
Querendo encontrar seu norte
Tá na flor, no perfume, no beija-flor
Na suavidade, na delicadeza, na cor
No sol que ilumina, que traz calor
No céu de Lua e estrelas, em todo esplendor
Tá no abraço, no beijo, no olhar
Na ânsia de ser feliz, de amar
No desejo de ser luz, ajudar
Tá dentro de nós, é inspiração
É luminosidade em toda escuridão
É a vida nos acolhendo em toda dimensão
Alda M S Santos
UM PORTAL
Atravessou um convidativo portal
Na esperança de encontrar algo especial
Um mundo mais humano, menos parcial
Onde viver não doesse tanto
Não houvesse tanto mal
Iluminou trilhas estreitas e escuras
Saltou obstáculos, recusou saídas obscuras
Recuou diante de muitas loucuras
Escalou montanhas altas, íngremes
Encontrou lindas pessoas, doçuras
Sorriu, chorou, sofreu, caiu, levantou
Esclareceu mentiras, lutou por verdades
Disse sim ao amor, enfrentou falsidades
Restaurou a fé, renovou a esperança
Finalmente percebeu que o portal é na realidade
Seu modo de encarar sua própria verdade
Com coragem, ânimo, dignidade
Aqui ou em qualquer dimensão
Viver com gratidão e intensidade
Alda M S Santos
EU ACREDITO
Eu acredito que há espaço para o amor
Sinto na cor, na textura, no perfume da flor
Entre tanta desavença e descrença
Quero viver, preciso crer, peço licença
Eu acredito no que é inerente à humanidade
À despeito de toda e qualquer maldade
A sobrevivência, o viver sempre se impõe
Ser e fazer feliz é tudo que se propõe
Eu acredito na energia atrativa dos abraços
Nos doces e suaves laços do bem
Na luz, na esperança que afaga, nos mantém
Eu acredito na capacidade de regeneração
Que brota da alma, é fogo, gera ação
É brasa que anima e aquece todo coração
Alda M S Santos
TÁ NO AR
Não precisa ir muito longe, não há mistério
Tudo que precisa saber está ali, é sério
Basta um olhar atento, aguçar a percepção
Inspirar, expirar, pra captar no ar toda a emoção
Se quer algo direto é só as palavras ouvir
Mas cuidado, com elas é fácil fingir
Mas se quer algo verdadeiro busque o olhar
Ali poderá ver opacidade ou sua luz brilhar
Há profundidade na essência, ela não é superficial
É o que temos de autêntico, belo, bem natural
E quando atiçada causa até mesmo um vendaval
Mas se quer mesmo alguém desvendar
Veja as atitudes, o sorriso, inspire, tá no ar
Perfumada como rosa, linda e clara como a luz do luar
Alda M S Santos
UM FIO INVISÍVEL
Dizem que há um fio invisível
A ligar pessoas que por aqui irão se encontrar
E cedo ou tarde isso se tornará possível
Essas almas afins com trabalho a realizar
Esse fio, essa energia, é poderosa
Uns a percebem azul, branca ou rosa
Há quem não a veja, apenas sinta a conexão
Aquela atração que parece sem explicação
É quando dizemos que o santo bateu, afinou
Que foi amor ao primeiro toque, palavra ou olhar
Ou que não conseguimos de jeito algum nos afastar
Perceptível ou não, certo é que existe essa conexão
Que une familiares, amantes, amigos, irmãos
Fio que atrai quem deverá parear rumo à evolução
Alda M S Santos
SE UM DIA…
Se um dia eu voltar aqui
Quero ter poder de escolha
Onde nascer, com quem conviver
E aqueles com quem partilhar o amor
Não me importo em ter que lidar com a dor
Se puder ser acolhida, acolher, levar um pouco de calor
Quero poder estar perto, ser parte da natureza
Poder me extasiar com sua beleza
Quero me embriagar de magia
Viver entre poetas, ser a poesia
Se possível, estar na mata ou perto do mar…
A única riqueza que faço questão
É a de trazer bons sentimentos no coração
Não preciso de luxo ou ostentação
Troco tudo pela paz e o abraço de um irmão
De gente bonita de alma e amigos do coração
Quero nem muito pedir
Quero ser apenas gratidão
E ter vocês nessa vida de evolução…
Alda M S Santos
COEXISTÊNCIA
Vida e morte, morte e vida
No mesmo espaço, no mesmo cacho
Coexistência…
Fases de um viver, circularidade do existir
Por que tanta resistência em aceitar um partir?
Doloroso, fere fundo
A saudade que fica é paradoxal
Alimenta a ausência, machuca
Mas da vida é prova cabal
Quero a vida que há mesmo na morte
Aquela que nos deixa mais forte
E confiantes num poder maior
Num porvir que justifique esse existir
Saudade…
De tudo que partiu
De tudo que morreu em mim
Para mim
Saudade…
Um dia nos encontraremos
Em qualquer lugar, noutro plano
E, enfim, entenderemos…
Alda M S Santos
ESCALANDO
Um galho de cada vez, se estica
Faz força, gira, apoia o pé
Dependura-se mais em cima
E escala a árvore como chimpanzé
Parece criança, dizem, é muita sapequice
Se tá difícil pede ajuda, insiste
E vai subindo, pura meninice
Senta, lá em cima nada é triste
Plantou aquela árvore, boa sensação
Regou, cuidou, viu crescer, não foi em vão
Agora é acolhida em seus galhos, seu coração
Em cima é encanto, embaixo é paraíso
Sombra que refresca, que acalma
E diverte-se na gangorra que traz leveza à alma
Alda M S Santos
UM INSTANTE
Por um único instante
Por mais fugaz que fosse
Gostaria de ir do outro lado
Aquele que fica além da vida
Apenas dar uma espiada e voltar
Saber se estou na rota certa
Se não desviei do caminho a que me propus
Se falta muito ainda para o game over
Ou se ainda tenho tempo para mudar de fase
Quanto falta ainda para conquistar ou realizar
Mas, principalmente, se não estou deixando ninguém para trás
Só por um instante!
Seria possível ir até lá?
Buscar mais munição, fazer reservas
Estocar suprimentos , sei lá
É que às vezes dá medo, parecemos jogar no escuro
Só por um instante…
Pode ser?
Alda M S Santos
POR VOCÊ!
Por você eu sou sorriso
Eu enxugo todas as lágrimas
Desperto com coragem
E carrego qualquer bagagem
Por você eu sou alegria, poesia
Eu gero prazer, sou magia
Desfaço os nós, faço laço
No cansaço peço um abraço
Por você eu brinco com a Lua
Nado em paz na noite escura
Me desmancho, fico nua
Mostro uma alma despida e pura
Por você, vida, eu insisto
Sigo o caminho, persisto
Por você eu faço de tudo
Vida, de você nunca desisto!
Por você!
Alda M S Santos
CARA DE ETERNIDADE
O que em nós dura mais
Que demora mais tempo para desaparecer
A raiva, a mágoa, a tristeza
Ou o sorriso feliz de puro prazer?
O que em nós tem cara de eternidade
Que gruda no corpo, cola na mente, une-se à alma
Uma imagem bela, um cheiro suave, uma palavra doce
Ou um toque de amor que aquece e acalma?
O que em nós se eterniza
E tem no coração lugar cativo
Aquilo que nos fortalece, nos fragiliza
Ou o que pelo amor nos torna abrigo?
Que em você tem cara de eternidade?
Alda M S Santos
NOSSOS DESERTOS
Em nossos desertos internos
Pode faltar água
O sol castigar a pele
A aridez do solo queimar os pés
As tempestades de areia machucarem o corpo
O calor excessivo do dia causar alucinações
A friagem congelante da noite paralisar a emoção
Mas nunca se perde a esperança
De descansar à sombra de um arbusto
De encontrar vida ativa
De encontrar um oásis…
Essa espera que nos faz enfrentar todos os medos
Toda a secura de nossos desertos internos
O desejo de sobreviver é maior
Mas é a expectativa e a visão de um oásis mais à frente
Que nos alimenta nesse duro caminhar
Que abastece o coração de vida
Que mantém a alma em atividade e estado de espera…
Não importa quando
Apenas sabemos que o oásis irá chegar…
Isso basta!
Alda M S Santos
LEVEZA
Sonhei que estava a caminho do céu
Vestes brancas e leves a flutuar
Na cabeça uma tiara de rosas, um véu
Subia, girava, sorria, ia devagar
Vez ou outra parava no caminho
Sentava numa nuvem para baixo a olhar
Quem foi que deixei sozinho
Isso pesava, não me deixava viajar
Era tão bom poder plainar
Cada vez mais longe, mais alturas alcançar
Tal qual águia na imensidão a voar
Tudo ficava leve, pétalas de rosas a carregar
Mas algo não estava bem
Ainda não posso ir, preciso retornar
Aqui tinha ficado alguém
Mas já conhecia o caminho do céu a atravessar
Me despedi de mim mesma
Minha leveza, minha destreza
Quem sabe não chegaria o dia
Que iria com certeza pra lá
Enquanto não é possível
Quero de novo sonhar
E nas asas de uma borboleta
As alturas de novo chegar…
Alda M S Santos
DA COR QUE A GENTE PINTA
Verde, vermelho, amarelo ou azul
A vida tem a cor que a gente pinta
Roxo, branco, preto ou laranja
Cinzenta ou multicolorida, talvez a gente a sinta
Se as cores que recebermos não forem suficientes
Vamos misturar, agitar, novas cores criar
Como as crianças dizem “quero de todas as cores” pintar
Vamos escolher melhor nossas paletas
Um jardim de muitas flores em várias facetas
E tingir nosso céu de azul anil
Nosso chão de marrom terra infantil
Nossas emoções de delicada violeta
Nossas lágrimas de clara magenta
Nosso sorriso de dourado amizade
Nossa esperança de verde solidariedade
Nosso amor de vermelho forte, vibrante
Nossas dores de amarelo calmante
Nossa alma furta-cor, multicor
Fazer do nosso e do mundo à nossa volta uma tela abstrata, repleta de amor
E quando tudo cinzento e tempestuoso parecer
Um arco-íris no céu de nossas emoções iremos fazer
Onde todos possamos nosso pote de ouro buscar
E o tesouro brilhante e valioso de uma vida em paz encontrar!
Alda M S Santos
UMA CARTA PARA MIM
Quero escrever uma carta para mim
Para que eu possa abri-la numa outra vida
Mesmo que não seja possível saber que eu mesma que enviei
Mas de um modo que eu acredite que deverei confiar
Uma carta para me alertar
De caminhos que não levam a lugar nenhum
De estradas que levam a buracos difíceis de sair
De brilhos que não são do olhar, não são duradouros
De luzes da ribalta que acabam nos cegando
Das pessoas que são anjos enviados e precisam ser ouvidas
De outras pessoas que ficarão por um tempo
Mas que não têm desejo de se eternizar em nós
Daquelas pessoas que serão praticamente partes essenciais de nós
Do amor que chega devagar, suave e para o qual podemos abrir as portas sem medos
Das trilhas que me afastam dEle
De como identificar quem e o que realmente importa na vida…
Uma carta que possa alertar a mim
E a quem puder dela se beneficiar
Para que possam aproveitar melhor o tempo por aqui
Viver, ser feliz, amar, evoluir
Antes que ela esteja muito perto do fim…
Apenas um alerta de amiga…
Alda M S Santos
É O DESEJO
É o desejo de saber mais que me faz compreender
É o desejo de entender que me faz aprender
É o desejo de descobrir que me impele a agir
É o desejo de mudar que me ensina a sonhar…
É o desejo de tudo conhecer que me faz crescer
É o desejo da grandiosidade que me ensina a humildade
É o desejo de viajar que me ensina a voar
É o desejo de não me afastar que me faz ficar…
É o desejo de me eternizar que me faz te amar
É o desejo de te ver feliz que me torna aprendiz
É o desejo de vencer a saudade que me torna realidade
É o desejo de promover a união que me leva a estender a mão…
É o desejo de não me perder que me leva a escrever
É o desejo de ter que me leva a ser
É o desejo de poetizar que me faz me emocionar
É o desejo de amar que me faz me encantar…
É o desejo que a tudo move
Que também me move…
Alda M S Santos
OCEANO
Ora calmo, ora tempestuoso
Leves ondas, ressaca brava, tormenta
Nossas vidas como oceano perigoso
Tem céu claro e também nebuloso
Ora teremos que fundo mergulhar
Ora precisaremos saltar
Noutras vezes o jeito é resistir, esperar
Só não podemos desistir, desanimar
Há piratas saqueadores a enfrentar
Mas também navios valentes a nos salvar
Muitas vezes na superfície boiar para não cansar
Ou apenas esperar e confiar
A calmaria passa, a tempestade também
O segredo está em aproveitar o que de bom cada uma tem
Porque sempre têm algo a nos dizer
É só chega do outro lado quem soube com o viver, aprender…
Alda M S Santos
QUERIA VOAR
Queria tanto voar…
Não a bordo de um avião
Ou dentro de máquina de aço qualquer
Queria bater minhas asas
Como águia, ou um gavião
Poder ir a qualquer canto
Onde não houvesse nenhum pranto
Queria tanto voar…
Lá do alto observar a tudo
Vista privilegiada desse mundão
Liberdade de ir e vir, sem prisão
E poder a quem precisar estender a mão
Queria tanto voar…
Mas sou um ser humano
A nós foram dadas outras habilidades
Podemos andar, pensar, falar, menos voar
Pensando bem, eu trocaria qualquer uma delas
Pela capacidade de subir, voar, plainar…
Queria tanto voar…
Já que isso não é possível
E confio no Senhor da Criação
Daqui fico curtindo e acenando
E voando apenas na imaginação…
Vamos voar?
Alda M S Santos
IMPERFEITA
Ela é assim, imperfeita
Interessante, atraente, convidativa
Ora boa, outras nem tanto
Mas com fé a gente se ajeita
Ela é assim, imperfeita
Bela, cinzenta ou colorida, engraçada
Faça rir ou faça chorar
Ninguém nunca a rejeita
Ela é assim, imperfeita
Inteira ou faltando pedaços
Repleta de amores e desamores
E de coragem que a gente respeita
Ela é assim, imperfeita
Nem sempre como almejamos
Mas é a vida que a gente não enjeita
E a amamos mesmo assim:
Imperfeita!
Alda M S Santos
FIM
Do princípio ao fim
Ou do fim ao princípio
Tantas questões dentro de mim
Chego só, volto só
Enfim, qual é o propósito
Disso tudo, Serafim
Será o fim?
Aterrisso sem nada saber
Tenho tanto ainda para aprender
E já começo a voltar
Para casa regressar
Perco a mobilidade, a habilidade
A memória e, por vezes, a consciência
Não é uma incongruência
Disso tudo, Serafim?
Tudo que amealhei por aqui
Não mais me pertencerá
O que me acompanhará é aquilo que ganhei ou perdi
Conquistei ou doei, e que poderei também deixar
Com quem esteve comigo do princípio ao fim
Chego nua, volto vestida de Lua, perfume de jasmim
Várias fases, brilho e luz…
Um ciclo que se fecha em mim e me conduz…
Alda M S Santos
ESPAÇOS EM BRANCO
Ninguém precisa ter todos os espaços preenchidos
Ninguém precisa preencher “falhas”dos outros
Ou ter todos os seus “quadros” pintados
Precisamos de telas em branco
Para fazermos dia a dia nossa obra de arte
Todos nós necessitamos desse espaço livre dentro de nós
Para que haja oxigenação, livre transitar
Para que a imaginação cresça, o amor floresça
Para que a luz penetre, aqueça
Para que não soframos de excessos
Para que encontremos aquilo que procuramos
Para podermos acolher o que nos fizer crescer
Para que as emoções possam livremente se expressar
Para que não se crie bolor por falta de uso
Tampouco grandes feridas por fricção e uso inadequado
Para que quando voltarmos para casa
Tenhamos usufruído de todas as nossas possibilidades…
Alda M S Santos
VIVER DE QUÊ?
Busca por razões de viver
Algo que motive, instigue
Que faça tudo isso valer a pena
E nessa desenfreada busca
Atropela-se tudo, passa-se por cima dos outros
Das razões de viver do outro, inclusive de si mesmo
Sua própria vida vazia é soberana
Vale mais do que todas as outras
Automutilação, autoextermínio
Viver de quê, para quê, para quem?
Enquanto não se perceber que uma vida não se constrói
Destruindo outras vidas
Sendo governo, povo, instituição, indivíduo ou o escambau
Qualquer busca será em vão
Será inócuo qualquer estender de mão
Precisamos viver das boas ações, do amor
Da esperança que um mundo melhor começa em nós
Mas que nunca exclui o mundo do outro
Buscamos por razões de viver
Que façam com que a dor e a alegria
Tenham razão de ser, não sejam em vão…
Precisamos viver da fé
“Só não se sabe fé em quê”
Alda M S Santos
PILOTANDO UM BOEING 787
Viver é comandar um Boeing 787, sem brevê
E aprender a fazê-lo, na prática
Sem aulas ou lições prévias
Manter-se no ar, em movimento, enfrentar intempéries mil
Ser submisso ao comando da “torre”
Pilotando na base da reflexão, por intuição
Baseando-se em aprendizados obtidos na tentativa e erro
Algumas vezes até dá pra deixar no piloto automático
Descansar, relaxar, confiar no trabalho da tripulação
Ou contar, ocasionalmente, com ajuda de um co-piloto
Mas viver é ir aprendendo a pilotar um 787 com coragem
Ser capitã da prática diária
É enfrentar inimigos externos e internos
Aprender a negociar, apaziguar, evitar danos na aeronave
É saber que carrega ali muitas vidas dependentes de sua habilidade
Que basta um erro para que todos sejam atingidos
Uma falha mais grave poderá ser fatal
E levar consigo para o chão toda a tripulação e passageiros
Não escolhemos quando começamos a voar
Tampouco saberemos o momento de parar
Mas, de todo modo, não deixa de ser um voo prazeroso e emocionante…
Alda M S Santos
AMOR INCONDICIONAL
Um amor puro, sem exigências ou condições
Daqueles que todos estamos sempre necessitados
Amor maior não há!
Amor que se doou, que deu a vida por nós…
Um amor feito de compreensão, de confiança, de perdão…
Amor que persiste mesmo conhecendo as falhas
Amor que não discriminou, que a todos acolheu
Que nos deu um coração para também amar
Amor que viveu por nós!
E, porque VIVE, quer para nós o que sempre nos ensinou:
O AMOR a todos.
Amor de luz, amor de paz, AMOR DE JESUS!
Jesus renasce todos os dias
Nos corações daqueles
Que se levantam dispostos a amar…
Pode faltar tudo nessa Páscoa, menos esse amor…
Feliz Páscoa, amigos!
Alda M S Santos
ESPETÁCULO DA VIDA
Quiséramos uma sincronia assim perfeita para a vida
Entre pliés, tendus e frapés
Solo, duplas, grupos, coletivamente
Seguir sempre a coreografia
Ora girando, abaixando, grudando, leveza total
E num grande jeté sermos lançados para o alto
Na certeza que não nos deixarão cair
Que haverá um partner a nos recolher
No ritmo da música, lindamente…
Que iremos girar e girar e girar
Sem tontura, sensualmente brilhar
E o próximo passo seguirá perfeito
Exaustivamente treinados como num grande espetáculo
Todos cumprindo bem seu papel
Um sonho: que a vida fosse assim
Um ballet onde ninguém cai
Todos sabem sua participação ali
A hora certa de entrar, se apresentar, brilhar
E também de sair de cena…
Porque tudo que temos aqui é um grande teatro
Bem ou mal representado, apresentado
Não há plateia, apenas autores e atores…
Alda M S Santos
QUANTOS DEGRAUS?
Quantos degraus até o céu?
A escada é sinuosa, rolante, escorregadia, antiderrapante?
Quem pode subir, há restrições, limites de entrada?
Podemos levar alguém, sermos levados por alguém?
E se nos cansarmos no caminho, tropeçarmos, cairmos?
Podemos voltar a subir ou perdemos a vez?
Os últimos serão os primeiros?
Quantos degraus até o céu?
A entrada é franca? Paga-se com quê?
Qual a “moeda” de troca?
Muitas perguntas… Sei lá!
Enquanto isso vou fazendo do agora o meu céu
Tal qual crianças a brincar, a pular amarelinha
Continuo subindo até o céu…
Alda M S Santos
NÃO ESTAMOS SOZINHOS
Somos humanos cercados por outros humanos
Numa casa rodeada por outras casas
Numa cidade fronteiriça de outra cidade
Dentro de uma nação que se avizinha de outras nações
Habitantes do planeta Terra, ao lado de outros planetas e astros
Membros de uma galáxia gigantesca
Não estamos sozinhos!
Mesmo quando não nos sentimos mais que pequeninos grãos de areia
E parecemos estar muito sós, não estamos
Em nossa mais intensa introspecção temos a nós mesmos
E quando encontramos a nós mesmos
Somos capazes de identificar o outro tão perto de nós
E estender a mão, pegar uma mão…
Alda M S Santos
A MELHOR PROFESSORA
Ela é considerada a melhor professora
Nem sempre a mais doce
Tampouco a mais justa
Pode levar tempo, machucar
Precisar reapresentar as mesmas lições
Do mesmo modo, mesmos recursos e técnicas
Ou com um método diferente, novos livros, material didático atualizado
Para os alunos mais “complicados” e difíceis
Mas ninguém pode negar sua eficiência
Ela ensina, leve o tempo que levar
Por bem ou por mal
Por prazer ou por dor
A vida ensina! E como ensina!
Se esse for o único quesito exigido, o troféu vai para ela
A vida é a melhor professora!
Alda M S Santos
QUEM MAIS VIVEU?
Quem mais viveu?
Aquele que acumulou mais idade cronológica
Ou aquele que mais cresceu, amadureceu emocionalmente?
Quem mais viveu?
Aquele que acumulou mais sorrisos
Ou aquele que mais chorou?
Quem mais viveu?
Aquele que mais conquistou bens
Ou aquele que mais prestou serviços?
Quem mais viveu?
Aquele que mais prazer vivenciou
Ou aquele que mais se doou?
Quem mais viveu?
Aquele que conheceu o mundo todo
Ou aquele que conheceu melhor a si mesmo?
Quem mais viveu?
O que despertou mais empatia e amor
Ou o que mais intensamente amou?
Quem mais viveu?
Aquele que lutou e brigou por um mundo melhor para si e para os outros
Ou aquele que aceitou o que a vida apresentou
Extraindo dela o melhor?
Quem?
Quem mais viveu foi o que soube ser feliz em qualquer circunstância
Estando pleno mesmo na falta…
Quanto nos “falta” para a plenitude?
Alda M S Santos
DEIXE VIRAR POESIA
Aquilo que te leva ao êxtase
Que provoca risos sem fim
Deixe virar poesia
Aquilo que te machuca, corta
Que causa dores e cicatrizes
Deixe virar poesia
Aquilo que você agora desconhece
Que te magoa, enrijece
Deixe virar poesia
Aquilo que te sensibiliza, emociona
Que aperta o coração, e que você tanto ama
Deixe virar poesia
Aquilo que te amedronta, aterroriza
Causa pesadelos que nem a luz ameniza
Deixe virar poesia
Aquilo que é real, imaginário
Que é fugaz ou que virou saudade
Deixe virar poesia
Aquilo que é beleza, na simplicidade ou na sofisticação
Que traz sabor e aroma ao cotidiano
Deixe virar poesia
Tudo aquilo que é vida, que não se desperdiça ou economiza
Se eterniza
Deixe virar poesia…
Alda M S Santos
DEVANEIOS
Vou escrever uma história
Daquelas bem bonitas
Real ou imaginária
Talvez mesclada, realizada e sonhada
E colocar numa garrafa de vidro
Enrolada tal qual pergaminho
Exalando um pouco de perfume suave
Um beijo de batom rosa
Umas lágrimas desobedientes
Muitos sorrisos de satisfação e amor
Colocar uma rolha fechando a vácuo
E lançar no oceano…
Quem sabe um dia, décadas à frente, alguém a encontre
A esfregue para retirar marcas do tempo
E, tal qual gênio da lâmpada de Aladim
De lá de dentro a história se materialize novamente
Rica em detalhes e melhor vivida
Ou que apenas deixe para a posteridade
O registro de uma história de vida bonita
Espero que seja a nossa…
Alda M S Santos
QUE HAJA VIDA EM NÓS
Tantas vidas valiosas se perdendo todos os dias
Levadas de modos tão estúpidos e cruéis
Nos tiram o chão, o ar, nos deixam à mercê do acaso
Fazem-nos crer que não valemos grande coisa
Que não temos controle de nada
Somos um grão de areia nessa imensa galáxia
Que podemos simplesmente sair para trabalhar e não voltar
Sem sequer poder nos despedir, nos desculpar
Dar um último abraço ou beijo
Ou fazer uma bela declaração de amor
Com palavras, com uma delicadeza, um olhar ou um aceno
Mas será que há mesmo acaso?
Qual nossa responsabilidade sobre nossas vidas
E sobre as vidas dos que nos são caros
Ou que são caros para os outros?
Quero crer que um propósito há nisso tudo
Que ainda podemos seguir, abraçar, amar, viver
Porque no dia em que não acreditarmos mais nisso
A vida já terá se acabado em nós
Com ou sem tragédias
E isso é pior que morrer…
Que a fé e o amor prevaleçam
Que os aprendizados aconteçam
Que as mágoas arrefeçam
E que sempre haja vida em nós para recomeçar
Quantas vezes forem necessárias…
Alda M S Santos
Foto Serra da Moeda – MG
RITMO DA VIDA
Havia um burburinho por ali
No entorno ouvia gargalhadas de algumas pessoas
Numa mesa algumas mulheres sorriam contando casos
Na outra um casal se falava com os olhos e as mãos
Um grupo de homens assistia ao futebol num canto
A música que se ouvia vinha de uma pequena banda ao vivo
Um senhor sério conversava com duas mulheres bem mais jovens
Os três pareciam isolados em si mesmos
Garçons e garçonetes frenéticos procuravam atender a todos
Numa mesa, virada para a rua, estava uma mulher olhando a Lua
Bonita, vestida de si mesma, parecia esperar alguém
Olhava o relógio todo o tempo e enxugava os olhos
Chamou o garçom, entregou a ele um guardanapo onde escreveu algo
Ele se encaminhou e entregou a mensagem ao violeiro da banda
Ele ruborizou, saiu de lá, foi até a mulher
E saíram dançando entre as mesas sob aplausos
Um guardanapo caiu no chão
Havia uma marca de beijo de batom, lágrimas e um “vamos dançar”?
Seguiram dançando ao ritmo que a vida impunha
Quantas histórias haviam ali?
A vida é assim, ela impõe o ritmo
Mas somos nós que escolhemos se, como
Quando e com quem dançar…
Alda M S Santos
PERDENDO VIDA
Perder documentos, óculos, carteira, chaves
Num bolso, na bolsa, no transporte público ou na rua
Talvez se recupere, talvez não
E a vida continua…
Mas perder ideias, sonhos, ideais, pessoas, sentimentos
Escondidos num coração ou numa alma
Que não se mostra para o mundo
Que teme a dor, a rejeição, o sofrimento
É muito mais danoso, é perder o rumo, é perder vida
E talvez de modo irreversível
Todo cuidado é pouco com o que deixamos se perder de nós por aí …
Alda M S Santos
VEJO EM VOCÊ
Vejo em você o que preciso para crescer
Para ser melhor a cada dia
E não são só coisas boas que me possibilitam isso
O que há de negativo em você também me ensina a evoluir
Me permite desenvolver o que é falho também em mim
Aprendo quando você me faz sofrer, me faz chorar
Aprendo quando você me leva ao êxtase, à alegria extrema
Sou melhor quando preciso esquecer um pouco de mim
E me concentrar no que você insiste em me mostrar
Vejo em você vários caminhos que me desnorteiam
Mas que também me ensinam a responsabilidade das escolhas
Vejo em você, Vida, tudo que preciso para ser eu mesma
Um ser humano em evolução que busca no amor a sua luz
Por isso ainda insisto em ficar com você!
Obrigada, Vida!
Alda M S Santos
NAMASTÊ
O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você
E quando isso ocorre só coisas boas podem acontecer
O belo que existe em mim saúda o belo que existe em você
Minha essência humana saúda sua essência humana
Minha porção divina saúda sua porção divina
A partir daí somos imbatíveis, invencíveis
Porque ao acionarmos o bem que há em cada um de nós
Não sobra espaço para o mal, o negativo fica sem lugar
As sombras não causam medo, os monstros não atemorizam
A escuridão é iluminada pela luz
Aquela que, mesmo escondida, mora dentro de mim, dentro de você
Basta acender!
Namastê!
Alda M S Santos
VERÃO
Verão que tudo é luz, é calor
Energia que emana do interior
Do ar, da terra, do alto, do ser…
Verão que não é uma simples estação a viver
É rosa desabrochada, perfume, encanto, diversão
É amor em cores, multicores, alegria, brilho em profusão
É inspiração que instiga a alma, o coração
É o produto do longo hibernar do inverno, é emoção
É leveza, é brisa, é descanso, é preguiça, é união
Verão é viagem além-mar, logo ali
Ou mesmo na imaginação
Verão é só riso, sorriso, é gratidão!
Alda M S Santos
VAI LÁ…
Era chegada a hora
Um abraço de despedida
Um beijo de “até breve”
E ouvia as expectativas
“Você é forte, é capaz”!
Entre medos e receios de última hora
“Será que isso é mesmo necessário”?
Ou “não posso ficar mais um pouco”?
E ouviu mais um incentivo
“Foi uma escolha de amor. Vá”!
Angústia, medo de não ter forças, saudades antecipadas
“Estarei contigo e te tratei de volta na hora certa”!
Mais um abraço de puro amor
“Se precisar de Mim, ore, chame meu nome, Eu te ouvirei”!
E ela desceu pronta para a batalha
“Vai lá e arrasa! Faça valer a pena “!
E de passo em passo, uma oração
Entre erros e acertos, buscava por Ele
Tentando cumprir sua missão de amor…
Até breve!
Alda M S Santos
ENQUANTO ISSO…
Enquanto a humanidade busca suas companhias
Enquanto seleciona o amor, a família, as amizades e afinidades
Enquanto conserva, mantém ou destrói relações
Focando demasiadamente em físicos padrão, em corpos jovens, bonitos e desejáveis
O que encontramos quase sempre
São corpos sarados e (des) acompanhados
Mentes tantas vezes doentes e solitárias
Almas abandonadas e tristes
Em seres humanos tantas vezes infelizes
Que não se sentem bem consigo mesmos, que roubam o bem estar de outros
Incapazes de ser ou de fazer alguém feliz
Sem chão, perdidos…
A humanidade precisa se reencontrar…
Alda M S Santos
SOZINHOS
Medo inexplicável e insondável todos temos da solidão
Já que em momentos cruciais do existir estamos sós
Viemos para esse mundo, abrimos os olhos, vemos a luz, choramos …
Por mais gente que esteja ao nosso redor nesse momento
Chegamos sós…
E passamos a vida em busca de companhia, de afinidades
De um modo de afastar a solidão…
Será que temos a consciência que o momento da solidão voltará
Que será difícil, doloroso?
E que ter alguém ao longo do caminho poderia amenizar isso?
Na hora de partir, de voltar para o lugar de onde viemos
No momento em que fecharemos os olhos para esse mundo
Teremos apenas a solidão de companheira, iremos sós
Voltaremos também sozinhos
Para um lugar que mesmo imaginado, até sonhado
É, ainda assim, desconhecido…
Quanto mais amigos ficarmos dessa companheira, a solidão
Menos sozinhos estaremos…
Ser amigo da solidão, é não perder-se de si mesmo…
Alda M S Santos
DÁ PARA EXPLICAR?
“Você conseguiria explicar isso para seus pais, para seus filhos
Sem pestanejar, sem titubear, sem subterfúgios
Com leveza, certeza, tranquilidade?
Essa é a pergunta que me faço antes de tomar qualquer decisão
Seja na vida profissional, pessoal, social ou religiosa”
Ouvi isso certa vez e achei muito sensato!
Se qualquer atitude tomada for envergonhar
Não der para explicar de modo claro, sem mentiras
Para aqueles que mais amamos e nos importamos
Para quem nos admira e se importa conosco
É sinal que não é uma boa opção
Se não dá para explicar sem medos ou receios de rejeições
As construções, escolhas, desconstruções e consequências
É uma atitude que não deve ser tomada
Certamente irá machucar alguém e ferir a própria consciência…
Certa vez ouvi uma pessoa amiga dizer
“Não queria isso, como vou explicar para meus filhos”?
Isso pode não ser tão fácil sempre
Mas é uma maneira sábia de lidar com indecisões
Com erros e acertos, com tropeços e quedas
Com as ventanias da vida…
Alda M S Santos
FAZER O BEM, VIVER O BEM
“Uma pessoa do bem, que ajuda a tantos não merece passar por isso”
Fala contínua pós-tragédias, particularmente quando atingem indivíduos “do bem”
Fazer o bem não livra ninguém de ser atingido pelo mal
É um modo caridoso de ser e de viver
Uma maneira de ser generoso consigo mesmo através dos outros
Uma vida tentando ser fiel a seus princípios
Que, infelizmente, não imuniza contra as maldades existentes por aí
Mas torna seus autores mais fortes e resistentes para enfrentá-las
Num mundo de cabeça para baixo
Ser bondoso, ético e correto, o que deveria ser visto como natural
É encarado com incredulidade.
Espanto com o mal deveria ser geral, independente de quem atinja…
Cercarmo-nos do bem, fazer o bem
Tornar mais equilibrada a luta do bem contra o mal
É na verdade uma maneira de tentar neutralizar o negativo existente por aí
Que sabemos que tem sempre muitos adeptos
Infelizmente…
Alda M S Santos
FINOU-SE?
Dia de Finados, dia dos mortos, dia dos vivos
Dia de todos nós que aceitamos nossas mortes diárias
Aquilo que em nós finou por inanição, por circularidade existencial, por ciclo vital
Somos feitos de nascimentos e mortes todo o tempo
Aprendendo a lidar com o que em nós definha, morre
O que em nós brota, nasce, cresce, se agiganta
Até mesmo o que em nós se transforma ou se recolhe
Para não tirar a luz daquilo que precisa crescer
Fruto que precisa secar, morrer
Para deixar a semente de um novo existir brotar
E manter oxigenado em nós o que precisa viver…
A “melhor morte” de todas é a que serve de adubo para aquilo que vai nascer
Não morre, se transforma e renasce em algo mais lindo e duradouro
Como o que temos em nós de mais maravilhoso
Capaz de permitir que nele nos eternizemos: O AMOR
Alda M S Santos
QUAL A QUESTÃO?
Não é uma questão de vencer a qualquer custo
É uma questão de saber quais “armas” são válidas
Não é uma questão de ter a quem culpar
É uma questão de assumir as próprias responsabilidades
Não é uma questão de vencer ou perder
É uma questão de ficar bem consigo mesmo numa ou noutra situação
Não é uma questão de quem vive ou quem morre
Por quem se vive ou por quem se morre
É uma questão de vida e morte para todos
É uma questão de porquê se vive e porquê se morre
Mas, principalmente, de como se vive ou como se morre
Pois não há quem vença sempre
Não há tampouco quem viva para sempre…
Em cada vitória trazemos uma derrota acoplada
Em cada derrota há sempre algo de positivo e vitorioso a considerar
É tudo uma questão de ir aprendendo a viver
Enquanto houver vida, amor, esperança e confiança…
Alda M S Santos
DORES E DELÍCIAS DO VIVER
É dor ou delícia?
Dispor de um céu infinito para voar
E encontrar alimento num cativeiro alheio?
É dor ou delícia?
Ter asas leves e fortes capazes de alçar voo nos sonhos do coração
E precisar manter os pés firmes e pesados no chão?
É dor ou delícia?
Avistar um deslumbrante e convidativo horizonte além-mar a desbravar
E desejar um porto distante e inalcançável a um barquinho de papel?
É dor ou delícia?
Flutuar nas águas límpidas e leves do amor incondicional
E, afoito, se afogar nas águas turvas e densas da ilusão?
Viver é se molhar e se secar, tornar a se molhar e tornar a se secar
No brilho líquido e vibrante dos sorrisos e das lágrimas
Que nos tomam todo o tempo de delícias e dores….
É dor ou delícia?
Cada qual que responda por si…
Alda M S Santos
QUANDO EU FOR EMBORA
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Aqueles que caminharam comigo
Que tiveram de mim a companhia diária?
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Aqueles aos quais dei meu melhor, mesmo falha, mesmo nos erros?
Ficará neles a lembrança do meu sorriso, do meu cuidado, do meu amor?
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Aqueles para os quais trabalhei, ensinei, me dediquei?
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Aqueles que buscaram em mim a inspiração e energia para continuar?
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Aqueles que me amaram…
Mas quem me amou de verdade?
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Aqueles que de mim precisaram, que usufruíram do que pude proporcionar
Que amaram não a mim exatamente, mas o que lhes possibilitei
Esses encontrarão logo substituto quando eu for embora
Sentirão falta de alguém como eu, não de mim…
Nós somos quem amamos e quem nos amou de verdade
Quando formos embora levaremos grande parte deles conosco
Deixaremos muito de nós com eles…
Quando eu for embora
Quem de mim sentirá falta?
Alda M S Santos
DESCULPE!
Eu lutei, me esforcei, enfrentei o que machucava, sem revoltas
Dei tudo de mim, entreguei o que tinha, pedi, perdi
Desculpe!
Não foi o bastante tudo que fiz
As dores que passei, os medos que vivi, eu tentei, perdi
Desculpe!
Amei vocês acima de tudo, briguei comigo mesma
Quis estar aqui, ser a Mulher Maravilha, perdi
Mas nem todos os laços que cultivei conseguiram me salvar
Desculpe!
Fui feliz, sorri, chorei, sofri, fiz vocês sofrerem
Acreditei que seria possível… perdi
Desculpe!
Por não ter aguentado, não ter conseguido ficar mais
Desculpe!
Por ter partido e deixado vocês para trás
Desculpe!
Mas uma promessa eu cumprirei
Amarei vocês para sempre!
Ainda nos encontraremos um dia e abraçarei vocês de novo
Desculpe! Adeus!
Ela teria dito, se pudesse, antes de partir…
Eu teria dito se fosse ela
E ela se foi…
Guerreira, amante e amada…
Alda M S Santos