QUE TREM DE DOIDO!
“Trem de doido” é algo impressionante, surpreendente, fora do comum
Isso no bom sentido que tomou…
Uma expressão de mineiro,
surgida em Barbacena
Trens de doidos eram chamados os vagões que despejavam centenas de “loucos”,
Ou aqueles que fugiam aos padrões sociais, nos pavilhões do manicômio de Barbacena.
Trem de doido era o transporte que levava aqueles que fugiam ao “normal”,
Assustador, desumano, cruel.
Trem de doido é a capacidade do ser humano de excluir uns aos outros
Trem de doido é o modo como tratavam esses seres segregados
Trem de doido é a ausência de indivíduo, de ser humano, apenas um bloco de pessoas
Eu disse pessoas?
Trem de doido é carregar o peso de terapias de eletrochoque e lobotomia
Trem de doido é a sensação de aperto que fica no peito
Por não poder reverter o curso dessa história (des)humana
Trem de doido é querer voltar no tempo e limpar tanta sujeira
Trem de doido é imaginar Aparícios, Josés, Marias e Marianas
Da nossa família, ou não, chegando nos trens ou nos lombos de cavalos
Apenas um nome num livro gigante e amarelado, data de internação e falecimento
Informações nem sempre confiáveis
Trem de doido é tentar impedir as lágrimas que rolam sem cessar
Trem de doido é ver o quanto estão presos dentro de si, como parte daquele lugar
Trem de doido é sentir que bastaria ser diferente
Para ser ali jogado, esquecido e realmente ensandecer.
Trem de doido é saber quantos “perdidos” dentro de si
Apenas por serem diferentes
Ainda hoje são considerados insanos!
Que trem de doido!
Alda M S Santos

julho 16, 2018 at 6:55 pm
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julho 16, 2018 at 7:57 pm
Muito obrigada! Muito gentil!
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julho 16, 2018 at 10:50 pm
Bem isso…ou melhor…muito disso aconteceu…em breve público meu poema com este título contando mais um pouco, inclusive, do que presenciei em Barbacena quando era criança pequena…
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julho 17, 2018 at 8:37 am
Revi o filme Em nome da razão e o documentário Holocausto Braisleiro. Nesse livro aí consta o nome do meu bisavô: Aparício José Martins, internado em 1926 e morto em 1928. Tinha 29 anos. 😢
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julho 17, 2018 at 8:37 am
Aguardando seu poema sobre eles.
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julho 17, 2018 at 3:06 pm
Já está escrito, mas, eu preciso selecionar para publicar…aguardo datas oportunas…em breve… apesar de triste e lamentável, em tempo você fazer memória aos seus antepassados… há pouco tempo descobri, por acaso, que uma das avós de minha esposa, também veio da Bahia para Barbacena e teve o mesmo triste destino. Fraterno abraço.
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julho 17, 2018 at 4:33 pm
Sim! A sensação de impotência é grande! Abraços para vcs!
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