AURORAS EMOCIONAIS
O quanto sou luz, o quanto sou sombra
O quanto sou ímã, o quanto sou reflexo
Em nossas auroras emocionais
É preciso deixar nascer o bem
Só assim nossas primaveras
Saberão florir e perfumar
Nossos jardins internos e externos
E levar brilho ao mundo escuro de alguém
A escuridão não deve ser alimentada ou propagada
Alda M S Santos
SIMPLESMENTE, NEBULOSO
Tempo nebuloso, humanos acinzentados
Difícil respirar, secura no ar
Almas cansadas, mentes a divagar
A voz não sai, embaça o olhar
Em busca de um propósito, um lugar
Lá longe, tão perto, cá dentro
Onde haverá luz, paz, contentamento?
Seres viventes, simplesmente, seguem
Vão em frente, usando a bateria reserva
Enquanto o mundo sacode tudo a dizer:
É tempo de despertar! Tempo de realizar!
Alda M S Santos
UM VIVER MORNO
Um mundo densamente povoado
Há gente de todo tipo, para todo lado
Tem para todos os gostos e preferências
Mas nunca houve tanta solidão e negligência
Gente que não se demora num olhar
Gente que já não sabe mais abraçar
Gente que tem pressa de chegar
Sem saber sequer aonde vai parar
Gente que busca uma conexão qualquer
Não se identifica o que a alma requer
Gente que anda carente de colo e atenção
Do ombro, da palavra ou do silêncio irmão
Um mundo de várias pessoas no entorno
E tanta gente nesse viver morno
Falta calor humano, amor de verdade
Ganhar tempo é perder em humanidade
Alda M S Santos
NO AUTOMÁTICO
Nada mais cansativo, tenso e doloroso
Que viver no automático, no modo tedioso
Não há escolhas, opções, há imposição
Das coisas da vida que não geram emoção
A vida requer envolvimento, prazer
Simpatia, empatia em tudo que for fazer
O desejo de se entregar, se envolver
Faz tudo ter significado nesse viver
Quando a alma não se sensibiliza
Parece anestesiada, robótica, não verbaliza
É chegada a hora de ligar o vitaliza
Sem redundância, viver é um presente de amor
Mas se não há alegria, conversemos com o Criador
Busquemos no Alto, em nós mesmos, mais disposição e calor
Alda M S Santos
MOVENDO MONTANHAS
Passamos a vida movendo nossas montanhas
Descobrindo quem nos impele a isso
Quem nos dá essa energia, essa força sobrenatural
De tudo mover, mudar, tornar especial
O que ou quem nos faz derrubar muros, afastar barreiras
E ainda assim nos sentir bem conosco mesmos
Sabedores de termos feito o melhor, abrindo fronteiras
E encontrando nosso oásis em meio ao deserto
Depois de sofrer com a angústia tão de perto
Mover montanhas não precisa ser pesado
Pode e deve ser por e com prazer, com cuidado
Dizem que a fé move montanhas
Sim! A fé em Deus, no seu amor, sem artimanhas
Mas sobretudo na fé que Ele depositou em nós
Nos mandando pra cá para enfrentar esse mundo feroz
Se Ele acredita e espera tanto da gente
Quem somos nós para fazer diferente?
Quero mesmo é mergulhar fundo nessa lagoa que é a vida
Ora parada, calma, ora agitada, bela miragem
E mover qualquer montanha será um ato de coragem …
Alda M S Santos
DE QUE ADIANTA?
De que adianta uma linda voz
Se quando é preciso, ela se cala?
De que adianta um belo sorriso, se apenas se abre para alguns,
E tantos necessitados são excluídos?
De que adianta tamanha inteligência,
Se não sabe agir ao sabor da emoção?
De que adianta tanta beleza, se não é possível mergulhar mais fundo,
Sob pena de “bater a cabeça” em rasa profundidade?
De que adianta tanta “cultura”,
Se as palavras mais doces não fazem parte de seu vocabulário?
De que adianta braços fortes e ombros largos,
Se não servem de abrigo ou de colo a quem precisa?
De que adianta o amor preso dentro de si,
Se ele é uma flor que precisa do sol
Que existe no outro,
Para crescer, se abrir e encantar?
De que adianta?
Alda M S Santos
ADIVINHAÇÃO
Sonhei que tinha acordado com o poder de adivinhar
Bastava olhar alguém e sua alma podia enxergar
Rapidinho percebia de quem poderia gostar
Ou no coração de quem eu já tinha bom lugar
Para uns eu olhava e dava vontade de chorar
De outros eu queria apenas me distanciar
Havia aqueles que queria muito abraçar e beijar
E outros, tão ternos, o que fazer melhor nem contar
Parecia coisa boa ter poder de adivinhação
Saber de longe o que se passa em um coração
Mas, afinal, não é assim grande coisa, não
Só valeria a pena se a adivinhação
Viesse acompanhada com poder de ação
Aquela que no coração do outro faz transformação
Alda M S Santos
A CURA
Qual a cura para um mundo de amargura
Para humanos tão sem ternura
Que pouco fazem por evolução
E não temem a própria extinção?
Qual a cura para um mundo tão sem compaixão
Egoísta, que vive na alienação
Quer tudo, é imediatista, destrói o futuro
E já não sabe mais como ser puro?
Qual a cura para você, para nós
Há como desatar tantos nós
Refazer os laços, oferecer mais abraços?
Já foi apontada a cura para tanto desengano
Houve um Alguém que disse, um Senhor
Que a cura para qualquer mal é o amor…
Alda M S Santos
UM OLHAR VAGO
Ela estava sentada naquele banco debaixo de uma grande árvore no parque.
Gostava muito de ir ali para pensar, relaxar, abstrair-se dos problemas.
Tempo frio, vento de agosto, o sol brilhava, mas pouco aquecia.
Jardim bem cuidado, lindas flores, perfumado, borboletas e beija-flores.
Crianças corriam, subiam, desciam, escorregavam, pedalavam, riam. Totalmente alheias ao mundo confuso dos adultos.
Um grupo de mães mais a frente vigiava. Falavam do mundo infantil. Algumas com bebês nos carrinhos, vez ou outra ofereciam água às crianças.
Um casal enamorado sentado de frente um para o outro, imersos um no outro.
Um senhor de idade meio indefinida, cabelos ralos e brancos, parecia distraído, acessando muitas lembranças. Carregava um jornal que não lia, olhar ao longe.
E ela ali, pensando, imaginando, observando…
As crianças continuavam a algazarra. Uma bola veio aos seus pés, jogou de volta com um sorriso.
O casal parecia cada vez mais desligado do entorno, mais mergulhados em si mesmos.
As mulheres continuavam uma conversa animada sobre os preços no mercado.
O senhor lentamente se levantou, limpou uma sujeira imaginária na própria calça, conferiu o banco, guardou o jornal na sacola e veio andando.
Derrepente a bola passou veloz no ar em direção àquele senhor.
Ela, num impulso, saltou e interceptou a bola antes que atingisse o alvo. Certamente derrubaria aquele senhor.
As mães ralharam e chamaram as crianças para ir embora. Umas reclamavam, outras choravam.
O casal olhou distraído para aquilo que ousava tirá-los de seu mundo e voltou a se beijar.
O senhor demonstrou gratidão, aceitou a sugestão dela e sentou-se novamente.
Olhou bem para ela, sorriu, um doce sorriso que iluminou todo aquele rosto.
Pegou o jornal, abriu, tirou de dentro dele um livro, o seu livro…
“É você, não é?” – afirmou sem esperar resposta com surpresa e alegria. “Adoro seus poemas”.
Ela também sorriu. A poesia tomou conta do parque .
A conversa fluía solta, o olhar já não era mais vago…
Alda M S Santos
APRENDI
Aprendi a viver com a água encanada
Mas não perdi o gosto de no rio ser banhada
Aprendi a transitar em rua asfaltada
Mas amo em caminhos de terra fazer minha caminhada
Aprendi a viver de certa forma engaiolada
Mas minha alma se encanta com a liberdade da passarada
Aprendi a não temer o escuro da madrugada
Pois sei que Ele sempre manda a beleza da alvorada
Aprendi a conviver com alma machucada
Pois sei que cedo ou tarde estará cicatrizada
Aprendi a viver, às vezes, perdida nessa estrada
Pois acabo me encontrando quando me percebo amada
Aprendi por frascos ser dia a dia perfumada
Mas não o desejo de me perfumar na floresta encantada
Aprendi a ver a luz em ruas enfileirada
Mas nada se compara ao brilho de uma noite enluarada
Aprendi enfrentar as dificuldades de uma vida entrincheirada
Mas nunca saberei lidar com a vida que se faz desprezada
Alda M S Santos
NUNCA!
Estamos sendo convocados
Pelo nosso eu, nosso interior
A encontrar um meio de valorizar
O que realmente tem valor
Nunca fomos tão necessários
Para fazer uma boa avaliação
Do que em nós é precário
E do que carece evolução
Nunca fizemos tanta falta
Para nós, para a humanidade
Saber que somos mais e melhores
Quando agimos pela coletividade
Nunca tanta carência se evidenciou
De fé, de pão, de emoção e afeto
O momento é agora, já começou
Você não poderá fugir, isso é certo
Alda M S Santos
MINHAS PEDRAS
Há coisas que devemos por bem compartilhar
Alegrias, amor, sorrisos, carinho
Coisas que fazem bem trocar
Também é bom, até necessário, falar, conversar
Desabafar, dividir com alguém as pedras do caminhar
Mas é importante também saber a hora de calar
Há pedras que podemos com o outro revezar
Outras são só nossas, não dá para repassar
Sob pena de o peso ser grande demais
Para que qualquer um possa carregar
Melhor deixar apenas as flores perfumar
As minhas, as suas, as nossas pedras
Um dia serão um belo calçamento
Onde desfilarão somente bons sentimentos
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
VAMOS BRINCAR DE VIVER
Que fazer com esse novo amanhecer
Que invade sua janela sem pedir
Sem perguntar se é isso que vai querer
Sol que lança através da vidraça seus raios sem pudor
Leva calor, luz, pássaros, afasta seu cobertor
Que parecem cantar em sua sintonia
Acorda! É tempo de viver o amor!
Há um mundo lá fora à sua espera
Que precisa de cada um aqui
Para que se opere a magia
De um viver de paz e harmonia
Abra as portas da sua alma
Acredite, deixe-se invadir pela energia dessa boa aura
O belo cá de fora convida o belo que há em você
Venha! Vamos brincar de viver!
Vamos?
Alda M S Santos
NA CORDA BAMBA
Aquela sensação de caminhar na corda bamba
Abrindo os braços para equilibrar, acertar os passos
Com a impressão que um vento qualquer irá tudo derrubar
Um silêncio sinistro paira no ar, dificulta o respirar
Pressentimento, sexto sentido, intuição?
Não sei dizer o que é isso não
Um cheiro de medo, de desconstrução
Mas elevo o pensamento ao alto, um pedido, uma oração
Se este vento vier mesmo, que venha certeiro
Que coloque as coisas no lugar primeiro
Depois, jogue tudo que é ruim no chão
E deixe apenas o que for aliado do amor sobrar no coração
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
DE GOTA EM GOTA
De gota em gota vão chegando as alegrias
Aquelas que a vida nos presenteia dia a dia
E nós, tolos, queremos copo cheio
Nos perdemos e nos afogamos nesse meio
De gota em gota vai chegando um grande amor
Aquele que aos poucos faz a vida ser flor
Colorida, bela, perfumada, seja como for
E nos ensina que de beijo em beijo se satisfaz o beija-flor
Chuviscos, garoa ou furacão
Qualquer deles irriga um coração
Basta querer bem, ser atenção, (com)paixão
A conta-gotas também dá para ser feliz
Brotar, crescer, criar raiz
Ser árvore frondosa no céu de quem me quis
Alda M S Santos
QUE ELA SEJA ASSIM
Que ela seja assim
Bela e triste como névoa na praia ao amanhecer
Animada como dia de sol no parque ao entardecer
Pacífica como céu estrelado no anoitecer
Que ela seja assim
Romântica feito banho de chuva com alguém especial
Divertida e quente como dançar num lual
Saborosa e madura como fruta colhida no quintal
Que ela seja assim
Refrescante como mergulho na cachoeira ao luar
Intensa e mágica como o amor nas areias do mar
Aconchegante como abraço para o cansaço aliviar
Que a vida seja assim
Nem sempre do jeito que nossa mente deseja
Mas na medida certa do que nossa alma almeja
Alda M S Santos
APRENDENDO A PESCAR
Nossa vida é uma grande pescaria. Numa hora pegamos um peixe tão pequenino que, insatisfeitos ou compadecidos, o devolvemos ao rio.
Noutra, passamos um tempão na beira do lago, gastamos empenho e paciência para pescar um grandão e nos decepcionamos.
Há ainda as vezes em que sequer percebemos os peixes que, insistentes, mordem nossa isca, e os ignoramos.
Também existem aqueles que nos oferecem, gratuitamente, mas, orgulhosos, dispensamos.
Ter a paciência para esperar e identificar o peixe certo morder nossa isca é habilidade de poucos.
Saber qual peixe devolver ao rio, num ato “caridoso”, também!
Estar atento para não deixar passar em branco aqueles insistentes é importante. Pode ser o “peixe” de nossa vida!
Pescar é divertido, mas dispensar o peixe gratuito, salvo se não for de boa procedência, pode não ser muito inteligente.
Nessa grande pescaria que é a vida, as oportunidades, as pessoas, as situações, são os peixes. Somos apenas um entre milhões de pescadores. Todos queremos pescar!
O rio é grande, nem sempre limpo ou caudaloso, mas há peixes para todos que têm paciência e habilidade.
Devemos nos concentrar em nossa cesta e esquecer a cesta do pescador vizinho. Ela não melhorará nossa pescaria.
Finalmente, lembrar que também somos peixes pode ser muito útil na hora de pescar.
Qualquer dúvida, há grandes lições do maior pescador de almas que já houve: Jesus. Encontram-se num “manual” chamado Bíblia!
Boa pescaria a todos!
Alda M S Santos