PERGUNTAS… RESPOSTAS?
O que fazer para não nos machucar
Ou se isso acontecer, como parar de chorar
Uns com tanto, outros na necessidade
Será que dá para ter um pouco de felicidade?
Dois mil anos é há quem acredite na guerra
Doença, maldades e mortes assustam na Terra
Será que há um espaço além do espaço sideral
Que possa ativar nosso lado menos animal?
Viver cansa, dói, fere, alegra, dá prazer
Um vai e vem frenético sem saber quando irá acontecer
Aquele momento que nos levará embora, interrupção fatal
Para onde será que iremos, afinal?
São tantas as perguntas nessa vida de labuta
Tantas coisas a nos deixar de calça curta
Qual o sentido disso tudo, meu Deus?
A pergunta não cala, mas é melhor confiar nos desígnios Seus
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.comSINTO, LOGO…
Sinto tanto, sinto muito, sinto com força
Dor, tristeza, mágoa, decepção
Sinto, logo…sofro!
Sinto tanto, de todas as formas e grandezas
Vontades, desejos, saudades, lembranças
Sinto, logo…espero!
Sinto tanto sem querer, por querer, quase desisto
Descrença, desânimo, desalento, descaso
Sinto, logo…resisto! Choro, sorrio…
Sinto tanto a qualquer hora, a qualquer tempo, a todo tempo
Cheiro de flor, cheiro de amor, de encanto, de alegria e fé
Sinto, logo…vivo!
Alda M S SantosSINTO, LOGO…
Sinto tanto, sinto muito, sinto com força
Dor, tristeza, mágoa, decepção
Sinto, logo…sofro!
Sinto tanto, de todas as formas e grandezas
Vontades, desejos, saudades, lembranças
Sinto, logo…espero!
Sinto tanto sem querer, por querer, quase desisto
Descrença, desânimo, desalento, descaso
Sinto, logo…resisto! Choro, sorrio…
Sinto tanto a qualquer hora, a qualquer tempo, a todo tempo
Cheiro de flor, cheiro de amor, de encanto, de alegria e fé
Sinto, logo…vivo!
Alda M S SantosSINTO, LOGO…
Sinto tanto, sinto muito, sinto com força
Dor, tristeza, mágoa, decepção
Sinto, logo…sofro!
Sinto tanto, de todas as formas e grandezas
Vontades, desejos, saudades, lembranças
Sinto, logo…espero!
Sinto tanto sem querer, por querer, quase desisto
Descrença, desânimo, desalento, descaso
Sinto, logo…resisto! Choro, sorrio…
Sinto tanto a qualquer hora, a qualquer tempo, a todo tempo
Cheiro de flor, cheiro de amor, de encanto, de alegria e fé
Sinto, logo…vivo!
Alda M S SantoSOBRAS
O que sobra aqui, falta lá
O que sobra lá, falta aqui
Espiritual, material, emocional
É preciso contrabalançar
Vivemos para tentar equilibrar
Fazer com que sobre menos
Lá e cá …
Diminuir as carências
De lá e de cá…
Equalizar essa balança
E fazer dessa dança existencial
Mais do que um solo que encanta
De preferência, um dueto emocionante
Um espetáculo sem igual…
Alda M S Santos
Mais no meu blog http://www.vidaintensavida.wordpress.comSOBRAS
O que sobra aqui, falta lá
O que sobra lá, falta aqui
Espiritual, material, emocional
É preciso contrabalançar
Vivemos para tentar equilibrar
Fazer com que sobre menos
Lá e cá …
Diminuir as carências
De lá e de cá…
Equalizar essa balança
E fazer dessa dança existencial
Mais do que um solo que encanta
De preferência, um dueto emocionante
Um espetáculo sem igual…
Alda M S Santos
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O que sobra aqui, falta lá
O que sobra lá, falta aqui
Espiritual, material, emocional
É preciso contrabalançar
Vivemos para tentar equilibrar
Fazer com que sobre menos
Lá e cá …
Diminuir as carências
De lá e de cá…
Equalizar essa balança
E fazer dessa dança existencial
Mais do que um solo que encanta
De preferência, um dueto emocionante
Um espetáculo sem igual…
Alda M S Santos
SINTO, LOGO…
Sinto tanto, sinto muito, sinto com força
Dor, tristeza, mágoa, decepção
Sinto, logo…sofro!
Sinto tanto, de todas as formas e grandezas
Vontades, desejos, saudades, lembranças
Sinto, logo…espero!
Sinto tanto sem querer, por querer, quase desisto
Descrença, desânimo, desalento, descaso
Sinto, logo…resisto! Choro, sorrio…
Sinto tanto a qualquer hora, a qualquer tempo, a todo tempo
Cheiro de flor, cheiro de amor, de encanto, de alegria e fé
Sinto, logo…vivo!
Alda M S Santos
COMO VOCÊ SE SENTE?
Sabe, esse mundo anda meio abilolado
Ninguém quer mesmo entender nosso lado
O que sentimos não interessa, dizem: suporta!
Só o modo que agimos é o que importa
Bom se há um alguém que te olha e te diz
Eu sei como se sente, parece infeliz
Pode estar sendo difícil ou doloroso
Estou contigo, te compreendo, dê cá um abraço caloroso
Ser humano precisa aprender a usar o coração
De que adianta ter tanto raciocínio e razão
Se nas horas difíceis te deixam na mão?
Amar ao próximo como a si mesmo: essa é grande lição
Mas tem nisso tudo apenas um senão
Desprendemos o amor próprio, como amar nosso irmão?
Alda M S Santos
ESTRANHA SENSAÇÃO
Um sentimento estranho que aperta o coração
Não se sabe ao certo a razão
Só se sabe que há ali um vazio, uma ausência
Que machuca e aperta a consciência
Tentamos entender ao certo para seguir
Ignorar não adianta, tampouco fugir
É preciso encarar de frente
Entender a razão de martelar na mente
Há sentimentos fortes e inexplicáveis
Outros claros, mas nada amigáveis
Por substituição tentamos torná-los aceitáveis
Sentir, pensar, agir, essa é a melhor receita
Não dá para inverter a ordem, felicidade à espreita
A vida ainda que pesada a gente se sujeita
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
CONFUSÃO
Confunde a mente, aperta o coração
Enche de preocupação
Dificuldade em dizer não
Machuca, desestabiliza
Tenta -se estender a mão
Mas nem sempre é o melhor, não
Vasculha em si uma solução
Busca, insiste, persiste
E voa longe a imaginação
Isola-se, confusão, solidão
Até encontrar um caminho
Que leve de volta ao ninho
Abastecido de amor e carinho
Encontrar a si mesmo nesse burburinho
Alda M S Santos
Mais no meu blog vidaintensavida.com
FAÇA SEU PEDIDO
Fonte dos desejos: faça seu pedido
Algo material, profissional, familiar, emocional
Que pedir?
Será que algum desejo será impedido
Ou a fé que tenho nele
É o bastante para ser validado?
A quem vou dirigir meu desejo
Onde vou cobrar resultado?
Fonte dos desejos: faça seu pedido
Águas transparentes, belas e convidativas
Busco lá dentro algo que prove
Que tudo isso não é embromação
Que tenha mesmo poderes de realização
Fonte dos desejos: faça seu pedido
Descrente, mas com vários desejos no coração
Debruço-me para melhor enxergar e não me enganar
E tudo que vejo é meu reflexo distorcido a me encarar
Fonte dos desejos: faça seu pedido
Enfim, entendo o que realmente é a fonte dos desejos
A fonte que tem poder de nos despertar
Mostrar que qualquer desejo é possível
Que só depende de nós mesmos realizar…
Fonte dos desejos: faça seu pedido
Jogue uma moeda, por desencargo de consciência
Corra atrás dele, tenha paciência
Mas nunca desista de sua existência…
Alda M S Santos
NÉVOA
Névoa fina e densa que amanhece
Como aquela que vez ou outra desce e fica dentro da gente
Que invade todos os espaços
Adentra cada cantinho escondido
Não aquece, esfria, não ilumina, escurece
Mas é o sinal de um tempo passado, que esmorece
Prenúncio de chuvas, tempestades
Ou de sol forte mais tarde?
Quem sabe resquícios, sobras, lembranças
Daquilo que um dia foi sólido
E, em forma de nebulosidade, retorna
E logo se condensa em nós
Névoa fina que cai
Em forma de saudade…
Alda M S Santos
LEITURAS
Há leituras e leituras…
Há quem leia um poema e se emocione
Há quem leia uma capa e se admire
Há quem leia um número e racionalize
Há quem leia apenas palavras e viaje
Há quem leia um corpo e se encante
Há quem leia um olhar e ali se perca
Há quem leia um toque e retribua
Há quem leia um abraço e devolva
Há quem leia um sorriso e se ilumine
Há quem leia a distância e a percorra
Há quem leia o silêncio e grite em resposta
Há quem leia uma dor e se solidarize
Há quem leia uma lágrima e a enxugue
Há quem leia uma saudade e vá nela morar
Há quem leia mais uma história fictícia e desista
Há quem nessa história se encaixe e insista
Há quem leia um momento doce e se lambuze
Há quem apenas decifre códigos gráficos
E há quem leia e interprete tudo isso
De acordo com suas vivências…
Como você me lê, lê os outros?
Alda M S Santos
NÉVOA
Caía uma névoa fininha
Daquelas que embaçam o tempo
Esfriam até nossos ossos
Da varanda, tomando uma xícara de café recém coado eu observava
Como a natureza tem a capacidade de atingir nossas emoções!
Quando fica assim sinto-me em outro mundo
Dizem que é o momento em que a tristeza e depressão têm seu auge
Tem-se a percepção de que a Terra parou…
Poucos passarinhos se arriscavam a sair de suas casas
A cigarra sossegou seu canto
Beija-flor aparecia e beijava mais rápido que o normal
Para logo se recolher e se aquecer
Parece que a ordem geral em suspense era: recolham-se!
Uns recolhiam-se para dentro de suas casas
Outros, para dentro de suas lembranças e emoções
Outros para os recônditos de suas almas inquietas
Muitos não achavam para onde se recolher
Perdidos…
Esses que costumam não achar o caminho de volta…
Gosto de tempo assim!
Saio admirando as flores molhadas
Os bichos recolhidos, as pessoas que passam apressadas
Ou aquelas que nem se importam com aquela névoa
Que insistia em atingir os ossos
Volto e vou acender o fogão à lenha
Aquecendo…
Alda M S Santos
ATEMPORAL
Que não tem tempo, de qualquer tempo
Além de qualquer efeito advindo de temporalidades
Atravessa qualquer época, estação
Cai bem em qualquer tempo ou espaço
E permanece em nós, firme, forte, exigente
Que transpassa e perpassa sentimentos
Agrega, completa, faz parte
E se torna infinito em nós
Atemporal…
Alda M S Santos
TÃO DIFÍCIL
Tão difícil quanto segurar espirro ou tosse
Tão difícil quanto conter as crises de riso em situações sérias
Tão difícil quanto mexer com água com vontade de fazer xixi
Tão difícil quanto não dormir deitado diante da TV
Tão difícil quanto manter-se aprumado na ventania
Tão difícil quanto parar qualquer avalanche iniciada
É segurar lágrimas de tristeza, emoção, raiva, mágoa ou decepção
Aquelas que não se quer verter…
Tenta-se distrair a mente, focar noutra coisa, evitar autopiedade
Respirar fundo, contar até 100
E torcer para ninguém, mas ninguém mesmo, notar ou perguntar nada
Qualquer palavra ou olhar doce
Um carinho ou cuidado, qualquer atitude pode trincar a estrutura montada
Romper comportas e ativar uma torrencial tempestade de lágrimas contidas
E acabar por inundar tudo…
Tão difícil!
Alda M S Santos
NÃO SERIA ROÇA!
Não seria roça se não faltasse energia
E se não fosse preciso esquentar água no fogão à lenha
Para tomar banho de bacia
Não seria roça se o céu não fosse mais limpo e tivesse mais cor
As estrelas mais numerosas, brilhantes e cadentes
A despertar nas mocinhas um pedido de amor
Não seria roça se os pássaros não se banhassem na terra
Se não cantassem nos galhos da ameixeira ou no alto da serra
Não seria roça se não tivesse uma rede na varanda
Uma música caipira tocada na viola por violeiro cheirando a fumo e lavanda
Não seria roça se não tivesse quitanda quentinha no forno de barro branco batido
Ou um mingau de fubá fumegante com queijo derretido
Não seria roça se o café não fosse coado na hora no coador de pano
Servido em caneca esmaltada
E se não tivesse banho no rio de criança sapeca e pelada
Não seria roça se a galinha d’angola não estivesse sempre fraca, o galo não cantasse animado
Ou o leite não fosse tirado das tetas inchadas das vacas por um vaqueiro cansado
Não seria roça se não tivesse prosa nas noites geladas em torno da fogueira
Um cão vira-latas a vigiar a porteira
E uma criança a se balançar na gangorra na mangueira
Não seria roça se a gente não se sentisse na roça
Não seria roça se a gente não fosse um pouco roça também…
Alda M S Santos
TUDO GERA LÁGRIMAS
Que há quando quase tudo
Nos toca, sensibiliza, emociona?
Se alguém querido diz algo que nos magoa
Nos debulhamos em lágrimas
Se a pessoa se toca, se justifica, se desculpa
As lágrimas rolam mais intensas ainda
Se alguém amado não nos valoriza, não se lembra de nós, choramos
Se tem carinho, cuidado, atenção, choramos também
Se os outros são desligados e indiferentes ao que fazemos, choramos
Se alguém demonstra gratidão, reconhecimento, as lágrimas brotam sem cessar…
O sol que arde, a chuva que cai
Alguém que sofre, outro que é feliz
O frio que martiriza, o calor que enerva
Uns que chegam, outros que se vão e deixam saudades
Uns que nos encantam, outros que nos decepcionam
A vida que segue indiferente a todos, implacável
Como ondas num mar gigante que vão e vêm
E as lágrimas sempre, sempre brotando…
Será que estão lavando o terreno das impurezas e parasitas
Para um novo broto renascer?
Alda M S Santos
PEDIDOS DE SOCORRO
O mundo pede socorro
Quem é capaz de ouvir?
Pedidos tão barulhentos quanto uma sirene
Ou tão silenciosos como uma lágrima que cai
Crianças precoces sempre de agenda lotada e irritadiças
Jovens perdidos em tantas “opções” de vida moderna
Trancados em seus quartos, “góticos”, marcas roxas debaixo de lenços
Idosos “protegidos” em suas fantasias e remédios
Sorrisos, lágrimas, saudades, abandono
Adultos espremidos entre a infância e a velhice
Solitários entre tantas obrigações e cobranças, entre tanta gente necessitada
Escondidos em suas tarefas, fugindo em seus smartphones
Atrás de amigos virtuais nas telas dos PCs na solidão da madrugada
Todos “gritando” por socorro
Quem é capaz de ouvir?
Cada qual gritando sua dor de um modo
No andar, no olhar, no se esconder, no se mostrar
Na solidão autoimposta, nas atividades excessivas
Nas rebeldias constantes, nas drogas lícitas ou ilícitas
Na irritação desmedida, nos vícios diversos
Quem é capaz de ouvir?
A dor atinge a todos, o grau é variável, de “normal” a patológico
No sentir e no demonstrar
Mas há sempre uma “droga” a nos salvar
Até que não haja mais salvação
Quem é capaz de ouvir?
“Ouvir” a dor do outro é um modo de nos enxergarmos também
E, talvez, conseguirmos nos salvar…
É preciso olhar devagar, demorar-se na dor do outro
Mergulhar fundo na própria dor
Até não mais temê-la, até conseguir diluí-la…
É preciso a pureza e confiança de uma criança para “herdar o reino do céu”
O mundo pede socorro
Quem é capaz de ouvir?
Alda M S Santos
MELHOR ASSIM
Distribuímos sorrisos não só porque somos ou estamos alegres
Somos alegres porque, ainda que, às vezes, ele nos falte, distribuímos sorrisos
É feliz quem doa aquilo que não precisa mais
Mais feliz ainda é quem compartilha o que poderia fazer falta
Nossas imperfeições, inquietações e insatisfações
Nos fazem buscar sempre mais e mais
Não é perfeito quem não possui imperfeições
Mas quem, apesar das imperfeições, não se limita
E busca ser cada dia melhor para si e para o outro…
Alda M S Santos
NA PRÓPRIA PELE
Não dá para dimensionar o que se passa com o outro
Se sensíveis formos, apenas podemos especular, ter uma ideia
Mas, saber mesmo, só sentindo na própria pele
Só chorando as mesmas lágrimas
Só pisando e se cortando nos mesmos cacos de vidro
Só queimando sob o mesmo sol ou frio
Só desanimando na mesma queda ou escorando nas mesmas porteiras entreabertas da esperança
Só ardendo o peito com as mesmas angústias
Só aguentando as mesmas faltas, lidando com as mesmas falhas
Só sofrendo as mesmas perdas
Só estando sob o jugo das mesmas ameaças
Só tendo suportado o peso doloroso da mesma arma
Só sufocando pelos mesmos medos ou aflições…
Só assim sabemos, só assim não permitimos aos outros o mesmo mal
Só assim protegemos a quem amamos
Só assim nos humanizamos mais e mais…
Alda M S Santos
UTOPIA
Quando o coração deseja alcançar a todos
Fazer com que aqueles a sua volta se deem bem
Ainda que seus braços não sejam tão longos ou acolhedores
As palavras não sejam doces ou duras o suficiente
O exemplo não seja entendido como bastante…
Até que ponto “respondemos” pelas ações do outro
Se, algumas vezes, mal damos conta de responder pelas nossas?
É utópico!
Mas de utopia também se vive
Quando não se deixa levar pela amargura
E insiste, acredita e luta por um mundo melhor
Ainda que no pequeno círculo de convivências
Respeitando as diferenças individuais
Valorizando as semelhanças…
E aprendendo que todos temos nossos limites
Se quisermos salvar o “mundo”
Por menor que seja a parte dele a ser mudada
Precisamos, primeiro, estar bem conosco mesmos
Para alcançarmos o impossível, até mesmo utópico
É necessário começar pelo possível…
Alda M S Santos
SENTIMENTOS
Tão insignificante quanto um grão de areia ao vento
Tão pequena quanto uma gota d’água numa pétala de rosa ou uma lágrima no rosto
Tão à deriva quanto um barquinho no mar bravio
Tão inútil quanto um guarda-chuva na forte tempestade
(In)existência total dela à mercê da vida…
Mas o grão de areia pode juntar-se a outros na beleza das dunas
A gota d’água da rosa e das lágrimas tornarem-se um convidativo oásis
O vento forte se acalmar e o barquinho navegar
Tranquilamente levado em busca de novos mares
Onde haja brisas calmas, os sorrisos renasçam
As tempestades sejam belas e suaves
E o guarda-chuva seja apenas um acessório a aproximar corações
Cansados de lutar e de correr
Querendo apenas bater no mesmo ritmo, em uníssono
O ritmo do amor…
Alda M S Santos
SEPULTAMENTOS
Muitos “pequenos” sepultamentos enfrentamos ao longo da vida
Infância e inocência sepultadas tão cedo
Amigos imaginários e super-heróis enterrados pela razão
Amigos “para sempre” da adolescência separados pelas trilhas incertas do futuro
Amizades e amores de juras eternas soterrados pelas circunstâncias, distância ou incompreensão
Sonhos, esperanças, desejos afogados nas águas turvas da realidade
O viver se impõe e “mata” o que poderia sufocá-lo ou estacioná-lo
A vida segue sempre em frente, à nossa revelia, ignorando nossos sepultamentos
Para o renascer faz-se necessário abrir espaço em nossos canteiros internos
Para viver, às vezes, é preciso morrer para algumas coisas
E de pequenas em pequenas mortes ou perdas
De pequenos em pequenos sepultamentos “indolores” a que somos submetidos
Vamos nos preparando para a “perda” derradeira…
Só não vale valorizar mais os sepultamentos que os renascimentos
“Para alguns a vida sepulta mais que a morte”(Mia Couto)
Alda M S Santos
ENXURRADA
Desce os morros, nos cantos, a princípio
Espalha-se pela rua toda, clara em alguns pontos
Muita água corre nessa enxurrada
Está tão suja, barrenta!
Veio lavando muita sujeira pelo caminho
Ainda assim, parece convidativa
Uma enxurrada, ou desperta a criança em nós,
Desejo de andar naquelas águas, molhar-se, molhar o outro, dar gargalhadas
Ou desperta um adulto frustrado e triste, resmungão
Daqueles que têm medo e nojo de tudo, amargurados
Sob o risco de contaminação por uma doença qualquer
Ainda prefiro ser o adulto/criança que brinca na enxurrada
A ser aquele adulto que já matou a criança em si
E sofre de uma outra patologia mais grave: o medo de viver…
Alda M S Santos
JANELA RESPINGADA
Dia cinzento, chuva fina, janela respingada
Corpo e mente pedem cama
Olha lá fora, a vida parece apagada
Entregar-se ao repouso, ao ócio é tudo que sua alma clama
Liga a TV, busca um filme, navega nos canais
Nada encontra de instigante, tudo nostálgico, reprisado
Vai à estante, busca um livro, encontra cartões, fotos, poemas, postais
Num armário abarrotado de memórias, por segurança emocional, poucas vezes visitado
Lembranças começam a jorrar, chover sobre ela, não há como fugir agora
Entrega-se, deixa-se molhar, se encharcar
Combinação perfeita com o tempo lá fora
Entra nesse barquinho de memórias, vai longe, tenciona mergulhar
Prepara remos, snoker, quer sentir tudo de novo, intensamente
Abre comportas, sorri, se compadece, no seu rosto lágrimas conhecem de cor o caminho
A janela e ela, ambas molhadas, respingadas, resignadamente
Toca-a com os dedos, sopra, no vapor desenha um coração, e se deixa levar nesse redemoinho…
Alda M S Santos
RUÍNAS
Mergulhar no que acreditamos serem nossas ruínas
Limpar áreas empoeiradas de nossa alma
Quase nunca visitadas, negligenciadas, até temidas
Pode nos levar a encontrar objetos esquecidos
Partes importantes de um quebra-cabeças que julgávamos perdido
Uma figurinha que faltava no nosso álbum de vida
Uma flor desidratada dentro de um livro que irriga nossos olhos
Uma dedicatória significativa e estimulante, que injeta ânimo e coragem
Coisas que julgávamos mortas e sepultadas que ressuscitam
Como uma criança que revisita o quartinho de brinquedos velhos
E volta de lá feliz com muitas coisas “novas” ou perdidas
Para voltar a brincar…
Ruínas podem ser muitas vezes
Apenas partes de nós
Que, se bem avaliadas e cuidadas ,
Podem voltar à vida e brilhar tanto ou mais do que antes…
Alda M S Santos
O AMOR É AUTOEXPLICATIVO
O amor, se verdadeiro, ensina sempre, se autoexplica
Ensina a leveza, mesmo sob pressão
A sorrir, mesmo com lágrimas nos olhos
A abrir mão, a proteger, a querer o bem do outro
Amor que é amor não se impõe, não invade espaço alheio
Não consegue se esconder,
Não tem necessidade de se esconder
Brilha, irradia, ilumina tudo
Nada exige, ao contrário, se doa, sem medidas
Democrático, contempla a todos,
Independente de raça, credo, sexo, espécie ou qualquer coisa…
Amor nasce em ambientes inóspitos, floresce,
Se bem cuidado nos faz crescer como pessoas
Amor constrói pontes, derruba muros, cria asas
Não se firma ou cresce sob bases frágeis ou falsas, confia
Pode quase tudo, mas não faz propaganda enganosa
Não precisa de autopromoção, aceita o outro como ele é
Não faz promessas vazias,
Amor supera obstáculos, encontra caminhos, abre trilhas
Amor constrói famílias, une pessoas, nunca destrói, renasce das cinzas
Amor traz bem estar, nunca culpas, não se envergonha
Se machuca muito, se machuca o outro
Ou se depende de derrubar quem quer que seja,
Certamente está distorcido.
Amor que é amor está firmado em bases fortes e duradouras
Naquelas que Ele, o mestre do amor, nos ensinou…
Alda M S Santos
COMO ÁGUA
As mesmas duas moléculas de hidrogênio ligadas à uma de oxigênio: água
Mas o que é capaz de fazer sempre irá depender daquilo que encontrar pela frente
Com quais outras substâncias irá se associar
Dos obstáculos que enfrentará, das aglutinações,
Pode ser capaz de produzir, construir, transformar ou destruir,
Até mesmo brotar de áreas inesperadas, das pedras
Somos como água!
Sempre contornando obstáculos, desviando de áreas difíceis,
Encontrando composições atraentes, repelindo o negativo
Até mesmo uma queda tão alta, que pode aparentar total destruição
Pode gerar energia, vida,
E seguir abrindo caminhos em leitos de rios caudalosos por aí,
Desde que, como ela, sempre tenhamos preservadas nossas “moléculas”, nossa essência,
Independente das associações ou quebras da vida…
Alda M S Santos
MINHA AVÓ
Pequena, magrinha, miudinha mesmo
Um abraço parece que irá quebrá-la
Minha avó, cabeça branquinha até onde minha memória alcança
Ela tem 95 anos, 6 filhos, 19 netos, 18 bisnetos e uma tataraneta
Olhos fundos, uma vida de força escondida ali!
Geniosa, contadora de casos, vida sofrida, cismada
Sempre trajando saia e blusa de mangas compridas, trabalhadeira
Faça frio ou calor, sol ou chuva
Mora sozinha por opção, sempre na janela a olhar quem passa,
Cuida da horta, das galinhas, da casa
Deita-se junto com o sol e levanta-se com ele
Nunca tira fotos, dificilmente sai de casa
Não usa perfume, tem cheiro gostoso de vó, aroma da minha infância!
Econômica na demonstração de afetos, de emoções
Mas quem a conhece reconhece o brilho no olhar
Quando estão perto quem ela ama
E a opacidade que toma conta quando vão embora
Até a janela da frente se fecha em protesto
Junto com o semblante e o coração
Fala muito na morte para espantar o medo que sente dela, do desconhecido
Bem humorada, diz que tem três coisas: velhice, feiúra e ruindade recolhida
Pra mim tem outras: força, fé, coragem e muito amor contido
Nas minhas lembranças mais antigas de vida, ela está
E ficará para sempre…
Te amo, vó!
Alda M S Santos
ARREPENDIMENTOS
Eu o observava de longe, parecia cabisbaixo
Cheguei até mais perto daquele idoso de 74 anos no asilo, ele me olhou, segurou minha mão.
Ressaltei que estava triste, perguntei pelo sorriso, falou em arrependimentos.
“Estou arrependido de não ter namorado todas que me quiseram”- e sorriu zombando.
“Acha mesmo que seria mais feliz assim”?- perguntei, séria.
Ele teve uma esposa que o traiu e abandonou.
Tem um filho que nem lembra que ele existe.
Cego de um olho, uma cicatriz de tiro na testa.
“Pra dizer a verdade, penso que você deveria é ter escolhido uma boa mulher”.
“Você tem razão, moça, mas as que me quiseram depois, eu não quis destruir a vida delas.
Eu não seria feliz assim, sei como machuca”!
Conversamos um bom tempo!
Todos temos arrependimentos, carregamos pesos nas costas.
Mas, mesmo simples como ele é, sabe que não existe peso maior para carregar que a tristeza de alguém!
Não pode ser leve e duradoura uma felicidade construída sobre a base frágil da infelicidade do outro!
Arrependimentos todos temos, mas algumas nuvens negras sobre nossas cabeças podem bem ser evitadas!
Alda M S Santos
MAR OU RIO?
Mar ou Rio, Rio ou Mar?
Água salgada, água doce
Onde a vida nasce, acontece…
Extensão de natureza até onde a vida alcança
Delícias que convidam ao mergulho
Mergulho nas águas, mergulho nos sentimentos
Mergulho em nós mesmos…
E eles se encontram, rio e mar
Nós nos encontramos…
Rio ou Mar?
Tanto faz! De preferência, que eu esteja lá…
Alda M S Santos
ILHA DOS DESEJOS
Numa Ilha dos Desejos
Que buscamos?
Desejos que brotam, que crescem, sufocam, aumentam até o horizonte
Onde o mar encontra o céu
Numa linha azul que se funde, se confunde, degradè?
Ilha dos Desejos
Que buscamos?
Desejos que se suavizam, se arrefecem, se amortecem em ondas tranquilas
Até esmorecer e sumir na areia da praia?
Ilha dos Desejos…
Que encontramos?
Desejos despertados ou satisfeitos, realizados?
Olho para tanta beleza e impotência dessa ilha
Desse mar azul, céu anil, coqueiros ao sabor do vento
E constato, afinal, que a verdadeira Ilha dos Desejos
Capaz de fazer nascer e morrer todo e qualquer desejo
É aquela que só nós temos a chave
Mas que nem sempre controlamos a entrada:
Nossos corações!
Alda M S Santos
SEM VOCÊ
Em todos os espaços você faz falta,
Na brisa que passa, no sol que racha
Num perfume bom, no cheiro de um alimento qualquer
Nas tiradas engraçadas ou mesmo nas rabugices ou implicâncias
Na música que toca, no silêncio oportuno
Tudo que acontece, principalmente no que não acontece
Lembro-me de você…
Sem você não tem a mesma graça, meu anjo
Você faz falta em tudo lá fora
Mas a maior falta você faz aqui dentro!
Alda M S Santos
PODAR OU ARRANCAR?
Eu podava umas plantas na cerca e um garotinho do sítio vizinho apareceu
“Por que você está cortando as flores todas”?
“Não! Estou cortando os matos e podando as flores”- respondi!
“Mas mato também é da natureza”!
“Sim, mas matos sufocam as flores que precisam ser podadas para crescerem mais bonitas e fortes”!
“Mas você está cortando as flores, elas são bonitas ”-ele acusou!
Expliquei o que era podar, e pus-me a pensar na nossa conversa.
Em nossa natureza humana, somos feitos de matos e flores.
Nossa tendência é sempre arrancar nossos matos: os sentimentos negativos.
As flores, lindas e perfumadas, nossos sentimentos nobres, queremos deixar livres!
Todo cuidado é necessário para não cultivar matos e arrancar flores.
Mas, mesmo sentimentos bonitos precisam ser educados, podados, contidos.
Como as rosas, por exemplo, mesmo que a gente se machuque ao podá-las, é preciso!
Se deixados livres demais, tomam conta de tudo e sufocam a gente.
Até mesmo o amor em excesso pode nos sufocar!
Alda M S Santos
QUEM É ELA?
Ela olha aqueles carros que se vão rua abaixo e acena
Levam consigo dois seres amados
Há pouco tempo desciam essa rua “quebrados” numa bike
Hoje seguem seu caminho sozinhos e ela fica
Coração apertado, lágrimas nos olhos
Tenta conciliar o orgulho pelos filhos bem criados e encaminhados
E a saudade da época em que estavam consigo todo o tempo
Pertinho, sendo cuidados, amados, protegidos…
É o caminho natural da vida, ela sabe bem
Difícil separar o que é, que sempre foi e está dentro de si
Do que ficou dentro deles e eles levam embora…
Sempre foi tantas mulheres, tantas coisas, que não sabe mais quem é de verdade!
Tenta não se abater, concentrar-se no orgulho de vê-los bem.
Não é mais tão necessária!
Precisa confiar, esperar e aceitar novos tempos
Eles sabem que sempre serão amados, protegidos e cuidados quando precisarem
A vida tem sua maneira de encaixar tudo em seus devidos lugares…
Alda M S Santos
O QUE GANHAMOS E O QUE PERDEMOS
Livros, filmes, poemas e canções
Grandes clássicos da literatura ou da música
A lamentar o amor que se doou a quem não mereceu, não valorizou
Amores pagos com sangue ou sofrimento
Ou aqueles vividos da abnegação, da proteção ao outro
As tragédias são muitas,
Os contos de fada também…
Pode ser triste e doloroso
Mas, pior que amar quem não soube corresponder
É não ter amado o bastante quem mereceu, precisou e foi digno
Amor existe mesmo para ser doado…
Quem ama sempre perde menos! Sempre!
E amor de verdade nunca se apagará, nunca!
Lágrimas e sorrisos, saudades e dores
São apenas efeitos colaterais
São “apenas mais uma de amor”
“O que eu ganho e o que eu perco
Ninguém precisa saber…”
Canta, sabiamente, Lulu Santos
Alda M S Santos
HÁ ESPERANÇA NA HUMANIDADE
Um mendigo disfarçado de cuidador de veículos
Sujo, descalço, dormindo nos passeios a qualquer hora
Vive do que recebe da caridade dos que transitam por ali
Abandonado, largado, entregue ao mundo?
Mas é um ser humano!
Alcoolizado sempre, não sei se outros entorpecentes também
Sempre me compadeço de sua situação
Vejo-o todos os dias na rua da academia
Já perguntei uma vez se precisava de ajuda quando estava largado na calçada
Hoje vi uma mulher dando banho nele no meio da rua
Jogava água contida em algumas garrafas pet, ensaboava, esfregava
Ele aceitava a ajuda a contragosto, alcoolizado.
Um misto de sentimentos me invadiu
Feliz por alguém ter ajudado, uma mulher se arriscando
Triste por um ser humano precisar desse tipo de ajuda de desconhecidos
Envergonhada por eu mesma não ter tido essa coragem, essa iniciativa!
Orgulhosa dessa mulher que conheço e deu um exemplo de bondade…
O amor precisa ser convertido em ações!
Há esperança na humanidade!
Alda M S Santos
ACERTANDO AS CONTAS
Ela chegou ali de um modo nada louvável: à força
Abdicando da própria vida
Logo foi questionando para uma imagem amigável: por que me abandonou?
Levada para uma biblioteca gigante de luz
Lindos e variados livros, de todos os tamanhos e espessuras
Alinhados nas prateleiras, pareciam ter vida
Nas lombadas, os nomes de todas as pessoas, biografias
Autorizada, escolheu alguns nomes conhecidos e folheou
Uns eram finos, outros com interrupções, espaços em branco
Vários com mais de um volume
Histórias de vidas acompanhadas em tempo real
Buscou pelo que continha seu nome, não encontrou
“Você escolheu não estar aqui”!
Em salas contíguas, outros livros, outras vidas
Uma delas de pessoas que já tinham partido
Na outra, pessoas em estágio “terminal”, tratamento intensivo
Encontrou seu nome, pegou sua história
Ali, todos os momentos de sua vida e todos que dela participaram
Os momentos difíceis em que pessoas anjos preciosas apareceram
-“Eu não te abandonei, veja!”-o olhar era de puro amor
-“Mas muitos foram embora”-ela disse, chorando.
-“Ficaram pelo tempo necessário, enquanto podiam te fazer bem”!
Olhou mais alguns livros de “histórias amadas”
Notou que seu livro ainda possuía páginas em branco
Uma página arrancada, ela observou que estava escrito “fim”.
-“Volte! Sua história não acabou. Você ainda é necessária na história de muita gente”!
Ao lado do seu, todos os livros nos quais era personagem
Histórias de amor entrelaçadas…
Recebeu um abraço de amor intenso,
Forças renovadas, voltou…
Iria preencher aquelas páginas em branco…
Alda M S Santos
ESTAÇÃO DAS ÁGUAS
Não sei se é da época, das pessoas
Ou do que está mesmo dentro da gente
Uma palavra ríspida qualquer
Um mero descaso, pouco caso, mágoa
Até mesmo um gesto de carinho e cuidado
Sensibilizam, fragilizam, geram lágrimas…
Espírito de Natal, espírito próprio?
Sei lá!
Estação das águas….
Alda M S Santos
AUSÊNCIAS
A gente percebe que não é autossuficiente
Quando começa a sofrer de ausências
Ausências de gente do bem conosco
Percebemos que somos essenciais uns aos outros
Quando começamos a “exigir” presenças
Presenças do amor e da alegria
Do carinho, do sorriso, da atenção
Aquelas que quando se vão fazem falta, a gente chora
Mas que sorri ao lembrar da marca que deixou
Por menor que tenha sido o convívio…
Alda M S Santos
#carinhologos
#carinhologossolidarios
ENTRE BELAS E FERAS
Na dicotomia entre extremos: Belas e Feras
E a perfeição e imperfeição física e de atitudes
Há, na verdade, muitas Feras e muitas Belas
Que “amam” e não aceitam o modo de ser do outro
Que “amam” e querem se impor ao outro
Não somos só Belas ou só Feras
Somos Belas Feras e Feras Belas, humanos!
Com o “encanto” do viver
Cheios de erros e acertos, lutas e desencontros
Bailes e reencontros
Na tarefa árdua e prazerosa de aprender, se quisermos…
Alda M S Santos
MUSEU DO AMANHÃ
Museus carregam em si objetos de valores inestimáveis,
Aqueles cuja humanidade quer conservar, estudar
Expor, valorizar, eternizar
Museus do amanhã são as pessoas…
Acumulamos em nós para o amanhã tudo que nos é caro
Pessoas, emoções, sentimentos, lembranças
Mas, diferentemente dos museus,
Alguns desses itens não são expostos, ou o são com critério
O que não lhes reduz o valor
Ficam guardadinhos numa sala secreta de acesso especial
Isso nos torna museus vivos, que interagem
Que se valorizam nesse trânsito de sentimentos
De dor, saudade, alegria, amor,
Que ora se mostram, ora se escondem…
Alda M S Santos
FAMINTOS
Eis que estou a sua porta e bato
Se você abrir, entrarei e cearemos juntos…
Eu sou aquele que te faço falta, sou seu vazio
Por vezes, sou seus excessos
Posso ser sua alegria ou sua tristeza
Depende se saberá me ouvir, me notar
Eu sou aquele por quem você clama…
Todos os dias bato a sua porta
Nem sempre visto o melhor traje
Minha aparência externa é variável, muitas vezes
A interna tem mais brilho e calor
Posso ser sua felicidade, te completar
Mas precisa me aceitar, aceitar-se perante mim
Se você me perceber, me ouvir, posso entrar
Cearei contigo e você comigo
E nossa fome de toda espécie será saciada,
Eu sou aquele que você busca e não ouve
Que precisa e nem sempre enxerga
Eu sou o Amor!
Alda M S Santos
NEBLINA
Neblina: parece que o mundo sinaliza para a introspecção
Lá fora está tudo fechado e escuro
“Volte para dentro de si, encontre-se”!
“A luz que precisa acende-se primeiro em você”!
Olhamos lá fora, tentamos identificar algo
Mas nada tem nitidez, tudo é sombra
As flores gostam, abrem-se viçosas para o dia
Os passarinhos não se importam
Cantam, felizes! Têm luz própria!
Alguns de nós voltam para dentro e se encasulam
Outros, descem as escadas e enfrentam a neblina
“Neblina na serra, chuva na terra”
“Neblina baixa, sol que racha”
Independente da hora que for, sol ou chuva
A vida não espera por ninguém…
Alda M S Santos
ELA É…
Ela é … uma criança levada
Que brinca nos jardins, que sobe nas árvores
Que se esconde nos lugares mais óbvios
Ela é … um beija-flor que suga o néctar
E repousa suave, num minúsculo galho
A tudo observar, leve como uma pluma
Confiante em suas próprias asas
Ela é … uma mãe que acolhe seu filho
Que limpa a ferida, que a cura com beijinhos
Ela é … um casal apaixonado
Que mergulha num rio gelado
Que se aquece no calor de um abraço
Ela é … a tranquilidade que acomete a velhice
Cujo tempo não se mede mais em relógios
Onde a vida acontece em meio à saudade
Junto às lembranças que, como ela,
Se fazem vida…
Ela é a Poesia, que não se esconde,
Mas, ainda assim, poucos a encontram…
Alda M S Santos
CONSTELAÇÃO
Tudo ainda parecia muito real dentro dela
Deitada na rede lá fora, encolhida, rosto banhado em lágrimas
Rezava, tomava um copo d’água e tentava afastar aquilo da mente
Pesadelos não são reais, repetia para si mesma sem parar
São apenas sua mente tentando trabalhar o que te faz mal, insistia ela
Na tentativa de neutralizar aquela imagem ruim.
Sabia que precisaria de tempo para voltar à realidade
Entender que pessoas que a amavam não seriam capazes daquilo.
Tentava identificar as constelações no céu
Eram tantas e tantas estrelas…
E como quando criança, queria acreditar que uma delas, apenas uma
Era alguém querido que lá de cima olhava por ela
E a protegia de todo mal.
Aos poucos ia se acalmando, despedia daquela estrela
Que de repente parecia brilhar mais que todas,
E voltava para dentro para dormir…
Alda M S Santos
TRANSBORDANDO
Transbordar remete a algo além da conta
Acima das bordas, sobrando, derramando
Dentro da gente, tudo pode vir a transbordar:
Saúde, alegria, esperança, fé, bondade, amor,
Tristeza, lágrimas, mágoas, decepções, rancor, melancolia
De todo modo, é bom transbordar
Se coisas boas, alegra a todos a nossa volta…
Se coisas ruins, aquelas que a gente costuma prender,
Permite derramar até se esgotar…
Não dá é pra manter represado
Pois uma gota só pode ser suficiente
Para arrebentar comportas e causar estragos!
Alda M S Santos
QUANDO FOI A ÚLTIMA VEZ QUE CHOROU?
Qual a última vez que as lágrimas foram suas companheiras?
Muita gente sequer lembra, pois quase não chora.
Não porque não tenham motivos ou sejam insensíveis,
É porque costumam lidar de modo diferente com as dores e frustrações.
Alguns choram escondido, ou porque não querem preocupar o outro ou não confiam o bastante neles.
Outros já choram por quase tudo, emocionam-se e choram muito!
Não precisam estar infelizes, é um meio de expressar a emoção.
Choram por emoções boas: uma vitória, um amor correspondido, uma gentileza, um pôr do sol, uma tempestade,
Uma amizade reencontrada, um desejo satisfeito, um carinho gratuito, uma lembrança boa…
Ou pelas emoções tristes mesmo: decepções, saudades, desamor, dores diversas,
Perda de algo ou alguém, problemas de saúde…
Há ainda as que choram pelas dores e males dos outros, das pessoas queridas e amadas
Ou até mesmo pelos males da humanidade.
Lágrima também é vida!
Acho que tenho vivido muito ultimamente!
Alda M S Santos
NAQUELA RUA
Parado na esquina estava aquele mesmo carro
Que tantas vezes por ali passou, leve, carregando alegria
Agora pesava muito, semblante carregado
Não descia, apenas olhava, esperava, triste,
Que alguém saísse por aquela porta com o mesmo sorriso
A dizer que nada mudou, que o amor era o mesmo
Que nada existia, nem de dentro de si mesmos ou dos outros,
Que pudesse impedir de ficarem juntos.
Aquela casa conhecida, sempre convidativa e amável
Parecia estranha, a dizer que nada mais havia ali de importante.
Isso não era certo! Então porque doía tanto?
Agora todo mundo passava e olhava, menos quem interessava
Enquanto isso não acontecia, entre nascer e pôr de sol,
Esperava, olhava e chorava…
Quem sabe um dia deixaria de doer ou de se importar?
Alda M S Santos
QUASE MORRER
Não se expor, não falar, não demonstrar, não pedir ajuda,
Não se expressar, se fechar, se calar, se esconder, ser forte…
Ficar cada um na sua! Bem pequenino, quase invisível!
Recolher-se para dentro de si mesmo!
Essa é a ordem! Que nos impõem, que nos impomos.
Até quando?
Até esquecermos como é ser autêntico.
Ou até esse mundo insano entender que vida não se oprime,
Que vida oprimida é quase morrer, ou matar!
Quantas mortes são necessárias para se valorizar uma vida?
Alda M S Santos
LABIRINTO
A cada passo tecemos em fios finos
Um labirinto belo e complexo para caminharmos.
Por vezes assustador, com curvas perigosas
Com retornos e vias incertas e enganosas.
Buscamos sempre a saída,
Mas a saída derradeira ninguém quer.
Nem sempre sabemos ou podemos voltar à largada.
Devemos enxergar uma saída
Em cada encruzilhada perigosa desse labirinto.
Ainda que seja retornando, andando em círculos.
Num labirinto, nunca se sabe exatamente o que é seguir em frente.
Muitas vezes, parar, voltar, reiniciar de determinado ponto
Pode ser o melhor meio de prosseguir,
Sem ser engolido pelo medo do que encontrará na próxima curva.
Alda M S Santos
LEITURA: BRAILLE
Há uma leitura que exige decodificação especial
Que não basta decodificar o alfabeto
Ler frases e compreender textos e contextos
É uma leitura que exige ler com o toque, como o Braille
É uma leitura que exige a percepção do brilho ou sombra do olhar
É uma leitura que exige ler sentimentos
É uma leitura que se faz no silêncio
É uma leitura que conecta dois olhares,
É uma leitura de almas!
Alguns são tão mestrados nessa área
Que leem de longe ou de perto
Não se enganam, não interpretam mal
Sentem!
Alda M S Santos
QUANDO TUDO DÓI
Há dias em que tudo dói
Até cabelos e ossos
Partes que dizem ser desprovidas de sensibilidade
Por não terem terminações nervosas
Mas quando sentimos dores que não identificamos,
Tudo parece doer!
Normalmente são dores que vêm lá de dentro
Alguma questão mal resolvida dentro de nós.
Qual o remédio? Qual a cura?
Silêncio e oração, família e amigos,
Independente da ordem em que apareçam para nós,
Ou que tenhamos que buscá-las!
Simplesmente, precisamos…
Alda M S Santos