JANELA RESPINGADA
Dia cinzento, chuva fina, janela respingada
Corpo e mente pedem cama
Olha lá fora, a vida parece apagada
Entregar-se ao repouso, ao ócio é tudo que sua alma clama
Liga a TV, busca um filme, navega nos canais
Nada encontra de instigante, tudo nostálgico, reprisado
Vai à estante, busca um livro, encontra cartões, fotos, poemas, postais
Num armário abarrotado de memórias, por segurança emocional, poucas vezes visitado
Lembranças começam a jorrar, chover sobre ela, não há como fugir agora
Entrega-se, deixa-se molhar, se encharcar
Combinação perfeita com o tempo lá fora
Entra nesse barquinho de memórias, vai longe, tenciona mergulhar
Prepara remos, snoker, quer sentir tudo de novo, intensamente
Abre comportas, sorri, se compadece, no seu rosto lágrimas conhecem de cor o caminho
A janela e ela, ambas molhadas, respingadas, resignadamente
Toca-a com os dedos, sopra, no vapor desenha um coração, e se deixa levar nesse redemoinho…
Alda M S Santos
Deixe um comentário