DEIXE VIRAR POESIA
Aquilo que te leva ao êxtase
Que provoca risos sem fim
Deixe virar poesia
Aquilo que te machuca, corta
Que causa dores e cicatrizes
Deixe virar poesia
Aquilo que você agora desconhece
Que te magoa, enrijece
Deixe virar poesia
Aquilo que te sensibiliza, emociona
Que aperta o coração, e que você tanto ama
Deixe virar poesia
Aquilo que te amedronta, aterroriza
Causa pesadelos que nem a luz ameniza
Deixe virar poesia
Aquilo que é real, imaginário
Que é fugaz ou que virou saudade
Deixe virar poesia
Aquilo que é beleza, na simplicidade ou na sofisticação
Que traz sabor e aroma ao cotidiano
Deixe virar poesia
Tudo aquilo que é vida, que não se desperdiça ou economiza
Se eterniza
Deixe virar poesia…
Alda M S Santos
POESIA: ANALGÉSICO, ANESTÉSICO, ESTIMULANTE
Na dor, poesia é analgésico eficaz
Na saudade, poesia é anestésico poderoso e catártico
Na letargia, poesia é estimulante feroz
Na alegria, poesia é pura magia
Na descrença, poesia é a fé restaurada
Na vida poesia é a droga legalizada
No poeta, poesia, amor, fé e vida se fundem
Se confundem, se materializam, se transmutam
Em letras, versos, poemas, emoções…
Poesia é registro vivo, a prova irrefutável
Daquilo que ainda vive…
Alda M S Santos
HÁ POESIA
Há poesia na plantação e na colheita
Na chuva que cai no mar ou no alto da serra
No sol que nos abraça, não faz desfeita
Nas estrelas, nas fases da Lua que não erra
Há poesia no perfume da rosa vermelha
No olhar sedutor da moça faceira
Na saudade que em nós faz centelha
Nos amantes felizes sob a cachoeira
Há poesia nos corações apaixonados
Naqueles que sofrem desamparados
No silêncio ou no grito de todo desafortunado
Há poesia em você, em mim
Especialmente quando nos dizemos sim
Somos amor, carinho, sonhos sem fim
Alda M S Santos
O QUE VOCÊ LÊ?
Sou uma amante contumaz da leitura
De tudo aquilo que leio regularmente
O que vem escrito é o mais contundente
E quase sempre deixa dúvidas na mente
Mas a leitura que se faz de um olhar
De um toque, de uma expressão corporal
Até mesmo de um desconversar banal
Pode tornar essa leitura excepcional
Leio a natureza em toda sua grandeza
Leio pessoas em sua suave beleza
Leio e capto a poesia que fica no ar
Ou até mesmo um fugidio silenciar
Ler tudo que está a nossa volta
Com toda percepção e emoção
É um modo de demonstrar paixão
Pela literatura que sai do coração
Alda M S Santos
SOMOS POESIA
A poesia tem o poder de unir
De o belo e o intenso atrair
Onde houver sentimentos, beleza
Haverá poetas expressando sua natureza
É a magia e encanto dos versos
A lucidez e interação dos reversos
É a sensibilidade que gera sintonia
E une num mesmo espaço tanta alegria
A poesia tem poder de salvar esse planeta
É uma arte a olho nu, ou sob luneta
Quem ama poemas, logo aproveita
É dos vícios o mais saudável
Cria um ambiente de paz, amigável
E faz do nosso um viver adorável
Alda M S Santos
REFÚGIOS
Um acordar meio cansado
Meio grogue, virado de lado
Sensação que voltou de outro mundo
De um intenso sonho profundo
Solta, fora de órbita, planando
Sem saber onde pousar, levitando
Onde esteve, onde está, onde estará
Que a vida nos reservará?
Sabe-se que aqui estamos de passagem
Podemos fazer mais agradável essa viagem
Se o amor for nossa maior abordagem
Uma hora todos faremos a travessia
Para o outro lado… haverá magia?
Enquanto isso, quero é me refugiar na poesia
Alda M S Santos
QUERO UMA RIMA
Não é preciso rimar para ser bonito
Mas sintonizar é preciso para não ser finito
Quero uma rima para o amor
Ou será que basta sintonizar, sem qualquer pudor?
Não é preciso rimar para ser poesia
Mas precisa encantar, despertar
Se quiser o bem, e fizer com que alguém sorria
Quero uma rima com emoção
Que atraia, seja ardor, paixão
Daquelas que nos tirem do chão
Quero uma rima para felicidade
Daquelas que não se esgotem com a idade
Que seja realidade e não apenas saudade
Quero uma rima para mim
Bonita, inteira, completa, afim, enfim
Quero sim!
Alda M S Santos
Poetizar
Poetizar é eternizar em palavras
Em versos e rimas de um poema
Aquilo que já tem lugar na alma
Morada de sonhos e sentimentos
Alda M S Santos
QUE HAJA POESIA
Que haja poesia em cada brisa que soprar
Que chegue em cada coração para repousar
Mesmo que não perceba o toque suavizar
Que possa se sentir bem, se encantar
Que haja poesia em cada grão de poeira no ar
Que seja magia e alegria esse leve flutuar
Em cada canto ou recanto que ela pousar
Possa se fazer entender, na alma sussurrar
Que haja poesia no brilho e calor do sol
Na música, no amor, nos beijos ao pôr do sol
Na Lua, na chuva, na entrega de um girassol
Que haja poesia nas asas das borboletas
No canto dos pássaros, nas suas piruetas
Em cada parte de nós, nossas várias facetas
Alda M S Santos
DEVAGARZINHO
Chegou devagar, entrou, ficou na antessala
Foi avaliando o espaço, se aproximando
Trazia grande bagagem, estava cheia a mala
Ia aos poucos seu lugarzinho conquistando
Não quis saber de nada de falsidade
Seu desejo era de apenas partilhar o viver
Em busca de paz e tranquilidade
E de uma doce e recíproca amizade
Nos sonhos ela entrou, conquistou, ficou
Não quis mais fugir, seu coração se encantou
E daquele lugarzinho se apossou
Uma fada, um anjo protetor
Todos nós precisamos na vida
Na realidade, nos sonhos, seja como for…
Alda M S Santos
POETAR
A habilidade de os sentidos apurar
Acionar até o sexto sentido
Nada perder, tudo captar no ar
Até o que parece falido
Ter um novo olhar, mais atento
Ativar olfato, audição, aguda percepção
Ter em si mesmo novo alento
Potencializar ainda mais a intuição
Entraves enxergar, parcerias buscar
Não querer sozinho caminhar
Será que isso é poetar?
O poeta Estevam Matiazzi disse que poetar é
“Transmitir angelicais inspirações”
Vou mais além: é receber, processar e repartir sensações…
Alda M S Santos
A PRÓPRIA VIDA
Para uns, inspiração
Para outros, confusão
Alguns leem com a razão
Outros já sentem com o coração
E a alma de um poeta a versar
Segue organizando esse caos
Tentando fazer valer a pena
O que a pena nem sempre consegue registrar…
Para uns, encantamento
Para outros, fingimento
Finge que é feliz, finge que não dói
Que não se importa com o que se diz
Mas em tudo há deslumbramento
Pelo que vê, sente, ressente
E nisso tudo há muito contentamento…
Para uns, letras, versos, poemas
Para outros, um passatempo
Para o poeta, a própria vida
Um meio de viver com seu sentimento…
Alda M S Santos
O POETA MAIOR ESCREVEU
“Falou em poesia, lembro de você”
Quer um elogio mais lindo que esse
Ser associado ao que de mais lindo há
Um bonito modo de na vida se expressar?
Poetas que vão nessa travessia
Pincelando em cada coração uma magia
Espalhando emoções, sentimentos
Fluindo alegrias, decantando sofrimentos
Você me lembra poesia
Poesia me lembra você
Sempre trazendo alento e alegria
Somos a mais bela e pura poesia
A luz brilhante que o Poeta Maior escreveu
E em alguns corações em versos floresceu
Alda M S Santos
DEIXE POESIA
Por onde passar, deixe poesia
Haverá sempre um tapete macio e confortável
De amor, doçura, luz e encanto
Tornando a vida mais feliz e amável
Por onde passar, deixe poesia
Em forma de chuva, de perfume, de versos
Tudo fica mais sensível e com mais magia
Se você plantar amor em versos e reversos
A vida ficará mais bonita, atraente
Colorida e florida para nossa travessia
Se você cuidar de tudo com maestria
Por onde passar deixe poesia
Quem for sensível sentirá a vibração, a sintonia
E fará do mundo um lugar de mais harmonia
Alda M S Santos
OS VERSOS E OS CONTROVERSOS
O texto em versos ou prosa
Passa uma ideia e uma imagem
Que nem sempre é bem compreendida
Depende muito da outra parte envolvida
A leitura que fazemos do mundo
Das expressões, imagens ou versos
Depende do que trazemos de mais profundo
E acaba sendo um pouco controverso
O que faz o autor ao leitor é especial
É meio mágica essa troca, essa interação
Que o poema produz no outro, doce intercessão
O que há no autor extravasa em poesia
O que há no leitor em alta ou demasia
Fá-lo captar a seu modo em magia ou fantasia
Alda M S Santos
ENCANTADA
Encantado: sob efeito de sortilégio ou magia
Que não responde por si, noutra sintonia
Ou abduzido por um mundo de emoção
Vivendo intensamente, noutra dimensão
Entregue, feliz, doce paixão
Natureza da qual sou parte, não me aparto
Sob pena de morte em vida
Daquelas que se enfurnam no quarto
Encantada, e daí? Não me importo!
Água corrente, fria, pura poesia
Faz bem, lava de fora para dentro energia
Lava de dentro para fora, valiosa terapia
Nada é preciso dizer, basta sentir
Deixar a dor, o sentimento fluir
Na hora certa o que fizer bem irá emergir
Fazendo dessa dimensão aqui
Um espaço no qual somos voo, somos asa
Até a hora de partir de volta para casa
Alda M S Santos
NASCEU!
Já deixei brotar, já deixei nascer
Já cultivei para crescer, já vi morrer
Mas também já nasceu sem meu querer
Já foi embora, triste, vi desaparecer
Ora é saudade, ora é vontade
Ora é desejo de trazer de volta, sem piedade
Cultivo as lembranças com simplicidade
Para ver se renascem para nossa felicidade
Aparece como nuvens brancas no céu
Ou bem pesadas, verdadeiro véu
Ora são brisa leve, chuvinha fina
Tempestades seguidas de arco-íris, brilhante purpurina
Que aquecem de amor o coração da menina
Assim é a poesia em mim
Rústica, delicada, sofisticada,
Ou firme como marfim
Assim são os poemas, enfim…
Alda M S Santos
NASCE UM POEMA
Todo nascimento é comemorado
Vem de gestações diferentes, é abençoado
Nove meses, nove dias, nove horas
Nove minutos ou segundos
Uma vida é gestada, um poema é cultivado
Plantado no coração de um poeta
Nos corações daqueles que amam
Alimentado pela lua, pela água, pelo ar ou pelo mar
Pela paixão, saudade ou desejo de amar
Por tudo que há de beleza, de grandeza
Nessa nossa tão terna natureza…
O poeta tão sensível o faz nascer
Uns vêm à luz mais facilmente
Outros são tirados à força, com raízes, dolorosamente
E nascem, desabrocham, crescem, intenso viver
Para fazer sorrir ou chorar o mundo
Para colorir o mundo de alguém…
Alda M S Santos
FLOR É POESIA
Se é cor, é pura intensidade
Se é delicadeza é suavidade
Se é perfume, é atração, magia
É flor, é beleza, é poesia
Nada há nela de falso ou artificial
Num belo jardim ou no quintal
Flor é poesia, na calmaria ou vendaval
Pura doçura, acalma qualquer mal
Em broto, botão, belo desabrochar
Como o poeta aos poucos a versar
Abertos para o mundo encantar
Flor é na natureza a melhor poesia
Enfeita a vida, sinal de paixão, amor
Vale como abraço, é calor, tem valor
Alda M S Santos
SÓ A POESIA
Só a poesia nos permite ter um olhar especial
Para aquilo que todos veem como trivial
Só a poesia nos faz sentir algo, ser mensageiro
Daquilo que todos têm como corriqueiro
Só a poesia nos habilita a tocar fundo no sentimento
De perto, de longe, no pensamento
Só a poesia nos deixa a flutuar, a divagar
Mesmo quando a tendência é parar, estacionar
Só a poesia nos permite manter a sanidade
Em meio às nossas loucuras diárias
Só a poesia é capaz de enxergar o sorriso
Aquele que está atrás das lágrimas
E as lágrimas atrás de cada “tudo bem”
Só a poesia nos permite ainda amar
Mesmo que tudo aponte para a indiferença, para o odiar
Só a poesia nos mantém de pé
Ignorando os ventos contrários e a falta de fé
Só a poesia nos capacita
A mirar o futuro com esperança
A atravessar o passado sem desconfiança
Sem perder o foco do presente
Sendo a interação, a boa energia
Poesia é a alma que se vê
Poesia é pura magia…
Alda M S Santos
OUVINDO POESIA
Quem pensa que poesia só se escreve, se engana
Muito antes de ser escrita, verbalizada ou declamada
Já foi sentida, entendida e escutada
Abusando da sensibilidade que se tem aguçada
Pássaros cantam poesia na alvorada
Em doces e belos tons, rima apaixonada
Entregues, não desistem, persistem nessa empreitada
Até ter rendida para si a linda namorada
Árvores são poesia aos quatro ventos sussurrada
Gostam de se fazer sentir, serem abraçadas
Junto das flores são alimento, beleza, poesia perfumada
Poetas são esponja, são ímã, alma encantada
Sintonizam suavemente no canto da passarada
Deixam o coração falar, pela brisa ser levada
Alda M S Santos
NASCE A POESIA
Ela brota em nós, suave doçura
Rompendo barreiras da terra escura
Tal qual semente que a luz procura
Desabrocha, encanta, louca fissura
Alimentada por nossos sentimentos
Aquecida em densos momentos
Irrigada pelas lágrimas dos tormentos
Despertada na alegria dos acontecimentos
É sonho, é realidade em letras versada
Escrita, declamada, aclamada
No outro se vê, encontra morada
A poesia nasce e cresce assim
Nos poetas, em você, em mim
Seguindo, inseparáveis, até o fim
Alda M S Santos
SIMPLESMENTE, AMO!
Será que precisa mesmo esse desvendar
De um amor, um intenso precisar
Quer saber a razão, o porquê
De um viver agarrado assim em você
É necessidade que não sai
Um desejo que não se esvai
É um modo de partilhar
Emoções que estão meio sem lugar
Tantas vezes não há como falar
Não se sabe como expressar
Mas você nos permite esse passear
Uma vez que encontra essa sintonia
Nos versos, na prosa, na poesia
Não há mais jeito, abrir mão é heresia
Alda M S Santos
POESIA
Poesia não é para entender, não é para explicar
Poesia é para sentir, para se fazer sentir
Poesia não é para racionalizar, equacionar
Poesia é para apreciar, emocionar
Pois é fruto das boas energias
Que transbordam de algo ou alguém
E viram versos, poemas
Poesia é para alguém faminto de magia, de encanto
Não são todos que sabem uma poesia apreciar
Poesia é para a alma de simplicidade alimentar
De emoções, de amor, de beleza e encanto
Poesia faz a vida fazer sentido
Sem precisar explicar!
Alda M S Santos
POUSO E REPOUSO
Quero encontrar um porto, um cais
Onde possa organizar o caos, os ais
Lançar âncora, extrair partes mortas
Reavaliar rotas, fechar algumas portas
Voando alto ou baixo, longe ou perto
Alcançando oásis no quente deserto
Quero mesmo é obter saudável pouso
Onde houver paz, harmonia, repouso
Entre rimas, versos e reversos
Na poesia encontro bom pouso
Harmonizo nas palavras, repouso
Nada melhor que a paz de um lar
Descalçar, nu de alma ficar, descansar
Brincar, relaxar, pousar, repousar
Alda M S Santos
NOS SEUS VERSOS
Quero estar registrada em seus versos
Naqueles que mostram que de ti faço parte
Da sua inspiração, do seu pensamento
Que em você sou a própria obra de arte
Quero estar impressa em você
Nos sonhos, no futuro que antevê
No sorriso ou seu jeito afoito de ser
No modo intenso de amar, de querer
Quero ser seus versos, a poesia desejada
Aquela já escrita ou apenas imaginada
A que fica reclusa, na alma guardada
Quero ser sua rima, sua canção, sua sina
A que dá o ritmo, o tom, a que fascina
Quero ser para sempre sua menina
Alda M S Santos
QUANDO OS VERSOS NÃO SAEM
Vontade danada de escrever, de organizar esse caos
Colocar pra fora o que se espreme aqui dentro.
Mas é tanta coisa misturada, tanta pressão!
Não há uma válvula de escape,
Não há saída de emergência,
E todos os sentimentos, toda essa poesia em mim
Que poderiam vir a ser um poema,
Ficam travados em frases sem nexo,
Se confundem num texto complexo,
E os versos não se materializam,
Se apertam na saída, barram a passagem
A magia e encanto se perdem.
E nada sai…
Quando os versos não saem,
Morre um pouco a poesia,
Morre um pouco de mim…
Alda M S Santos
A COR DA POESIA
Qual a cor da poesia, da sua poesia?
Há pitadas coloridas de magia
Ou tem brilhos, reflexos, sintonia
Qual sua mais doce fantasia?
Sua poesia é quente, apaixonada
Escarlate, vermelha, encantada
Ou é branca, receptiva, criativa
Permite minha ação, é interativa
Que tal fazermos assim
Juntar minhas cores com suas cores
Uma bela mistura de dores e amores
Assim, quem sabe é possível
Realizar na poesia nossa aura multicor
E um mundo mais colorido, recheado de amor
Alda M S Santos
SOMOS TODOS POESIA
Em nosso caminhar do dia a dia
Tristes, felizes, falantes ou calados
Tranquilos, afoitos, solitários ou acompanhados
Somos todos poesia…
Carentes, completos, amantes ou amados
Profundos ou superficiais, intensos nessa louca travessia
Juntos, separados, magoados ou abandonados
Somos todos poesia…
Doentes, sadios, loucos ou apaixonados
Sentados no caminho, subindo numa árvore, seguindo ou parados
Lutando por uma fantasia ou sofrendo de paralisia
Somos todos poesia…
Poesia aberta a quem possa apreciá-la
Poesia que carece de alguém que a leia, que a sinta
E possa transformar nosso avesso em versos
Que organize nossa confusão em rimas
E que faça de nós um poema, sua maior obra-prima
Somos todos poesia…
Alda M S Santos
VOU COM ASAS
O desejo de voar é grande
Para um mundo mais colorido
Menos nebuloso, nem tão dolorido
De brisa suave, terno abrigo
Abro minhas asas…as asas da poesia
Elas permitem viajar no tempo
Um pouquinho pro passado, sem lamento
Para o futuro, bem a contento
Abro minhas asas…as asas da poesia
Com elas posso no alto planar
Lentamente a tudo observar
Num ímpeto fundo mergulhar
E num doce colo pousar
Abro minhas asas…as asas da poesia
Levo comigo quem quero, me faz bem
Num romântico passeio à Lua
Noutra dimensão, vou além
Num voo de alma, de coração, busco alguém
Abro minhas asas…as asas da poesia
São fortes, intensas, pura magia
Fazem o mundo mais belo, inebria
Recheiam minha vida de alegria
Não abro mão das asas da poesia…
Alda M S Santos
SOMOS POESIA
Eu sou a poesia orvalhada no jardim
Que dá bom dia serenando para mim
Sou a poesia no canto do pássaro que diz
Viva cada minuto para ser feliz
Eu sou a poesia quando triste, canto
Desafinadamente minha dor, meu pranto
Sou poesia quando quero viver o amor
E sugo da vida o néctar como beija-flor
Eu sou a poesia que mergulha na natureza
Que encontra harmonia, grandeza, beleza
Quando ofereço colo sou também poesia
E peço arrego buscando no outro sintonia
Sou poesia, somos todos poesia
Em cada recanto desse vasto mundo
Somos vida, versos, rima, luz, magia
Para encantar, apaixonar, fazer vibrar de alegria
Alda M S Santos
QUE CARREGA AÍ, POETA?
De onde vem tudo que você escreve
Como cabe tudo isso aí dentro
Ora alegria, ora prazer, ora amor, ora tormento
Como pode haver dor num breve momento
E ao mesmo tempo contentamento?
De onde vem tudo isso, poeta?
Se não é você que deixa a janela aberta
E o vento tira tudo do lugar
Quem você descreve assim tão alerta?
Essa saudade que sufoca
Um amor que ronda sua porta
Sonhos que alimentam a esperança
De uma vida nova, recheada de pujança
Se não é seu intenso viver e querer
Um mundo tão diverso descrever
Que te desperta essa necessidade de compor
Como à vida fazer um favor
E atrair leitores ávidos por esse prazer
De ler, reler, e a vida fazer valer?
Que história carrega aí dentro, poeta
Leve-me com você?
Alda M S Santos
LICENÇA POÉTICA
Peço licença poética para enxergar o mundo
Quero vê-lo sob meu toque particular, sem regras
Gramaticais, ortográficas ou sintáticas
Quero tocá-lo com meu olhar perscrutador, amoroso ou invasivo
Quero flexionar gênero, número ou grau a meu bel prazer
Sem métricas, sem rimas, sem coesão, incoerentemente
Dá licença?
Quero plurais onde me apetecer, onde me sentir muito só
Singular onde acreditar ser mais conveniente
Ficar maiúscula onde me sentir melhor, puder ser o bem
Ser minúscula quando quiser sumir, me esconder como ênclise nas palavras sem nexo
Sempre iniciando, sem pontos finais, exclamando sempre
Sem separações de sílabas ou outras quaisquer
Em contínuas reticências
Questionando o que sangrar ou machucar…
Dá licença?
Quero conjugar os verbos viver, amar ou partir a meu modo, sem imperativos
Com os sujeitos que julgar adequados, simples, complexos ou ocultos
Sem pretextos ou pretéritos, sem objetos diretos ou indiretos
Usar a voz ativa e passiva quando for amor, sem preconceitos de pessoa, gênero ou qualquer tipo
Quero atribuir belos predicados, abusar de vícios de linguagem
Dá licença?
Quero ouvir o silêncio de um coração que grita ou a música das águas geladas de uma cachoeira
Ouvir a declaração de amor das estrelas numa noite quente ou a solidão da lua sem parceiros
Cegar-me com o brilho do sorriso de quem ama
Aquecer-me sob o sol escondido atrás das nuvens escuras
Chorar com a saudade em gotas que escorre e cria sulcos naquele rosto que insiste em sorrir
Dá licença?
Quero abraçar a poesia que há em mim, no outro
Fazer amor incansavelmente com a vida com a mesma paixão
De um casal que se “pega” e se beija com entrega apaixonada num canto escuro qualquer
Quero fazer desse viver o mais lindo poema
Usando nesses escritos a licença que só a alma pode conferir
Dá licença?
Alda M S Santos
VIDA DE POETA
Escrever é um ato catártico
Faz-me rever, me refazer
Construir, desconstruir, reconstruir
O papel aceita, a tela idem
Não há censura ou julgamento
Caneta ou teclado mandam ver
Aceitam bem todo sentimento
Desde sempre, há muito tempo
Escrever me traz contentamento
Crónicas, contos, poemas
Uns partilháveis, outros não
Vale expressar a emoção
Sempre um olhar atento a captar
A poesia que há em todo lugar
No viver do outro, na natureza,
No amar, no chorar, no sofrer
No poeta tudo é inspiração
Tudo é poesia em combustão
Com uma intensidade que assusta
Nessa vida nem sempre justa
O poeta é um ser que não cabe em si
Para estar pleno precisa repartir
A dor, o amor, a alegria, a saudade
Tudo aquilo que houver intensidade
Ser poeta é partilhar humanidade
Alda M S Santos
UMA PAIXÃO
Escrevo sorrindo, escrevo chorando
Bem alerta ou meio em transe
Envolvida bastante na situação
Ou observando de fora uma emoção
Escrevo como ato de protesto ou indignação
Um grito de revolta ou rebelação
Ou um silêncio de frustração
Também em forma de oração
Quase sempre com muita satisfação
Ou pura expressão da gratidão
Escrevo para conversar com meus botões
Para dialogar também com o outro
Para tornar claro algo meio nebuloso
Para não me afogar em mim mesma
Em braçadas mergulho nesse mar gostoso
Em águas claras ou turvas da emoção
Minhas, do outro, da situação
Escrever é para mim revelação
Desde ontem, desde sempre, para sempre
Escrever é pura paixão…
Ser poeta é fazer da vida um constante ato de amor
De paz, luz, gratidão e reflexão …
Alda M S Santos
NOS VERSOS DA CANÇÃO
Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão
Reza o dito popular quase aceito como lição
Será isso mesmo, meu irmão?
Uma moeda de ouro saqueada
Se de quem roubou também for usurpada
Tem a dívida perdoada, consciência suavizada
E se o que se rouba é o coração
E no lugar só deixa solidão?
Cem anos de perdão?
Não parece muito justo, cidadão!
Ladrão que rouba ladrão também precisa compaixão
Ou roubou tá roubado não importa a situação?
Bom mesmo é por todos uma bela oração
Porque quem rouba coração
Deveria ter por certa a obrigação
De também deixar-se roubar, ter um pouco de afeição
Trazer paz e alegria, cuidar da emoção
E fazer do amor uma poesia
Cantada nos lindos versos da canção
Alda M S Santos
DOMINGO É POESIA
Domingo é dia de acordar tarde
Ou de levantar com o sol, ser um girassol
É dia de observar a chuva no telhado
Sentir falta de um tempo passado
Domingo é dia de tudo ou nada acontecer
De fazer hora ou deixar rolar o querer
Na cama quentinha, debaixo do cobertor
É sorrir para a vida, agradecer, ir ver Nosso Senhor
Dia de fugir da rotina, tomar sol na praça
Ou de pedalar e se exercitar na lagoa, de graça
É dia de brincar, sair, passear, a família visitar
De paquerar, conquistar, amar
É dia de rever amigos, abraçar, ser abrigo
Domingo é dia de ler um bom livro
De assistir um bom filme no sofá ou no cinema
De ficar quietinho, fazer um poema
Domingo é, em si, pura poesia…
Alda M S Santos
VOCÊ É UM POETA?
Que é ser poeta?
É fazer versos, rimas, métricas
Descrever o amor, a dor, a natureza
Declarar paixões, desejos, anseios
A saudade, a alegria, a tristeza, a harmonia
Também …
Mas ser poeta é mais do que fazer poemas
Poeta é um jeito de ser e viver
É abrir janelas, escancarar portas, criar frestas
É descobrir atalhos, desbravar
Caminhar por caminhos desconhecidos
É se expor, ser o concreto e o abstrato
É um estilo de vida, de sensibilidade
De observação e maturidade
Ser poeta é ser emoção, coração
Ser luz na escuridão, aliviar a tensão
E a poesia que o poeta sente por aí
Ele expressa de modo escrito, expõe sua confusão
Nao importa se em versos, contos
Crônicas, romances, prosas
Ser poeta é parecer humanamente cheio e intenso
Mesmo quando estiver vazio, sem qualquer senso
Ser poeta é em tudo buscar o prazer
É ter tesão pela vida, mesmo no sofrer
É sempre estar propenso para o viver…
Você é um poeta?
Alda M S Santos
SIMPLESMENTE, AMO…
Por que amo, poemas?
Por que me encanto pela poesia?
Amor não se explica, se sente
Poemas são sentimentos expressos em versos
São palavras potencializando o existir
São rimas evidenciando nossa sina
Poemas são a mais pura expressão da emoção
Neles os poetas dão vazão
A mais pura agonia que em si já não cabe
Que está além da capacidade do coração
E extravasa na mais límpida e intensa poesia
Não sei explicar porque amo poesia
Sei que somos parte uma da outra
Como uma boa interação entre o amor e a paixão
Sei que sem ela a vida não existiria
Na quase sempre confusa alma de um poeta…
Alda M S Santos
QUERO SER SUA POESIA
Quero sentir que você está perto
Que me acompanha nos caminhos incertos
Quero sentir o calor de seu toque
Que me faz bem, me provoca um choque
Quero sentir em ondas seu amor
Que me faz flutuar, aprofundar sem pudor
Quero sentir a alegria de sua amizade
Que me inebria de bênção, de realidade
Quero sentir sua força que me impulsiona
Que me faz cavalgar nessa estrada como amazona
Quero sentir que não estou só
Que tenho em você meu quentinho paletó
Quero sentir que em mim confia
Que me faz ser mais eu, sua mais pura e intensa poesia…
Alda M S Santos
REGISTROS
Quisera buscar na poesia
Um toque de doçura, de magia
Quisera buscar na poesia
O alívio da dor, a cura da amargura
Quisera encontrar na poesia
Seu encanto, seu amor, sua alegria
Busquei na poesia a mais pura simplicidade
Num poema registrei meu desejo de felicidade…
Alda M S Santos
ESCREVER É…
Aqueles que se dispõem a traduzir em palavras
Em versos ou prosa o que se passa dentro de si
Que tentam organizar ou dar sentido ao caos
Escritores, poetas, profissionais ou amadores
Quase sempre são acusados de excêntricos, introvertidos, superiores
Ou frágeis, confusos, donos da verdade, narcisistas
Encontraram, ou ao menos buscam, na verdade, um modo de abrandar, silenciar
Todos os barulhos que ecoam e carregam dentro de si
Caminhos que trafegam sozinhos na escuridão ou luz interior
Levando alguns leitores e seguidores afins a fazer o mesmo
Escrever não é um ato superior ou inferior a qualquer outro
Mas é, sem sombra de dúvida, um misto de prazer, alívio, dor, necessidade vital e coragem
Escrever é abrir porteiras para a luz entrar, ou a escuridão sair, tanto faz…
Escreve-se não para mudar o mundo, os outros, ainda que possa fazê-lo
Mas uma pequena tentativa, às vezes vã, de mudar a si mesmo…
Alda M S Santos
VERSOS
Os versos falam todo o tempo
Não há verso mudo, calado
São expressões infinitas de sentimento
Cada qual os recebe de acordo com seu entendimento
Há versos que falam de fazer amor
Outros de amizade, de intensidade
Há os gritos de aviso, denúncia ou alerta
Quase sempre estão na medida certa
Mas na medida meio confusa do poeta
Há versos que querem curar uma dor
Cicatrizar uma alma machucada, ferida
Há versos com raiva, compram uma briga
Há versos que tentam saldar uma saudade
Ou fazer do sonho uma realidade
Talvez no silêncio cantem uma vontade
Ou gritem aos quatro ventos sua necessidade
Os versos são uma linguagem única
Entende quem quer, quem pode
Quem aprecia, entra em sintonia
E faz do verbo, na rima, no verso
Sua vida, sua alma registrada em poesia
Alda M S Santos
MUNDO SEM POESIA
O que o poeta diz é o que sua sensibilidade captou,
Processou dentro de si e transformou em versos
Um poema é o mundo revestido pela alma do poeta
Um mundo sem poeta é um mundo nu e cru…
Alda M S Santos
SEM POETA
Dá para viver sem o poeta
A poesia não deixará de existir
Ela estará por aí…
Mas sem ninguém para captar
Ninguém para as belezas divulgar
Ou para com a vida se apaixonar
Dá para viver sem o poeta
Mas será triste e vazia
Como um jardim sem jardineiro para cuidar
Uma refeição sem ninguém para apreciar
Uma mulher sem ninguém para admirar
Um amor sem ninguém para amar
A magia sem o mágico para alegrar
Uma criança sem ninguém para brincar
Dá para viver sem o poeta
Mas não serão tão belos
A cachoeira para alguém se purificar
O luar para enamorados se amar
A praia para em suas areias caminhar
O mar intenso para navegar
Um alguém encantador para amar
Uma curva feminina para derrapar
Dá para viver sem o poeta
Mas os sentimentos ficarão sufocados
O amor não será divulgado
O universo não será admirado
Os somhos não serão alcançados
As lágrimas não serão choradas
Sobre o mal ninguém será alertado
Dá para viver sem o poeta
Mas a beleza será desperdiçada
Tudo estará em escala de cinza
Nada será tão encantado
O mundo parecerá acabado…
Alda M S Santos
A POESIA
A poesia ainda vai curar o mundo
Levar o amor e magia a toda criatura
Ao descrente, ao sensível, ao vagabundo
Ao culto, ao letrado, ao apaixonado
A poesia ainda vai nos livrar da dor
Sendo encanto, beleza, o peixe, o pescador
Sendo jardim, flor ou beija-flor
A poesia ainda vai nos ensinar a amar
Ser a fé, a esperança, a vibração
Ser atração, sedução, paixão, emoção
A poesia ainda vai nos tirar da indiferença
Sendo a luz, o silêncio, o barulho, a presença
Sendo nesse mundo tão superficial,
Nossa mais doce essência…
Alda M S Santos
LICENÇA POÉTICA
Peço licença poética para enxergar o mundo
Quero vê-lo sob meu toque particular, sem regras
Gramaticais, ortográficas ou sintáticas
Quero tocá-lo com meu olhar perscrutador, amoroso ou invasivo
Quero flexionar gênero, número ou grau a meu bel prazer
Sem métricas, sem rimas, sem coesão, incoerentemente
Dá licença?
Quero plurais onde me apetecer, onde me sentir muito só
Singular onde acreditar ser mais conveniente
Ficar maiúscula onde me sentir melhor, puder ser o bem
Ser minúscula quando quiser sumir, me esconder como ênclise nas palavras sem nexo
Sempre iniciando, sem pontos finais, exclamando sempre
Sem separações de sílabas ou outras quaisquer
Em contínuas reticências
Questionando o que sangrar ou machucar…
Dá licença?
Quero conjugar os verbos viver, amar ou partir a meu modo, sem imperativos
Com os sujeitos que julgar adequados, simples, complexos ou ocultos
Sem pretextos ou pretéritos, sem objetos diretos ou indiretos
Usar a voz ativa e passiva quando for amor, sem preconceitos de pessoa, gênero ou qualquer tipo
Quero atribuir belos predicados, abusar de vícios de linguagem
Dá licença?
Quero ouvir o silêncio de um coração que grita ou a música das águas geladas de uma cachoeira
Ouvir a declaração de amor das estrelas numa noite quente ou a solidão da lua sem parceiros
Cegar-me com o brilho do sorriso de quem ama
Aquecer-me sob o sol escondido atrás das nuvens escuras
Chorar com a saudade em gotas que escorre e cria sulcos naquele rosto que insiste em sorrir
Dá licença?
Quero abraçar a poesia que há em mim, no outro
Fazer amor incansavelmente com a vida com a mesma paixão
De um casal que se “pega” e se beija com entrega apaixonada num canto escuro qualquer
Quero fazer desse viver o mais lindo poema
Usando nesses escritos a licença que só a alma pode conferir
Dá licença?
Alda M S Santos
ENTÃO, ELE ESCREVE…
Se chove forte, se está seco ou se se molha
Se há vendavais, tornados, tempestades de areia ou de neve
Ele escreve…
Se há sol forte, calor intenso, desnorteador
Se há alegria, tristeza, angústia ou dor
Ele escreve…
Se quer falar, gritar, alertar, se rebelar
Se quer se esconder, murchar, silenciar
Ele escreve…
Se há luz forte, breu intenso, escuridão
Se há só a luz da Lua e das estrelas, só solidão
Ele escreve…
Se está perdido, confuso ou irado
Se se encontra, se abraça, sente-se abençoado
Ele escreve…
Se tem medo, esperança ou saudade
Se quer fugir, ir embora, ter liberdade
Ele escreve…
Se está sozinho ou acompanhado
Fazendo amor, feliz ou apaixonado
Ele escreve…
Se falta amor, magia, sobra paixão
Se a vida machuca, corta, fere o coração
Ele escreve…
Se quer gritar e não consegue
Se quer falar e o medo persegue
Ele escreve…
Enfim, tudo serve de inspiração
Os versos brotam fundo, pura emoção
Poesia é para o poeta o ar que circula no coração…
Então, ele escreve…
Alda M S Santos