SIMPLES LIVROS?

Todo bom leitor tem um jeito particular de ler

Sentado, deitado na cama, na rede, no ônibus.

Rápido, lentamente, grifando, voltando atrás

Dando umas puladas por curiosidade…

Quer interagir, sugerir, interferir, participar.

Dependendo do livro, fica triste com o final

Continua imaginando a história em sua mente

Cria outros finais mais felizes, retira personagens, acrescenta outros.

Quase sempre quer que outros leiam, empresta, doa

Ou sente ciúmes daquela história e quer guardá-la só para si.

Alguns livros ficam esquecidos num canto empoeirado da estante

Sob as almofadas do sofá, numa gaveta qualquer,

Ou, mais queridos, ficam na cabeceira da cama, na bolsa

Alguns, cuja história é especial, ficam guardadas na mente,

Na alma, no coração, para sempre.

Não precisam da versão impressa, estão impressos em nós.

Cada pessoa de nossa vida é como um livro que lemos.

Há histórias grifadas, mexidas e remexidas,

As complexas e densas, que não se deixam ler facilmente

As fáceis e agradáveis de ler e interagir, as engraçadas, as tristes.

Nossa mente e nossos corações são nossas estantes

Alguns desses livros não queremos mais ler, outros estão guardados com carinho,

Há aqueles que são revisitados no fundo das gavetas,

Outros se confundem com nossa própria história, se mesclam, se fundem.

E, os mais interessantes, ainda estão sendo escritos

Ainda que a gente não se dê conta, a história continua

E é uma obra aberta com participações especiais.

E quem disse que não gosta de ler?

Alda M S Santos