E A JABUTICABEIRA ALI…
E se a vida fosse uma grande jabuticabeira
Convidativa ali na cerca, bem na beira
Carregadinha de frutos para quem quiser saborear
Só chegar, colher e aproveitar
O mundo anda tão complicado
Coisas simples são deixadas de lado
Só é aplaudido o que é difícil de ser conquistado
O que é natural já não é valorizado
Disputas e lutas são incentivadas
Verdades e mentiras são calibradas
Num eterno ringue brigas são travadas
E a jabuticabeira ali no meu caminho
Diminuo o passo, sorrio, sou passarinho
Me aboleto ali, colho e como devagarinho
Alda M S Santos
BOM MINEIRO
O bom mineiro é aquele que chega devagar
Tem doçura, calma e sensibilidade no olhar
Com jeitinho especial vai comendo pelas beiradas
Não desiste fácil, enfrenta qualquer parada
Simples por natureza, é bem hospitaleiro
Gosta de gente sincera, coração verdadeiro
Canjiquinha, tropeiro, doce de leite, pão de queijo
Junta tudo numa prosa regada a abraços e beijos
Gosta de praia, roda de conversa e violão
Passeio na serra, na cachoeira, missa com sermão
Com verdade e bondade ganha seu coração
Alma feita de boa mistura de urbano e rural
Dentro do peito dele só cabe o que é natural
Se quiser morar ali, seja você, seja real
Alda M S Santos
PENSANDO BEM
Pensando bem, gosto muito do que é de verdade
Que não engana, tem brilho, luz, sem falsidade
O que carrega em si a beleza da simplicidade
Sem sofisticação, sem embromação, palco da felicidade
Pensando bem, por isso amo tanto a natureza
Rústica, intensa, forte ou suave, muita riqueza
Não há nela nada ruim, cada parte com sua beleza
Atrai, embriaga, vicia, causa doce bambeza
Pensando bem, gosto de um amor assim
Terno, afetuoso, real, sincero, caliente
Recíproco, intenso, forte, doce como café quente
Pensando bem, luz atrai luz, escuridão atrai escuridão
Ser simples atrai simplicidade
Ser verdadeiro e bom, atrai verdade e bondade
Alda M S Santos
ESSA GENTE SIMPLES
Em cada cantinho um gesto dessa gente
Que mostra a simplicidade no jeito de ser gente
O jeitinho de sorrir e cumprimentar
A doçura do olhar e o modo de prosear
A disponibilidade sempre em ajudar
Podem estar lavando a toalha na pedra
Trançando os cabelos sentada no quintal
Dependurando roupas no varal
Ou servindo um almoço caseiro pro pessoal
Nunca deixam de atender aquele que chega
Abrem as porteiras da sua fazenda
Oferecem um pouco de sua merenda
Deixam você colher jabuticaba no seu terreiro
Pegam a escada, nada cobram, seria um exagero
Essa simplicidade no agir que encanta
Que faz dessa alma simples e acolhedora
A beleza dessa terra e dessa gente encantadora
Quanto mais simples, mais humilde, mais se doa
Deus colocou nesse cantinho só gente boa…
Alda M S Santos
POR AÍ
Por aí sigo captando belezas
Num cantinho qualquer
Sendo alvo das gentilezas
Apreciando o que de encanto há
Nas flores, nas cores, na pureza…
Por aí sigo captando a música
Que o vento sopra
Que os pássaros cantam
Que as árvores dançam
Aquelas que tocam lá fora,
Tocam cá dentro
E nos encantam…
Por aí sigo em busca da sintonia
Aquela que vem na percepção da poesia
Que nos faz frágeis, fortes
Que nos inebria, contagia…
Por aí encontro algo que todos buscam
Aquela que há nos momentos mais inesperados
Onde um desavisado só vê simplicidade
Eu encontro felicidade!
Alda M S Santos
NAS COISAS SIMPLES
Bobagem perder tempo, se na realidade
Nas coisas simples está a felicidade
Quanto mais buscar sofisticação
Mais ainda demorará a satisfação
Também há imensurável prazer
Em cuidar da felicidade de outro ser
Aliviar uma dor, fazer despertar para o amor
Tal qual o desabrochar de uma flor
Não adianta embromação
Joias, ouro, fama, palacete
Isso tudo é um grande falsete
Brisa suave, descalços, pés no chão
Alma em paz, bom coração
Isso, sim, é felicidade de montão
Alda M S Santos
PARCEIRA DA FELICIDADE
A mentira se veste e reveste
Se cobre, se enfeita e se recobre
Brilhos, sons, manhas e artimanhas
Faz de tudo para parecer bela e envolvente
Precisa tapar aquilo que no fundo é bem feio e assustador
Verdade não precisa de vestimentas ou artifícios
Apresenta-se nua e crua, não se envergonha
Preferir estar “vestido” à nudez nem sempre é por pudor
Pode ser por ser tão feio que prefira estar “encoberto”
Mesmo que possa machucar, a verdade é cheia de carinho
Não precisa se cobrir ou disfarçar
Ser verdadeiro já é por si só cheio de beleza
O encanto está em ser real, autêntico
A boniteza está na clareza, na transparência
A maravilha está na naturalidade
Verdade traz alegria, cedo ou tarde
Simplicidade e verdade são parceiras da felicidade…
Alda M S Santos
DEUS NOS QUER CRIANÇAS
Na infância somos crianças autênticas e felizes
Encontramos alegria nas pequenas coisas…
Um bichinho de estimação, uma brincadeira qualquer…
Crescemos, buscamos felicidade onde não se encontra
Esquecemos o quanto é simples ser feliz
Deus nos torna pais e mães para nos relembrar
O quanto a felicidade se encontra no brilho de um sorriso puro e inocente
Os filhos crescem…
Deus manda os netos, sobrinhos-netos, para exercerem o mesmo papel
Renovarem a fé, alegria e esperança
Uma aula de reforço de simplicidade e pureza
Quando não conseguimos mais notar ou acompanhar as crianças
Nós mesmos nos tornamos crianças na velhice…
Deus quer pra nós a alegria, pureza, simplicidade, confiança e inocência das crianças…
Ele sabe o que é bom para nós!
Alda M S Santos
A RIQUEZA DA SIMPLICIDADE
Uma casinha simples, uma terra fértil
Flores coloridas e perfumadas, gramado,
Árvores nativas ou pequeno pomar,
Uma gangorra na mangueira,
Uma porteira entreaberta e convidativa
A vista alcança longe…
Aromas de fogão a lenha e café recém-coado
Pássaros cantando, macacos gritando, galinhas cacarejando
Ora sol forte, ora chuva refrescante
Cai no telhado, cai lá fora, inebria
Sempre leva à nostalgia, à saudade de tempos idos
Espetáculo da natureza, sempre agradecida
Uma rede na varanda, um livro,
E eu…aprendendo a viver…
Alda M S Santos
DORES NA SIMPLICIDADE E NO LUXO
Numa semana, num lar de idosos de classe baixa, na outra, num núcleo luxuoso para a maturidade.
Ambos com idosos colocados ali para serem cuidados, tratados, terem sua dignidade preservada.
Espaços limpos, pequenos e simples de um, destoam dos espaços amplos, muito bem decorados e bem aproveitados de outro.
Idosos em seus melhores trajes para receberem as visitas.
Um banho e roupas simples e ausência de acessórios de um, roupas e calçados finos, colares, brincos, maquiagem, chapéus, penteados, cabelos bem pintados e unhas bem feitas do outro.
No primeiro, poucas atividades além da rotina diária: refeições, banho, TV, pátio, sono, medicamentos.
No segundo, agenda cheia: leituras, músicas, visitas agendadas, apresentações, artes, convidados de todo tipo.
Mulheres interagem mais. Os homens, ou são galanteadores ou ranzinzas, muito calados, ou quase incapazes.
O que há de semelhante além de serem homens e mulheres idosos entre 70 e 100 anos de idade?
São como crianças! Olhos sem muita vivacidade, mas com brilho úmido, carentes de afeto. Todos eles!
Abraçam-nos e agradecem a nossa atenção e dedicação como algo precioso.
Querem ser tocados, ouvidos, compreendidos. Precisam do nosso tempo.
Cantamos músicas da sua época (com nossas vozes maravilhosas), deixamos a vergonha em casa, dançamos, tentamos ignorar os mais rabugentos, trazê-los para nós. Quase sempre conseguimos.
Em ambos, poucas visitas recebem. Alguns, ninguém os procura.
O mais triste é que, mesmo aqueles cercados de gente, de atividades, de “amigos”, de tarefas, falta-lhes algo.
Recebem amor, mas querem aquele amor especial, aquele amor específico, aquele que grudou na alma e dói a ausência.
Como me disse uma idosa sabiamente, eles têm muitas presenças, mas uma ou duas ausências impedem definitivamente a felicidade.
Concordo com uma senhora trovadora, residente do lar, autora de livros de outrora:
“Saudade, com tanto lugar lá fora, porque você insiste em doer aqui dentro?”
Divirto-os, me divirto e agradeço a cada um deles a oportunidade de me tornar uma pessoa melhor.
Alda M S Santos
TÃO FÁCIL!
Aparentemente tão fácil!
Encontrar um companheiro para voar juntos
Descobrir novos espaços, novos ares,
Namorar!
Novo céu, azul intenso, sol mais brilhante…
Um lar, um ninho, simples e caprichado.
Materiais retirados da natureza!
Uma família sonhada, constituída, alimentada e amada…
Ali encontram todos os alimentos que precisam.
Têm de sobra: confiança que tudo vem
Têm em falta: preocupações e ansiedades.
O que importa têm em fartura:
Alegria para viver e cantar!
Tão fácil!
Em qual parte complicamos, se somos “superiores” e racionais?
Alda M S Santos
SE PUDER, SIGA
Se puder, siga o caminho mais simples
Mais rústico, menos requintado
É onde há mais alegrias sinceras
Se puder, siga as pessoas que te dão as mãos, os sorrisos
A alma, o coração
São elas que recarregam suas forças quando você cai
Se der, ouça e se encante com o canto dos pássaros
Com a leveza das borboletas, as cores das flores selvagens
São alimento para a alma cansada
Se puder, ouça, interprete e siga seu coração,
As mais importantes lições que sua mente apagou
Ele traz gravadas consigo
Se puder, siga…
Alda M S Santos
O QUE PERDEMOS QUANDO CRESCEMOS ?
Deixamos de ser crianças, crescemos…
O que perdemos?
A capacidade de nos divertir correndo um atrás do outro?
Rir das mínimas coisas, desde um tombo até uma fresta onde enfio a cabeça?
Correr, abraçar e beijar no meio do aeroporto quem amo e tenho saudades?
Dizer não quando algo me desagrada, sem culpas?
Pedir colinho quando estou triste ou cansada?
Chegar em casa e ficar de calcinha e cueca para aliviar o calor?
Chorar quando algo dói ou machuca sem vergonhas?
Acreditar que um beijinho cura qualquer mal?
Pedir desculpas, oferecer a chupeta para consolar quem chora?
Ouvir e sentir prazer com a mesma história ou canção infinitas vezes?
Manter a fé inabalável na invencibilidade de nossos pais?
Ganhamos muito quando crescemos.
Perdemos mais ainda!
A balança favorece as crianças.
Não acredita? Observe-as nessa noite de Natal.
Independente da situação financeira, são as que mais se divertem, as que menos sofrem.
Se conseguirmos resgatar em nós um pouquinho da naturalidade e simplicidade delas ficaremos melhores!
E já que não acreditamos mais em papai Noel
Que o Papai do Céu nos permita sermos crianças…
Ao menos nessa noite!
Alda M S Santos
SIMPLICIDADE
Uma mansão pode ser linda, mas prefiro o aconchego de uma casinha na roça.
Um restaurante da moda pode ser chique, mas prefiro a mesa cheia na varanda.
Um longo de festa pode ser estonteante, mas um vestido florido de algodão e sandálias é delicado e confortável.
Um rosto maquiado e penteado armado ficam maravilhosos, mas rosto lavado e rabo de cavalo têm sua beleza.
Um banho e sono numa suíte de cobertura pode ser gostoso, mas nada mais relaxante que tomar um banho de cachoeira e dormir na rede sob a Lua.
Dar umas voltas de limusine pode ser divertido, mas um passeio de moto com o vento no rosto é incomparável!
Luxo pode ser tentador, atraente, mas não há nele conforto.
A beleza está na naturalidade, na simplicidade.
Nas coisas mais comuns, com as pessoas mais simples é que nos sentimos bem, podemos ser nós mesmos, sem sofisticação!
O mais chique é o que nos proporciona mais prazer, e isso só conseguimos onde nos sentimos à vontade, onde há simplicidade!
Quer seja com roupas, acessórios, lugares ou pessoas.
Quero viver onde e com quem possa me sentir à vontade, confiante, amada e sinceramente feliz!
Disso não abro mão!
Alda M S Santos
SONHAR É ANTECIPAR FELICIDADE
A felicidade bate à nossa porta tantas vezes, de tantas formas…
E não atendemos! Ocupados estamos procurando-a em outros cantos, em variadas distrações, coisas ou pessoas.
Quase sempre, está nas coisas bem simples:
No sorriso de um filho, no abraço de um irmão,
Na gentileza recebida no trânsito, no beijo apaixonado de bom dia,
Na paz de uma oração, na “festinha” feita por nosso cãozinho ao nos ver,
Num elogio no trabalho, na nostalgia de um dia chuvoso,
Na beleza do sol nascente, na preguiça após o almoço,
Na magia do desabrochar de uma flor, no balançar dos galhos de uma árvore,
No aconchego de nossa cama, na sinceridade de um “eu te amo”,
Na saudade de alguém, na esperança na realização de um sonho…
Isso mesmo! Felicidade também é ter expectativa, é sonhar! Quem vive, sonha!
Esse é o caminho, essa é a felicidade. Não adianta ir longe. Ela está bem ao nosso alcance, bem pertinho de nós todos os dias…
Basta ter olhos para ver, coração para sentir, alma para absorver…
Alda M S Santos
CRIADOR E CRIATURAS
Não importa o tamanho, a simplicidade, a cor, o perfume.
Foi pensada com carinho em cada detalhe pelo Criador, portanto, é bela.
Assim também somos nós! Especiais, únicos e importantes para Ele.
Seu olhar para nós é de carinho e amor.
Que possamos olhar assim para nossos “pares”.
Que possamos olhar assim para aquela pessoa que nos encara,
sorri ou desvia o olhar no espelho todas as manhãs.
Boa noite! Com Deus!
Alda M S Santos
SER FELIZ É SER SIMPLES
Gosto de acordar cedo, ainda ao romper da aurora, ir à padaria, observar o burburinho e movimento do dia que se inicia… Gosto de dirigir pro trabalho agradecendo a Deus pelas bênçãos concedidas e pedindo proteção para o novo dia. Adoro chegar à escola, ser recebida por sorrisos e abraços dos amigos e pela doçura, agitação e carinhos sinceros dos meus pequenos. Depois de toda a correria do dia, do trabalho entremeado de torpedos carinhosos para familiares e amigos, e a certeza do dever cumprido, ainda encontrar energia para academia, caminhadas e afazeres domésticos. E assim, encerrar o dia, dando e recebendo colo, na paz e aconchego do lar. É na simplicidade de nossos dias que encontramos a felicidade, pois não precisamos de muito para sermos felizes, basta extrair o melhor do que a vida nos proporciona. Expectativas sobre o que não temos, e que muitas vezes nem devemos ter, só nos trazem infelicidades…
❤❤
Alda M S Santos
OBRA-PRIMA
Não importa o tamanho, a forma, a cor, o perfume, a delicadeza, a simplicidade…
Nota-se cuidado, carinho e dedicação em cada detalhe.
É criação de Deus e, como tal, lindas! Uma obra-prima! Assim são as flores, assim somos nós!
Valorizemo-nos! 😘
Alda M S Santos
Se as pessoas fossem livros, muitas seriam escolhidas pela capa, várias seriam descartadas pela profundidade do conteúdo, pela extensão da narrativa ou densidade de sua prosa. Tantas outras, ignoradas pela simplicidade ou complexidade de seus versos não compreendidos. Como os livros, muitas seriam escolhidas ou preteridas pelos motivos errados. Como os livros, também não há pessoas ruins. Como os livros, o que há são pessoas mal lidas e mal interpretadas.
Alda M S Santos