FAÇA AMOR COM A VIDA
Chegue lentamente, tire as sandálias
Caminhe devagar, sinta a maciez da areia fina
Deixe seus pés se afundarem
Abra os braços, tire os óculos, feche os olhos
Inspire, expire!
Inspire energia, expire o cansaço
Inspire o calor, expire toda dor
Dê um giro sobre si mesmo, olhe para o alto
Dê um grito de paz, mesmo em seu silêncio, se preferir
Corra para o mar, mergulhe, lave toda negatividade
Seja esponja do bem, seja grato, tenha bons pensamentos
Sinta a brisa, a pele se arrepiar, o prazer em estar vivo
Sorria, abrace, beije, faça amor com a vida…
Viva e deixe viver!
Alda M S Santos
SORRINDO VAI CHORAR
“Um dia a areia branca seus pés irão tocar”
Te farão lembrar que nem tudo na vida é dureza
Que a alegria pode estar em apenas poder caminhar
Numa areia macia, refrescante
Sentir o vento nos cabelos, a brisa que arrepia a pele
Que desperta boas sensações
“E vai molhar seus cabelos a água azul do mar”
Você irá correr feito criança sapeca
Chutar água, mergulhar, saltar ondas
Irá lavar-se de toda negatividade
Purificar a alma, guardar apenas o que é bom
Buscar um abraço que acalenta, que arrepia
“E ao se sentir em casa sorrindo vai chorar”
E vai querer ficar…
Alda M S Santos
Versos destacados de Roberto Carlos
CORPOS DE PRAIA
Há gente a “desfilar” pra todo lado
Homens, mulheres e crianças
De todo tamanho, biotipo, idade
Passeando, descansando, de qualquer nacionalidade
Gente mais tímida, acanhada
Gente mais desinibida, com mais vaidade
Brincando, se bronzeando, banhando no mar
Ninguém parece preocupado se está nos padrões
De beleza, estética ou se alguém irá julgar
Bom mesmo é estar com saúde
Para poder de tanta natureza desfrutar
A vida é demasiado curta para com tão pouco se preocupar
Vale mesmo estar por aqui, divertir, agradecer
Corpo de praia é aquele que sabe com leveza viver
Alda M S Santos
OFERENDAS
Quero lançar ao mar tudo o que de negativo vivi
Não que eu entenda suas águas como depósito de lixo
Mas poderosas para dissolver lágrimas e amenizar dores e decepções
Levá-las para longe e trazer de volta apenas esperança e força
Quero lançar ao mar tudo que de bom eu vivi
Não é que eu seja mal agradecida ou queira me desfazer das bênçãos recebidas
Oferto com um forte desejo de partilhar com os outros o que recebi, conquistei
Amor, compaixão, carinho, perdão e amizade
Nesse vai e vem das ondas do mar
Cada um de nós deseja apenas um certo equilíbrio
Uma alma em paz para nós e para os outros
Que em cada pé que suas águas salgadas tocarem
Haja mais esperança, fé, respeito
Mais igualdade, menos preconceito, mais amor
E que um sorriso iluminado de paz possa reinar
Essas são minhas oferendas ao mar, à vida
Oferendas que vão e voltam
Com as ondas do mar…
Alda M S Santos
VIVENDO DO MAR
Para uns a diversão, lazer, contemplação
Para outros o trabalho, a lida, o ganha-pão
Seja no pescado em alto-mar
Ou nas atividades à beira-mar
Muitos fazem dali seu dia a dia, seu lugar
Nativos já conhecem sua impar linguagem
Quando está bravo, de ressaca, qual sua mensagem
Quando a maré vai subir ou baixar
Se vai chover ou o quanto irá ventar
Sabem direitinho até onde se pode brincar
Respeitam a natureza, de onde vem seu sustento
A pele já castigada pelo sol, são gratos a todo momento
Turistas vêm para passear, conhecer, se apaixonar
Pela cultura, encantos naturais, querem fundo mergulhar
Se gostarem certamente irão voltar
Talvez até venham a fazer dali o seu novo lar
Bom mesmo é que nativos e turistas
Saibam cuidar, amar, preservar
Esses maravilhosos encantos que a Criação veio nos presentear…
Alda M S Santos
MAR OU CACHOEIRA?
O mar é tão bom de se olhar
Águas mornas, convidativas, doce balanço
Vista infinita, atiça a imaginação mais bonita
Carrega em si muita poesia
Impossível resistir a sua magia
A cachoeira é puro mistério, águas geladas
Matas densas e encantadas
Morada das lendas, ogros, magos e fadas
Pássaros que cantam e bichos na madrugada
Um lugar que atrai, encanta e deixa a alma embriagada
Uma vez cachoeira, pessoa enfeitiçada
Uma vez mar, não dá para não voltar!
Mar ou cachoeira?
De alma aberta sou mais cachoeira
Mas nada me afastaria também do mar
Num lindo pôr do sol, sou bem praieira…
Mar ou cachoeira?
Alda M S Santos
MUNDO ENCANTADO
À beira-mar ela segue seu caminhar
Cabelos ao vento, onda que é música no pensamento
Nada há melhor ali que na areia andar descalça
Sol que aquece, que é luz, que abraça
Segue chutando as águas, maré baixa, praia vazia
Parece outro mundo, foi transportada, pura magia
Quer seguir caminhando, nunca parar
Será onde depois da curva vai dar?
O desejo é de apenas seguir em frente
Afastar qualquer angústia ou medo da mente
Ir até um mundo encantado, magicamente habitado
Fadas, bruxas, duendes, sereias, anjos, enfim
Que digam “tá tudo bem, venha para junto de mim”
E ali eu me sentiria voltando para casa
Finalmente, sentaria e descansaria as asas…
Quer ir comigo?
Alda M S Santos
NOSSA PEQUENEZ
Diante da grandiosidade da natureza
E hipnotizados frente a tanta beleza
Não há como não sentir
Como somos tão pequenos por aqui
Somos nada mais que um grão de areia
Apenas um fio nessa grande teia
Força natural que impressiona
Que nos leva para frente, nos impulsiona
Mesmo sendo tão pequenos
Podemos por aqui atuar, amar
Escolher entre destruir, cuidar, preservar
Somos a porção de vida racional
A brincar como em nosso quintal
Respondemos por essa parte do espaço natural
Alda M S Santos
TÃO DOCE MAR…
Parece impossível acreditar que tanta imensidão de água
De sal, de areia, de rocha, sol e ar
Nos atinja tão fundo, nos leve a divagar
E possa ser tão doce a nosso olhar
Tão profundo, mas nos traz tanta leveza
Tão indecifrável, nos permite questionar
Encantados diante de tanta beleza
Como podemos não fazer parte desse lugar?
Se um dia eu me perder
Quero aqui me encontrar
Tenho absoluta certeza
Que diante do mar irei me achar…
Alda M S Santos
COMO PODE?
Como pode alguém diante de tanta beleza viver
E não estar aqui todos os dias
Por pura diversão ou prazer?
Como pode ouvir esse som que inebria
Que acalma, que acaricia
E não abusar dessa magia?
Como pode diante de tão vasto e lindo mar
De uma praia que traz brisa e calor
Não se entregar a tanto esplendor?
Como pode nessas margens, caminhar
Sob árvores, na água ou na calçada se aboletar
E não se aninhar num canto e sonhar?
Como pode?
Alda M S Santos
NUNCA, NUNCA!
Nunca, nunca vou me cansar
De admirar, de longe olhar
De descalça caminhar…
Nunca, nunca vou perder
O desejo de ali ficar
Das águas chutar, de bem fundo mergulhar…
Nunca, nunca vou desistir
De um dia bem perto morar
E todas as manhãs ali ver o sol despontar
Nunca, nunca vou desanimar
Quero poder ir até o horizonte
Até onde o sol se encontra com o mar
E ali me perder, ou me achar…
Nunca, nunca!
Alda M S Santos
OI, MAR!
Oi, mar, eu voltei
Como prometi aqui estou
Você, como tem passado?
Senti falta de estar ao seu lado
Oi, mar, quero de novo me achegar
Você permite que eu me aproxime
E venha em suas águas me banhar?
Oi, mar, não preciso muito para ser feliz
Saúde, família, Deus, amigos podem bastar
Ser também da vida eterna aprendiz
E ter alguém a quem (a)mar
Oi, mar, você já deve saber
Que o amor não tem lugar
Mas certamente tem ciência
Que não há melhor lugar que você
Para aqueles que desejam a(mar)…
Eu te amooooooo!
Alda M S Santos
OCEANO
Ora calmo, ora tempestuoso
Leves ondas, ressaca brava, tormenta
Nossas vidas como oceano perigoso
Tem céu claro e também nebuloso
Ora teremos que fundo mergulhar
Ora precisaremos saltar
Noutras vezes o jeito é resistir, esperar
Só não podemos desistir, desanimar
Há piratas saqueadores a enfrentar
Mas também navios valentes a nos salvar
Muitas vezes na superfície boiar para não cansar
Ou apenas esperar e confiar
A calmaria passa, a tempestade também
O segredo está em aproveitar o que de bom cada uma tem
Porque sempre têm algo a nos dizer
É só chega do outro lado quem soube com o viver, aprender…
Alda M S Santos
FASCINAÇÃO
Não há fascínio tão grande
Quanto aquele diante do mar
Tanto faz se é a primeira
A segunda ou a vigésima vez a olhar
Um mundo de mistérios que amedronta e encanta
Beleza que se move, aquieta, envolvente
Dispara o coração, aciona a imaginação
E nos atrai para si, lentamente
Águas calmas ou revoltas
Numa dança contínua e sensual, cativante
Vai e volta, canta, silencia, conquista
Aos nossos pés repousa, apaixonante…
Entregues ficamos
Fascinante…
Alda M S Santos
QUE SEJAMOS PRAIA
Um grão de areia sozinho fica perdido
Levado pelo vento forte ou arrastado pelas águas
Sequer é visto ou notado
A não ser que esteja entre nossos dedos no sapato, incomodando
Ou que o vento o leve para nossos olhos, irritando
Um grão de areia sozinho desconhece seu poder
Sua capacidade de construção, beleza e importância
Um grão de areia para cumprir sua missão, valorizar-se
Precisa se juntar a outros grãos de areia
Um grão de areia não deixa de ser um grão de areia por estar sozinho
Mas só pode ser casa, lar ou praia
Quando se juntar a outros tantos grãos de areia
Aí entenderá seu propósito por aqui
Humanos sozinhos são grãos de areia
Humanos juntos são praia
E muitas praias formam a linda, complexa e controversa humanidade
Capaz de ser, ao mesmo tempo, construtiva ou autodestrutiva
Que possamos ser praia linda, encantadora e acolhedora…
Alda M S Santos
(A)MAR CURA TODA AMARGURA
A ciência comprova que praia cura muitos males
Inúmeros!
O sorriso no rosto corrobora a ciência
Pelo simples fato de estar ali, independente de toda a química envolvida
Banhar-se naquelas águas salgadas
Sentir o sol, a brisa, a areia, a maresia é rejuvenescedor…
Mas cura mesmo é porque deixa a mente menos carregada
O coração mais leve, mais cheio de saudade boa
A vida mais suave…
Dizem que é de graça
Não é bem assim!
Chegar até ele e se manter ali tem um preço
Mas vale a pena ser pago…
Saber se livrar do negativo exige uma certa habilidade
Para conectar-nos com nossa mais rica natureza
Venham todos!
Há mar!
Amar cura todo o tipo de amargura!
Alda M S Santos
O MAR E ELA
Parece o tempo todo em ebulição
Faz barulho, movimenta-se continuamente
Ora ritmadamente, ora em confuso compasso
Às vezes parece que para, silencia
Mas está apenas a buscar mais energia do fundo
Não se aquieta, borbulha, ferve
Espuma, transborda, encanta-se
E se desmancha na areia…
O mar ou ela?
Ah, tanto faz! São a mesma coisa…
O mar e ela…
Alda M S Santos
PROCURAMOS
Somos um entre bilhões, um a mais na multidão
Aqueles que tentam ver, serem vistos ou passarem despercebidos
Num ir e vir frenético, procuramos…
Por um alguém especial, alguém a nós destinado,
Ainda não encontrado, apenas imaginado
Ou já encontrado, não valorizado, perdido…
Procuramos por um rosto específico, um jeito de andar
Um modo distraído, concentrado ou estabanado de ser
Aqueles cabelos rebeldes, vestes despojadas
E aquele sorriso, aquele olhar,
Únicos no mundo, brilho especial, alvo certeiro…
Esses é que darão a conexão ímpar: de almas
Procuramos…
Mas são tantas as almas!
Onde estará aquela especial?
Trombará conosco na rua, derrubará nossos livros no metrô
Comerá nossa pipoca ou enxugará nossas lágrimas no cinema
Molhará conosco numa chuva de verão numa praia lotada
Dançará conosco numa festa, daremos uma carona amiga
Ou simplesmente chegará dizendo “oi, desculpe pelo atraso”?
Andamos, observamos
Olhamos bem os detalhes
Uns encontram, guardam com carinho, grudam para sempre
E os outros continuam
Procurando…
Alda M S Santos
SOBRE AS ÁGUAS
Queria ser capaz de correr sobre as águas
Com toda a confiança de nunca afundar
Até chegar do outro lado do horizonte
Onde o mar se encontra com o céu
Ou sobrevoar as águas tal qual pássaro
E mergulhar vez ou outra em busca de um peixe
Num barco também não seria nada mal
Numa maré baixa deixar-me levar
Debruçar sobre ele e jogar água para todos os lados
Sei lá!
Sinto uma atração irresistível pela água
Uma atração que causa-me medo e prazer
Parece que ela me chama todo o tempo
Será que se eu atendesse esse chamado seria capaz de voltar?
Conseguiria? Quereria?
Daqui fico a observar, a sonhar, a imaginar
Com os pezinhos na areia
Na beira do mar…
Alda M S Santos
ALÉM DO HORIZONTE
Além do horizonte tudo parece mais belo
Mesmo que inalcançável, inatingível
Ainda que fique apenas no mundo das ideias
Pode ser atrás de uma densa mata
Além do mar, no alto de uma montanha
Sentindo o doce cheiro de natureza
A terra úmida, a areia quente, a clorofila ou a maresia
Levando-nos ao nosso estado humano natural
Apesar de estarmos meio desconectados do todo
Respiramos profundamente, mergulhamos fundo nessa imagem
Aquela que nos instiga a alçar voo
Ainda que seja apenas nas asas da imaginação…
Vamos?
Alda M S Santos
VERÃO
Verão que tudo é luz, é calor
Energia que emana do interior
Do ar, da terra, do alto, do ser…
Verão que não é uma simples estação a viver
É rosa desabrochada, perfume, encanto, diversão
É amor em cores, multicores, alegria, brilho em profusão
É inspiração que instiga a alma, o coração
É o produto do longo hibernar do inverno, é emoção
É leveza, é brisa, é descanso, é preguiça, é união
Verão é viagem além-mar, logo ali
Ou mesmo na imaginação
Verão é só riso, sorriso, é gratidão!
Alda M S Santos
PURA SEDUÇÃO
Ele vai, ele vem
Infinitamente, lindamente
Ora mais calmo, ora mais revolto
Leva o que encontra na areia da praia
O que em suas águas salgadas se dilui
Ou que serve de alimento a quem faz de suas águas seu habitat
Por lá se mistura, fica, se esvai …
O que faz mal ou é inútil ele devolve
Não quer para si…
Mar que recebe, atrai, absorve nosso olhar
Seduz-nos com seu encanto molhado, com seu canto ritmado
Olhar que grita silêncios que mais ninguém ouve
Silêncios que mais ninguém entende
Nossos pensamentos, nossos sentimentos ele escuta
Faz com eles uma bela sinfonia marítima
Por vezes transforma-os numa intensa e constante maresia
Noutras numa grande ressaca viciante
Mas ninguém passa incólume pelo mar…
Difícil é resistir ao desejo de ali ficar…
Pura sedução!
Alda M S Santos
SEMPRE MAIS DIVERTIDO
Há coisas que nunca mudam
Crianças são sempre crianças
De ontem, de hoje, de amanhã
Em todo e qualquer lugar…
Na praia querem fazer castelo de areia
Querem construir piscininhas de água do mar
Querem fazer barreiras de contenção
Sem necessidade de qualquer sofisticação
Outra criança que chega logo é um amiguinho
Usam brinquedos plásticos tanto quanto embalagens descartáveis
Ou somente as mãozinhas e a imaginação
E logo, logo um castelo está formado
Uma piscina para se divertir,
Uma barreira de contenção para se proteger
Para cedo ou tarde ser derrubada
Pelas águas nervosas do mar…
Crianças sabem sem precisar ensinar, sem grandes explicações
Que ter amigos para brincar é sempre mais divertido
Mostram-nos que de nada vale ter com o que brincar
Se não tiver com quem brincar…
Porque quando as águas da vida derrubam nossas barreiras de contenção
Destroem nossos castelos de areia
E nos deixam afogar em nossas “piscininhas” salgadas
São os amigos que nos ajudam a reconstruí-los, a sobreviver…
Alda M S Santos
A PRIMEIRA VEZ
Minha primeira vez foi aos 21 anos num único fim de semana
Apaixonei-me perdida e irremediavelmente
Será que meu olhar foi assim tão belo
De prazer, êxtase, encanto, espanto, admiração?
Dois anos mais tarde eu o apresentei ao meu marido na lua de mel
Extasiante!
Seis anos depois foi a vez dos nossos filhos conhecê-lo
Mistura de expectativa, satisfação, aventura e um leve medo
Diante de tão extensa maravilha…
E muitas outras vezes vieram, muitas alegrias nele vividas…
Agora eu o apresento ao meu pai e me pergunto:
Como pôde ter se negado esse prazer até os 75 anos de vida?
Água, areia, sal, força, tudo impressionando…
Mas nunca é tarde para aqui chegar
Para conhecer o mar, esse oceano de lindas possibilidades …
Oh mar! Saudades de você!
Como na primeira vez, cá estou eu novamente
A paixão cresceu, amadureceu e se transformou num amor eterno…
Alda M S Santos
AQUA(RIO)
Quando pensamos que toda essa beleza que é uma região de praia
Grande extensão de areia para caminhadas à beira-mar…
Originaram-se de algo que se desfez
Da ação de ventos e chuvas sobre as rochas
Que foram se desprendendo em inúmeros pedacinhos
E, com o tempo, aos poucos, desgastes sucessivos
Acrescentando fragmentos de conchas e carapaças de animais
Juntaram-se até formar aquela areia fofinha…
Aquela imensidão que é o oceano que a gente vê
E toda a vida que existe ali embaixo que a gente não vê
Que desconhecemos e nem sempre respeitamos…
É a natureza nos ensinando que tudo se transforma
Que o que pode nos parecer ser o fim, perda irreparável
É apenas uma transformação
O início de algo maravilhoso e ímpar
Que não existiria sem as “perdas” sofridas
Que tantas vezes só lamentamos…
Alda M S Santos
#aquario
Alda M S Santos
TUDO GERA LÁGRIMAS
Que há quando quase tudo
Nos toca, sensibiliza, emociona?
Se alguém querido diz algo que nos magoa
Nos debulhamos em lágrimas
Se a pessoa se toca, se justifica, se desculpa
As lágrimas rolam mais intensas ainda
Se alguém amado não nos valoriza, não se lembra de nós, choramos
Se tem carinho, cuidado, atenção, choramos também
Se os outros são desligados e indiferentes ao que fazemos, choramos
Se alguém demonstra gratidão, reconhecimento, as lágrimas brotam sem cessar…
O sol que arde, a chuva que cai
Alguém que sofre, outro que é feliz
O frio que martiriza, o calor que enerva
Uns que chegam, outros que se vão e deixam saudades
Uns que nos encantam, outros que nos decepcionam
A vida que segue indiferente a todos, implacável
Como ondas num mar gigante que vão e vêm
E as lágrimas sempre, sempre brotando…
Será que estão lavando o terreno das impurezas e parasitas
Para um novo broto renascer?
Alda M S Santos
ELA CAMINHA
À beira-mar ela caminha
Olha longe no horizonte
Sempre gostou muito de caminhadas
Nas avenidas, nas estradinhas de terra
Na beira de um rio, nas matas, montanhas…
O corpo é exigido, a mente trabalha, vai relaxando
A alma se abastece de belezas, de levezas
Busca um veleiro que navega sozinho ao longe
Quem estará ali? Será feliz?
Uma gaivota que mergulha atrás de alimento
Uma lancha de transporte de aluguel num cais improvisado
O vento desarruma seu cabelo, arranca o chapéu
Levanta sua saída de praia, refresca a alma
As ondas quebram a seus pés espumando e se recolhem de volta ao mar
“Tragam coisas boas, levem as ruins”, ela profetiza
Chuta a água, chuta os problemas, inspira e expira fundo
Sente os músculos sendo exigidos
Tensão, relaxamento, prazer…
Vê uma família de golfinhos nadando despreocupada
Um casal enamorado se exercita debaixo de um coqueiro
Como seria morar ali?
O encanto seria o mesmo?
Faria essa caminhada diária?
E ela segue…
Caminhando, chutando a água, refletindo
Sugando da natureza tudo que consegue de maravilhoso
Aprende com ela, seu ir e vir constante…
Enchendo-se de coisas boas, esvaziando-se do que faz mal…
Ela caminha…
Alda M S Santos
DEPOIS DO FIM
Irei até aquela curva lá na frente
Com esse propósito, sigo sem parar na caminhada à beira-mar
Areia macia a afundar meus pés deixando pegadas
Sempre me lembro da parábola “Pegadas na Areia” quando o faço
Na curva, o caminho, que parecia acabar, continua…
Que há depois daqueles coqueiros?
E aquele coqueiro envergado pelo vento é meu próximo objetivo
Entro no mar, devagar, água fria na pele quente, gostoso…
Choque térmico de vida!
Fujo correndo de uma onda enorme
Umas pessoas riem, de mim ou para mim?
Não importa, retribuo e sigo até o rochedo, o coqueiro ficou para trás
As rochas disformes seriam o fim da caminhada
Subo nas pedras, as ondas ali arrebentam agitadas
Parecem querer despertar as pedras para a vida
Ajudá-las a sair dali, arrancá-las da mesmice, andar pelo mundo
Piso devagar, são cortantes e escorregadias
Sento, reflito, cair dali seria o fim, muito alto e perigoso
Quantas pessoas já pularam dali querendo ir além disso aqui?
Do outro lado o caminho continua com areia, coqueiros, rochas e curvas…
Depois do fim sempre há outro caminho
Ainda que a gente não consiga vislumbrá-lo
Olho para trás lá embaixo, minhas pegadas se apagaram
Queria tanto estar no colo Dele!
Uma brisa suave balança meus cabelos, acaricia minha pele
Sim! Ele está aqui!
Retomo meu caminho de volta, não estou só!
Alda M S Santos
Praia de Lopes Mendes-Ilha Grande- Brasil
INDO E VINDO
Nada as impede de se divertir
Enchem e esvaziam um baldinho incontáveis vezes
Correm até o mar, balde cheio
Voltam sorrindo, derramam metade da água pelo caminho
Olham para o que restou
E vão fazer sua escultura na areia
Não se importam com o que perderam no trajeto
Usam satisfeitas o que ainda têm,
E buscam mais se precisarem…
Ah, se fôssemos como as crianças,
Dando mais valor ao que temos em detrimento do que perdemos
Talvez tivéssemos mais vezes essa alegria e sorriso espontâneo,
Que contagiam a todos a sua volta!
Alda M S Santos
MOLDADOS PELA VIDA
Não há nada que nunca mude, que nunca se transforme
Até mesmo as pedras, as rochas, inertes e imóveis no mar
Sofrem total interferência do meio
Aparentemente firmes e fortes, a água, o sol, o sal, os ventos
A matéria orgânica, animal e vegetal a modificam
A água abre reentrâncias, provoca sulcos, invade espaços
Quando não há, contorna, passa por cima e, ainda assim, é atingida
Adquire novas cores, novas formas, novo relevo
Muitas vezes nocivo, que corta fundo quem se aproxima
Causa dores, escorregões e tombos
Uma pedra nunca está totalmente isolada por estar parada no mesmo lugar, inerte
Cedo ou tarde, ela será “outra” pedra
Somos pedras sendo moldados pelas águas da vida em seu ir e vir incessante
Ora turbulentas, ora calmas, ora violentas e sempre incansáveis da vida…
Podemos escolher fazer parte, ou sermos modificados à nossa revelia…
Alda M S Santos
É NATURAL…
É natural amar e querer reciprocidade no amor
É antinatural exigir o que deve ser gratuito
É natural buscar a paz, a tranquilidade
É antinatural fazê-lo em detrimentos dos outros
É natural sorrir, encantar, contagiar, espalhar vitalidade
É antinatural querer que todos sejam iguais nesse processo
É natural conquistar, evoluir, crescer
É antinatural passar por cima dos outros para consegui-lo
É natural chorar, sofrer, sentir dor
É antinatural causar isso nos outros
É natural valorizar a saúde, a vida, a sobrevivência, nossa e dos outros
É antinatural colocar tudo isso em risco conscientemente
É natural confiar, acreditar, ter fé e esperança, se entregar
É antinatural desconfiar de tudo e de todos, temendo se prejudicar
É natural a vida que se impõe sempre
É antinatural não se importar com ela
Alda M S Santos
ONDE HÁ MAR
Onde há mar, amar é fácil
Os sonhos são leves e a realidade vem em ondas calmas
Ou se vier forte e derrubar nossos castelos
Achamos divertido e construímos de novo
Onde há mar, amar é fácil
Se a maré ficar alta, mesmo havendo ressacas
Lembramos apenas das calmarias
Onde há mar, amar é fácil
Mesmo “temperados” com tanto sal
As doçuras de cada um se sobressaem
Onde há mar, amar é fácil
À beira d’água qualquer caminho é leve e suave
E, se o cansaço chegar, um mergulho relaxante é o suficiente para se renovar
Onde há mar, amar é fácil
Debaixo de um céu tão intenso e tão azul
Nossas nuvens cinzentas ficam envergonhadas e se recolhem
Fazer amor é deliciosa e sutil consequência
Onde há mar, amar é fácil
Ainda que as águas estejam geladas
Mergulhamos fundo, saltamos ondas, lavamos a alma
Onde há mar, amar é fácil
Faça sol ou faça chuva,
O calor vem de dentro de nós
Onde há mar, amar é fácil
Mesmo nas noites escuras, sentimos sua força, podemos ouvir seu chamado
Onde há mar, amar é fácil
Desde que tenhamos decidido à priori que seria assim
Que o amor seria prioridade…
Alda M S Santos
MAR ABERTO
Em mar aberto, água em movimento lento e sensual por todos os lados
Céu azul abrigando asas fortes de pássaros a plainar, certos de sua beleza e liberdade
Ou de vento forte a nos dar a sensação de paz, cabelos aos vento
Sol a aquecer a pele, o balanço calmante da lancha
A rasgar as águas velozmente em busca de uma ilha
Sob nós, nas águas verdes e convidativas, peixes e toda espécie marinha
Cercados de vida por todos os lados
Seguimos, cada qual no seu habitat
Sentindo sua força e fragilidade
Vidas fortes e seguras em seus espaços
Vidas frágeis e em risco se tiradas dali
Peixes fora da água, pássaros fora do céu,
São como humanos fora do chão, coração vazio
Bastaria um mergulho na direção errada
Do pássaro, do peixe ou do homem
Para tudo se acabar
Flertamos com a morte todo o tempo
Só não podemos nos deixar atrair pelo desconhecido
Só não podemos nos apaixonar…
Em mar aberto, ou em qualquer lugar
Sempre de coração aberto para a vida…
Alda M S Santos
AREIAS DA PRAIA
Há acontecimentos, ou pessoas, na vida da gente
Que são como as ondas do mar molhando nossos pés na praia, suavemente
Parecem trazer apenas frescor, alegria, paz e união
Porém, levam a areia de debaixo de nossos pés quando se vão
Tiram nosso chão, nossa segurança e autoconfiança
Levam consigo quase tudo que trouxeram, inclusive o amor e esperança
Mas sempre deixam a lembrança do frescor
E a certeza que outras ondas virão, outra cor
E estaremos mais firmes sobre nossos próprios pés
Mais fortes, experientes e sábios para encarar novo revés…
Alda M S Santos
O BELO DE TODO DIA
Encantada com tanta beleza
Fixo o olhar deslumbrada
Fico extasiada, embriagada pelo belo que se derrama
Deságua em mim em gotas salgadas
Num momento, observo moradores locais
Que têm perto de si toda essa riqueza
Ao alcance dos olhos…
E parecem sequer notar!
Quantas belezas temos pertinho de nós
E nosso olhar viciado não percebe mais?
O belo de todo dia não mais atrai nosso olhar?
O olhar deslumbrado do outro para o que temos
Pode, às vezes, nos acordar…
Alda M S Santos
SEGREDOS
Viver é buscar grandes profundidades, mergulhar fundo
Mas também é saber brincar na superfície, rolar na areia.
Esse é o segredo!
É verdade que é nas profundezas que encontramos o encanto e beleza das pérolas,
Mas não podemos desvalorizar as conchinhas simples que nos divertem e fazem nosso dia a dia tão especial.
O risco de focar na pérola, é perder a beleza das conchas
E não se obter nem uma e nem outra.
Alda M S Santos
ESCULTURAS NA AREIA
Somos feitos de muitos materiais
Moles ou duros, firmes, ou nem tanto.
Podemos ter a dureza de uma rocha,
A maleabilidade e força da água,
Outras vezes, a resiliência da areia
Que aceita a deformação causada pela brisa
Pelas águas, pelas tormentas,
Mas sempre volta ao seu estado natural
Está ali, vivendo e deixando-se viver…
Certamente sente, se encolhe, se recolhe
Magoa-se, revolta-se, rebela-se,
Muitos entulhos, coisas desnecessárias, pesadas
Podem recair sobre si,
Porém, entende que tudo vem para acrescentar
Ainda que venha carregado de decepções
Sabe que a maior decepção que pode sofrer
É aquela causada por si mesma.
A perda da fé e do amor-próprio.
A perda de sua essência.
Aprendeu que tudo serve para moldá-la
Para criar lindas esculturas!
E segue acreditando que, com sol ou com chuva,
É ela que faz seu próprio brilho!
Alda M S Santos
À BEIRA-MAR
Caminhar é muito bom
Sensação de ir andando e deixando para trás tudo que faz mal
Buscar à nossa frente coisas novas, novos ares…
À beira-mar, prazer inenarrável.
A brisa ajuda a empurrar para trás o negativo
A areia macia dificulta os passos, acelera os pensamentos
Ajuda a mente a esquecer o que machuca
A processar o novo que bate à nossa porta sempre
A água que vez ou outra nos convida a brincar
Como criança correndo, indo e vindo, barulhenta
Sol gostoso que aquece
Água fresca que molha
Numa troca boa de sensações…
Algumas pessoas para lá, outras para cá
Parecem fazer o mesmo
Umas acompanhadas, outras sós
Cada uma atrás de seus óculos escuros, mergulhadas em seu mundo particular
Para completar essa catarse
O convite para brincar é aceito
Saída de praia, chapéu e óculos na areia
Observam o mergulho naquelas águas que revitalizam
Se pensassem perceberiam o risco de serem ali abandonadas para todo o sempre…
Alda M S Santos
MARCAS DE PRAIA
E a viagem acabou…
Será? O que restou?
Trazemos mais que marquinhas de biquíni no corpo,
Mais que uma pele dourada ou cabelos rebeldes,
Mais que fotos maravilhosas e sorridentes,
Mais que uma concha, tattoo ou souvenir,
Muito mais do que se pode ver.
Vai além do que está aparente.
Trazemos marcas impressas na alma,
Energia renovada, lembranças boas,
Carinho de um povo interessante e lutador,
Uma cultura diferenciada, lugares lindos.
Tudo isso vira massa a se moldar dentro de nós.
E o que ela se tornará só depende de nós mesmos,
Da combinação do que já somos com o que recebemos.
Nunca voltamos os mesmos de uma viagem.
Felizmente!
Alda M S Santos
RESILIÊNCIA
Coqueiros…
Magnífico seu movimento ao sabor do vento.
Inclinam-se para um lado e para o outro
Folhas dançam ao ritmo da brisa ou ventania
Possibilitando um encantamento a mais
Do alto, tudo veem
Raízes profundas, troncos fortes
Folhas flexíveis, frutos saborosos…
Tudo suportam…
Resiliência…
Doam seus frutos
Cedem algumas folhas
Mas mantêm firmes troncos e raízes.
Assim são as pessoas mais felizes
Aprendem, crescem, evoluem, mudam
Por si mesmas, pelos que amam,
Sabem a hora de falar, de silenciar, de recuar, de prosseguir, de se doar,
Cedem a vez, abrem caminho.
Esperam a tempestade passar
Sem perder a essência, a base, a raiz…
Encantos que traz na alma.
Resiliência.
Tudo em nome da vida
Tudo em nome do amor.
Alda M S Santos
MAR
Mar que é belo, infinito, tranquilo e misterioso
Mar que anima, que ativa, que energiza e instiga ânimos
Mar que relaxa, que acalma, que apazigua e sossega corações…
Mar que se conecta com nosso interior,
Que saibamos aproveitar tudo que Deus envia
Em forma de natureza.
Alda M S Santos
COMO O MAR
Seja em maré alta ou baixa
Lua cheia, nova, minguante ou crescente
Ondas que vão e que vêm
Trazem muito com elas
Levam outro tanto consigo
Boas ou ruins…
Assim é o mar,
Infinitamente.
Assim é a vida, dia após dia.
Quem ama o mar o aceita assim
Quem ama a vida aprende a conviver com seu vai-e-vém.
E a ama, apesar de tudo.
Alda M S Santos