DÓI
Dói se perceber num mundo cruel
Onde o individualismo é amargo como fel
Dói saber que nem todo sorriso é de verdade
E que há gente má em qualquer idade
Dói ter que ingerir vida sem tempero
Pratos vazios, fome e desespero
Falta doçura, sobra sal, acidez
Tanto azedume que causa embriaguez
Dói ver a mentira e falsidade alçando voos
E a verdade que cura apenas causando enjoos
Dói notar que não é importante o sentimento
Demonstrar emoção parece sem fundamento
Dói notar que se prioriza o ter
Quase ninguém quer saber de ser
Adquirir bens, títulos, carro, um casarão
Vale mais que conquistar um coração
Queria a leveza de uma borboleta
Estar entre cores, beleza, natureza
Entender que é melhor a simplicidade
E num abraço afastar a dor, ser felicidade
Alda M S Santos