MAS NÃO SOU SÓ EU!

As crianças montam seus castelos cuidadosamente na areia.

Escolhem os moldes, carregam água, dedicam-se parte por parte

Olham, admiram o feito, sorriem

Num tropeço, num descuido o castelo do menino desmorona, despenca, trabalho perdido

A menina olha e diz “faz outro”

E continua a montar o seu com dedicação e cuidado

O menino, chateado, destrói “sem querer” o castelo da menina

Como se dissesse “se eu não tenho, você também não tem”…

E chegam as mães para ensinar e apaziguar…

São crianças, estão aprendendo a viver com perdas.

Mas há tantos adultos assim!

Por não conseguirem algo, ou perderem

Passam a vida invejando ou destruindo os castelos alheios

Ou impedindo que sejam construídos

Perdendo um tempo precioso que poderia ser gasto com um novo castelo…

Castelos iniciados e abandonados pelo caminho…

Talvez um jeito inconsciente, até patológico, de resolver sua própria frustração.

Ao perceber que o mal que o atinge, que as dificuldades que tem

Não são só dele!

Como se dissessem: caí, mas outros caem também

Ou: acontece com todo mundo

O fracasso do outro justificando o seu próprio…

O desafio da vida adulta é enfrentar os próprios desmoronamentos

Se possível, evitá-los, aprendendo a poupar seus próprios castelos

E daqueles que lhes são caros…

Alda M S Santos