NO BANCO DE TRÁS

Nossa vida passa por momentos de alternância, muitas vezes sem percebermos. 

Nossa maneira de lidar com esse revezamento natural determina nossa paz diária.

Numa fase, temos o controle de nossas vidas, estamos ao volante, guiamos para onde queremos, do jeito que queremos.

Nossos filhos viajam atrás, confortáveis em suas cadeirinhas, ou já sentados no banco de trás. 

Aceitam o destino por nós escolhido. Confiam, se entregam, observam, aprendem. 

Sonham com o dia em que ocuparão o banco do carona ou, melhor ainda, do motorista. 

E chega a hora em que eles passam para a frente, nós passamos para o banco de trás. 

Aí muita sabedoria é necessária. De motoristas e passageiros. 

Passageiros precisam confiar no novo motorista, nos ensinamentos que eles receberam e relaxar. Não interferir tanto. 

O “controle” de certa forma está com eles. 

Motoristas necessitam saber que os passageiros, outrora motoristas, ainda que estejam menos ágeis ou espertos, não desaprenderam o que sabiam. Ainda podem ensinar algo.

São necessários aqui muita tolerância, respeito, gratidão.

Essa relação acontece dentro dos veículos e fora deles. 

Pais e filhos precisam reconhecer que à medida que crescem e envelhecem a situação pode se inverter ou, no mínimo, mudar. 

Aceitar que em qualquer idade todos podem aprender, podem ensinar. 

Num dado ponto notamos que não há supremacia de um sobre o outro, apenas admiração e amor. 

E um pouco de bom humor também não faz mal a ninguém. 

Sabemos que chegará o instante em que nem estaremos mais nesse carro. 

Outras crianças estarão no banco de trás e o ciclo recomeçará. 

Boa viagem! 

Alda M S Santos