QUANDO A GENTE CRESCE
A vida muda quando a gente cresce
Tudo parece diferente quando se amadurece
Talvez o brincar já não seja tão espontâneo
Já nao é tao fácil o prazer momentâneo
O Sol lá fora era o bastante com um amiguinho
Criança fazia seu dia, sua alegria, seu caminho
Adulto precisa de várias boas combinações
Para não mergulhar em dolorosas situações
Precisamos aprender a valorizar a simplicidade
Deixar fluir nas relações a verdade
Esconder sentimentos não é boa pedida, é maldade
Vamos nos encantar com a natureza
Criar em nosso entorno mais beleza
Agradecer a Deus o que recebemos de bandeja
Alda M S Santos
TEMPLOS DE VÁRIAS ESTAÇÕES
Passa o tempo bem contadinho
Marcado em vários pedacinhos
Verões de luz, sol, energia que seduz
Primavera de flores, quentes amores
Outonos e invernos chegando de mansinho
Um desafio para coração que está sozinho
A mente viaja, passeia, quase naufraga
Lembra de outros tempos, se embriaga
Lá fora as estações estão bem demarcadas
Cá dentro tentamos entender essa invernada
Os momentos em que nosso jardim perfumava
Tudo era cor e leveza, suavidade que encantava
Em qual ponto as folhas começaram a cair
Desnudando nossa alma, quase fazendo desistir
Tempos de mergulhos em nosso rico interior
Hibernando, evoluindo para encarar o exterior
A consciência da natureza que há em nós
A riqueza de entender e desfazer os nós
Somos também templos de várias estações
Descobrindo a beleza de nossos corações
Indo de encontro a nossa própria compreensão
Seja em outono, inverno, primavera ou verão
É bom saber que temos a nós mesmos por aqui
Isso dá forças e esperança para poder prosseguir
Alda M S Santos
NO BANCO DE TRÁS
Nossa vida passa por momentos de alternância, muitas vezes sem percebermos.
Nossa maneira de lidar com esse revezamento natural determina nossa paz diária.
Numa fase, temos o controle de nossas vidas, estamos ao volante, guiamos para onde queremos, do jeito que queremos.
Nossos filhos viajam atrás, confortáveis em suas cadeirinhas, ou já sentados no banco de trás.
Aceitam o destino por nós escolhido. Confiam, se entregam, observam, aprendem.
Sonham com o dia em que ocuparão o banco do carona ou, melhor ainda, do motorista.
E chega a hora em que eles passam para a frente, nós passamos para o banco de trás.
Aí muita sabedoria é necessária. De motoristas e passageiros.
Passageiros precisam confiar no novo motorista, nos ensinamentos que eles receberam e relaxar. Não interferir tanto.
O “controle” de certa forma está com eles.
Motoristas necessitam saber que os passageiros, outrora motoristas, ainda que estejam menos ágeis ou espertos, não desaprenderam o que sabiam. Ainda podem ensinar algo.
São necessários aqui muita tolerância, respeito, gratidão.
Essa relação acontece dentro dos veículos e fora deles.
Pais e filhos precisam reconhecer que à medida que crescem e envelhecem a situação pode se inverter ou, no mínimo, mudar.
Aceitar que em qualquer idade todos podem aprender, podem ensinar.
Num dado ponto notamos que não há supremacia de um sobre o outro, apenas admiração e amor.
E um pouco de bom humor também não faz mal a ninguém.
Sabemos que chegará o instante em que nem estaremos mais nesse carro.
Outras crianças estarão no banco de trás e o ciclo recomeçará.
Boa viagem!
Alda M S Santos