JOGA NO CHÃO
Tão velha, caindo aos pedaços
Paredes de adobe, ainda fortes
Telhado gasto, em ruínas, madeiras de sustentação abaladas
Assoalho rangendo, janelas caídas
Uma casa centenária, morada de muitos
Lar de uma família, muitas histórias
Quem vê de fora não nota as marcas que ela deixou nele
“Não compensa reformar, desperdício”
“Joga no chão e faz outra”
Mas ele não quer, afirma que ela está boa
Só refazer aqui, consertar ali…
Como jogar no chão uma história?
Seria o mesmo que jogar por terra o coração que está ali
Como se ao conservar a casa de pé
Estivesse conservando o amor que ali viveu
Respeitando a história que ainda vive dentro dele
Bom seria se não precisasse se preocupar com capital financeiro
Se o capital emocional fosse o bastante para mantê-la de pé
Conservá-la inteira, segura e habitável
Como o amor e o respeito pelos que ali viveram e se foram
E permanece inalterado dentro de si…
Ruínas… será?
Por dentro dele está tudo inteiro
Até que ponto o que está inteiro nele
Depende da sustentação dessa “casa velha”?
Ou o amor à sua história e aos antepassados que ali viveram
Depende exclusivamente de seu coração amoroso?
Alda M S Santos

março 15, 2020 at 7:32 pm
Este seu texto havia me passado batido… Sensibilidade pura como sempre… Tu só poderia ser poeta, Alda… Palavras e imagens se casam na casa sensível de seu coração.. Nele não há ruínas que derrube… Se eu tivesse lido antes, talvez eu tivesse me inspirado um pouco mais, mas, talvez tenha sido melhor eu ler só agora, pois assim, eu e você mantemos nossas inspirações originais… Abraço.
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março 15, 2020 at 10:57 pm
Quando li o seu lembrei que eu tinha esse de mais de um ano e procurei para te mostrar… acho maravilhosas as ruínas. Elas são história viva dentro de nós. A chama da reconstrução. Obrigada, poeta. E seu poema ficou maravilhoso. Nada a acrescentar.
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março 16, 2020 at 10:17 pm
💐💐💐
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