REVOADA

Eram alguns atrás da queda d’água, céu azul anil, mata fechada

Deitados nas pedras, víamos o bater de asas, ouvíamos o canto,

Reduzido pelo som da cachoeira

Foram chegando outros e outros, “grudando” na parede de pedra molhada

Parecia uma grande reunião ali

Asas fortes a enfrentar o peso da água e do vento

Num repente, começaram a voar em círculos, cantando

Rodeando a queda d’água, pela frente e por trás

Como se tivessem ensaiado o espetáculo

Um ritual sempre praticado

E eu a admirar tudo de dentro d’água, bem abaixo deles

Eram dezenas, talvez mais de uma centena

Criando um espetáculo coreográfico extasiante

A cachoeira Witu era o palco , a natureza, o cenário

Muitos coadjuvantes e, nós, quase fomos um.

Show terminado, saíram todos em maravilhosa revoada

Imaginamos o fechar das cortinas e os aplausos,

E nós ali arrebatados com tão grande leveza

Agraciados por tão estrondosa beleza…

Alda M S Santos