REMÉDIOS
A Terra está doente!
O prognóstico é um alerta:
Ou se trata, ou morre, sem medicação
E remédios bons, os antigos diziam
São amargos, ruins, dolorosos
Humanos são a causa dessa perturbação
Mas também podem ser a salvação
Como um soro feito do veneno modificado
A cura está em nós, no nosso despertar
A Terra está purgando, sofrendo, febril
Só ficará convalescente e curada
Quando transformarmos em bem, em luz
Todo o mal e escuridão que houver em nós
E nos dermos as mãos, sermos amor e compaixão
Ainda há tempo!
Alda M S Santos
NÓS E ELES
Nós e eles, eles e nós
Será que dá para separar assim?
Quem sãos os melhores, os piores?
Quem define quem fica e quem vai?
Qual o critério?
Quem tem o poder de julgar
E determinar quem é lançado fora?
Que haja mais pontes do que muros
A Terra é uma só!
Alda M S Santos
NOVA TERRA
Quando uma edificação está muito danificada
Se se jogar tudo abaixo, recomeçar do zero, nova construção
Perde-se história, memória, lembranças, aprendizados
Pode-se mexer na estrutura, reestruturar
Desmontar paredes, derrubar janelas
Arrancar pisos, azulejos e portas
Estar nesse meio onde tudo parece ruir
Dá vontade, às vezes, de desistir
Dar adeus, ir embora, fechar a conta
Mas, se há paciência e dedicação
Se se coloca a mão na massa da reconstrução
Se se usa a bondade e sabedoria do coração
Uma nova edificação surgirá
Mais bela e imponente que antes
É só acreditar!
Ele mandou bons construtores para ajudar
Ele acredita em nós!
Alda M S Santos
DESASTRES MANDAM AVISOS!
Primeiro uma goteira intermitente
Em seguida, as telhas quebradas
Uma trinca na parede que se alarga
O piso cujas cerâmicas desprendem
Buracos no entorno que vão aumentando
Vários avisos de que a casa precisa de cuidados!
E a gente pensa, “isso é normal”
“Coisas do uso, a casa é forte”
Uns paliativos aqui, outros ali
Acumula lixos, entulhos, sujeira tóxica
Até que a parede cai, o chão se abre
O teto desmorona sobre a cabeça
A tempestade já invade todo o imóvel
“Mas, como isso foi acontecer”?
As maiores destruições não chegam sem aviso!
E não estamos falando de nossa casinha
Estamos falando do nosso Planeta!
Alda M S Santos
VAI IGNORAR?
A Terra treme, geme, mexe e remexe
Ventanias, tempestades, geadas, furacões
Secas, incêndios, terremotos e vulcões
A natureza grita a seu modo, sacode
Na tentativa de nos despertar, implode
Alguém consegue escutar, perceber
Ou prefere ignorar, se esconder?
Não é chatice de ambientalistas
Não é loucura ou excentricidade de cientistas
É a vida do planeta que pede atenção
E nos dá oportunidade de reverter tal situação
Consegue ouvir o pulsar desse coração?
Alda M S Santos
A TERRA CHORA…
Nosso Planeta Azul mudou de cor
A Terra acinzentada em todo canto chora
Ela pede, grita, suplica, alerta, implora
Pede através dos rios que transbordam
Grita quando os mares ressacam
Suplica quando o fogo destrói tudo
Alerta quando as estações se invertem
Implora quando tudo se torna excessivo
Chuva, neve, frio, calor, seca, inundação
A Terra está cansada dos humanos que a habitam
Ela sacode, balança e lança fora
Tudo que a maltrata, manda embora
Deseja ser novamente o Planeta Azul…
Alda M S Santos
UMA TERRA FELIZ
Uma Terra feliz precisa do quê?
O que você me diz?
Seres humanos menos tensos, mais empáticos
Uma natureza menos danificada, mais valorizada
Relações mais amorosas, solidárias
Menos disputas e batalhas com o outro
E mais as lutas com nossas próprias dificuldades
Nos sobrepondo a nós mesmos, evoluindo…
Uma Terra feliz e mais humana
Precisa de humanos menos desumanos
Mais atentos, amorosos, solidários
E capazes de entender que a mudança começa em si
E daí pode a todos contagiar, se alastrar
E fazer nossa Terra mais feliz girar…
Alda M S Santos
A SELEÇÃO
A Terra gira rapidamente
Nosso planeta já não pode mais parar
E a cada rotação vai sutilmente
Colocando cada coisa em seu devido lugar
A seleção está sendo feita
Quem fica, quem vai
Quem sabe e quem quer, aproveita
Não desperdiça oportunidades de crescer
De ser mais e melhor
Ela segue ajeitando tudo
Não tem mais volta…
Alda M S Santos
LIVRE-ARBÍTRIO?
Como lidar com esse mundo?
Gente maltratando gente, jeito imundo
Nação contra nação, irmão contra irmão
A natureza que grita por salvação
Como lidar com discriminação e corrupção
Cidadão que se acha dono da situação
Ofendem e maltratam a natureza
Flora, fauna…a vida perde sua riqueza
Humanos que condenam outros humanos
Causando na humanidade grandes danos
O amor já não é olhado com simpatia
O ódio tem alcançado o alto, a soberania
Como somos olhados pela Criação
Que Deus pensa desse viver sem compaixão
Vai nos dar corda, respeitar nossa decisão
Ou livre-arbítrio não será boa opção?
Alda M S Santos
QUISERA
Quisera ser uma fada e ter todo o conhecimento
Poderes do bem, do discernimento
Saber distinguir o que será de bom aproveitamento
E o que não irá trazer aborrecimento
Quisera poder afastar o mal com um simples toque
Despertar a todos para o bem, para a luz, sem choque
Não ser enganada, ter poderes sobrenaturais
Daqueles que nos fazem querer amar mais e mais
Quisera ser uma fada capaz de consertar o mundo
Colocar a Terra de novo nos eixos, em órbita
Despertar sentimentos nobres e profundos
Quisera ser uma fada, não ficar apavorada
Mas se conseguir a paz em minh’alma já estarei abençoada
Já poderei levar bons adeptos comigo nessa escalada
Alda M S Santos
ECLIPSES
Os eclipses encantam tanto do lado de lá
Que paramos sempre para observar
Lua entre Terra e Sol
Luz e sombra a nos fascinar
A olho nu ficamos do lado de cá
Ou nos telescópios a admirar…
Tantos eclipses acontecem em nós
Do lado de dentro, do lado de cá
Quando algo tapa nosso sol
Tudo escurece, vira breu
Mergulhados ali ficamos, tontos
Aguardando a vida girar
E devolver tudo para seu devido lugar
Para a gente de novo se aprumar…
Pós eclipse a vista arde
Pupilas dilatadas pela escuridão
Demoramos a recuperar a visão
Mas sabemos que nunca é tarde
Coração acelerado pela ansiedade
Aguarda a luz nos trazer de volta à realidade…
Alda M S Santos
QUE INTELIGÊNCIA É ESSA?
Que inteligência é essa
Que produz máquinas e armas de destruição
Mas que não cura um câncer, um mal do coração?
Que inteligência é essa
Que num simples acionar de um botão
Pode lançar um míssel nuclear e nos reduzir a pó
Mas deixa morrer de fome um irmão?
Que inteligência é essa
Que nos leva à guerra, ao terreno do outro, por insanas disputas emocionais ou materiais
Mas não enxerga a vida que míngua bem nos seus quintais?
Que inteligência é essa
Que viaja em naves e foguetes pelo longínquo campo do espaço sideral
Mas não acha o caminho da paz e do amor dentro de si, de seu tão próximo campo emocional?
Que inteligência é essa?
Alda M S Santos
SALVE-SE QUEM PUDER
Tempos difíceis vivemos
A vida como a conhecemos pede socorro
Preta, branca, amarela ou vermelha
Salve-se quem puder
Somos capazes de ouvir?
A humanidade corre risco
Nem isso é capaz de nos unir?
Salve-se quem puder
Não há como se esconder ou fugir
Dinheiro, bens, títulos, posses diversas nada valem
O único modo de nos salvarmos
O único transporte possível para nos tirar daqui
É o que carregamos dentro de nós
A medida exata entre razão, amor, compaixão
A capacidade de nos vermos como espécie
Como um todo que faz parte de algo maior
Salve-se quem puder não é lema individual
Só nos salvaremos se agirmos coletivamente
Não há como se salvar deixando o outro para trás
Na perspectiva da continuidade da vida
Ou nos salvamos todos, ou nos perdemos como raça, como espécie…
Salvemo-nos todos se pudermos!
Alda M S Santos
PLANETA AZUL
Entre vegetais, minerais, animais
Astros e estrelas
Água, terra, ar, fogo, coração
Um gigante repleto de seres (des)animados solto no espaço
Nosso planeta azul não é mais tão azul assim
E somos a parte pensante por aqui
Somos a parte coração
Aquela capaz de amar, construir e destruir
A si mesmo e aos seus semelhantes
Só não sei afirmar ainda
Se essa é a notícia boa ou ruim
Para nós e para o planeta…
Alda M S Santos
O DIA EM QUE A TERRA NÃO PAROU…
Quando não nos posicionamos perante a vida
Quando não escolhemos caminhos ou não fazemos opções
Por inércia, ignorância, covardia, dúvidas ou medos
A vida não deixa de acontecer, o planeta não deixa de girar
A Terra não para pra nos esperar
As pessoas seguem as trilhas que escolheram
A vida se impõe, alguém “escolhe” por nós
E somos “obrigados” a aceitar a escolha de outros que caiu em nosso colo
O caminho a nós imposto, bonito ou feio, plano ou cheio de aclives
Sem nossa análise, avaliação ou aprovação
Delegamos a outros, por inércia ou inaptidão, o controle de nossas vidas
E percebemos que aquele “dia em que a Terra parou”
Existiu apenas na canção, nos sonhos loucos de Raul Seixas
Ela seguiu em ensandecida rotação e translação e fomos lançados fora de órbita
Para um lugar melhor ou pior…
A Terra, indiferente à nossa “preguiça”, continuou a girar…
A Terra continua a girar…
Alda M S Santos
A LUA DE SANGUE
Em alto mar, numa escuna que travou do nada
O condutor disse que ficaríamos ali para ver a lua vermelha
Mar estava agitado, turbulento
Parecia querer atrair a atenção de volta para si
E teve, quando ficamos sem saber quanto tempo demoraríamos naquele entrevero
Comentários tensos ou bem humorados em vários idiomas
E o céu, lindo nas cores do pôr do sol, não nos dava visão da lua
Escondida atrás das matas altas da ilha
Desistimos de procurar por ela que não queria ser vista
E observamos o que se mostrava para nós no momento
Mar, céu, sol poente, e o balançar das ondas no casco da escuna
Que logo voltou a funcionar e nos trouxe para nossa realidade
Vermelha, azul, verde, amarela, multicor ou cinzenta…
Aquela que preferirmos focar…
Alda M S Santos
O SOL BRILHA PARA TODOS
No céu, no mar, na terra
Há espaço para todos
Aviões bimotores, helicópteros, teco-tecos, supersônicos
A enfrentar os ventos no céu
Barquinhos a vela, lanchas, escunas, navios e grandes veleiros
A navegar em águas calmas ou bravias
Bicicletas, motocicletas, carros, caminhões e ônibus
A trafegar no solo firme debaixo de nossos pés
O espaço, democrático, abriga a todos
Nossos corações também deveriam ser assim
Forte como o céu, a água ou a terra
Não excluir nada ou ninguém a priori
Elástico, deveria caber a todos que quisessem entrar e fazer dele sua morada
Como o sol que sempre brilha para todos
No céu, no mar, na terra…
Alda M S Santos
TERRENO ABANDONADO
Quem observa um jardim ou um terreno produtivo
Nem sempre imagina o trabalho que tudo aquilo dá
Saber arar a terra, o momento certo de plantar, irrigar, podar
Escolher as mudas certas para áreas de sol ou sombra
Ficar atento às plantas que ocupam todo o espaço e sufocam as demais
Controlar pragas e insetos invasores, nocivos
Irrigar adequadamente, cuidar para não invadir terreno alheio
Saber que as plantas mais danosas crescem com facilidade, se alastram
Flores raras são mais sensíveis e exigem atenção maior
Podemos admirar jardins e saborear frutas, mas não saber muito bem cultivá-los
Com a nossa vida pessoal se dá o mesmo processo
A diferença é que podemos contratar profissionais para hortas, pomares e jardins
Mas não podemos terceirizar o trabalho de escolhas das mudas, poda e cuidado de nossas vidas
Nosso “terreno” interno não se adapta com qualquer muda
Não reage bem à escuridão, luz excessiva ou falta de irrigação
Cada terreno tem características muito individuais que precisam ser respeitadas
Todo jardim florido, roça ou pomar produtivos
Têm sempre um jardineiro, um agricultor, um fazendeiro dedicado e atento…
Um terreno abandonado é igual a uma vida sem “dono”, sem cuidados
Conhecemos de longe, não têm brilho ou beleza
Nasce e cresce o que quer…
Alda M S Santos