ELA CONVIDA
Apenas um ser solitário na multidão consciente de si
Ouve ecos de muitos corações a tocar o seu
Caminha como se flutuasse entre nuvens de algodão
Uma pluma ao sabor do vento sendo levada
Um certo receio em acreditar no que via
A luz é forte, intensa, brilhante
Atinge de forma ímpar sua alma
Aquece cada recanto carente de calor
Gira, rodopia, se encanta com sons
Cada cor parece mais forte e bonita
Há música, melodia suave, quer dançar
Tudo parece mais belo, perfumado e colorido
Parece que estava presa num porão qualquer
Sequestrada pela vida, pela necessidade de crescimento
O resgate foi pago, a vida foi devolvida
E ali estava ela num mundo novo
Muito mais bonito, muito mais humano
No sentido mais literal e verdadeiro que poderia haver
Cada coração único e solitário via os demais de modo diferente
Sentia que era parte imprescindível no todo
Assim como todos os demais também eram necessários
O mundo agora só fazia sentido na união
Alguém chegou até ela, deu um abraço
Dançaram juntos pela rua a festejar
A comemorar uma nova chance de viver e fazer diferente
A esperança era o que havia no caminho a seguir
E convidava a todos: vamos?
Alda M S Santos
AQUELA ESTRELA
São muitas as luzes por todos os lados
Nas árvores, nas praças, verdadeiras artes coloridas
Anjos, estrelas, cascatas, presépios
Papai Noel, presentes, renas e trenós
Criatividade e habilidade artística a mil
Noel descendo dos telhados das casas
Fachadas de mansões e casinhas iluminadas
Todas têm ao menos uma árvore com pisca-pisca
Atraem admiradores, visitantes e apreciadores do Natal
Mesmo nos exageros…
Pensar que mesmo tudo tão lindo e enfeitado
Só faz mesmo sentido se alguma luzinha dessas aí
Acender dentro de nós, lá no fundo
E nos guiar pelo caminho do amor, da fé, da compaixão
Maria e José foram guiados por uma única estrela
E encontraram na simplicidade o caminho
Do amor maior do mundo!
Que encontremos essa luz em meio a tantas lâmpadas coloridas….
Alda M S Santos
VAI LÁ…
Era chegada a hora
Um abraço de despedida
Um beijo de “até breve”
E ouvia as expectativas
“Você é forte, é capaz”!
Entre medos e receios de última hora
“Será que isso é mesmo necessário”?
Ou “não posso ficar mais um pouco”?
E ouviu mais um incentivo
“Foi uma escolha de amor. Vá”!
Angústia, medo de não ter forças, saudades antecipadas
“Estarei contigo e te tratei de volta na hora certa”!
Mais um abraço de puro amor
“Se precisar de Mim, ore, chame meu nome, Eu te ouvirei”!
E ela desceu pronta para a batalha
“Vai lá e arrasa! Faça valer a pena “!
E de passo em passo, uma oração
Entre erros e acertos, buscava por Ele
Tentando cumprir sua missão de amor…
Até breve!
Alda M S Santos
ACEITO EM MIM
Vou-me construindo dia a dia, parte a parte
À medida que, paradoxalmente, me desconstruo
Dermes e epidermes que se desgastam e se refazem
Pelo a pelo que cai e a vida se renova em cada bulbo
Tal qual fruto que, podre, se desfaz
E em semente recomeça…
Vida e morte convivendo lado a lado
Em variadas fases de viço e secura
Tal qual roseira que carrega em seus galhos, ao mesmo tempo,
Morte, vida, renascimento…
Aceito em mim a morte do que já não vive
Celebro a vida do que ainda tem brilho e perfume
(Des)construindo dia a dia um novo ser…
Alda M S Santos
METAMORFOSE
Fechados num casulo invisível, isolados do mundo de fora
Consumindo aos poucos as reservas acumuladas em si.
Assim são todos em processos de transformação.
Metamorfoseando-se!
Trancados em si mesmos, vão evoluindo para emergir um novo ser.
Muitos têm barreiras que impedem o acesso às boas reservas,
Acessam apenas o negativo, as culpas, angústias e medos,
Deixam de lado o amor recebido, doado, os sorrisos, as vitórias…
Aqueles momentos pelos quais vale uma vida inteira.
E, assim, as boas energias evaporam, não são aproveitadas Ficam frágeis, o casulo murcha.
Esse casulo doente precisa de interferência externa.
Precisa de um toque de amor,
De um sopro de vida…
Precisa de metamorfose!
Alda M S Santos
Quando sou primavera
Sou flor, cheiro, cor
Beleza, harmonia…
Atraio, encanto,
Perfumo e embelezo.
Porém, não sou primavera todo o tempo
Venho de invernos frios, longos e solitários…
Quase destruída nos verões de muitos ventos e tempestades.
Abandonada e recolhida em mim mesma nos outonos em que perdi boa parte de mim…
Reconstruí, floresci, renasci….
Enfim, primavera!
Trago comigo arraigados
Meus verões, outonos e invernos…e com eles
Quem me acompanhou.
Com eles quero dividir
Minhas flores, minhas alegrias, meu perfume, minhas cores, meu encanto!
Sabiamente, me abasteço para o próximo outono.
Ele sempre vem!
Alda M S Santos