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poemas e reflexões da vida cotidiana

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Entre dois mundos

ENTRE DOIS MUNDOS

Constrói-se uma ponte, convidativa e atrevida,
A separar dois mundos distintos nesta vida.
De um lado, o novo se mostra assustador;
Do outro, o passado pesado, cansado de dor.

As sombras do ontem, já tão conhecidas,
Simbolizam a segurança da dor vivida.
Na outra margem da ponte se descortina
Caminhos incertos, traçando nova sina.

Silêncios e gritos, dor e prazer,
À espera do amanhã, um novo acontecer.
A saudade do vivido encara o futuro,
Com coragem de atravessar a ponte, derrubar os muros.

Entre a escuridão e a luz,
Brilham caminhos que o amor conduz.

Alda M S Santos

Vernissage

VERNISSAGE
Amanhecemos, entardecemos, anoitecemos
Todo o tempo, várias vezes por aqui
Acreditando que sempre haverá nova oportunidade
Sempre haverá um amanhã
Com uma tela em branco a ser preenchida
E ali pintamos, até mesmo sem querer
A obra de arte de nossa vida
Em tons quentes, frios ou pastéis
Amanhecendo, entardecendo, anoitecendo
Tingindo nossas tardes de brisa fresca
Até o último anoitecer de negro céu
E amanhecer palidamente em outro lugar
Temos quadros suficientes para um vernissage?
Alda M S Santos

Papa Francisco

PAPA FRANCISCO
Foi para o Pai, morada de amor
Mas deixou plantadas em nossos jardins
As melhores sementes de amor, respeito, paz e união
A simplicidade, a bondade e a caridade do Cristo foram sua bandeira
Ele nos amou a todos, incondicionalmente
Como Jesus nos amou e nos ensinou
Soube amar, trabalhar, esperar, perdoar
Foi ao encontro de Jesus e de lá nos ajudará
Vá em paz!
Alda M S Santos

Acorda, pessoal!

ACORDA, PESSOAL!


Secas, incêndios, calor infernal
Gelo, degelo, tempestades sem igual
Acorda, pessoal!
Os extremos são o retrato fiel
Do quanto nossa humanidade foi e tem sido cruel
Quem destrói a casa que o abriga
Compra por aqui uma grande briga
Faz uma dívida eterna com o universo, a Criação
Não é o futuro que será inabitável
A devastação já se mostra, é palpável
Qual seu papel, ele é inalienável!
Alda M S Santos

A senha

A SENHA
Para todo lado que se olhe
Há dores, guerras, doenças, tragédias, sofrimentos
Há quem explore o outro, as situações
Isso é fato, todos já sabemos de cor
Mas para todo lado que se olhe
Há também alguém lutando bravamente
Sendo a compaixão, a solidariedade, a caridade
Tentando acertar, fazendo o bem
Sendo a luz no caminho de alguém
Quando chegar a hora da prestação de contas
O que poderá equilibrar essa balança?
Fazer abrir a porta para um mundo melhor
Para que possamos entrar e contribuir?
Para aquele que desejar seguir
Em defesa própria certamente a fraternidade
A caridade, a compaixão e o amor
Serão a senha para esse novo mundo
Um mundo mais próximo de Nosso Senhor!
Alda M S Santos

Quando vamos embora…

QUANDO VAMOS EMBORA…
Quando a gente vai embora
Não levamos malas, objetos, qualquer pertence
As preocupações, as dívidas
O saldo bancário, casa, carro
Tudo isso fica para trás…
O que levamos conosco são as emoções
Os bons sentimentos que amealhamos por aqui
As boas relações que cultivamos
O bem que praticamos
Isso nós levamos conosco
E deixamos plantados nos corações
Daqueles que conviveram conosco…
Quando formos continuar a vida do outro lado
Será que nossa semente de amor
Nosso jardim cultivado por aqui
Encontrará lembranças para florescer?
Só isso vale realmente a pena
Saber que nossas boas ações serão
Um incentivo para seguir
E um carinho quentinho nos corações
Daqueles que amamos e convivemos…
Alda M S Santos

Sem perceber


SEM PERCEBER

Um dia todo pela frente, brincar de pega-pega
Subir na goiabeira, descer no escorrega
O sol se põe mais uma vez
E, sem perceber, a infância já se desfez…

Estudar História, Biologia e Redação
Fazer amigos, se apaixonar, enamorado coração
A matemática da vida já não acerta a equação
E, sem perceber, a adolescência já passou a vez…

Amor, família, filhos, muita satisfação
Todo o tempo de afeto, cuidado e emoção
No dia a dia profissional, muita ocupação
E, sem perceber, a vida adulta já se fez…

Não se sabe em que fase está
Vida madura, quanto tempo há
Porque quando acordar e notar
Já estará no trem da volta, sem perceber…

Alda M S Santos





MORRI!

MORRI!

Sonhei que eu tinha ido embora
Havia morrido para esse mundo
Andava entre todos e não era notada
Fazia de tudo, me sentia só, desligada
Ouvia tudo que diziam, lamentavam
O que poderiam ter feito, choravam
Outros apenas a notícia espalhavam
“Soube que ela morreu, assim do nada?”
“Virou poesia, está por aí, espalhando magia”
“Sinto tanta saudade, não entendo tanta maldade”
Eu estava em paz, só não entendia
A razão de sentir o que toda a gente sentia
A morte não é ausência de dor –  indagava
Queria me sentir presente em algum lugar
Resolver pendências, poder tudo organizar
Abraçar a todos que por mim choravam
Dizer que os amava, que em mim moravam
Parecia estar entre um mundo e outro
Esse daqui seguia dia a dia sem mim
Uns corações doloridos, outros nem aí
E eu só queria poder seguir…
Sentir que não existe, existindo, é meio esquisito
O coração bate sem bater, parece aflito
Entrei numa paróquia onde todos rezavam
Ali me ajoelhei, agradeci, Deus em mim eu sentia
Meu coração batia, a vida ainda existia
Acordei…

Alda M S Santos

Quando a alma cansa

QUANDO A ALMA CANSA

Há momentos em que tudo parece perdido
A alma cansa, o caminho está comprido
O sorriso já não sai tão fácil
Qualquer atividade é difícil
E você se pergunta qual a razão de ainda estar aqui
Se já não vê mais prazer no existir
Aquela sensação de tanto faz como tanto fez
Olha para trás, para frente, onde foi parar a alegria
Motivação já não faz parte do seu dia a dia
Dormir, chorar, é o que te apetece, pura letargia 
Olha lá fora, o sol brilha, insensato
Dentro de você está tudo nublado, meio caricato
Quer muito recuperar a sensação de que tudo vale a pena
Que há quem precise de você, que te queira bem
E que você mesmo é importante, sua vida é seu maior bem!
Sabedor de que momentos bons e ruins, afinal, todos têm…

Alda M S Santos
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#cvv

Até a volta

ATÉ A VOLTA

Penso que quando Deus nos idealizou
Não foi só com a costela de Adão
Que a Eva Ele formou
Em cada um de nós plantou
Um pedacinho das nuvens do céu
O perfume das flores do jardim, doce mel
Uma onda bonita que retirou do mar
O barulho da cachoeira caindo sob o belo luar
O brilho de uma estrela que a noite vem clarear
Também colocou em nós um pouco do calor do sol
O frio de uma noite ao relento
E a brasa de um coração de amor sedento
Por isso somos tão inconstantes e “incompletos”
Queremos nos preencher até o teto
Buscamos a conexão que temos com a natureza
O carinho, o amor, a sintonia, a beleza
Ele foi bem sábio!
Quis manter-nos uns aos outros conectados
Numa teia de amigos, amantes, eternos “enamorados”
Até podermos voltar para Seu lado!

Alda M S Santos

Aborto: em defesa da vida

ABORTO: EM DEFESA DA VIDA.
Em pauta a descriminalização do aborto.
Duas correntes se formam e afirmam: defendem a vida.
Uma delas defende o direito à vida de um ser em formação.
A outra defende uma vida em curso, levanta o direito de escolha da mulher no que tange a seu próprio corpo.
Ambas são vidas e, em graus diferentes, indefesas.
Uma das questões que a corrente pró-aborto coloca é que, com a lei em vigor, o aborto não é evitado, vidas não são protegidas. Ele é apenas feito de maneira clandestina, o que tem ceifado muitas vidas de mães cada vez mais jovens e onerado os cofres dos serviços públicos de saúde.
Outra questão alegada é que, ao proteger a vida do feto, considerada pseudo-vida nessa corrente, não se protege e não se respeita a vida da mulher e seu direito de decidir o que fazer com seu próprio corpo.
A outra corrente, contra o aborto, defende que é desumano e cruel, um assassinato de inocentes, retirar uma vida que ainda não pode falar por si.
Nessa mesma corrente, questões religiosas são colocadas, onde toda vida humana é válida e não cabendo a outro ser humano decidir se ela vingará, ou não.
Um ponto bastante debatido e controverso entre ambos é quando se inicia a vida.
E, nisso, não há concordância. Os pró-aborto menos radicais afirmam que não há vida antes do feto estar totalmente pronto, aos 90 dias de gestação. Antes disso, chamam de um aglomerado de células.
A corrente que quer manter a criminalização do aborto considera que há vida após o momento da concepção, ou seja, quando óvulo e espermatozoide se fixam no útero e a gravidez se inicia.
Independente de quando se inicia um novo ser, ainda há aqueles que defendem o direito da mulher de retirar aquela vida em crescimento dentro de si em qualquer época.
Não há como não pensar essa questão sob um viés religioso. Nós, seres humanos, produzimos apenas o corpo físico de um novo ser, no qual o corpo da mulher é apenas o receptáculo.
Mas todos nós possuímos uma alma, um espírito, e esses vêm do Alto. Nenhum de nós tem o direito de interceptar o que vem de Deus!
Quem não quer gerar uma vida deve evitá-la, não jogá-la fora depois de pronta. As marcas que ficam numa mulher que aborta são indeléveis.
Outro ponto importante é que, quando se fala em aborto, deve-se referir ao casal que aborta, não apenas à mulher. O pai é tão responsável por aquela vida quanto a mãe. Muitas são “levadas” ao aborto pelo abandono sofrido.
Quando a criança nascer, se realmente a mãe ou o casal não tiverem condições de criá-la, a mesma é colocada para adoção. Há muitos pais sem filhos nas filas para adoção.
Se a questão é respeitar a mulher, sua vida, suas escolhas, que se invista em educação de qualidade, educação sexual de meninos e meninas.
A descriminalização do aborto, com a educação sexual que possuímos, pode vir a fazer da interrupção da vida um método contraceptivo.
É um caminho muito mais longo e trabalhoso, mas é um caminho que não banaliza a vida, nem das mães, nem dos bebês inocentes.
Alda M S Santos

Aborto; (in)coerência?

ABORTO: (IN)COERÊNCIA?

Defendes tanto direitos femininos
Igualdade, equidade, equiparação social, profissional
Direitos e deveres iguais e tal
Como pode ser contra o aborto?
O corpo não é dá mulher, afinal?
Não é “meu corpo, minhas regras?”
Não é muito incoerente?- questionaram-me
Usando argumentos em defesa da vida da mãe
Do futuro da criança que é indesejada
Tudo bem, acontece uma distração ou descuido
Mas deve-se arcar com a responsabilidade do ato
Defendo direitos do ser humano: homens ou mulheres
Nenhum é mais ou melhor que o outro
Simplesmente por ser homem ou mulher
Talvez pelas lutas e conquistas …
E a mulher é historicamente inferiorizada e desrespeitada
Injustamente!
Defendo a preservação da vida, de todos, para todos
E aborto é assassinato, pensado e calculado
Uma vida interrompida precocemente
Sem ter direito qualquer de defesa
E não é a mulher que aborta
Todo aborto inclui, no mínimo, pai e mãe
São ambos responsáveis da mesma forma
“Meu corpo, minhas regras”
Não pode ser superior à vida de um inocente
A partir do momento que a manutenção de direitos próprios
Envolve e fere outra vida
Que não pode responder por si
Esses direitos caem por terra
A vida é prioridade! Sempre!
Devemos defendê-la a qualquer custo
Se ela estiver dentro de nós
Somos mais responsáveis ainda!
Eu tive o direito de nascer, gerei vidas que amo
Não tenho o direito de impedir o nascimento de outro ser
Sou coerente com o amor e a vida que prego
A todos os seres humanos!
Por isso digo NÃO a homens e mulheres que abortam
Legalmente ou não…

Alda M S Santos

Se morrer a poesia…

SE MORRER A POESIA…

Apagam- se a luz e o brilho em mim
Perde a cor e o perfume todo jardim
O sorriso não terá mais beleza
Não haverá encanto na natureza
Se morrer a poesia..

Não terá mais doçura nas brincadeiras
Nem magia na queda d’água das cachoeiras
O amor não será mais a razão do existir
Só restará o insano desejo de fugir
Se morrer a poesia…

O afeto será coisa de gente frágil e louca
A alma já não mais gritará até ficar rouca
Um ombro amigo não será mais abrigo
A paz não se encontrará mais contigo
Se morrer a poesia…

O mar viverá uma eterna ressaca
Não haverá pôr do sol, grande friaca
Alvoroço de crianças, marcas na areia
Serão lembranças de uma vida cheia
Se morrer a poesia…

A vida já não terá valor ou importância
A paixão de viver sofrerá relutância
Se morrer a poesia morre o melhor de mim
Fé, amizade, amor, compaixão, vida, enfim
Se morrer a poesia…

Alda M S Santos

Ao apagar das luzes

AO APAGAR DAS LUZES

Meu tempo por aqui já está se esgotando
Já vejo as luzes se apagando
Misto de alegria e dor no peito
Alegria pelo tempo concedido
Tristeza por algum mal feito
Quisera poder voltar lá atrás
Com a sabedoria de hoje
Mas com nova energia, novo gás
Poder editar ou reescrever
Apagar ou dar nova cor
Pintar com outros matizes e amor
Esse jardim que foi exposto ao tempo
Tantas intempéries e contratempos
Que fizeram dele uma obra de arte
Abstrata, clara, real, antiga ou contemporânea
Um olhar atento conseguirá identificar
Cada pontinho de lágrima ou dor
Cada momento de colo, ombro ou cobertor
Ah, minhas luzes estão quase se esvanecendo
Talvez eu já não volte amanhã
Mas meus registros e marcas nesse espaço
São uma história, minha trajetória
Entrelaçada a tantas outras histórias
Tantos novos capítulos ou temporadas
Fazendo dessa viagem uma grande maratona
Daquelas que cada um segue no seu ritmo
Da largada até o destino final: a chegada
Cheguei chorando por aqui
Espero voltar sorrindo
Sou grata por todo esse tempo.
A gente se vê numa nova viagem!
Até breve!

Alda M S Santos





Quem morre e quem vive?

QUEM MORRE E QUEM VIVE?
Quem morre e quem vive
Quem não recebe um sorriso ou quem nem o oferece?
Quem morre e quem vive
Quem dedica-se ao trabalho que não gosta procurando apreciá-lo, ou quem o suporta?
Quem morre e quem vive
Quem viaja pela imaginação ou quem fica no chão por medo de voar?
Quem morre e quem vive
Quem aspira o perfume de uma rosa ou quem a evita por medo de insetos?
Quem morre e quem vive
Quem mergulha fundo em busca das pérolas ou quem se conforma com a impossibilidade de obtê-las?
Quem morre e quem vive
Quem planta e não colhe ou quem sequer planta?
Quem morre e quem vive
Quem ama e se arrisca a chorar ou quem sequer ama?
Quem morre?
Quem vive?
Quem?
Aos poucos vamos vivendo,
Aos poucos vamos morrendo…
Alda M S Santos

Viver ou morrer

VIVER OU MORRER

Nossa vida anda no ritmo que a gente imprime
Ora vai rápido, ora devagar, alegra, oprime
Mas ela tem por aqui a extensão necessária
Seguimos a trilha acompanhada ou solitária

A hora de voltar para casa, para o lar eterno
Pode ser na primavera ou no inverno
Sabemos que temos por aqui nossa missão
E dela não dá para desistir ou abrir mão

Vai nosso corpo e alma para a nova morada
Mas em cada um fica nossa marca tatuada
Quem amamos, quem nos amou nessa viagem
Nos eternizamos nos corações com coragem

Vamos nos embrenhando em cada caminho
Lá fora, cá dentro, com afeto e jeitinho
Bom termos amigos, sermos estimados
Não sabemos quando seremos chamados

Alda M S Santos




MORRI!

MORRI!

Sonhei que eu tinha ido embora
Havia morrido para esse mundo
Andava entre todos e não era notada
Fazia de tudo, me sentia só, desligada
Ouvia tudo que diziam, lamentavam
O que poderiam ter feito, choravam
Outros apenas a notícia espalhavam
“Soube que ela morreu, assim do nada?”
“Virou poesia, está por aí, espalhando magia”
“Sinto tanta saudade, não entendo tanta maldade”
Eu estava em paz, só não entendia
A razão de sentir o que toda a gente sentia
A morte não é ausência de dor – indagava
Queria me sentir presente em algum lugar
Resolver pendências, poder tudo organizar
Abraçar a todos que por mim choravam
Dizer que os amava, que em mim moravam
Parecia estar entre um mundo e outro
Esse daqui seguia dia a dia sem mim
Uns corações doloridos, outros nem aí
E eu só queria poder seguir…
Sentir que não existe, existindo, é meio esquisito
O coração bate sem bater, parece aflito
Entrei numa paróquia onde todos rezavam
Ali me ajoelhei, agradeci, Deus em mim eu sentia
Meu coração batia, a vida ainda existia
Acordei…

Alda M S Santos


Quando voltar para casa…

QUANDO VOLTAR PARA CASA…

A verdade é que não importa quantos idiomas soube falar ou entender
Mas a quantos indivíduos conseguiu ouvir, compreender e acolher
De nada adianta ser um profissional excelente e produtivo
Se entre família e amigos não soube ser colo e abrigo

Não se quer saber quanto dinheiro tem guardado
Mas a quantos conseguiu ajudar, não deixar desamparado
Não se quer avaliar quantos diplomas possui, mestrado ou doutorado
Mas se foi capaz de manter a simplicidade a seu lado

Não será importante qual igreja frequentou ou fé professou
Mas quantos semelhantes abraçou, se os diferentes não afastou
Não importa se viajou por todo o mundo
Mas se teve sensibilidade de conhecer alguém a fundo

Não se quer saber se veste ou calça itens de marca
Mas em quantos conseguiu deixar boa marca
Não importa se morou numa mansão ou num barracão
Mas se soube ser família, ser um lar de coração

A verdade é que o valioso não é o que conseguiu de material aqui nessa viagem
Mas o quanto evoluiu enquanto ser humano nessa passagem
Isso, sim, terá valor quando voltar para casa…

Alda M S Santos

Viver é um eterno desafio

VIVER É UM ETERNO DESAFIO

Ah, viver parece uma grande piada!
Se você fala e não pensa se mete em furada
Se pensa e não fala fica engasgada
Se sente e nada faz, alma frustrada

Ah, viver nem sempre é fácil, não
Ficou cansativo tanto cuidado e senão
Medir cada detalhe para não ofender o irmão
E também não machucar o próprio coração

Ah, viver deveria ser um bom prato
Degustado com prazer de fato
A verdade é que há tanto prato vazio
Corpo e alma enfrentam esse desafio

Ah, será que desistir seria boa opção?
Dizer: quero brincar mais de viver não
Se não der para viver com emoção e alegria
Quero voltar para casa, a porta se abriria?

Alda M S Santos

vida #morte

Tinha tanto medo…

TINHA TANTO MEDO…

Tinha tanto medo de ficar perdida que já não mais saía
Tinha tanto medo de não ser feliz que já não sorria
Tinha tanto medo da prisão que já não tinha liberdade
Tinha tanto medo da tempestade que já não curtia o Sol
Tinha tanto medo da escuridão que perdia sua própria luz
Tinha tanto medo de envelhecer que não aproveitava o amanhecer
Tinha tanto medo de ser enganada que não arriscava nada
Tinha tanto medo de ser dependente que vivia doente
Tinha tanto medo da solidão que aceitava qualquer situação  
Tinha tanto medo de tudo um dia esquecer
Que a vida se tornava um eterno reviver
Tinha tanto medo de tudo, de morrer que nada mais fazia que sobreviver

Alda M S Santos

Não tenho medo

NÃO TENHO MEDO!

Não tenho medo da morte
Tenho medo de viver sem norte
Não tenho medo de enfrentar o fim
Mas tenho medo de me perder de mim

Não me amedronta a vida do outro lado
Mas me assusta não a ter aproveitado
Tenho medo de sofrer ou machucar alguém
Mas o medo pode me paralisar também

Tenho medo de uma vida sem propósito
De fazer dessa viagem só um depósito
De coisas e mais coisas conquistadas
Sem perceber as almas abençoadas

Temo um viver sem que e nem pra quê
De não saber realizar o que vim fazer
Não tenho medo de não ser valorizada
Sei que estou por Ele bem assessorada

Alda M S Santos

E se…

E SE…

E se a vida nos ditasse melhor o compasso
Que talvez aquele fosse o último abraço
Como seria, teria feito diferença
Saber que não haveria mais aquela presença?

E se fosse a última noite, o último sono
Sem imaginar que o amanhã não teria dono
Um beijo quente, um amor envolvente
Haveria despedida mais eficiente?

Tantas possíveis últimas vezes vivemos
Sem imaginar a que sobrevivemos
Gostaria de me alongar mais nos momentos
Poder me demorar no que traz contentamentos

E se fosse o último sorriso, o último olhar
Quero abraçar forte, descansar nesse lugar
E se fosse por aqui a última, a derradeira luta
Peço a Deus que tenha sido válida tanta labuta

Alda M S Santos

Vou insistir

VOU INSISTIR

Vou insistir na vida, não posso desistir
Foi-me dada, não sei se fui eu que pedi
Na dúvida, sei que preciso seguir
Até onde, sei não, ainda irei descobrir

Vou insistir, pode haver luz e escuridão
Mas posso pedir e estender a mão
Quando doer vou chorar, vou desabafar
Vou encontrar um colo para me aconchegar

Vou insistir e, se possível, ao cair vou sorrir
Da situação, do outro, de mim, deixar fluir
Mesmo que pareça que estou só
Se tiver a mim mesma desfaço qualquer nó

Não vou desistir, não quero essa opção
E não basta só sobreviver, quero amor, emoção
E quando tudo parecer que chegou ao fim
Ter a ousadia de dizer que “valeu” para mim

Alda M S Santos

Viver pode ser difícil

VIVER PODE SER DIFÍCIL

A vida em si carrega tantos desafios
Muitos deles que angustiam e chacoalham nossos brios
Um mexer e remexer com a vida e a morte
Transitando nesse caminho em busca de luz, de sorte

Tantas vezes queremos brecar, botar um freio
Ou nos livrarmos de algumas prisões, anseios, arreios
Quisera que só conseguíssemos ver belezas
Ah, mas não… também há tanta tristeza!

Percebemos que a vida pode ser bem ferina, dolorosa
Mesmo quando se parece delicada e suave como uma rosa
Sentimos tanta falta de poder expressar tudo isso
Desmembrar esses sentimentos que parecem algo maciço

Ver no outro, sentir nele a compreensão
Sabendo que também  é outro humano onde bate um coração
Percebemos que por aqui tudo é mais difícil na solidão
Faz falta ter com quem partilhar tanta emoção

Somos seres humanos, carregamos essa condição
Por que é tão difícil, então, equilibrar o coração e a  razão?
Será que fica mais fácil se todos nos dermos as mãos?
A vida para se manter pede mais empatia e união…

Alda M S Santos

Só queria saber…


SÓ QUERIA SABER…

Só queria saber o que é que há
Do outro lado da vida que vamos atravessar
Será que vou me acostumar, me adaptar
Quando meu momento de ir embora chegar?

Queria saber se tem o Sol a brilhar
Ou a beleza de uma noite de luar
Se poderei nas cachoeiras me banhar
Quem sabe ter um alguém para namorar?

Ainda não sei se aceitarei bem
Está certo que diferença não tem
Minha aceitação ou não de nada valerá
Depois da travessia que uma hora chegará

Ah, mas queria saber o que é que  há
Será que se eu pedir posso negociar
Uma lista do que não quero deixar faltar
Natureza, leveza, paz, amor quero levar

Monto a minha playlist final assim:
Um jardim florido cheirando a jasmim
Rio, mar, cachoeira, mata para me embrenhar
Pássaros a cantar e pessoas para amar…

Assim posso logo me acostumar…

Alda M S Santos

(IN)FINITO

(IN)FINITO

Se tudo por aqui é fugaz, é finito
Será que há algo que possa ser em nós infinito?
Não sabemos como será do outro lado
Será que doeria ver tudo isso acabado?

Tantas coisas vividas por aqui, outras por viver
Será que levo juntinho comigo meu HD
Para nos momentos de saudades poder reviver?
Gostaria de saber exatamente o que pode acontecer

Queria deixar pronta minha mala, sabe?
Com cuidado, organizar aquilo que me cabe
Como faço para uma boa e longa viagem
Para não esquecer nada, mesmo em outra roupagem

Na mala vou colocar um pouco de tudo
Como Noé fez há tempos naquela arca
O que desejo que se perpetue colocarei na minha barca 
Assim o finito pode ser infinito, será minha marca

Alda M S Santos

Imortais?

IMORTAIS?

Qual o peso ou a leveza da imortalidade
Pensar nisso nos traz alguma capacidade
De sermos melhores, sem grandes vaidades
Ou nos debilita, ressalta fragilidades?

Se tudo que existe é o hoje e o agora
Se não nos preocupa o fato de irmos embora
Será que vale investir tudo no que se tem
Sempre em busca do que  nos convém?

Se uma marca bonita pudermos desenhar
No coração de alguém poder morar
Uma memória boa, suave lembrança
Há de nos manter fiéis nessa balança

Quero e me imagino ser uma criatura imortal
Cravada por aqui, tatuada em cada sinal
Cada ato meu me alimenta, me eterniza
Seja bom ou mau, se por amor, ameniza

Alda M S Santos

Revelação

REVELAÇÃO

Um dia iremos acordar
Abrir não só os olhos para o dia
Abrir a alma para realmente despertar
Ser luz, paz, o amor que a todos contagia

Nesse dia tudo irá fazer sentido
Tudo que por aqui foi sofrido
Os percalços, as companhias, a solidão
Os momentos em que ouvimos um não

Quando esse dia de revelação chegar
Ou a gente irá chorar ou muito se alegrar
Pelo tempo que soubemos usar ou desperdiçar

Quiséramos nada ter a lamentar
Poder apenas agradecer, abraçar
E, feliz, ter a certeza que valeu a pena amar

Alda M S Santos

Um dia nos veremos de novo

UM DIA NOS VEREMOS DE NOVO

Por aqui, sabemos, é só uma fase da vida
Ela continua noutro plano ou dimensão
Perdemos tanta gente, nossa alma fica sofrida
E dói não poder ver, tocar com a mão

Nascemos aqui, morremos, renascemos acolá
Por que não aprendemos a não sofrer do lado de cá?
A saudade nos consome, o peito aperta
E brota desejo de abraçar, deixarmos a porta aberta

A fé e crença nessa  continuidade
Na luz do alto, um ser maior, uma divindade
Nos faz acreditar na nossa  capacidade
De nos refazermos e aguardar nova oportunidade

Creio que verei vocês novamente
Amores meus, gente querida, guardada no coração e na mente
Só posso agradecer pelo tempo de convivência
E pedir a Ele muita paciência e resiliência

Ainda verei vocês de novo!

Alda M S Santos

Qual o trato?

QUAL O TRATO?

Como cheguei até aqui?
Nesse lugar que não sei bem definir
Que ora me faz feliz, me faz sorrir
Ora é um grande equívoco, dói seguir

Que me trouxe até aqui, para quê?
De onde vim, qual foi o trato
Tudo parece ora bem concreto, noutras tão abstrato
Se desistir, há multa por quebra de contrato?

Será que existe um outro lugar, outro “aqui”?
Onde serei acolhida, bem-vinda
Ou serei avaliada, colocada na berlinda
Cumpridora, devedora, quando isso se finda?

Olho em volta para tudo isso aqui
Ora tem tanto por fazer ainda, qual a sentença
Será que sou daqui ou posso sair, pedir licença
Preciso saber para poder fazer a diferença…

Alda M S Santos

Sem saber o porquê

SEM SABER O PORQUÊ

Quando o peito aperta sem saber o porquê
Se tudo parece nublado sem razão de ser
A energia fica seca como areia no deserto
E nem se sabe se quer alguém por perto

Que se pode fazer?

Falta uma conexão importante, especial
Desejo de embrenhar no fundo do quintal
Em meio às folhas e galhos pós-vendaval
Ali parece ser acolhedor,  nada convencional

Que se pode fazer?

Um vazio que, paradoxalmente, é pesado
Uma angústia que nos deixa à parte, de lado
Questiona-se a razão de tudo isso aqui
E bate um desejo grande de partir

Que se pode fazer?

A vida vai sempre ensinando o caminho
Mostrando por onde seguir, mesmo sozinho
Abrindo trilhas em nossas matas fechadas
Se possível, levando boas almas aliadas

Assim, talvez, se encontre a razão de ser
E, finalmente, se saiba o que fazer…

Alda M S Santos

A passeio?

A PASSEIO?

Não viemos por aqui a passeio
Temos uma missão, tarefas, anseios
Não significa que não possamos nos divertir
Há muitas maneiras de no bem agir

Temos dons, viemos abastecidos
Todos têm finalidade, dão nosso colorido
O tempo deve ser bem aproveitado
Para seguirmos juntos, mais lado a lado

Podemos ser a luz num caminho
A coreografia que une num passinho
A poesia que acolhe com jeitinho
O abraço que expressa muito carinho

O que tenho, o que sou, meu sentir
Vale mais se posso por aí distribuir
Se a vida se acabasse hoje, nesse momento
Teria bom fechamento, sem ressentimento?

Alda M S Santos

Não tem graça!

NÃO TEM GRAÇA!

Não é só porque ele era famoso
Tampouco por fazer a nação da alegria sorrir
Em momentos de medos, onde tudo é doloroso
Mas por evidenciar que qualquer um pode partir
É por colocar a todos no mesmo patamar
Somos passíveis de sofrimentos, não há como negar
A morte chega e machuca sem avisar
Seus critérios desconhecemos, não dá para adivinhar
Leva quem faz sorrir lá na tela da televisão
Também quem está pertinho do coração
Vidas ceifadas, levadas daqui tão cedo
Somos passageiros por aqui, não há segredo
Paulo Gustavo não era mais importante que ninguém
Era apenas ser humano no topo do coração de alguém
Mas algo nisso mexe com nossa fragilidade
Ninguém está a salvo!
Ele era mestre do humor, fazia sorrir
Hoje faz chorar, não tem graça!
Isso reafirma a única certeza da vida
A qualquer hora podemos ir embora
Urge ser irmão, ser amor, sem demora
E, se pudermos aprender algo com isso
Fazer sorrir é um belo meio
De fazer valer nosso existir por aqui
RIP
Alda M S Santos

Coexistência

COEXISTÊNCIA
Vida e morte, morte e vida
No mesmo espaço, no mesmo cacho
Coexistência…
Fases de um viver, circularidade do existir
Por que tanta resistência em aceitar um partir?
Doloroso, fere fundo
A saudade que fica é paradoxal
Alimenta a ausência, machuca
Mas da vida é prova cabal
Quero a vida que há mesmo na morte
Aquela que nos deixa mais forte
E confiantes num poder maior
Num porvir que justifique esse existir
Saudade…
De tudo que partiu
De tudo que morreu em mim
Para mim
Saudade…
Um dia nos encontraremos
Em qualquer lugar, noutro plano
E, enfim, entenderemos…
Alda M S Santos

Para onde irão?

PARA ONDE IRÃO ?
Roupas e calçados doados para caridade
Livros lidos e relidos, que estante ocuparão?
Aquelas fotos e CDs antigos, verdadeira raridade
Objetos de apego, perfume especial, animais de estimação
Para onde irão?
Crônicas e textos escritos, poemas e versos
Cartas e cartões, carinhos contidos, afeições declaradas
É a vida em seus direitos e avessos, versos e reversos
Rosas plantadas, flores regadas, ervas arrancadas
Para onde irão?
Versos de amor gravados na alma em doces melodias
Sorrisos e abraços que aqueceram e iluminaram nossos dias
Qualquer tentativa de lidar com a ausência, com a saudade, pura perda de tempo, embromação
Bom mesmo é ficar mesmo depois de ir embora, permanecer pra sempre gerando emoção…
Todo o resto não importa para onde irá, especulação
Se o que importa de verdade estiver tatuado no coração…
Alda M S Santos

Jardim (des)humano

JARDIM (DES)HUMANO

Um dia Deus quis encher a Terra de jardins
Num colocou rosas, cravos, violetas e jasmins
Tantas flores lindas, coloridas, perfumadas
Todas elas por beija-flores e abelhas apreciadas
Num outro jardim gigante colocou pessoas, humanos
Pretos, brancos, amarelos e vermelhos
Mas o que aconteceu foi (des)humano
No jardim das flores havia diversidade, harmonia
Quanto mais perfume, maior a magia
Quanto mais cores, mais insetos atraía
Mas no jardim dos humanos havia primazia
Brancos se achavam superiores
Excluíam as demais cores, covardia
Matavam, do poder abusavam, picardia
O jardim humano nem parecia divino
Se quiser aprender algo seja das flores inquilino…

Alda M S Santos.

Era a vida

ERA A VIDA
Caminhava devagar numa praia deserta, sozinha
Chutava as águas, descalça, olhar no horizonte
Vez ou outra se abaixava para pegar uma conchinha
Um vestido leve e fino ao sabor do vento
Mexia também com seu pensamento
Sabia que deveria estar ali, mas não entendia
Simplesmente seguiu um desejo, a magia
Faltava algo para tudo se encaixar
Mas por que nada acontecia?
Seguiu sua suave e intrigante caminhada
Avistou alguém ao longe, ficou arrepiada
Seria a brisa, a expectativa ou uma cilada?
Não tinha medo, seguiu o vulto que lhe acenava
Correu, segurou sua mão e sumiram na mata fechada
Coração aos saltos, sorriram, nada importava
Era a vida que numa nova forma se apresentava…
Alda M S Santos

Borboleta voou

BORBOLETA VOOU

Uma borboleta, linda, suave
Colorida, leve, encantadora
Passou por duras e incompreensíveis penas
Lagarta, casulo, criou asas
Borboleteou por aqui, incansável
Voou amou, flores tocou
Intensa, semeou vida, polinizou
Viveu sua metamorfose, aceitou
Lutou suas batalhas, recuou, avançou
Pediu trégua, venceu…
Ao Criador sempre agradeceu
Enfim, pousou…
Mas toda borboleta sabe que há fases
Logo estará voando do lado de lá
Borboleta tão bela assim de lá irá tudo aqui enfeitar
Saudades imensas no coração deixou
Mas os lugares que aqui voou, pousou, enfeitou
Nunca deixará de estar…
Seu brilho intenso, perfume delicado de flor
Será para todos que ficaram
A prova irrefutável de um grande amor
Vá com Deus, Borboleta
Outras flores precisam de ti…

Alda M S Santos

A morte

A MORTE

Sempre parecerá mórbido falar de morte

Enquanto ela for vista como um fim, uma punição

O desconhecimento do porvir causa apreensão

Quando o legado que se tem não traz satisfação

É preciso saber viver, diz a canção

E isso inclui também saber morrer

Ainda que machuque o coração

É a única certeza nesse mundão

Aprender, crescer, encarar tudo como lição

Captar tudo que ela puder nos ensinar

E aproveitar esse momento para evolução

Aceitar a morte como transição

Deve fazer parte de nosso caminhar

Para uma vida que continua noutro lugar

Alda M S Santos

Coexistência

COEXISTÊNCIA

Vida e morte, morte e vida

No mesmo espaço, no mesmo cacho

Coexistência…

Fases de um viver, circularidade do existir

Por que tanta resistência em aceitar um partir?

Doloroso, fere fundo

A saudade que fica é paradoxal

Alimenta a ausência, machuca

Mas da vida é prova cabal

Quero a vida que há mesmo na morte

Aquela que nos deixa mais forte

E confiantes num poder maior

Num porvir que justifique esse existir

Saudade…

De tudo que partiu

De tudo que morreu em mim

Para mim

Saudade…

Um dia nos encontraremos

Em qualquer lugar, noutro plano

E, enfim, entenderemos…

Alda M S Santos

Um instante

UM INSTANTE

Por um único instante

Por mais fugaz que fosse

Gostaria de ir do outro lado

Aquele que fica além da vida

Apenas dar uma espiada e voltar

Saber se estou na rota certa

Se não desviei do caminho a que me propus

Se falta muito ainda para o game over

Ou se ainda tenho tempo para mudar de fase

Quanto falta ainda para conquistar ou realizar

Mas, principalmente, se não estou deixando ninguém para trás

Só por um instante!

Seria possível ir até lá?

Buscar mais munição, fazer reservas

Estocar suprimentos , sei lá

É que às vezes dá medo, parecemos jogar no escuro

Só por um instante…

Pode ser?

Alda M S Santos

Leveza

LEVEZA

Sonhei que estava a caminho do céu

Vestes brancas e leves a flutuar

Na cabeça uma tiara de rosas, um véu

Subia, girava, sorria, ia devagar

Vez ou outra parava no caminho

Sentava numa nuvem para baixo a olhar

Quem foi que deixei sozinho

Isso pesava, não me deixava viajar

Era tão bom poder plainar

Cada vez mais longe, mais alturas alcançar

Tal qual águia na imensidão a voar

Tudo ficava leve, pétalas de rosas a carregar

Mas algo não estava bem

Ainda não posso ir, preciso retornar

Aqui tinha ficado alguém

Mas já conhecia o caminho do céu a atravessar

Me despedi de mim mesma

Minha leveza, minha destreza

Quem sabe não chegaria o dia

Que iria com certeza pra lá

Enquanto não é possível

Quero de novo sonhar

E nas asas de uma borboleta

As alturas de novo chegar…

Alda M S Santos

Nada por viver

NADA POR VIVER

Não quero deixar nada por viver

Tanta gente indo embora tão cedo, deixando muito por fazer

Que aumenta em nós a necessidade de nada deixar por viver

Com o cuidado de, com isso, nada no outro fazer morrer

Parece que há tanto ainda por aprender

Tantos lugares a passear, a conhecer

Muito ainda a doar, a ajudar, a nos compadecer

Tanto amor ainda por fazer…

Não quero deixar nada aqui para viver

Quero brincar mais, sorrir mais, sem reclamar quando doer

Porque tudo isso faz parte do viver

Extraí da vida tudo o que ela oferecia, quero poder dizer

Quero em tudo intensidade, interação, paixão

A vida do outro lado haverá afazeres diferentes, outra distração

Daqui levarei lembranças, emoção, satisfação

E, se Deus quiser, nada deixarei

Além de marcas boas de saudade em cada coração…

Não quero deixar nada por viver…

Alda M S Santos

Fim

FIM

Do princípio ao fim

Ou do fim ao princípio

Tantas questões dentro de mim

Chego só, volto só

Enfim, qual é o propósito

Disso tudo, Serafim

Será o fim?

Aterrisso sem nada saber

Tenho tanto ainda para aprender

E já começo a voltar

Para casa regressar

Perco a mobilidade, a habilidade

A memória e, por vezes, a consciência

Não é uma incongruência

Disso tudo, Serafim?

Tudo que amealhei por aqui

Não mais me pertencerá

O que me acompanhará é aquilo que ganhei ou perdi

Conquistei ou doei, e que poderei também deixar

Com quem esteve comigo do princípio ao fim

Chego nua, volto vestida de Lua, perfume de jasmim

Várias fases, brilho e luz…

Um ciclo que se fecha em mim e me conduz…

Alda M S Santos

Legado

LEGADO

Sempre deixaremos um legado por aqui

Passar por esse local, tempo e espaço

Não nos permite ficar incólumes

Algo sempre ficará de nós para os demais

Temos por obrigação deixar o melhor de nós

Deixar mais do que recebemos

Processar tudo que vier para nós

Do ontem e do hoje e construir algo inovador

Transformar dores e angústias em crescimento

Mágoas e desrespeito em esperança

Amor em mais amor…

Não podemos perpetuar o mal, o negativo

Um mundo melhor se constrói

Não desconsiderando o que de ruim nos aconteceu

Mas usando esse aprendizado para não causar o mesmo mal

Naqueles que amamos ou convivem conosco

Ou também nos demais que partilham esse tempo terreno

Somos responsáveis simplesmente por estar aqui

Quanto mais sabemos, maior nossa responsabilidade!

Alda M S Santos

Aborto: (in)coerência?

ABORTO: (IN)COERÊNCIA?

Defendes tanto direitos femininos

Igualdade, equidade, equiparação social, profissional

Direitos e deveres iguais e tal

Como pode ser contra o aborto?

O corpo não é dá mulher, afinal?

Não é “meu corpo, minhas regras?”

Não é muito incoerente?- questionaram-me

Usando argumentos em defesa da vida da mãe

Do futuro da criança que é indesejada

Tudo bem, acontece uma distração ou descuido

Mas deve-se arcar com a responsabilidade do ato

Defendo direitos do ser humano: homens ou mulheres

Nenhum é mais ou melhor que o outro

Simplesmente por ser homem ou mulher

Talvez pelas lutas e conquistas …

E a mulher é historicamente inferiorizada e desrespeitada

Injustamente!

Defendo a preservação da vida, de todos, para todos

E aborto é assassinato, pensado e calculado

Uma vida interrompida precocemente

Sem ter direito qualquer de defesa

E não é a mulher que aborta

Todo aborto inclui, no mínimo, pai e mãe

São ambos responsáveis da mesma forma

“Meu corpo, minhas regras”

Não pode ser superior à vida de um inocente

A partir do momento que a manutenção de direitos próprios

Envolve e fere outra vida

Que não pode responder por si

Esses direitos caem por terra

A vida é prioridade! Sempre!

Devemos defendê-la a qualquer custo

Se ela estiver dentro de nós

Somos mais responsáveis ainda!

Eu tive o direito de nascer, gerei vidas que amo

Não tenho o direito de impedir o nascimento de outro ser

Sou coerente com o amor e a vida que prego

A todos os seres humanos!

Por isso digo NÃO a homens e mulheres que abortam

Legalmente ou não…

Alda M S Santos

Quantos degraus?

QUANTOS DEGRAUS?

Quantos degraus até o céu?

A escada é sinuosa, rolante, escorregadia, antiderrapante?

Quem pode subir, há restrições, limites de entrada?

Podemos levar alguém, sermos levados por alguém?

E se nos cansarmos no caminho, tropeçarmos, cairmos?

Podemos voltar a subir ou perdemos a vez?

Os últimos serão os primeiros?

Quantos degraus até o céu?

A entrada é franca? Paga-se com quê?

Qual a “moeda” de troca?

Muitas perguntas… Sei lá!

Enquanto isso vou fazendo do agora o meu céu

Tal qual crianças a brincar, a pular amarelinha

Continuo subindo até o céu…

Alda M S Santos

Linda aura

LINDA AURA

Linda, sorridente, costureira, bordadeira

Lindaura: LINDA AURA

Sempre mexendo, parecia uma formiguinha

Vaidosa, amava se enfeitar de cores e flores

Música, dança, abraços, carinhos e mimos

Ela nos fazia felizes, nos tornava especiais para si

De tudo participava, sempre animada, ignorava limitações

Que vamos fazer hoje? -perguntava

Já passando mal foi para junto de todos nós neste sábado

Um sábado de colorir, um sábado colorido

Um sábado para se despedir…

Que de repente perdeu as cores

Um olhar muito meigo e profundo

Um olhar que sorria…

E que hoje nos desperta lágrimas de saudade

Abracei, beijei, conversei, fiz carinho

Demos o que sabíamos dar: amor, atenção, tempo

Nos despedimos sem querer, sem saber…

Agora foi enfeitar o céu com seu largo sorriso

E seus laços e tiaras coloridas, seu olhar brilhante

Aqui ficamos tristes, mas com a sensação que fizemos sua vida mais colorida

Vá em paz, Lindaura, com sua linda aura, missão cumprida!

Dê aquele seu lindo sorriso e abraço gostoso para Ele em nosso nome

O tempo que pudemos desfrutar de sua companhia foi maravilhoso

Amamos você!

Sentiremos imensas saudades…

Alda M S Santos

Uma bela manhã para viver

UMA BELA MANHÃ PARA VIVER

Uma bela manhã para viver

Céu, sol, brisa, flores e cores

Ou uma bela manhã para morrer

Também de belezas, encantos e perfume

O que diferencia uma da outra

Será que ela sabe flutuando por ali

Vive tão intensamente, tão pouco

Nesse mundo tão assustador

Lagarta, casulo, escuro

Tem medo?

Borboleta, luz, cores, brilho

Tem medo?

Tudo tem seu devido tempo…

Será?

Uma bela manhã para viver

Ou uma bela manhã para morrer

Quem determina?

Voa suave e para nas mãos dela confiante

Quer responder à questão silenciosa

Leve, linda, desliza delicada por seus dedos

E voa serena em torno dela no jardim

Mas deixa sua resposta

Quer seja uma bela manhã para viver

Ou uma bela manhã para morrer

É a paz que reina em cada alma

Que será capaz de fazer…

Alda M S Santos

Como entender?

COMO ENTENDER?

Passaremos a vida inteira por aqui

Sem entender os critérios do fim

Quem fica ou quem se vai

Como, quando ou por que ficam ou se vão

(De)méritos, ônus, bônus, proteção, acerto de contas?

Tentar entender essa (i)lógica seleção ou exclusão

É pura perda de tempo…

Não somos capazes de compreender

Há muitas coisas que não nos foi dado conhecer

Para não enlouquecermos ou jogarmos a toalha

Resta-nos confiar em quem nos colocou aqui

E aceitar seus desígnios para nós

Ainda que doa, magoe, corte fundo

Afinal, Ele mesmo foi embora muito cedo

E de um modo crucial para todos nós…

Alda M S Santos

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