MEDOS
Tenho medos, alguns já são de estimação
Tenho medo de perder aqueles que amo
Mais ainda de me perder de mim mesma
Pois é em mim mesma que encontro todos eles
Tenho medo de perder as forças, a energia, a saúde
Mais ainda de perder o sorriso, a alegria de viver
Tenho medo de ficar dependente dos outros
Mais ainda de não ter ninguém de quem possa depender
Tenho medo de perder a visão
Mais ainda de perder a capacidade de ver com o coração
Tenho medo de adoecer de tanto me envolver
De tanto querer mudar algo nesse mundo desigual
Mas tenho mais medo ainda de perder a capacidade de me importar
Tenho medo de perder minhas lembranças
Mais ainda de não ser capaz de gerar novas boas memórias
Tenho medo de morrer muito cedo
Mais ainda de sobreviver àqueles que me são caros
Tenho medo de morrer de saudades, de viver de lágrimas
Mais ainda de não ter nada do qual possa sentir falta
Tenho medo de ir embora e deixar os outros na mão
Mais ainda de não fazer falta a ninguém…
Tenho muitos medos
Mas enquanto eles existirem é sinal que existo também
Uma vida sem medos
É uma vida sem nada valioso a ser perdido
Uma vida de fé, com medos, mas enfrentados
É uma vida que vale a pena ser vivida
Assim, sigo meu caminho…
Alda M S Santos
NÃO É BOM TER MEDOS
Não é bom ter medos
A sensação é angustiante, dolorosa
Porém, só mudamos de fase se os enfrentamos
E fazemos passar essa etapa tão chorosa
Não é bom ter medos
Menos ainda se o medo vier de onde deveria vir amor
A sensação de andar na corda bamba
Ou na beira do abismo causa pavor
Não é bom ter medos
O desconhecido é como andar na contramão
Mas ele nos tira da mesmice e permite evolução
Não é bom ter medos
Nesses casos bom buscar carinho, abraços
Fazer de todos os nós, lindos laços…
Alda M S Santos
UMA NOVA CHANCE
Ela ouvia a música no carro. Era noite, vidros semi abertos.
Cantarolava a canção pensando no mundo de coisas a fazer.
Dia seguinte seria o Dia das Mães, almoço, família…
Celular no colo para acionar GPS se precisasse. Ela se perdia facilmente.
O dia tinha sido puxado com a visita ao asilo. O porta-malas estava lotado de roupas para doação.
À noite tudo ficava mais confuso, lugares desconhecidos. Pegou umas fichas para o encontro de jovens na casa de um casal e já retornava para casa, queria descansar.
Descendo a rua o celular escorregou e caiu no chão do carro. Abaixou-se para pegar, reduziu a marcha e quando levantou já tinha uma arma apontada para a sua cabeça.
Foi tudo muito rápido, ele já entrou empurrando-a para o outro banco.
Ela tremia e chorava, enquanto ele gritava para ela calar a boca. Olhos vermelhos, moletom enorme, capuz. Era jovem e muito magro!
Ela implorou para ser deixada para trás. Que poderia levar tudo, mas que a deixasse.
“Cala a boca, cala a boca, cala a boca”- ele gritava enquanto passava as mãos na cabeça soltando o volante e segurando desajeitadamente a arma.
Com um medo enorme e com muita pena dele ela disse:
“Amanhã é Dia das Mães, sou mãe, tenho filhos, tenho mãe, por favor me deixe aqui”.
“Cala a boca, cala a boca”- drogado, ele gritava!
“Por favor, tenho dois filhos, você tem mãe”?
Nessa hora ela sentiu a arma batendo com muita força em sua fronte. Não viu mais nada!
Voltou a si sem saber onde estava ou quanto tempo tinha passado. A cabeça latejava…
Tentou se levantar, tudo escuro, bateu a cabeça, as pernas não conseguiam se esticar. O cheiro de amaciante e uma luzinha por uma pequena fresta fizeram-na perceber que estava trancada no porta-malas.
Claustrofobia e medo tomaram conta dela. Onde estava?
Carros ao longe, cachorros latiam. Estava num lugar deserto.
Esperou um pouco e teve medo de que tocassem fogo no carro. Tinha acontecido isso muito por ali!
Começou a forçar a tranca batendo forte os pés. Chutava o canto dos faróis e gritava por socorro!
“Por favor, alguém me ajude, fui sequestrada, socorro”- gritava e chorava e chutava o carro fazendo muito barulho.
“Quem está aí?- ouviu uma voz lá de fora .
“Fui assaltada, estou trancada no porta-malas, por favor me tira daqui!”
E ela chorava mais ainda, de medo, frustração, dor, agonia…
Mas quando ouviu vozes perto do carro, alguém acionando a polícia, e a porta do carro se abrindo para ela sair por dentro, entre tantos sentimentos prevaleceu o da alegria.
Estava a salvo, ele a tinha deixado sobreviver por algum motivo.
Estava a muitos quilômetros de casa.
As lágrimas rolavam insistentes, mas só pensava na alegria de estar viva para o Dia das Mães.
Uma oração silenciosa: “Obrigada, Senhor”!
Alda M S Santos
O ABISMO
A música tocava, ela seguia
Na estrada longa e vazia
Vez ou outra um carro surgia
E sumia…ela seguia
Pra onde não sabia, apenas ia…
O céu de intenso azul reluzia
Ela olhava, admirava, e a lágrima escorria
Que era aquilo lá longe na via
Algo naquele lugar a atraía
E, então, mais rápido ela seguia
Cansada, parou à margem de um abismo
Ele lá estava, muita agonia
Olhava lá para baixo, tão distante, intensa magia
Um medo estranho ela sentia
Ali ficou sentada, balançando os pés, nada resolvia
Sentindo o peso que o abatia
Olharam-se, um tácito acordo surgia
Por fim, olhou de novo para o sol que se punha no horizonte
Amanhã de novo ele nasceria
Então, decidiram-se: como o sol eles seriam
Todas as noites adormeceriam
Mas na manhã seguinte sempre acordariam
Dispostos a brilhar por mais um dia
E o abismo para trás deixariam…
Alda M S Santos
MEDOS
Tenho medos, alguns já são de estimação
Tenho medo de perder aqueles que amo
Mais ainda de me perder de mim mesma
Pois é em mim mesma que encontro todos eles
Tenho medo de perder as forças, a energia, a saúde
Mais ainda de perder o sorriso, a alegria de viver
Tenho medo de ficar dependente dos outros
Mais ainda de não ter ninguém de quem possa depender
Tenho medo de perder a visão
Mais ainda de perder a capacidade de ver com o coração
Tenho medo de adoecer de tanto me envolver
De tanto querer mudar algo nesse mundo desigual
Mas tenho mais medo ainda de perder a capacidade de me importar
Tenho medo de perder minhas lembranças
Mais ainda de não ser capaz de gerar novas boas memórias
Tenho medo de morrer muito cedo
Mais ainda de sobreviver àqueles que me são caros
Tenho medo de morrer de saudades, de viver de lágrimas
Mais ainda de não ter nada do qual possa sentir falta
Tenho medo de ir embora e deixar os outros na mão
Mais ainda de não fazer falta a ninguém…
Tenho muitos medos
Mas enquanto eles existirem é sinal que existo também
Uma vida sem medos
É uma vida sem nada valioso a ser perdido
Uma vida de fé, com medos, mas enfrentados
É uma vida que vale a pena ser vivida
Assim, sigo meu caminho…
Alda M S Santos
MEDOS
Muitos e muitos medos me seguem
Medo de perder pessoas queridas
Medo de me perder das pessoas amadas
Medo de perder a saúde, a lucidez
Medo de não mais ser capaz de me compadecer pela dor do outro
Medo de perder minhas memórias e lembranças boas
Medo de me decepcionar com amigos e amores
Medo de esquecer ou ser esquecida por quem amo
Muitos medos…
Não é por ausência de fé em Deus
Nem por fraqueza ou fragilidade excessiva
Tampouco por falta de coragem de enfrentá-los
De todas as coisas que me dão medo
Que me causam insegurança e dor
Um aprendizado sempre fica:
O amor é o único medo cuja dor sei que vale o risco…
Alda M S Santos
MEDO DA MORTE
Morte, tão desconhecida e tão temida
Aquela que, mesmo sendo perda de tempo, por natureza, lutamos contra
É destino certo de todos nós
Ao menos a morte física
Mas mal sabemos que morremos todos os dias
Que tiramos vida de nós e dos outros
Quando não confiamos, quando fugimos, quando traímos
Quando acreditamos em mentiras,
Quando não nos tocamos com o sofrimento do outro
Quando alimentamos discórdias e tristezas
Quando criamos muralhas em torno de nós
Quando ignoramos a luz brilhante que se apresenta
Tantas vezes por temer a morte nós a atraímos mais e mais
Morremos quando evitamos a vida para não morrer
Morremos quando lamentamos a vida que não temos
Morremos quando invejamos ou desejamos a vida do outro
Ignorando a vida que está presente em nós
Morremos quando deixamos de amar, de nos entregar para não sofrer
De enxergar a vida que nos cerca por todos o lados
Em forma de pessoas, de seres vivos, de natureza, de sentimentos…
A vida pulsa no centro de nós como um milagre diário, não nos isolemos
A morte, apesar de certa, não precisa nos levar antes da deterioração do corpo
Não precisamos desejá-la!
Muitas vezes morremos por dentro, muito antes do corpo
Morremos diante de nosso corpo vivo
Essa morte é assustadora!
Alda M S Santos
FUGIA…
Ela apertava fundo o acelerador, fugia
Rodovia escura e muito curva, chovia
Um ou outro farol em sentido contrário, sequer percebia
Nas lágrimas que sem cessar, refletiam
Escapara mais uma vez, vida salva, coração acelerado
Mas o medo persistia…
E fugia!
Para onde? Não sabia!
Queria fugir para qualquer lugar
Onde o medo não imperasse
Onde a dor não reinasse
Mas sabia…
A única fuga que permite reencontro consigo
Capaz de matar ou neutralizar qualquer monstro
É a fuga consciente para dentro de si mesma
Onde pudesse novamente se fortalecer, se reencontrar
Respirar, viver, agradecer
Ficar livre de pesadelos e ter apenas bons sonhos
Ainda que irreais…
Seria utopia?
Alda M S Santos
MEDOS
Medo do escuro, medo do desconhecido, medo de água
Medo de perder a luta, medo de perder-se
Medo de sofrer, medo de causar sofrimento
Medo de perder tudo que valha ter medo da perda
Medo de tornar-se indiferente a qualquer medo
Medo de não mais saber o que valorizar
Medos que movem ou que travam a humanidade
Medos que são usados e abusados
Por aqueles que não têm medo
Por aqueles que já não têm nada de valioso a perder
Ou por não saberem o que tem real valor
Medos todos temos,
Mas escolhemos quais nos mover quais nos paralisar…
Alda M S Santos
À ESPREITA
“Vírus da conjuntivite atinge níveis epidêmicos.”
Outra hora é o da febre amarela, da influenza…
Parece que estão sempre por aí, à espreita.
Aguardando apenas uma fragilidade ou baixa imunidade para atacar e tomar nosso corpo.
Vírus não “sabem” ser diferentes, são parasitas, precisam de um organismo vivo para se reproduzirem.
Mas não atingem qualquer indivíduo, escolhem os mais frágeis, aqueles que não foram imunizados.
A boa notícia é que o mesmo vírus não ataca a mesma pessoa mais de uma vez, elas criam anticorpos.
A notícia que merece alerta é que eles são mutantes, como o Influenza, por isso gripamos tanto.
Como todo “ladrão”, entram por nossas portas deixadas abertas ou janelas mal trancadas, a qualquer hora do dia ou da noite.
Escolhem nosso calcanhar de Aquiles, sem alarde, ficam encubados ganhando força.
Descobrem nossas falhas, carências e necessidades e, como bons vendedores, nos atendem.
Apresentam-se em nossas TVs, invadem computadores de nossos filhos, usam colarinhos brancos, fazem promessas vãs, são nossos “amigos” da atualidade.
Como os vírus, usam nova roupagem, “enganam” nosso organismo, nossa mente, nossa boa fé, abalam nossa confiança.
Levam, além de bens materiais, o que temos de mais precioso: a saúde, o sossego, a confiança, a paz…
Como os vírus, quando conseguem seu objetivo, buscam novas vítimas!
Cabe-nos estar alertas e nos fortalecer
Proteger nossas “casas” e tudo que temos de mais valioso…
Alda M S Santos
CÉU E INFERNO
Ansiamos pelo céu, tememos o inferno
Mas ambos estão muito pertinho de nós
Na verdade, ambos estão dentro de nós, ou nós dentro deles
Estamos no paraíso quando experimentamos boas sensações
Amor correspondido, amizade sincera, família unida
Corpo e mente saudáveis, paz conosco mesmos
Tudo lá fora torna-se lindo, colorido, brilhante, mesmo com raios e trovões, gelo ou nuvens pesadas…
Isso é paraíso.
Experimentamos o inferno quando não temos sintonia conosco, com os outros
Quando faltam empatia, amor, amizade, sossego
Quando sobram culpas, autoflagelos, dores, males físicos e mentais
Autopiedade, desconfianças, desamor, escuridão
Lá fora pode ser um espetáculo maravilhoso, sol quente, amor, natureza viva
E nós de olhos cerrados nos sentindo destruídos …
Isso é inferno.
O céu e o inferno, se fossem um lugar específico
Se tivessem que ser localizados num mapa
Seriam dentro de nossa própria mente, de nossa consciência
No mais íntimo de nossa alma
E depende de nós entrar ou sair de cada um deles
Fazer malas, mudar, deixar pra trás o que fere, ainda que com sofrimento
Mudanças sempre são dolorosas
E não precisamos morrer para isso…
Alda M S Santos
MEDO DE NÃO TER MEDO
Sentir medo é uma sensação desagradável
Hormônios liberados como a adrenalina causam mal estar e ansiedade
Medo de perder pessoas amadas
Medo de ser roubado, invadido
Medo de perder a saúde
Medo de não se sentir amado ou querido
Medo de fazer mal aos outros
Medo de não se encantar perante a beleza da natureza ou um ato de bondade
Medo de não amar, não sentir saudade
Não se sensibilizar perante os sofrimentos alheios
Medo de perder a fé em Deus
São muitos os medos que podem nos assolar…
Mas, mesmo desagradáveis,
Meu pior medo é o de não sentir qualquer medo
Seria sinal de que nada tenho de valioso a perder
Indiferença perante a vida
Esse sim é um medo perigoso
Isso seria quase morrer…
Alda M S Santos
NA MADRUGADA
Ausência de luz, a cidade descansa
Sombras escuras se agigantam nas luzes artificiais
Shshshshsh, silêncio total
Crianças, jovens, famílias inteiras adormecidas
Os males, o medo, parecem muito maiores na madrugada…
Escondidos durante o dia, disfarçados na luz, de luz
Buscam os desprevenidos…
À noite parecem ganhar força
Sorrateiros, entram em lares, nas pessoas, nos corações
Se escondem, disfarçam, crescem, assustam
Invadem, arrombam, pilham, roubam,
Bens materiais, a família, a paz, o sossego, a vida…
Distraídos, por descuido ou enganados,
Muitas vezes cedemos a chave
Sonhos, pesadelos e realidades se misturam
E nossos anjos têm muito mais trabalho para nos salvar
Inclusive de nós mesmos
De nossa “escuridão” interior…
Mostrando que a luz é mais forte
E brilha imperiosa como o sol da manhã
Para aqueles que a querem ver…
Alda M S Santos
E A VIDA SEGUE…
Dia: sol, luz, insegurança, amor, coragem, expectativas,
Vida que segue…na leveza ou peso do que somos
Noite: escuridão, medos, perseguições, ameaças, desconfianças, acusações…
Morte que tudo interrompe…na leveza ou peso do que carregamos
Sonhos e pesadelos…
Tudo cinzento e cruel!
Alegrias que fortalecem
No brilho do amor e amizade
Lágrimas que lavam a alma
Força que renasce da coragem e fé
E a vida segue…
Na linha tênue que a separa da morte!
Alda M S Santos
QUANDO?
Quando um mal agudo se transforma em crônico?
Quando não dói mais ou quando aprendemos a conviver com a dor?
Quando a tempestade passou?
Quando limpamos a sujeira e estragos ou quando conseguimos admirar o arco-íris que surge?
Quando uma ferida curou?
Quando não deixou marcas ou quando restou uma cicatriz que não mais sangra, mas está ali?
Quando um monstro não mais assusta?
Quando ignoramos sua presença no escuro da noite
Ou quando de peito aberto o enfrentamos e dizemos
“Sou real e, mesmo com medo, sou mais forte que você”!
Quando?
Alda M S Santos
ADORMECIDO
Quando algo começa a adormecer dentro da gente
Surge alguma coisa para nos despertar da “letargia”
Um homem qualquer de capuz na rua
Uma mulher assassinada ao oferecer carona na rodovia
Uma notícia qualquer de violência e atrocidades
Um pesadelo sobre assaltos, estupros e morte.
Coisas que fazem reviver sensações de terror.
Mais tempo ainda torna-se necessário para adormecer
E fazer a sensação ruim ser jogada fora
Ou empurrada para o fundo e nunca mais sair…
Alda M S Santos
LÁGRIMAS NÃO FAZEM BARULHO
Tudo estava muito escuro, respirar era difícil
Tanto pelo exíguo espaço quanto pelo medo
Cheiro de álcool, cigarro, barulhos ao longe
Curvas perigosas, risadas mais ainda
Vou me encolhendo, abraçando os joelhos,
Tentando passar despercebida.
Lágrimas não fazem barulho, exceto dentro da gente.
Uma oração que não consegue ser verbalizada
Um pedido de socorro que não sai, por mais que se tente.
E as lágrimas aumentam… A velocidade diminui.
O porta-malas se abre, duas imagens conhecidas me encaram,
Maldosas, cruéis, dispostas a tudo.
Tentam me levar dali, fico imóvel.
Fecho os olhos, tento gritar, a voz não sai
Aguardo o inevitável.
Silêncio total!
Devagar e amedrontada, abro os olhos
A oração apenas pensada, o pedido mudo de socorro
Foram atendidos, não havia mais ninguém ali.
Chorei convulsivamente num agradecimento também mudo,
E, chorando, acordei…
Na certeza de que mais uma vez, entre tantas, fora salva!
Alda M S Santos
LEITURA: BRAILLE
Há uma leitura que exige decodificação especial
Que não basta decodificar o alfabeto
Ler frases e compreender textos e contextos
É uma leitura que exige ler com o toque, como o Braille
É uma leitura que exige a percepção do brilho ou sombra do olhar
É uma leitura que exige ler sentimentos
É uma leitura que se faz no silêncio
É uma leitura que conecta dois olhares,
É uma leitura de almas!
Alguns são tão mestrados nessa área
Que leem de longe ou de perto
Não se enganam, não interpretam mal
Sentem!
Alda M S Santos
MEDOS
Não há tamanho valentão
Que nunca tenha sido acometido pelos medos.
Negou, fugiu, se entregou, ainda que não tenha admitido,
E, por fim, acabou por enfrentá-los.
A angústia maior é não ter acesso direto a eles,
Poder confrontar face a face, em pé de igualdade.
Na verdade, os medos é que são covardes,
Escondem-se onde temos dificuldades de acessá-los.
Se tivessem a ousadia de se mostrar, viriam,
E nos encontrariam de mangas arregaçadas,
Independente de nosso tamanho,
Saberiam que não dá para habitar
Onde habita uma coragem alicerçada na fé.
Alda M S Santos
O LADO ESCURO DA NOITE
O lado mais escuro da noite não está lá fora
Ele fica dentro da gente, na nossa inconsciência.
É escuro quando a gente entra sem querer
É perigoso e triste quando não conseguimos sair.
Tudo é sombrio, atemorizante, aterrador…
Mesmo assim a gente luta, a gente enfrenta,
A gente não se acovarda, corre se precisar,
Foge se acreditar que é a melhor saída.
Amigos viram inimigos, cruéis, incapazes de ajudar,
Inimigos tornam-se piores ainda.
O real não existe, o irreal toma conta, lágrimas, idem.
Até que a luz retorna, a consciência volta, o fôlego também.
Até a próxima noite escura…
Até quando?
Alda M S Santos
PRESA
Ser presa, sentir-se presa
Dos olhos, de uma arma,
De uma situação, de outro ser.
Liberdade restringida, medo, escuro, abandono.
Lutar, brigar, vencer, sentir a proteção divina.
O desafio de toda presa
É não permanecer presa
De medos, pensamentos ou situações,
É continuar a acreditar na vida e no amor.
É seguir o caminho, ainda que pareça nebuloso,
Certamente voltará a brilhar…
Alda M S Santos
MEDOS
Entre todos os medos
O mais danoso é o medo de amar
Porque o amor que ele impossibilita,
É pai de todos os demais.
Alda M S Santos