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Trocas

Eu troco

EU TROCO

Troco uma noitada de músicas, danças e bebidas

Por um dia de caminhadas na praia tomando água de coco

Troco a tranquilidade de uma vida estendida na rede da varanda

Pela oportunidade de estender a mão, despertar sorrisos, ajudar

Troco os gritos calados de tristeza e desesperança

Pela chance de ouvir os silenciosos pedidos do olhar

Troco aquele rolê no shopping numa tarde de sábado

Por uma conversa amiga, tranquila, acolhedora debaixo da jabuticabeira

Troco aquela viagem por locais paradisíacos

Pelo prazer de viajar dentro daqueles que amo e que de mim precisam

Troco milhões de amigos e/ou expectadores

Por uma amizade sincera, que ore por mim, que seja confiável, que não me traia ou abandone

Troco a aquisição de qualquer bem material ou condição financeira

Pelo prazer de sentir um abraço sincero a dizer “você é bênção em nossas vidas”

Troco uma vida longa e cheia de “ganhos”

Por uma vida mais curta, na medida certa, de coração cheio

Troco qualquer coisa pelo prazer de ser eu mesma

Pela satisfação de viver para quem amo…

Eu troco!

Alda M S Santos

Trocamos

TROCAMOS

Trocamos um quintal grande e arborizado, uma cisterna de águas límpidas e um cachorro fiel por um playground “seguro” de concreto, atrás de grades e muros altos

Trocamos caminhadas ou pedaladas até a escola ou trabalho por esteiras e aparelhos na academia

Trocamos frutas e verduras da horta ou pomar e quitandas de forno à lenha por produtos enlatados e industrializados

Trocamos as brincadeiras de pique-esconde e polícia -ladrão na rua por fases de jogos nos computadores

Trocamos uma amizade verdadeira e de confiança por outra mais “valiosa”, mais promissora, mais cordata, menos instigante

Trocamos uma paquera na praça do coreto, um namoro no alpendre, um relacionamento duradouro por outros imaginados, ilusórios e incertos

Trocamos chás de boldo e hortelã, um abraço amigo ou um desabafo choroso no colo de alguém querido e confiável por drogas alucinógenas e causadoras de dependências

Trocamos a responsabilidade por erros que cometemos, a oportunidade de crescimento, pela justificativa de “eu não fui atrás”, “eu não busquei”, “não é culpa minha”, enganando a nós mesmos

Trocamos a alegria do convívio com uma família grande, amorosa e até briguenta, por um trabalho qualquer que muito nos ocupe em busca de dinheiro que nem teremos tempo ou satisfação para gastar

Trocamos nossas alegrias e tristezas naturais por remédios tarja preta

Trocamos nossa essência para manter ou conquistar algo que nem sempre nos fará bem

Trocamos tanta coisa em busca de alta expectativa de vida, de facilidades e felicidade passageira

Para vivermos 75/80 anos, aos invés dos 50 de outrora

A que custo?

Alda M S Santos

Reformas

REFORMAS

Temos sempre a tendência de reformar tudo. Somos engenheiros naturais. 

Em tudo vemos possibilidades de melhoria, de renovação. 

Até aí, tudo bem! 

Compramos ou alugamos uma casa. Mesmo perfeita, queremos novas paredes, nova pintura, trocamos pisos, janelas. Queremos que fique a nossa cara, mais arejada e confortável. 

Um novo carro ganha adereços e acessórios que o tornem mais vistoso e prático.

Uma roupa nova pode precisar de ajustes, encurta daqui, aperta dali, coloca uma manga, um cinto…

Nosso próprio quarto sofre mudanças constantes…

E nossos amigos, filhos, cônjuge, familiares?

Também queremos mudá-los, adaptá-los, adequá-los, melhorá-los? Quase sempre! 

Algumas características que não julgamos positivas, ou que não combinam conosco, ou  julgamos que não fazem bem a eles, ou a nós mesmos, queremos extraí-las, minimizá-las ou disfarçá-las. 

Querermos melhorias, para nós e para aqueles que nos cercam, é natural. Faz-se, porém, necessária a questão: o que motiva esse desejo de mudança? 

Se a resposta for o bem estar e o amor, é válida. 

Ressalta-se, porém, a importância de manter as características naturais. 

Uma casa não pode ter certas paredes mexidas, sob pena de abalar a estrutura. 

Um veículo não pode receber acessórios que comprometam sua potência.

Uma roupa não pode sofrer tantos ajustes que pareça outra. 

Uma pessoa precisa manter sua essência, ou perderá a própria identidade.

Vale a velha dica das casas; se necessário for mudar tanto, melhor jogar no chão e começar do zero. 

Se para nos atender for preciso mudanças radicais, seja na casa, no carro, nas roupas, nas pessoas, precisamos refletir: ou mudamos um pouco a nós mesmos, também, ou buscamos nova casa, carro, roupas ou pessoas. O trabalho, tempo e custo para mudar não valerá o resultado. 

Apesar de não haver medida perfeita, sempre haverá por aí objetos, coisas e pessoas que combinem exatamente conosco.

Basta ter paciência e saber procurar. 

Alda M S Santos 

Fazenda do Quartel- GUANHÃES- MG

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