SOLIDÃO NO NATAL
Pediram para falar da solidão
Particularmente na noite de Natal
Mas não tem como falar de vazios
Sem falar de preenchimento
Falar de ausências, sem falar de presenças
É preciso falar do que houve
Das possibilidades de reencontro
Falar de amor, de saudade
Falar da experiência boa que é ter a si mesmo
Num mundo com tanta desigualdade
Do amor pela vida, tão controvertida, às vezes
Falar da perda, mas sobretudo de gratidão
Pelo tempo que pôde desfrutar do amor
Do calor e do colo de um alguém
Falar de compaixão pelo irmão
Do abraço que quer levar a cada coração
Falar de amor fraterno, amor caridade
Do amor ágape, soberano, indispensável
Mas também falar de amor paixão
Que aquece toda e qualquer alma de emoção
Falar da simplicidade do nascimento do Criador
O que não impediu de ser o Rei dos Reis
Falar do que Ele nos ensinou
Amar a Deus sobre todas as coisas
E ao nosso próximo como a nós mesmos
Mas, principalmente, falar do milagre da vida
Que merece ser vivida e encarada como o maior presente
Que cada passo dado aqui é degrau na evolução
Que devemos seguir com animação
Preenchendo aquela que quase sempre
Acomete a todos vez ou outra, a solidão
Até o dia de voltar para casa…
Alda M S Santos
O FRIO DA SOLIDÃO
Ser humano não foi talhado para viver só
Do útero, passando por todo existir até o pó
Carece de outra alma, de um alguém
Que completa-se na mútua companhia também
E inerente à humanidade esse interagir
Na troca de vida, de amor, poder seguir
A solidão não é boa, é contraproducente
Exceto se for escolha do coração da gente
O frio da solidão gela a alma, o corpo
Se for autoabandono deixa o ser louco
A vida carece de interação e não é pouco
Queremos ter com quem partilhar nossa vida
Alguém pra abraçar, sorrir, alma amiga
Solidão é fria, dura, pode virar inimiga
Alda M S Santos
Domingao Poético: O frio da solidao
PARA FUGIR DA SOLIDÃO
Se a solidão incomodar é preciso agir
Não dá para estacionar, tampouco fugir
Essa nossa viagem por aqui exige parceria
O coração pede por interação, mais sintonia
Para fugir da solidão é preciso saber
O que faz mais falta, o que está a acontecer
Se há ausência de companhia qualificada
Ou se abandonou a si mesmo nessa parada
A solidão é o mal atual da humanidade
Tanta gente solitária, essa é a verdade
A mente adoece, a alma quer cumplicidade
Para fugir da solidão é preciso primeiro
Não se abandonar, se acolher, se amar
Aí poderá buscar parceria em outro lugar
Alda M S Santos
Tarde de Poesias: Para fugir da solidão
A COR DA SOLIDÃO
Solidão tem cor, tem cheiro, sabor
Solidão tem até som, talvez de cachoeira
E não é sempre cinza, pode até ser prata
Tampouco é silêncio total, às vezes é musical
A solidão tem a cor que a gente pinta
O cheiro que a gente guarda
O som que toca dentro da gente
Solidão é estado de espera
Solidão pode até ser barulhenta
Tocar uma música suave
Pode ter cheiro de saudade
E ser da cor verde ou magenta
Solidão é a vida que não desistiu
Que não quer mais tanta gente
Fica com quem quis, persistiu
Que resolveu morar mais dentro da gente…
A cor da solidão é a cor que nosso amor-próprio pinta…
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Não dá pra viver bem sozinho
Sempre iremos querer alguém
Que preencha bem nosso ninho
Que nos cuide com atenção e carinho
Não dá pra viver na solidão
Ela pode até fazer bem para reflexão
Mas não pode durar muito, não
Precisamos de alguém que ocupe o coração
Forte ou frágil não faz diferença
Todo ser humano precisa de gente
Que o faça melhor, menos carente
O corpo pede, a mente solicita
O olhar implora, o coração grita
Um abraço é tudo que precisamos
Alda M S Santos
NÃO ESTAMOS SOZINHOS
Somos humanos cercados por outros humanos
Numa casa rodeada por outras casas
Numa cidade fronteiriça de outra cidade
Dentro de uma nação que se avizinha de outras nações
Habitantes do planeta Terra, ao lado de outros planetas e astros
Membros de uma galáxia gigantesca
Não estamos sozinhos!
Mesmo quando não nos sentimos mais que pequeninos grãos de areia
E parecemos estar muito sós, não estamos
Em nossa mais intensa introspecção temos a nós mesmos
E quando encontramos a nós mesmos
Somos capazes de identificar o outro tão perto de nós
E estender a mão, pegar uma mão…
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Pediram para falar da solidão
Particularmente na noite de Natal
Mas não tem como falar de vazios
Sem falar de preenchimento
Falar de ausências, sem falar de presenças
É preciso falar do que houve
Das possibilidades de reencontro
Falar de amor, de saudade
Falar da experiência boa que é ter a si mesmo
Num mundo com tanta desigualdade
Do amor pela vida, tão controvertida, às vezes
Falar da perda, mas sobretudo de gratidão
Pelo tempo que pôde desfrutar do amor
Do calor e do colo de um alguém
Falar de compaixão pelo irmão
Do abraço que quer levar a cada coração
Falar de amor fraterno, amor caridade
Do amor ágape, soberano, indispensável
Mas também falar de amor paixão
Que aquece toda e qualquer alma de emoção
Falar da simplicidade do nascimento do Criador
O que não impediu de ser o Rei dos Reis
Falar do que Ele nos ensinou
Amar a Deus sobre todas as coisas
E ao nosso próximo como a nós mesmos
Mas, principalmente, falar do milagre da vida
Que merece ser vivida e encarada como o maior presente
Que cada passo dado aqui é degrau na evolução
Que devemos seguir com animação
Preenchendo aquela que quase sempre
Acomete a todos vez ou outra: a solidão
Até o dia de voltar para casa…
Alda M S Santos
DONA HELENA
Dona Helena é uma senhora mineira de 80 anos que ressignificou a sua solidão.
Mora sozinha em sua casinha em São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito de Serro, MG, onde montou um lindo presépio que fica ali o ano inteiro.
Quase nunca saiu da cidade, construiu ali sua vida, sua história.
Esse presépio atrai visitantes, muitos visitantes, e ela conta histórias, muitas histórias.
“Conversar é muito bom né, menina”?
Dona Helena é exímia comunicadora e contadora de casos.
“Menino Jesus é poderoso, né? Fica aí o ano inteiro e olha por nós”.
“Gosto mesmo é de conversar e Ele traz tanta gente para cá, como trouxe vocês”.
Lamentou que estava sob as ordens da vigilância de saúde por causa “dessa doença aí”, e que fazia tempo que seu presépio estava fechado.
Não pudemos entrar e ver seu presépio por causa da pandemia, mas o tempo que conversamos com ela foi rico.
Falava de todos que iam visitar o presépio e entravam sempre, conversavam, ocupavam seu tempo, gostavam de ouvir seus casos.
Noutros tempos, até cartas para os outros que “não conheciam as letras” ela escrevia.
Nunca recusava a atender ninguém.
Enquanto conversávamos na porta de sua linda e simples casinha, todos que passavam a cumprimentavam e ela respondia com carinho.
Ficou feliz que eu quis tirar uma foto com ela, ia me tocar, mas evitei expô-la. Ela disse que não tem medo, pois “Deus sabe a hora de cada um”.
Uma senhora que com toda sua simplicidade ensina a viver e ser feliz…
Obrigada pelo carinho e do convite para voltarmos, Dona Helena!
Alda M S Santos
QUEM CUIDA DE MIM?
Quem cuida de mim?
Há dias em que nos sentimos “abandonados”.
Cercados de pessoas, nos sentimos sós.
Queremos um abraço daqueles que têm mais que braços, mais que apertos, mais que calor.
Abraços com laços que enlacem nossa alma.
Abraços que digam “estou aqui para o que der e vier”.
Nada parece haver que justifique tal abandono.
Mas a sensação é persistente.
Buscamos na mente, no coração, na alma os “abraços” que queremos.
Uma oração, sempre bem vinda, sempre traz luz.
“Eu estarei contigo todos os dias até o fim
dos tempos”!
Sinto-me abraçada e protegida!
E o dia começa…
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Solidão não é ausência do outro ao seu lado
Pessoas vão e vêm todo o tempo
Solidão é não encontrar-se consigo mesmo
Quando mais precisa de si
É buscar-se nas batidas frágeis de seu coração
Na infinitude da grandeza de sua alma
E não se ver, não se achar
Encontrar apenas escombros
Solidão mais doída não é ausência de pessoas
Solidão dolorosa mesmo é ausência de si mesmo
Porque a partir do momento que nos encontramos
Nos enxergamos e nos resgatamos
De nossos próprios escombros
É que passamos a enxergar quem está perto
E não notávamos, sequer percebíamos a presença
Para enxergar e valorizar a presença do outro
É preciso vermos a nós mesmos primeiro
Aí a solidão será escolha
E apenas um momento de paz…
Alda M S Santos
A COR DA SOLIDÃO
Solidão tem cor, tem cheiro, sabor
Solidão tem até som, talvez de cachoeira
E não é sempre cinza, pode até ser prata
Tampouco é silêncio total, às vezes é musical
A solidão tem a cor que a gente pinta
O cheiro que a gente guarda
O som que toca dentro da gente
Solidão é estado de espera
Solidão pode até ser barulhenta
Tocar uma música suave
Pode ter cheiro de saudade
E ser da cor verde ou magenta
Solidão é a vida que não desistiu
Que não quer mais tanta gente
Fica com quem quis, persistiu
Que resolveu morar mais dentro da gente…
A cor da solidão é a cor que nosso amor-próprio pinta…
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Não dá pra viver bem sozinho
Sempre iremos querer alguém
Que preencha bem nosso ninho
Que nos cuide com atenção e carinho
Não dá pra viver na solidão
Ela pode até fazer bem para reflexão
Mas não pode durar muito, não
Precisamos de alguém que ocupe o coração
Forte ou frágil não faz diferença
Todo ser humano precisa de gente
Que o faça melhor, menos carente
O corpo pede, a mente solicita
O olhar implora, o coração grita
Um abraço é tudo que precisamos
Alda M S Santos
O SILÊNCIO
Nada diz mais que um bom silêncio
Aquele que sentamos conosco e nos passamos a limpo
Boas perguntas, respostas sinceras
Sem medo de sermos devorados por famintas “panteras”
Um auto divã, real, sem expectativas vãs
Quem sou, o que gosto, o que me incomoda
Porque me deixo girar nessa roda
Que aceito, o que permito, o que me deixa aflito
Quem amo, quem tolero, quem evito
O que me mantém por aqui, ativo, cativo
Silêncio lá fora, barulho cá dentro
Ele muito diz para quem se dispõe a ouvir
Ou para quem não tem com quem falar, para onde ir
Silêncio, conhecido também como solidão
Pode ser um grande amigo nesse mundo nem sempre irmão…
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Solidão não é ausência do outro ao seu lado
Pessoas vão e vêm todo o tempo
Solidão é não encontrar-se consigo mesmo
Quando mais precisa de si
É buscar-se nas batidas frágeis de seu coração
Na infinitude da grandeza de sua alma
E não se ver, não se achar
Encontrar apenas escombros
Solidão mais doída não é ausência de pessoas
Solidão dolorosa mesmo é ausência de si mesmo
Porque a partir do momento que nos encontramos
Nos enxergamos e nos resgatamos
De nossos próprios escombros
É que passamos a enxergar quem está perto
E não notávamos, sequer percebíamos a presença
Para enxergar e valorizar a presença do outro
É preciso vermos a nós mesmos primeiro
Aí a solidão será escolha
E apenas um momento de paz…
Alda M S Santos
A COR DA SOLIDÃO
Solidão tem cor, tem cheiro, sabor
Solidão tem até som, talvez de cachoeira
E não é sempre cinza, pode até ser prata
Tampouco é silêncio total, às vezes é musical
A solidão tem a cor que a gente pinta
O cheiro que a gente guarda
O som que toca dentro da gente
Solidão é estado de espera
Solidão pode até ser barulhenta
Tocar uma música suave
Pode ter cheiro de saudade
E ser da cor verde ou magenta
Solidão é a vida que não desistiu
Que não quer mais tanta gente
Fica com quem quis, persistiu
Que resolveu morar mais dentro da gente…
A cor da solidão é a cor que nosso amor-próprio pinta…
Alda M S Santos
NA MULTIDÃO
Na multidão procura-se amenizar a solidão
Mas na multidão aumenta-se ainda mais essa sensação
Se com alguém dali não houver uma conexão
E enquanto não se perde essa ilusão
De que muita gente não é para ela a solução
A solidão continuará a apertar o coração…
Solidão é estado interior
É desarmonia entre tanta gente dentro da gente
Com tanta gente do lado de fora
É alma desgrudada do corpo
Mal que não se resolve no exterior
Um sintoma que é falha na sintonia interna
Ou ausência de um amor:
O próprio!
É preciso reconectar-se!
Alda M S Santos
SENTA AQUI
Senta aqui do meu lado, precisamos conversar
Quero falar de tudo que me alegra
De tudo que sinto falta
Da falta que você me faz
Daquilo que me faz chorar…
Senta aqui do meu lado, só nós dois
Quero jogar conversa fora, sorrir
Rir de mim mesma, da vida
Chorar pelos meus erros e falhas
Ouvir suas histórias e bons conselhos
Senta aqui do meu lado
Quero brincar, te contar casos
Quero dividir contigo o prazer de ter aqueles que amo
Ou as tristezas de não poder ser útil a tantos outros
Lamentar por aqueles que partiram
E que deixaram vazios e saudades
Senta aqui do meu lado
Conversar com você é vencer medos
É saber-me aceita mesmo com todas as minhas falhas
É sentir acolhimento e seu olhar de amor
É sorrir chorando, é chorar sorrindo
É olhar ao longe e enxergar dentro de mim mesma
É perceber que há muito ainda a viver
E saber que VOCÊ, como prometeu
Estará comigo até o fim dos tempos…
Senta aqui, vamos conversar!
Alda M S Santos
QUANDO APRECIAMOS A SOLIDÃO
Um longo caminho a se percorrer
Como seres sociais que somos, sempre buscando companhia
Até gostar verdadeiramente da solidão
Não de estar só, pois isso nunca iremos gostar
Mas de estarmos conosco mesmos e apreciar isso
Não na fuga para um filme, um livro, um jogo
Mas bater um papo com nosso ser de ontem, de anteontem
Colocá-los frente a frente com o eu de hoje
Sem desviar os olhos no espelho, com vergonhas escancaradas e encaradas
Fazer as pazes com nossas escolhas, erros e acertos
Uma troca de autocompreensão e perdão
Para podermos nos ver amanhã, no futuro
Sem medos, ansiedades ou arrependimentos
Na certeza que demos nosso melhor como ser humano
E essa consciência só é possível na solidão, no autoconhecimento
Quando nos sentamos com a criança, o jovem e adulto que fomos, e somos
Pois todas elas ainda estão em nós
Só assim estaremos aptos a ter boas companhias…
Alda M S Santos
QUE SEJAMOS PRAIA
Um grão de areia sozinho fica perdido
Levado pelo vento forte ou arrastado pelas águas
Sequer é visto ou notado
A não ser que esteja entre nossos dedos no sapato, incomodando
Ou que o vento o leve para nossos olhos, irritando
Um grão de areia sozinho desconhece seu poder
Sua capacidade de construção, beleza e importância
Um grão de areia para cumprir sua missão, valorizar-se
Precisa se juntar a outros grãos de areia
Um grão de areia não deixa de ser um grão de areia por estar sozinho
Mas só pode ser casa, lar ou praia
Quando se juntar a outros tantos grãos de areia
Aí entenderá seu propósito por aqui
Humanos sozinhos são grãos de areia
Humanos juntos são praia
E muitas praias formam a linda, complexa e controversa humanidade
Capaz de ser, ao mesmo tempo, construtiva ou autodestrutiva
Que possamos ser praia linda, encantadora e acolhedora…
Alda M S Santos
ENQUANTO ISSO…
Enquanto a humanidade busca suas companhias
Enquanto seleciona o amor, a família, as amizades e afinidades
Enquanto conserva, mantém ou destrói relações
Focando demasiadamente em físicos padrão, em corpos jovens, bonitos e desejáveis
O que encontramos quase sempre
São corpos sarados e (des) acompanhados
Mentes tantas vezes doentes e solitárias
Almas abandonadas e tristes
Em seres humanos tantas vezes infelizes
Que não se sentem bem consigo mesmos, que roubam o bem estar de outros
Incapazes de ser ou de fazer alguém feliz
Sem chão, perdidos…
A humanidade precisa se reencontrar…
Alda M S Santos
SOZINHOS
Medo inexplicável e insondável todos temos da solidão
Já que em momentos cruciais do existir estamos sós
Viemos para esse mundo, abrimos os olhos, vemos a luz, choramos …
Por mais gente que esteja ao nosso redor nesse momento
Chegamos sós…
E passamos a vida em busca de companhia, de afinidades
De um modo de afastar a solidão…
Será que temos a consciência que o momento da solidão voltará
Que será difícil, doloroso?
E que ter alguém ao longo do caminho poderia amenizar isso?
Na hora de partir, de voltar para o lugar de onde viemos
No momento em que fecharemos os olhos para esse mundo
Teremos apenas a solidão de companheira, iremos sós
Voltaremos também sozinhos
Para um lugar que mesmo imaginado, até sonhado
É, ainda assim, desconhecido…
Quanto mais amigos ficarmos dessa companheira, a solidão
Menos sozinhos estaremos…
Ser amigo da solidão, é não perder-se de si mesmo…
Alda M S Santos
PODE PARECER
Pode parecer abandono, solidão, preguiça
Mas também pode ser opção, escolha, prazer em estar consigo mesmo
Pode parecer inquietude, ansiedade, impaciência
Mas também pode ser excesso de energia, vontade de cuidar do próprio coração
Usando o caminho que passa pelo coração do outro
Pode parecer tristeza, angústia, depressão, vazio
Mas também pode ser introspecção, reflexão, sabedoria, preenchimento
Pode parecer raiva, revolta, rebeldia
Mas também pode ser desânimo e repúdio com tudo que é falso
Pode parecer teimosia, falta de inteligência, obstinação, birra
Mas também pode ser persistência de alguém que não desiste
Pode parecer fuga, abandono, frivolidade, infantilidade
Mas também pode ser maturidade, carinho e proteção
Pode parecer medo, covardia, maldade
Mas também pode ser amor que, sábio, preserva a vida
Pode parecer sorriso, alegria, felicidade a toda prova
Mas também pode ser gratidão, fé na vida e Naquele que a criou
Em qualquer circunstância
Sempre…
Pode ser…
O que é, de verdade, só quem vive é capaz de dizer…
Alda M S Santos
DESCARTÁVEL
Usou, sujou, não serve mais
Descarte!
Enguiçou, travou, deu defeito
Descarte!
Enferrujou, quebrou, queimou
Descarte!
Perdeu a utilidade, ficou velho, não agradou
Descarte!
Vai dar trabalho, “perder” tempo, cansar
Descarte! Compre um novo! Substitua!
“Coisa velha ou estragada não compensa arrumar”
É o raciocínio reinante na era descartável
Não importa se são coisas, objetos ou seres inanimados
Pessoas, sentimentos ou relações
Nada se conserta, tudo se descarta, substitui-se
E com tanto descarte por aí
Não há espaço nem para o “velho” e nem para o “novo”
Tudo é jogado fora!
Só que na perspectiva da vida, da alma, não há fora
Tudo está dentro de nós!
As peças estão todas lá: fusíveis, porcas ou arruelas
E todas as ferramentas necessárias para construção do “novo”
A partir do conserto do “defeituoso”:
Chaves de fenda, martelos e alicates
Amor, disposição, fé e coragem …
Não adianta usarmos nada novo, objetos ou pessoas
Iremos danificá-los e torná-los inúteis logo, logo
Se nós mesmos não nos consertarmos, continuarmos velhos e defeituosos…
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Solidão não é ausência de companhia
Solidão é ausência de conexão entre os próprios pensamentos e sentimentos
Ou presença de uma conexão tão ímpar que exclua qualquer outra pessoa além de si mesmo
Solidão não se terceiriza, não é responsabilidade do outro solucioná-la
Solidão só tem solução no interior de nossa alma
Assim, o outro pode entrar e ficar…
Alda M S Santos
MUITAS MANEIRAS DE ESTAR SOZINHO
Um dos grandes temores de todos nós: a solidão
Tantas são as maneiras de se estar só
Cercados de gente, numa festa ou num bar
No trabalho, na academia, no lar ou na igreja
Pode-se estar mais só que sozinho no quarto,
No alto de uma montanha, num hospital, numa casa de repouso ou numa praia deserta
Solidão é estado interior, é negação da própria presença
Se dentro estiver vazio ou mal preenchido
Se não houver amor próprio e boas lembranças
Consciência limpa e fé no caminhar, no porvir
Podemos nos cercar de tudo e de todos
Que a sensação de solidão persistirá
Antes de buscar superar a solidão com companhias
Transferir para o outro a responsabilidade de nos preencher, que é nossa
Precisamos estar bem com nossa própria pessoa,
É com ela que sempre poderemos contar…
Alda M S Santos
UM ANJO
A estação parecia abandonada, não passava nenhum trem
Vários passageiros iam para um lado ou para o outro
Nenhuma bagagem, uns se despediam
Ela estava triste num canto, aguardava
Alguém se aproximou dela
Não parecia um passageiro qualquer
Pareceu reconhecê-lo, mas não se lembrava de onde
Ninguém ali conversava, apenas se olhavam
Abraçavam, choravam, se entendiam
Ele disse “você já pode ir”, apontou para um lado
“Não estou pronta, não me despedi”- falou ela em silêncio
“Já está 50% do lado de lá, vá”
Deu a mão a ela e foram andando, ela se equilibrando no trilho do trem
Quando olhou para trás viu que ele tinha asas, era um anjo
Seu olhar dizia “não posso ir com você”
Chorando, ela seguiu para um destino com letreiro nas nuvens:
SAUDADE!
Alda M S Santos
UM TEMPO PARA NÓS
Todos precisamos de nossa individualidade,
Um tempo para nós,
Para mergulharmos no silêncio de nós mesmos
Avaliarmos atitudes, sentimentos, posicionamentos,
Fazermos nossas reflexões, questionamentos, redirecionamentos.
Tempo este quase sempre confundido com solidão!
Desses momentos de liberdade conosco
É que surgem as mais preciosas decisões.
Tantas vezes somos companhia para todo mundo
Exceto para nós mesmos!
Quase sempre a mão que nos salva
O coração que nos ampara
A alma que nos acolhe, mesmo sofrida
Vem de dentro de nós mesmos,
De uma nova reorganização.
Nunca devemos recusar ajuda
A começar pela nossa própria!
Alda M S Santos
ESCONDE-ESCONDE
Sabem aquela sensação de estar sempre só
Em meio a tantas pessoas?
Sentimento de não ser compreendido ou aceito,
De não encontrar seu reflexo em ninguém?
Tal culpa ou responsabilidade
Não pode ser imputada a ninguém.
Ninguém, exceto a nós mesmos.
Quando não nos encontramos em nós,
Não “permitiremos” que ninguém nos encontre.
Não chega a ser dolo, apenas culpa.
Não há intenção de nos esconder de nós mesmos,
Tampouco dos outros.
Apenas falta perícia para nos fazermos achar,
Habilidade de nos refletirmos em nós mesmos,
Para encontramos nosso reflexo no outro.
Brincadeira de esconde-esconde de adulto
Nem sempre é divertida!
Alda M S Santos
ESTAREI CONTIGO
Quantas vezes ouvimos essa frase ou as similares: conte comigo, não vou te deixar, estaremos sempre juntos, não vou a lugar algum…
Talvez o mesmo número de vezes em que precisamos e os autores não estavam mais lá.
Não estamos fazendo nos entender, ou são desentendidos mesmo?
A quem fiz essas mesmas promessas? Tenho estado atenta?
Minha avó de 94 anos, que vive sozinha, sempre diz: “nascemos sozinhos e pelados, morremos também sozinhos, o que vier no intervalo é lucro”.
E ainda completa: “não espere nada de ninguém”!
Algumas pessoas lidam melhor com a individualidade, gostam de se isolar, não compartilhar, sabem e até preferem se virar melhor sozinhas.
Outras, porém, precisam de gente, necessitam sentir que têm apoio por perto, ainda que não os utilize!
E ainda há aquelas que partilham apenas os bons momentos e alegrias. Nas tristezas e baixo astral preferem se isolar.
Não sou pessimista como minha avó, mas, a cada dia mais percebo que, por mais promessas que recebamos, por mais gente que tenhamos por perto, o que vale mesmo é que nós nos ajudemos.
Poder buscar e encontrar dentro de nós, pois sempre estará lá, o que se faz necessário, é a maior dádiva.
Podemos contar com Alguém que nos prometeu ajuda, “que estaria conosco até o fim dos tempos”…
Ele não nos abandonará nessa busca.
Que possamos senti-Lo!
Alda M S Santos
SOLITUDE
Reclusão e introspecção voluntária, benéfica
Disso precisamos quase tanto quanto água
Silêncio acolhedor, analítico, questionador
A capacidade de ouvir nosso interior, rasgar-nos, ao menos para nós mesmos
Encontrar nossos lagos, sombras, luzes e oásis internos
Sem buscar tantas respostas nos outros, nas palavras alheias
Quase sempre elas se encontram no silêncio, nas atitudes
As palavras podem ser duras, cruéis, ofender, magoar, matar
É preciso ausência de ruídos, de barulhos
No silêncio de nós mesmos
Em nossa companhia mais íntima estarão as respostas.
Antes de sermos de qualquer um, somos de nós mesmos.
Alda M S Santos
SOLIDÃO
Solidão não é estar só, mas sentir-se só, mesmo cercado de pessoas.
É como sofrer de insuficiência respiratória, mesmo sabendo que há oxigênio por todos os lados.
É como estar em alto mar, cercados de água, e morrer de sede.
Não é que falte pessoas, oxigênio ou água.
A questão é que por inadequação das pessoas, do ar ou da água que se apresentam, não conseguimos absorvê-los.
O ar pode estar rarefeito, a água imprópria para consumo, as pessoas sem sintonia, sem comunhão de ideias, sem afinidades entre si.
O problema pode estar em nós: por deficiência orgânica ou emocional, não conseguirmos processar o ar, a água, as pessoas à nossa volta.
Certo é que não vivemos sem ar, sem água, sem as pessoas.
Portanto, em prol da vida, jamais podemos desistir de buscá-las.
“Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.”João 4:14
Uma ajuda do Alto também é sempre bem vinda e necessária.
Alda M S Santos
CÂMERA LENTA
O mundo está em câmera lenta
Passos lentos, trôpegos, olhar apagado, corpo encurvado pelo peso da tristeza
Olhos onde brilham apenas lágrimas,
Que se confundem com a chuva que cai,
Em câmera lenta.
No intenso vai e vem
Pelas ruas da cidade se vão
Ela e tudo que carrega naquele corpo pequeno
Mal são notadas pelo intenso burburinho de início de manhã
Ouve buzinas ao longe e segue lentamente
Os olhos da cidade nada veem além de si mesmos
Cada qual com sua própria bagagem e peso
Tudo é cinza, opaco, lento, vácuo.
Uma trombada, um “olha onde anda”!
Está molhada por fora e por dentro
Quem se importa?
As lágrimas correm livres,
Ao contrário dela, presa em suas divagações.
E a vida continua
Em câmera lenta…
Alda M S Santos