MORADA DA SAUDADE
Onde não há vícios do olhar
Quando não estamos anestesiados pela mesmice
Onde nosso olhar se fixa, se demora
Onde nossa vista repousa, encanta, chora
É morada da alma, não queremos ir embora
Onde o coração pulsa em ritmo bom, saudável
O sorriso se abre fácil, nada é imutável
Mas tudo que chega é por amor, boa tradição
Aquilo que fica, não por estar numa prisão
Mas há liberdade de ser e estar, ir e voltar
O prazer de se chegar é na vida melhor emoção
Onde a saudade entra, senta e toma um café
Quando tudo que se fala, ouve ou se quer
É descansar corpo, alma, partilhar sonhos, fé
Onde nos sentimos bem quando nus
A exposição é boa, não causa nenhum mal
É onde reabastecemos nossa energia vital…
Nesse lugar a saudade mora e quer sempre estar…
Alda M S Santos
AH, QUE SAUDADES…
Tenho saudades das muitas de mim
Daquelas que foram ficando pelo caminho
Sufocadas ou desnutridas pelas circunstâncias
Perdidas na escuridão das trilhas
Tenho saudades das muitas de mim
Daquelas de confiança cega e sorriso fácil
De entrega apaixonada e sem grandes expectativas
Tenho saudades das muitas de mim
Daquelas de brilho no olhar, coragem e romantismo
Muita energia e boa vontade, até uma certa ingenuidade
Tenho saudades das muitas de mim
Da audaciosa, da atrevida, da sapeca, da nerdzinha
Até da medrosa, chorona ou impaciente
Tenho saudades das muitas de mim
Que foram ficando pelo caminho
Que não me acompanharam até aqui
Que se ofuscaram pelo brilho falso de outras pedras
Que foram se apagando nas gotas das mágoas e decepções
Minguando, minguando até desaparecer…
Tenho saudades das muitas de mim
Mas logo percebo que “elas” todas não se foram
Apenas deram lugar a outra
Foram usadas como ingredientes essenciais
Diluídas na massa de uma grande forma para moldar o que sou hoje…
Quando as saudades de mim atingem forte
Percebo que basta ir para um cantinho
Garimpar bem, com calma e paciência
Que encontrarei meu tesouro: as muitas de mim
Aquelas sem as quais eu não existiria
E fazer as pazes com elas
Fazer as pazes comigo…
Alda M S Santos
ONDE FOI PARAR?
Onde foi parar a alegria de brincar na chuva
De correr na enxurrada, dispensar guarda-chuvas?
Onde foram parar as brincadeiras na rua
Aquelas com os amigos coloridos sob a Lua?
Onde foram parar os bate-papos na calçada à noitinha
Os abraços e amassos no alpendre da madrinha?
Onde foi parar a expectativa por uma carta
A dor de barriga por um amor que não se farta?
Onde foram parar os sonhos, os contos de fadas
A esperança no futuro, vidas mais amadas?
Onde foi parar a animação num banho de rio
De tanque, de mangueira por horas a fio?
Onde foi parar a alegria na simplicidade
Quando passamos a querer mais e mais numa insanidade?
Quando foi que passamos a enxergar só a maldade
E com isso encontramos só infelicidade?
Quando?
Alda M S Santos
Quero falar de saudade
Pode parecer doloroso, triste
Mas só há saudade onde houve felicidade
Momentos de alegria partilhados
Aquele carinho, bom papo, abraço apertado
Um sorriso, um estar junto, boa risada
A saudade deixa a alma apertada
Desejo de correr aí, cantar, dançar
Ficar ao seu lado, só conversar
Mas amor pede cuidado e proteção
Por isso estamos longe fisicamente
Mas bem perto do coração
Daqui ficamos torcendo
Em oração permanecendo
Para que tudo isso passe logo
E possamos de novo nos encontrar
Sem nenhum risco pra vocês levar
E saibam todos que há de ter muito lugar
Para o amor que estamos acumulando
Em abraços poder solucionar
E muitos beijos no seu rosto depositar…
Cuidem-se, fiquem bem
Amo vocês!
Alda M S Santos
#carinhologos
DEIXANDO SAUDADES
Onde não há vícios do olhar
Quando não estamos anestesiados pela mesmice
Onde nossos olhos repousam e se encantam
Onde nosso coração sente prazer em estar
Onde a respiração é longa, suave e doce
Onde o carinho vem natural, nas palavras e nas atitudes
Onde nossa alma sente-se acolhida, em casa
É de onde sentimos saudades, deixamos saudades
É onde reabastecemos nossa energia vital
É onde o amor se faz essencial
Alda M S Santos
NUBLADO
Quero um dia inteirinho de chuva
Daqueles cujo céu fique totalmente encoberto
Chuvinha constante, ora fininha, ora mais intensa
Daqueles que nos “autorizem” a ficar o dia todo sob as cobertas
Sem precisar justificar, sem precisar de um porquê
A nostalgia e introspecção comuns desses dias nos liberam para tal
Eles são, por si só, a razão do recolhimento
Sentindo o friozinho úmido lá de fora, as gotas da chuva escorrendo na janela
Cheirinho de terra molhada, flores agradecidas, pessoas correndo
Escondendo-se sob as marquises, dividindo guarda-chuvas
Umas felizes, outras praguejando, esbravejando
Os abraços molhados, os encontros, os reencontros
O amor, a saudade de infância que sempre fica no ar…
Crianças sempre amam, andam nas enxurradas, nada temem
Adoro observar as pessoas em dias assim
O cinza molhado ativa as cores ou ausência delas nas pessoas
Os cães sequer saem das casinhas
O bem-te-vi por certo também está em “casa”
Um pijama macio, uma meia velha, cabelos revoltos, uma xícara de chá
Um livro, um filme ou uma música
Uma história para escrever…
Sei lá…
Dias nublados e chuvosos são dias muito produtivos
Ainda que o produto seja apenas interno e invisível aos olhos de fora…
Alda M S Santos
ONDE ESTÁ NOSSO CORAÇÃO
Não precisa procurar muito, bobagem ir longe
Parte de nosso coração sempre estará onde mais nos dedicamos
Onde derramamos nossos dons, nosso trabalho prazeroso
Nosso carinho, nossa amizade, nosso amor
Passe o tempo que passar, seja qual for a distância
Reencontrar pessoas, rever espaços
Lugares que passamos boa parte de nosso viver
Onde estão nossas digitais emocionais
Receber o carinho sempre tão especial
Daqueles pequenos seres que se doam sem medidas
Não tem como não sentir uma emoção, felicidade e saudade profunda…
Enquanto eu me emocionar numa escola
Enquanto me encantar com crianças aprendendo
Com o carinho tão espontâneo delas
Irei agradecer por ter podido ensiná-las e aprender com elas tanto tempo
Saberei que meu coração sempre estará “enterrado” ali…
E, principalmente, na marquinha especial que levam de mim no peito
E que eu trago delas comigo…
Vivemos nas marcas que deixamos nos corações alheios
E nas marcas que carregamos deles conosco…
Alda M S Santos
DANCIN’ DAYS
Uma festa temática retrô beneficente
Desperta desejo de nos divertir e ajudar, combinação perfeita
E envolve muitas emoções diversas
Muito frisson, desejo de entrar numa máquina do tempo
Saudosismo, nostalgia, relembrar o passado, “reviver”
Uma época, um estilo musical, comportamento, romance, discoteca
New wave, hippies, rock’roll
Um passado “vivido”, mesmo longe das discotecas
Dos comportamentos rebeldes e de protesto
Será que o passado sempre parecerá melhor visto de fora?
Décadas de 70/80 eu era criança, mocinha
Cheia de sonhos, coragens, poucos medos e um mundo inteiro pela frente
E condições financeiras reduzidas que minavam qualquer feito
Além de uma família superprotetora também
Será que se eu tivesse vivido tudo isso intensamente
Seria tão bom “reviver”?
Ou justamente por não ter “vivido” que a nostalgia é maior?
Certo é que o coração fica feliz e apertado ao mesmo tempo
Pelo vivido e pelo perdido…
Cantei e dancei muito Cindy Lauper, Michael Jackson, Bee Gees e ABBA na sala de casa
Assisti Dancin Days, quis aquelas roupas coloridas e malucas
Como toda jovem, sonhei com um mundo de paz e amor
Vivi, mas de um jeito simples…
E, quando assustei, 40 anos haviam se passado…
Risco de ficar agarrada lá, deixada pela máquina do tempo…
Entre anos dourados, anos rebeldes, discoteca, música eletrônica, underground, new wave,
Não tem como me perguntar
Como seria uma festa temática dos dias de hoje
Daqui a 50 anos?
Alda M S Santos
VISITAS BREVES
Quase sempre chegam de surpresa
Elegantes, desconfiadas, sondando o terreno que julgam seu
Medo de se ferir, se machucar, serem alvejadas
Encantados e saudosos as recebemos
Comemoramos internamente a visita, aproveitamos a doce presença
Enchem o espaço de alegria, novidade, beleza
Dedicamos carinho, amor e atenção
E num voo rápido se vão… para outros quintais…
Deixam vazios e esperança de retorno
Deixam saudades…
Saudade não se tem daquilo que se foi
Saudade é o que sentimos daquilo que ficou depois da partida
Apenas mudou de lugar
Do espaço antes ocupado pelo que os olhos viam, mãos tocavam
Agora ocupados apenas no cantinho especial no coração
Onde apenas a alma toca…
Alda M S Santos
QUE AROMA TEM SUA HISTÓRIA?
Comida de fogão a lenha tem cheiro de casa de vó, de infância na roça
Plástico novo tem cheiro de surpresa, de expectativa, de brinquedo no Natal
Fumo de rolo tem cheiro do vovô, com seu lindo sorriso e olhos verdes por detrás da fumaça
Cachaça e rapadura têm cheiro da venda do meu tio, de homens cansados e suados
Velas queimando cheiram à igreja, ritos e celebrações
Terra molhada tem aroma de brincadeiras na rua até tarde
Alfazema tem aroma de sonhos da adolescência, de banho recém-tomado
Hortelã tem aroma e gosto de beijo, de timidez
Almíscar tem aroma de amor, de abraço, de entrega
Cheiros, perfumes, aromas e fragrâncias fazem nossa história
Nada fica tão marcado na memória como o que se assimila pelo olfato
Tudo isso remete a pessoas, lugares, tempos ou situações,
E atinge direto a emoção, boa ou ruim.
Ativa o coração, a alma.
São memórias, são histórias, são saudades,
Que a gente revive, querendo ou não…
Que aroma tem sua história?
Alda M S Santos
SAUDADES
Não sentimos saudades de algo ou alguém
O que nos angustia é a saudade de nós mesmos
Daquilo que éramos, do que sentíamos, da leveza
Do que dávamos conta, do que produzíamos, da energia
Da alegria espontânea, do amor, da proteção
Do encantamento perante a vida
Da sensação agradável e preciosa
Em relação a algo ou alguém que passou, que ficou lá atrás, mas deixou um laço em nós
E vez ou outra volta e nos lembra do que vivemos
Saudades da infância, da terra Natal, dos avós, dos filhos pequenos, dos amigos do colégio, da faculdade, dos amores…
Nostalgia, saudades de nós mesmos em outras épocas
Em outras situações mais amenas, mais ilusórias, mais esperançosas
E que se foram belas e rápidas como águas de uma cachoeira
Saudades…
Alda M S Santos
DIA DA SAUDADE?
Dia da saudade não existe
Existe motivo da saudade
E esse é apenas viver
Quem vive sente saudades
Deixa saudades,
E isso acontece dia após dia
Até sermos apenas saudade…
Alda M S Santos
QUEM É ELA?
Ela olha aqueles carros que se vão rua abaixo e acena
Levam consigo dois seres amados
Há pouco tempo desciam essa rua “quebrados” numa bike
Hoje seguem seu caminho sozinhos e ela fica
Coração apertado, lágrimas nos olhos
Tenta conciliar o orgulho pelos filhos bem criados e encaminhados
E a saudade da época em que estavam consigo todo o tempo
Pertinho, sendo cuidados, amados, protegidos…
É o caminho natural da vida, ela sabe bem
Difícil separar o que é, que sempre foi e está dentro de si
Do que ficou dentro deles e eles levam embora…
Sempre foi tantas mulheres, tantas coisas, que não sabe mais quem é de verdade!
Tenta não se abater, concentrar-se no orgulho de vê-los bem.
Não é mais tão necessária!
Precisa confiar, esperar e aceitar novos tempos
Eles sabem que sempre serão amados, protegidos e cuidados quando precisarem
A vida tem sua maneira de encaixar tudo em seus devidos lugares…
Alda M S Santos
NATAL E SAUDADES
Percebemos que os filhos cresceram
Quando montamos sozinha nossa árvore de Natal
Ninguém cobrando, quebrando bolinhas, se encantando com o pisca
Fazendo a cartinha para o Papai Noel, contando os dias para o Natal…
Percebemos que o tempo passou quando
Não estamos mais respondendo como o Noel consegue atender a todos
Ou por onde passa quando não há chaminé
Ou se vai de avião quando não há trenós
Buscamos outras respostas, agora a nós mesmos:
Onde o tempo ficou, por que passou sem a gente perceber?
A mente passa da infância dos filhos para a própria infância…
Saudades imensas!
Volta para o ano que passou, revive tudo
Tanta coisa digna de sorrisos, lágrimas, superação, saudades…
Nota a presença de Deus em tudo, em cada detalhe
Não precisa de árvores, luzes ou enfeites
A luz está dentro de si, essa que precisa estar acesa!
Mas a árvore está quase pronta, seca as lágrimas…
Sempre amou essa época, alegra-se
Jesus vai nascer!
Que seja no coração de cada um de nós!
Feliz Natal!
Alda M S Santos
SAUDADES…
Saudades…
Sentimento ambíguo, pois só se tem saudade do que é ou foi bom
Mas que dói, maltrata, machuca
Nostalgia, tristeza, desejo do reencontro
Bom mesmo é quando podemos saciá-la
Aí é euforia, prazer, êxtase!
Caso contrário, as lembranças tentam suprir a falta
Saudade vive da expectativa do reencontro
Saudade rima com esperança
Esperança rima com amor!
Alda M S Santos
REENCONTRO
Em sonhos, encontrei-me com uma amiga
Que há muitos anos não via
Parecíamos, fisicamente, diferentes uma para a outra
Mas nossa essência e carinho não haviam mudado
Amigas de segredos, de intimidades, de adolescência
De primeiro “amor”, de descobertas, de medos e planos
E a conversa fluiu tão natural que parecia não ter havido distância
Cada qual com sua vida, sua família, uns planos realizados
Outros que ficaram apenas na vontade, decepções
Mágoas, vitórias e conquistas, novos planos…
Aquela história dividida debaixo de um pé de amora
E que quase sempre a gente chora…
Tudo na verdade se resume aos nossos sonhos, sempre.
E pensamos em quanto tempo tínhamos ainda pela frente.
Sensação maravilhosa reencontrar alguém que foi especial
Que fez parte de um capítulo importante de nossa história
E que ficou guardadinho lá no fundo aguardando
As voltas da vida e os propósitos de Deus!
Saudades! Amei rever você, ainda que em sonhos…
Alda M S Santos
UM DIA DE CADA VEZ: SÓ POR HOJE!
A máxima dos grupos de ajuda
Das pessoas que sofrem qualquer mal
Quer seja mal físico, emocional, dependência química, vícios, é:
Um Dia De Cada Vez.
Só por hoje!
Só por hoje vou ser forte!
Só por hoje vou resistir!
Só por hoje não vou querer!
Só por hoje terei coragem!
Só por hoje não terei saudade!
Só por hoje não vou sentir medo!
Só por hoje não vou sofrer!
Amanhã será novo dia e novamente: só por hoje.
Assim fica mais fácil vencer qualquer dor, tristeza, sofrimento, saudade…
Pensar em lutar contra algo para sempre é tempo demais!
E se houver recaídas, tudo parte novamente daí.
Humanos erram, caem, levantam e seguem…
Humanos acreditam, mesmo sofrendo!
Por isso, quase sempre vencem…
Alda M S Santos
BAGAGEM DE MÃO
Na viagem para dentro de nós mesmos
A saudade vai na bagagem de mão
Livre e fácil acesso
Junto ao chocolate e um batom
Enquanto estes alimentam e embelezam o corpo
Aquela “satisfaz” e encanta a alma!
Alda M S Santos
NUNCA SE ESGOTA
Melhores são aqueles amigos,
Novos ou antigos,
Com os quais nunca nos esgotamos
Sempre há algo a fazer, a dizer
A contar, a pedir, a doar, a confidenciar…
Risos, sorrisos, gargalhadas,
Abraços, beijos, café e queijo.
E aquela saudade e desejo constante
De estar sempre juntos,
Mesmo havendo lágrimas, atritos e pendengas,
Cada encontro é sempre único, especial,
Pois possui a liga mais forte do mundo: o amor.
Alda M S Santos
LEMBRANÇAS
Muitas lembranças são associativas, quer dizer, nos remetem a algo ou alguém.
E isso as torna mais fortes, prazerosas e duradouras.
Aquela música suave ou dançante e letra tocante,
O perfume que traz nítida à mente a pessoa ou situação,
Pés e pernas entrelaçados na areia,
Namoro e amassos na varanda,
O cheiro de bolo no forno, de churrasco no domingo,
Cabelos esvoaçantes, um andar seguro,
Um olhar penetrante, um estilo de ser e vestir…
Uma voz mais calma, um jeito rebelde e meio cri cri, o raciocínio rápido,
O sorriso contagiante, sincero e cativante,
Um filme com pipoca no sofá da sala, um livro na rede, poemas românticos,
Um bate papo demorado no portão,
Aquela pracinha, um sorvete ou açaí, uma carona, um beijo soprado
O último pedaço de pizza, a bala de hortelã passada num beijo,
A cerveja gelada e espumando, a coca com limão,
Um mingau de fubá com queijo, chá de capim cidreira, chuva no telhado,
A leveza e o prazer de uma taça de vinho ou champagne,
Mensagens e SMS de carinho e cuidado,
Um abraço na pontinha dos pés que aperta o corpo e o coração…
Cada coisa nos remete a alguém…
Lembranças se associam às pessoas que foram importantes.
Memórias que veem à tela da mente a qualquer hora e se fazem saudosas e eternas…
Alda M S Santos
APAGANDO…
A estrada é longa, forte neblina, quase nada se vê
Caminha, caminha, tenta, mas não alcança
A imagem, antes tão nítida, começa a se apagar.
Anda mais rápido, chama, estende a mão, a voz não sai
Lágrimas escorrem ininterruptas…
Não mais distingue a imagem, apenas sente
Sente que algo se vai, que a deixa para trás
Que é preciso andar, sempre, em frente
Quanto mais tenta se aproximar, mais se sente apagada
Alguns ventos afastam a neblina, uma imagem embaçada aparece, sorri
Sabe que foi importante, sente o peito se apertar
Não mais reconhece o dono daquele sorriso
Mas seu olhar amoroso aquece seu peito
Pisa numa poça d’água, para, olha para si mesma
Quase não se reconhece…
Muitos e muitos anos se passaram
Que imagem é aquela que ela persegue?
Que foi tão importante, tão recheada de saudades?
Cansa, para, ele acena…
Novo sorriso, retribui, se entendem
Sem se reconhecerem.
Coisa de almas.
Volta da viagem, acorda
O peito apertado e dolorido.
Quem irá embora?
Alda M S Santos
MARCAS DE PRAIA
E a viagem acabou…
Será? O que restou?
Trazemos mais que marquinhas de biquíni no corpo,
Mais que uma pele dourada ou cabelos rebeldes,
Mais que fotos maravilhosas e sorridentes,
Mais que uma concha, tattoo ou souvenir,
Muito mais do que se pode ver.
Vai além do que está aparente.
Trazemos marcas impressas na alma,
Energia renovada, lembranças boas,
Carinho de um povo interessante e lutador,
Uma cultura diferenciada, lugares lindos.
Tudo isso vira massa a se moldar dentro de nós.
E o que ela se tornará só depende de nós mesmos,
Da combinação do que já somos com o que recebemos.
Nunca voltamos os mesmos de uma viagem.
Felizmente!
Alda M S Santos
SAUDADES DE MIM
Saudades de mim…
Do tempo em que eu me bastava
Não por autossuficiência,
Mas por saber o que buscar
Como, porque, quando.
Saudades de mim…
Do tempo em que eu era o bastante
Não para todos,
Mas para aqueles que me são caros…
Saudades de mim…
Do tempo em que eu sempre estava aqui.
Que me atendia prontamente ao primeiro chamado
E não era preciso gritar tão alto.
Ou me encontrar no silêncio mais profundo de mim mesma.
Saudades de mim…
Alda M S Santos
SAUDADES
Saudade…
Nostalgia, quase sempre dolorida.
Pode estar a um oceano de distância, a um clique, uma discagem, além do céu…
Até mesmo ao nosso lado…
Saudade não está só na distância física
Saudade mora na distância emocional.
Por isso dói na alma.
Alda M S Santos
SAUDADES ETERNAS
Como definir um sentimento? Como saber se é bom ou ruim? Se despertar sorrisos, é bom? Se fizer brotar lágrimas, é ruim?
Penso que não seja assim tão simples.
O que dizer da saudade?
Se analisarmos que só deixa saudade o que foi prazeroso, saudade é um sentimento bom.
Se, por outro lado, dói lembrar, machuca, sangra, faz chorar, é ruim.
Certo? Nem sempre.
Saudade é, na verdade, um sentimento ambíguo. Traz alegria e tristeza. Alegria pelo vivido que foi maravilhoso, e tristeza pela perda, pela vontade e impossibilidade de reviver.
Precisamos dar um tempo para o nosso coração chorar, se lamentar, mas é fundamental que o que fique, que a marca maior em nós seja da alegria.
E torcer que possamos um dia reviver…
Se não aqui, noutra dimensão.
A todos nós que perdemos alguém, que hoje possamos lembrar delas com saudades e alegria.
“Saudades, sim, tristeza, não”!
Alda M S Santos
CASA DE VÓ
Tive um prazer imenso no pouco tempo que convivi nas casas de minhas avós quando criança.
Minha avó paterna faleceu quando eu era pequena. A avó materna tem 93 anos, mas sempre morou no interior de Minas Gerais, enquanto nós morávamos na capital. Todas as férias íamos para Guanhães. Avós, tios e primos, uma farra!
Mas as lembranças desse convívio são maravilhosas: fogão à lenha, bichos no quintal, leite tirado na hora, compras na “venda”, histórias à noite…
Até o cheiro do colchão de palha ficou gravado na memória.
A água carregada em moringas da bica. A missa, as barraquinhas da quermesse da igreja, as moedas doadas pela vó, o banho de bacia, as quitandas assadas no forno à lenha, as brincadeiras na rua na noite escura, o frio e a neblina…
E aquele jeitinho que vó tem de querer nos proteger, de não querer deixar os pais “ralharem” com a gente.
Não sei se vó é mãe com açúcar, mas que é doce, é!
A casa mudou um pouco, minha avó nem tanto, mas em meu coração terão sempre a mesma imagem: amor e saudade.
Te amo, vó Dudu!
Alda M S Santos
SOU CRIANÇA
Há pessoas que têm ímã com crianças. Em qualquer lugar que estejam sempre notam algum “pequeno” a observando curioso. Retribuem com um sorriso, um alçar de sobrancelhas, um sorriso. É o bastante! Logo, a criança já está puxando assunto, sorrindo, brincando, quando não está no colo recebendo cócegas, sendo lançada ao alto ou brincando de esconde-esconde.
Pessoas assim costumam ser mais espontâneas, sinceras, transparentes. E a criança, muito sensível, percebe.
Criança é como bicho, sem ofensa a nenhum dos dois. Ambos são capazes de ter um “faro”, uma percepção maior para sentir o que vai no coração do outro, a essência contida na alma.
Em contrapartida, há pessoas que são resistentes às crianças, muito sisudas, fechadas, não apreciam a energia e o barulho da infância e acabam se afastando delas. A meninada percebe e não se aproxima.
E quem fica no prejuízo é o adulto, pois perde a oportunidade de renovar-se, física, emocional e psicologicamente através desse convívio.
O que acontece na verdade é que algumas pessoas mantêm a alma infantil. Crescem, amadurecem, mas a emoção é de criança. Não foram cerceadas, enquadradas num padrão social limitante, cruel e nada original.
São de sorrisos largos, abraços apertados, beijos melados, coração doce, alma apaixonada.
Para elas, a vida é um grande parque de diversões e estão aqui para se esbaldar. Procuram sempre o lado brinquedo das coisas: a bola, a corda, a boneca, a bicicleta, o esconderijo. Podem cair, se esfolar, chorar… Pedem um beijinho para sarar e voltam à brincadeira.
Nesse “Dia das Crianças”, que tal nos permitirmos sermos mais crianças? Qualquer dor muscular ou de coluna será apenas efeito colateral, incapaz de eliminar o benefício desse medicamento para a emoção.
Vamos lá?
Feliz “Dia das Crianças” que fomos, somos ou gostaríamos de voltar a ser!
Alda M S Santos
QUANDO EU CRESCER QUERO SER CRIANÇA
Quase toda criança, se questionada, gostaria de ser gente grande. Não que não goste de ser criança, mas porque gostaria de experimentar o mundo adulto, por parecer cheio de possibilidades.
A criança vê o mundo adulto com a pureza e inocência dos olhos infantis. Vê apenas a ausência de limitações, uma fase em que tudo parece possível e divertido. Não sabe que o corpo cresce e a cabeça de(cresce).
Quando adultas, as pessoas percebem que continuam “não podendo” muitas coisas! E a alma já não tem mais a mesma pureza, já não acham tudo tão divertido assim! Já não trocam de amigo ou brinquedo com a mesma despreocupação.
Uma criança, se estiver alimentada, amada e tiver uma bola, um amigo e um dia de sol pela frente tudo está ótimo!
Há adultos que carregam consigo a alma infantil. Não que sejam imaturos, mas procuram sempre na vida o amigo, a bola e o dia de sol. Se não têm, criam, substituem. Não se deixam abater facilmente.
Sabem pedir o que querem, ir para dentro de casa quando a brincadeira cansa, virar as costas para quem não as agrada, dizer não para o que não querem, sem culpas.
O mais interessante e que torna o mundo infantil encantador e saudoso é a espontaneidade das crianças. Dão amor e carinho, pedem abraços, beijos e colinho, riem, choram. sem censuras. Saltam para nossos braços com o sorriso mais lindo do mundo e dizem “eu te amo” como se dissessem “bom dia”.
Quem vive cercado por elas “pega” um pouco dessa alegria de viver.
Não sei quanto a você, mas eu, por mim, digo: quando eu crescer quero ser criança!
Alda M S Santos
A palavra saudade é tão forte que só de ouvi-la já podemos sentir aquele aperto característico no peito. Às vezes, esse aperto pode ser doloroso, outras prazeroso, sempre nostálgico.
Mas será que a saudade é um sentimento benéfico ou contraproducente?
Penso que a saudade é sempre uma sensação de ausência, de falta. O que fará com que seja benéfica, ou não, será a capacidade que relembrar venha a ter de amenizar esse vazio, ou aumentá-lo.
Podemos sentir saudades da casa da infância, dos irmãos e amigos da escola, de um animal de estimação, das brincadeiras na rua, de um parente que faleceu, das loucuras do primeiro amor, do primeiro beijo roubado, dos bate-papos na calçada até a madrugada, dos bailes da juventude, dos apertos da faculdade, do casamento, do nascimento dos filhos, de um sentimento que morreu ou adormeceu… São inúmeras as vivências que podem gerar saudades.
As que conseguem gerar um sentimento de completude, de preenchimento do vazio, são aquelas nas quais nos envolvemos a fundo, em que não há arrependimentos, pois, em sua época, foram vivenciadas plenamente, ficaram para trás, mas geram lembranças boas, gostosas de reviver. Essa saudade é extremamente benéfica. Faz-nos rever bons tempos e nos anima a seguir em frente. Gera forças.
Em contrapartida, há aquelas situações cujas lembranças não preenchem o vazio deixado. Reviver dói sempre, porque, em sua época, o viver, apesar de intenso, foi doloroso. Foi incompleto, não vivenciado como gostaríamos, deixou espaços em branco, arrependimentos, vácuos. Portanto, ao reviver, não se lembra apenas do que foi bom, mas do que poderia ter sido e não foi. Fica sempre a pergunta “por que não agi assim?”, “teria sido tão diferente se eu tivesse feito outra escolha!” Ao viver essa saudade sempre ficamos incompletos, com vontade de voltar no tempo e consertar certas coisas: estudos, empregos, amizades, amores. Fica, para muitos, um gosto amargo na boca, com a sensação de ter sido preterido pela vida.
Essa saudade, que não gera preenchimento, tende a ser maléfica, porque nos paralisa, nos deixa inertes, impotentes, visto que não temos como voltar no tempo e reviver o que ficou faltando, o que nos causa dor.
Os mais velhos tendem a sentir mais saudades, é natural, já tiveram mais experiências. São mais nostálgicos, mas não precisam ser tristes.
De todo modo, se viver de saudades, por tempo demasiado, nos impedir de viver o tempo presente, seja qual tipo de saudade for, não será bom a médio e longo prazo.
Todos nós temos momentos maravilhosos para sentir saudades e relembrar, e outros que preferiríamos corrigir, consertar, ter outra oportunidade. Alguns talvez possamos fazer isso. A maioria, não. Na impossibilidade, quando essa saudade bater, aproveitemos para analisá-la, avaliar nosso comportamento, e usar desse conhecimento, dessa experiência, para sermos mais plenos em nossas vivências atuais. Aprendemos, por experiência própria, que as saudades mais dolorosas são daquilo que deixamos por fazer. Com isso em mente, poderemos viver mais plenamente e deixar para o futuro menos saudades dolorosas e mais razōes para saudades benéficas, prazerosas, intensas!
Alda M S Santos