A DOR
A dor é o óleo que deixa
As engrenagens do coração lubrificadas
E o tornam sensível e propício para viver
As posteriores alegrias intensamente,
Sem trepidações ou danos à sua mecânica.
Cuidado com a falta ou o excesso do óleo!
Alda M S Santos
A DOR
A dor é o óleo que deixa
As engrenagens do coração lubrificadas
E o tornam sensível e propício para viver
As posteriores alegrias intensamente,
Sem trepidações ou danos à sua mecânica.
Cuidado com a falta ou o excesso do óleo!
Alda M S Santos
QUANDO MAIS SE VÊ
Paradoxalmente, quando a gente vê melhor,
É quando os olhos estão fechados
Pois, ao fechá-los, tapam-se os olhos racionais,
E os olhos da alma se abrem
Vendo com outros sentidos: os da emoção.
Quer ver bem? Feche seus olhos!
Alda M S Santos
NO GRITO?
Invadir, abrir, arrombar, conquistar.
De qualquer modo, a qualquer custo,
Na pancada, no muque, no grito,
Com a força que vem da mente,
Com a força dos músculos…
Até descobrir que o melhor músculo
A ser utilizado é o coração.
E esse age no silêncio.
Grito calado que vem de dentro.
Essa é sua maneira de gritar
De se fazer ouvir e tudo conquistar.
Mantenha-o em ação!
Alda M S Santos
AUTÓPSIA
Se pudéssemos acompanhar uma autópsia dos nossos corações, o que veríamos?
Tudo bem, sei que autópsia se realiza em seres que já morreram.
Mas, e se fizéssemos, se fosse possível?
Será que haveria diferenças de um coração para o outro?
Talvez alguns fossem mais moles, maleáveis, daqueles que levaram a vida mais tranquilamente, sem grandes sobressaltos ou estresses, amores leves, pacíficos.
Outros poderiam estar mais firmes, endurecidos, rígidos, de difícil manuseio. Foram se enrijecendo como autodefesa, meio usado para suportar o sofrimento, o desamor, as mágoas e solavancos da vida.
A maior parte acredito que se assemelharia a uma colcha de retalhos, pedaços grandes, pequenos, coloridos e disformes, ou a um terreno muitas vezes remexido, um asfalto muitas vezes reparado, uma árvore muitas vezes podada.
Apresentaria áreas quase intocadas, por receio, finas, frágeis, delicadas, imaturas, sem alegria.
Outras partes estariam endurecidas por cima, capa de proteção, e amolecidas por dentro, cicatrização à força.
Haveria ainda aquelas áreas estriadas, fortes, porém, flexíveis, que começaram a endurecer, mas seu “dono”, sempre corajoso, insistia no uso, não permitindo a rigidez ou a moleza excessiva.
Quantas dessas partes tem nossos corações? Façamos essa autópsia em vida!
Não queremos um coração imaturo, tampouco rígido. Um coração mole parece não ser opcional, ou vem de fábrica ou nada feito.
Resta-nos o coração colcha de retalhos. Parece bonito, não? Colorido, enfeitado. Cada pedacinho um amor vivido, outro perdido, uma amizade autêntica, outra que se foi, pais, filhos, irmãos, cônjuges, uma vida que passou por nós, que ficou em nós. E que passa mais ligeira que um passo de dança, tão rápida quanto um sorriso.
Quero que quando minha “autópsia” for realizada de verdade, seja onde for, espero que demore, meu coração tenha muitas lindas histórias para contar.
Alda M S Santos
BELEZAS
Em meio a tamanha diversidade Deus nos presenteia com inúmeras belezas naturais.
A natureza é rica delas. Além delas, há, também, belezas humanas de todo tipo a nos fascinar.
Algumas chamam atenção por dotes físicos, umas pelo bom humor, outras pela bondade e simplicidade, outras ainda pela inteligência ou luz divina que refletem…
Mas há aquelas que têm o dom de concentrar em si todas essas características, ou quase.
Devemos amar e ajudar a todas, mas essas, nunca devemos deixá-las se afastar de nosso convívio…
São bênçãos!
Alda M S Santos
NO ESPELHO
Cedinho, escuro ainda, meio sonolenta, horário de verão!
Olho-me no espelho. Ele me devolve o olhar. Ignoro, distraída, não quero papo, tampouco olhares perscrutadores.
Mas ele continua lá. Resolvo encará-lo. Não sou de fugir da “luta”.
Desvio um pouco dos olhos. Retiro pelos imaginários dos lábios, ajeito os cabelos, estico uma ruga, passo um batom, dou um leve sorriso.
Mas o olhar está lá, investigando, avaliando. Parece perguntar: está tudo bem? O que tem feito por si mesma? Pelos outros? Olhe para mim! Olhe para si!
Encaro-o, quer dizer, encaro-me.
Fisicamente, umas ajeitadas seriam necessárias. O tempo não perdoa.
Emocionalmente, apesar da intensidade exagerada, dos atropelos esporádicos, de alguns medos, de certas confusões mentais, prevalece um certo equilíbrio.
O tempo nesse caso favorece, traz sabedoria para quem se dispõe a aprender as lições diárias.
Encaro o espelho novamente, firme, corajosa. Coração sempre à frente, acelerado.
Digo, olhos nos olhos: você é capaz de vencer qualquer coisa a que se propuser. Acredite!Sorriso largo, lanço um beijo:
Bom dia, doidinha!
Alda M S Santos
HÁ RECEITAS?
Para estar de bem com a vida
Não há receitas, não há tutoriais.
Cada pessoa exige ingredientes diferentes
O “ponto” de cada massa é diverso
O tempo que se leva para “assar” é variável
Mas há ingredientes que são unanimidade:
Boas companhias, um lugar agradável e Deus.
Alda M S Santos
VOOS DE AMOR
Sentir-se amado é um prazer indescritível. Qualquer de nós sabe a sensação maravilhosa que é sentir-se cuidado e protegido pelo outro.
Sentimentos expressos num olhar que acaricia a alma, num abraço um pouco mais demorado que protege, num beijo que aquece o coração, num toque simples que diz “estou aqui”, em palavras que regam nossa emoção de satisfação.
Porém, amar o semelhante é grandioso! Ter esses atos de carinho para com o outro é inenarrável. O prazer de doar é maior e maravilhoso!
Contudo, o amor completo é aquele que goza da reciprocidade, cujas asas são completas. Só assim voar é possível. Uma asa só torna o amor fixo, não alça voos.
O amor do Pai muitas vezes é de uma asa só. Ele nos ama incondicionalmente e, tantas vezes, não retribuímos, ignoramos.
Ele se declara em cada ato de doação e proteção todo o tempo: “Ninguém te ama como Eu! Olhe pra cruz, essa é a Minha grande prova, ninguém te ama como Eu!
Quando descobrirmos a grandiosidade do voo de um amor completo, especialmente com Deus, seremos verdadeiramente felizes!
Bom diaaa!
Alda M S Santos
ESPELHOS DA ALMA
Não existe nada mais cativante no ser humano que os olhos. Sem querer desfazer de um corpo bonito, um rosto de traços harmônicos, um coração bondoso, uma mente inteligente, uma alma elevada.
E não estou falando de sua anatomia, de sua beleza estética, formatos e cores. Refiro-me à sua capacidade expressiva. Não há olhos que mentem! Há olhos que tentam disfarçar, e isso já é expressivo.
Há olhares curiosos, alegres, que querem tudo perceber, sem se fixar. Deixam-nos à vontade. Há os distraídos, que observam aleatoriamente e se detêm apenas quando convém. São seletivos e nos pegam desprevenidos. Há ainda os atentos, sensíveis, que parecem invadir, tudo captam: pequenos detalhes, diferentes sentimentos, qualquer humor…
Se encontrarmos olhares atentos, fugir deles é impossível. Eles perceberão qualquer emoção que estiver ali. Não saberão a razão, mas reconhecerão a emoção, aquela disfarçada pelo sorriso ou forçada pelas lágrimas.
Notarão a ansiedade, a preocupação, a culpa, a tristeza, o medo, a decepção, a afobação… São olhos com uma camada de nebulosidade. Por vezes, úmidos.
Perceberão a alegria, a euforia, o prazer, a satisfação, a vitória. São olhos com brilho intenso, cores vivas, transparentes.
Captarão em alguns olhares a censura, a inveja, a raiva, a crítica, a cobrança, a avaliação, o julgamento. São olhares com ar de superioridade. Olham por cima.
Sentirão olhares carregados de desejo, admiração, atração, paixão. São olhos quentes, brilhantes, agitados, pidões.
Serão atraídos por olhares de compaixão, amor, carinho, solidariedade… São olhares doces, tranquilos, pacíficos.
Espelhos da alma, ou não, eles refletem o que se passa em nosso interior. Os dos homens costumam ser mais expressivos, talvez por serem mais focais. Os das mulheres costumam ser mais perceptivos, por serem mais periféricos. As crianças os têm claros, transparentes e cristalinos. É natural delas, não escolhem. São maravilhosos e cheios de expectativas. Os idosos já não querem mais esconder nada, seus olhos são quase tão expressivos quanto os das crianças. Por eles, deixam extravasar a emoção dos anos vividos. Sabem que não adianta esconder. Mergulhar nos olhos de um idoso é entender sua história: rica, bonita, carregada de alegrias, tristezas, frustraçōes e culpas. É como ler um livro.
E, entre crianças e idosos, estão os adultos que “aprenderam” a disfarçá-los. E vão vivendo acreditando enganar a todos sobre o que sentem. Até conseguem, muitas vezes, mas não os olhares atentos e sensíveis.
Mas o mais bonito e emocionante da vida é quando olhares perceptivos e expressivos se encontram em uma via dupla. Olhares atentos de ambos os lados se percebem, trocam sentimentos, energias, desejos, amor, carinho, amizade, paz, sonhos, esperança, tudo sem ser necessário trocar uma palavra sequer. Se olham, se entendem, se aproximam, se abraçam. Aqueles que dizemos que “o santo bateu”. Na verdade, os olhares bateram! As almas se encantaram.
Enfim, todos os olhares são lindos, em todos os olhares há uma poesia a ser lida, uma vida a ser descoberta. Olhar nos olhos não é para qualquer um. Olho no olho é para quem tem coragem!
Alda M S Santos
SER MADUROS
A contagem do tempo é uma só, mas ele não se passa da mesma forma para todos. Há pessoas que se detêm nos pequenos prazeres, as que correm atrás de grandes gozos, e ainda aquelas que ficam atoladas na lama dos problemas e momentos difíceis.
Todos temos os três: pequenos e grandes prazeres e atribulações. O que nos difere, nos faz crescer, amadurecer e aparentar que carregamos uma carga mais leve é o tempo que dedicamos a cada um deles.
Maturidade não é idade cronológica, mas quase sempre coincide com ela. O tempo, cedo ou tarde, nos mostra que sempre saímos de uma situação, boa ou ruim. Se está bom, mergulhemos de cabeça, se está ruim, vamos prender a respiração e aguardar a onda passar. Se apertar, basta acessar nosso estoque de emoções que veremos por quantas já passamos.
Quando tudo parecer difícil cercar-nos de pessoas “luz”, crianças, natureza, bichos, esses seres sinceros, quase sempre traz paz. Outros preferem músicas, livros, filmes, jogos ou recolhimento.
Além do mais, nossa habilidade de escolher caminhos menos atribulados também se aprimora. Ser “verde” é bom, mas ser maduro pode ser excelente se soubermos extrair da maturidade o que ela, quase sempre, traz de melhor: a sabedoria.
Vamos lá?
Alda M S Santos
APENAS UM LUGAR
Se nos fosse perguntado onde seríamos mais felizes, em Paris ou em Belo Horizonte? Numa praia paradisíaca ou no clube do bairro? Numa mansão no Belvedere ou numa casinha num subúrbio?
O que responderíamos?
Eu devolveria a pergunta: com quem?
Nada contra Paris, praias paradisíacas ou mansões.
Mas todas elas perderiam metade da beleza e encanto se eu não estivesse cercada pelas pessoas certas.
Sem demagogia! Pensemos em nosso dia-a-dia ou em passeios já realizados! Os que mais nos alegraram foram aqueles cujas companhias eram encantadoras, que nos davam prazer com seu sorriso, bom humor, amor e carinho.
Determinados lugares, sempre lindos e prazerosos, perdem boa parte do encanto quando perdemos aqueles que ali nos acompanhavam.
Felizmente, qualquer lugar pode se tornar “o lugar” quando estamos com as companhias certas: aquelas que amamos e são razões de nossas alegrias.
Vamos escolher os acompanhantes. O lugar, seja qual for, se tornará “o lugar”!
Alda M S Santos
MEU FUTURO É HOJE!
Que a gente se prepare para a alfabetização, mas não deixe de brincar de roda.
Que a gente se prepare para o vestibular, mas não deixe de curtir os segredos entre amigos, os beijos roubados e hormônios fervilhantes!
Que a gente se prepare para o casamento, mas saiba aproveitar as deliciosas loucuras do namoro.
Que a gente se prepare para um bom emprego, mas que faça com amor o trabalho que nos couber.
Que a gente se prepare para constituir uma família, mas que não a perca se preparando.
Que a gente se prepare para a aposentadoria, sabendo usufruir de tudo que foi conquistado até aqui.
Que a gente se prepare para a velhice, vivendo…intensamente!
Sabendo ser jovem!
Assim nos preparamos para a eternidade!
O risco de uma vida de preparação é sempre se preparar…para algo que pode não vir.
E se esquecer de viver…
Preparemo-nos para o futuro, um futuro certo:
Preparemo-nos para hoje!
Alda M S Santos
QUERO OS DEDOS E OS ANÉIS
Tantas vezes fomos treinados na técnica da compensação, da conformação, da aceitação.
Não sou tão competente, mas sou responsável.
Não tenho o emprego dos sonhos, mas conformo-me com o que consegui.
Não tenho inteligência bastante, nem adianta estudar, fico assim mesmo.
Não tenho quem amo, mas aceito aquele que me ama.
Não sou feliz, mas vivo alguns momentos felizes.
Tudo bem! Todos nós precisamos saber lidar com as frustrações. Muitas vezes não teremos tudo que queremos. Nossas vontades não são soberanas.
Porém, aceitar o imutável é uma coisa, nem tentar mudar é outra.
Precisamos buscar, lutar, acreditar naquilo que queremos, que nos fará mais felizes, nos tornará um ser humano melhor. E aceitar ajuda é parte do processo. Deus não nos fez solitários!
O risco de quem se conforma com a falta dos “anéis” é culpar quem os conseguiu e tornar-se amargo.
Façamos assim: se os “anéis” foram perdidos, devemos valorizar os “dedos” que ficaram, sim, mas buscar, na medida do possível, novos anéis, e não apenas se conformar com sua falta.
Deus nos criou para sermos felizes. Buscar o que pode proporcionar tal felicidade é parte do processo, portanto:
Eu quero os dedos e os anéis! E é atrás deles que eu vou!
Alda M S Santos
ELE PODERIA ESTAR ENTRE NÓS
Seríamos capazes de identificar um herói, um gênio, uma grande personalidade, até mesmo alguém especial entre nós?
Depois dos caminhos trilhados, fatos transcorridos, tramas esclarecidas, desfechos revelados, tudo torna-se claro, compreensível.
Porém, no momento em que a história está sendo construída, quantos de nós temos esse discernimento?
Quantas vezes algumas personalidades importantes em variadas áreas, admiradas e ovacionadas pelo mundo todo, não foram e não são reconhecidas entre os seus?
Como se precisássemos de um aval externo a dizer “vejam como fulano revolucionou a medicina, a educação, a política, a literatura, a arte, a fé”!
Isso aconteceu até mesmo com Jesus, “Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra”.(Marcos 6,4).
Necessário é que estejamos atentos. Retirar a venda dos olhos, aguçar o olhar, o coração. Pertinho de nós pode estar “crescendo” alguém que irá revolucionar o mundo, independente da área de atuação. Podemos contribuir, podemos usufruir.
Se Jesus nascesse novamente entre nós, ou se aparecesse no nosso meio, convivesse conosco, seríamos capazes de identificá-Lo? Em sua simplicidade? Aceitaríamos se Ele se destacasse? Teríamos que ver para crer?
O quanto de preconceito com o que, ou quem, é diferente de nós ou se destaca, há ainda em nós?
Sejamos sinceros!
Alda M S Santos
CAMINHOS DIFÍCEIS
Há dias em que tudo parece mais difícil. A estrada mais longa, caminhos mais sinuosos, sol escaldante a minar a resistência. O objetivo torna-se longe e quase inalcançável. Oásis? Só na imaginação.
Nesses momentos, vale olhar para o caminho já percorrido. Veremos as curvas em que quase caímos, o sono nas subidas íngremes, as pernas bambas nas descidas derrapantes, mas, sobretudo, lembraremos claramente dos momentos em que ultrapassamos os obstáculos e das pessoas que nos ajudaram quando seguimos em frente.
Olhando de fora, como um observador casual, conseguiremos ver as dificuldades, mas, principalmente, apesar dos momentos em que não acreditávamos, ver as vitórias. Deus estava lá. Deus está aqui. Vencemos outrora, venceremos novamente!
Não esperemos um caminho tranquilo e florido todo o tempo. Estando preparados para as intempéries, superaremos mais facilmente cada obstáculo. E com a experiência adquirida, poderemos até ousar curtir a paisagem e os caminhantes, prováveis oásis, desse caminho.
Boa caminhada!
Alda M S Santos
MEU CORAÇÃO NÃO É MEU
Meu coração muitas vezes pulsa forte
Vibrante, feliz, transbordante, inflado.
Tão cheio de amor e sempre espaçoso.
Meu coração às vezes pulsa fraco,
Dolorido, sofrido, sangrando!
Parece não caber nem o ar que necessito.
Tantas vezes vibra por amores de uma vida inteira, parceiros de alegrias e tristezas…
Noutras se enternece e sofre por amores fraternos.
Aqueles que Deus nos envia para receber acalento.
Ou para nos dar mais alento…
Missão cumprida,
Ou ficam, ou se vão…
Nossos corações são instrumentos poderosos nas mãos do Senhor!
Utilizados para gerar compaixão, produzir vida.
Nossos corações são de amores diferentes, não de amores exclusivos!
Nossos corações são daqueles que deles necessitam.
Assim, canto com Pe Zezinho:
“Toma, Senhor, que ele é teu, meu coração não é meu”!
A Ti o confio, em Ti ele está bem cuidado!
Alda M S Santos
ONDE BUSCAR A PAZ
Não adianta transitar dos lugares
Mais simples aos mais requintados
Em busca de paz, em busca de Deus,
Se não olharmos pra dentro de nós mesmos,
para o irmão tão próximo que sofre.
No olhar dos nossos semelhantes,
no fundo do nosso coração dolorido ou compadecido
Está Deus, está a paz.
Vamos remexê-lo.
Alda M S Santos
QUANDO O AMOR NÃO É O BASTANTE
Quando vemos tantas pessoas que amam e, ainda assim, sofrem, podemos chegar a uma difícil conclusão: o amor é supervalorizado.
Vejamos uma mãe que luta dia após dia por um filho dependente químico, que o ama, acredita, investe, recomeça incansavelmente e, ainda assim, ele retorna ao vício, maltrata-a, maltrata-se. O amor dela se mantém, porém, nem sempre alcança seu objetivo.
O amor de um filho pelos pais que o ignoram, que não assumiram a função tão sublime recebida de Deus, deixando-os crescer à própria sorte. Mesmo assim, tantos filhos tentam, pelo amor, tirar os pais de vidas desregradas e infelizes.
Uma esposa que, independente dos adjetivos que receba de todos, insiste no amor ao marido que em nada a dignifica, que trai, que ofende física e psicologicamente, que não a completa, ou em nada ajuda relacionado aos filhos, ao lar ou à família.
Uma pessoa que trabalhe num asilo, que dedique seus dias a dar amor, atenção, carinho, e só vê simples rasgos de brilho naqueles olhos cansados e nebulosos pela tristeza do abandono.
Finalmente, talvez o maior de todos, alguém que ame outro alguém, romanticamente, e espera que esse amor seja o bastante para fazê-los estar juntos, porém, não é o que acontece. Muitas vezes não há reciprocidade, noutras há empecilhos diversos que impedem a aproximação. Tantas vezes o momento não é o adequado, ou a distância, a saúde, as famílias, o trabalho…
Certo é que o que mais vemos, até mais que amores plenos, são amores frustrados. Será que isso acontece porque supervalorizamos o amor, ou porque esperamos que ele faça milagres?
Avaliando essas situações chego a três conclusões.
Primeiro, o amor não poderia resolver tudo sozinho. Não salva um filho das drogas, os pais da infelicidade, os idosos do abandono, a esposa amargurada ou os amantes frustrados.
Segundo, o amor faz, sim, muitos milagres. O filho drogado, os pais desregrados, os idosos abandonados, os amantes, todos estariam muito piores se não fosse o amor que recebem, sentem ou distribuem.
E terceiro, quem recebe amor é privilegiado, mas quem é capaz de senti-lo ou doá-lo é quem sai no lucro, verdadeiramente. Pode até não obter grandes resultados, pois depende de vários sentimentos que estão no outro, dos quais não tem controle, mas impede que a situação do outro seja ainda pior.
Há também muitos que se salvaram com o amor recebido; pais, filhos, cônjuges, idosos, amantes. O amor é incansável!
Jesus sempre pregou o amor acima de tudo. Sempre sofreu e deu o máximo do amor por nós: Sua Vida.
O amor que se doa sempre retorna em dobro. Coração que ama está sempre cheio, vivo, vibrante, ainda que seja de lágrimas ou saudades.
Supervalorizar o amor pode parecer ingênuo, porém, subestimar sua força e seu poder certamente não é muito inteligente!
Alda M S Santos
Mais no meu blog http://www.vidaintensavida.wordpress.com
MUDANDO O/OU PARA O INTERIOR?
Cada dia que passa as pessoas têm procurado mais a vida no campo. Uns querem apenas desfrutar de suas belezas e conforto, por um fim de semana ou férias. Outras, querem voltar às origens, retornar ao passado que ficou lá atrás e, após um tempo, volta com tudo, especialmente após os 40 anos. Há também aquelas que nunca tiveram experiência com a vida rural, e se encantam ao primeiro contato.
Outro dia, numa sala de espera de um consultório médico, dois senhores conversavam sobre isso. Um dizia que o médico tinha recomendado procurar uma vida mais calma para afastar o estresse. O outro sugeriu que comprasse um sítio, ao que ele respondeu que não se acostumaria àquele silêncio todo e à vida dura de trabalhos braçais.
Daí surgiu todo um relato da nova vida que passou a levar após um infarto. Passou a viver num sítio, cujos familiares se opuseram veementemente. Acharam que era mania de velho, visto que nunca tinha demonstrado interesses pela área rural. Acabaram por ceder, visando preservar a saúde do patriarca da família. Compraram um sítio não muito longe da cidade. Todos os dias, esposa e filhos dirigiam 50km para ir para o trabalho.
Reclamaram muito no início, mas se acostumaram. Sentiram falta das regalias da cidade no início: pizzarias, cinemas, celulares, internet, shoppings… Mas acabaram por se encantar pela pureza do ar, as cores dos jardins, o contato com a terra, a horta, as árvores frutíferas, os animais que passaram a criar, o rio.
A família ia e voltava todos os dias. Não acreditava que quisessem ficar lá para sempre. Quanto a ele, não abria mão daquela vida. Gostava de acordar cedo, ver o sol nascer, alimentar seus bichos e cuidar de suas plantas. Quem diria que teria forças para usar a enxada? Gostava das caminhadas nas trilhas de terra, de sentar-se à beira do rio, ouvir os pássaros, cochilar à tarde, ouvir música em seu mp3 velho… Sentia prazer nas mínimas coisas. Num bate-papo com os poucos vizinhos que encontrava quando ia ao pequeno comércio na região, nas leituras prediletas, no violão que gostava de tocar à noite… Voltou a escrever poemas, hábito da juventude, abandonado pelos atropelos da vida.
Só ia à cidade para realizar consultas periódicas com o cardiologista. Logo o médico o chamou. Despediu-se do amigo e foi recebido pelo médico com carinho. “Estou precisando ir para o campo também! Que saúde, vigor e alegria você demonstra”! O outro senhor atendeu ao celular, ficou vermelho e concluiu: “Preciso mesmo dar um novo rumo à minha vida”!
Saí de lá pensando no privilégio que é poder ter as duas opções: o campo e a cidade. Mas o fundamental é desacelerar, adquirir hábitos mais simples, menos consumismo, adquirir paz interior. O campo, com suas dificuldades geográficas e de consumo, pode aumentar os problemas se não mudarmos nosso interior “urbano” e estressado. Mudar nosso interior antes de nos mudarmos para o interior.
Alda M S Santos
Observando o corre-corre da vida diária, seja na rua, na família, no trabalho, nos jornais ou na TV, ninguém seria capaz de negar o quanto as desigualdades são inúmeras. Vemos pessoas diferentes: altas, baixas, gordas, magras, brancas ou negras, entre outras. Possuem em comum o fato de serem seres humanos. Isso deveria, a princípio, dar a elas as mesmas condições de evolução física, psicológica, espiritual ou material. Na prática não é o que acontece. O que determina que algumas pessoas tenham mais habilidades, dons e capacidade de conquistas que outras? Veio em seu DNA? Recebeu de Deus? Foi desenvolvido?
Se veio no DNA, não escolhemos. Se recebemos de Deus, qual seria o critério por Ele utilizado para fazer tal distribuição, considerando-O um Deus de amor? Se é desenvolvido pelas pessoas, seria a partir de que base?
Sabemos que, via de regra, as pessoas com saúde física e mental, espiritualizadas e com algumas conquistas emocionais e materiais são mais felizes. Enfrentam com mais recursos as adversidades que se apresentam. Delas poderia ser “cobrada” uma atitude mais positiva perante a vida.
Mas, e aquelas que desde o nascimento já são acometidas pelos problemas: miséria física, material, emocional, espiritual? Vêm de um lar onde reina a pobreza extrema, em todos os aspectos da vida humana? Falta-lhes alimento para o corpo e para a alma. Seria justo que se cobrasse delas, com o mesmo rigor, a mesma evolução das demais?
Há aqueles que acreditam que somos um mesmo espírito vivendo em vários corpos, várias vidas, e que estaríamos, de acordo com a evolução de cada um, resgatando dívidas passadas, daí viriam as diferenças. Cada religião explicaria de uma forma diferente as desigualdades. Certo é que quem professa uma fé, conforma-se melhor com a própria situação e é até feliz.
Religiões à parte, o que temos pra lidar são as desigualdades que batem às nossas portas, invadem nossas casas, corpos e mentes de todas as maneiras. Independente de qual seja a causa das diferenças, podemos minimizá-las. Seja qual for a situação em que nos encontremos, sempre haverá alguém melhor ou pior que nós, que tem mais ou que tem menos, que pode mais ou que pode menos.
Cabe a nós, então, manter os olhos em trânsito: lá na frente, para crescermos sempre, lá atrás, para oferecer a mão a quem tem menos.
Se a humanidade que nos faz uma espécie única não for o bastante para ajudar, usando de tudo que possuímos, material, mental ou espiritual, que independente de religião, possamos nos lembrar que: ” A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido”.(Lucas, 12-48)
Que possamos crescer em nossa humanidade, sempre.
Alda M S Santos
Basta sair de casa e rodar poucos quilômetros para no primeiro semáforo observá-los. O sinal fecha, os carros param, e eles vêm correndo. Colocam no retrovisor do carro uma tira de 5 paçocas. “Vai uma paçoquinha aí, moça? Só R$2,50.” O olhar tímido, às vezes desafiador. Não passa de oito anos. Pequeno, magro, expressão sofrida para uma criança. Em poucos segundos volta rapidamente recolhendo o dinheiro da venda, ou as paçocas, e sai correndo antes que o sinal abra.
Pouco à frente, no próximo semáforo, tempo mais longo, vem um senhor lentamente. Pipocas e garrafas d’água nas mãos. Cabeça branca, andar arrastado, não sei precisar a idade, talvez 70, semblante sério, carregado. Chega e oferece seus produtos. Sorri ao ouvir as músicas da década de 70 que ouço. O olhar carrega-se de saudade. “Bons tempos”, ele diz. Concordo e completo, “está sempre aqui”. “Sim, desde que me aposentei, pouco dinheiro, filhos desempregados, família grande, netos. É preciso ajudar.” Despede-se e vai pro próximo carro.
Sigo meu caminho para o trabalho ouvindo minhas músicas e refletindo. Que mundo é esse em que crianças que deveriam estar na escola ou jogando bola na rua estão vendendo paçocas no sinal? Que mundo é esse em que um senhor de 70 anos, aposentado que já fez tanto pela sociedade, que poderia estar lendo para os netos, brincando de cavalinho, curtindo um sítio, ainda se dispõe a ser ambulante de semáforos nas ruas quentes e barulhentas?
Que futuro estamos promovendo para nossas crianças? Que descanso estamos permitindo aos nossos velhos? Ao olharmos esses dois extremos devemos cuidar para o desânimo não tomar conta de nós. O senhor da pipoca pode ter sido um garoto da paçoca! Há alternativas? O que podemos fazer para que ao menos o garoto da paçoca torne-se, daqui a alguns anos, o senhor que estará lendo para os netos, brincando de cavalinho e cultivando flores num sítio?
Decido-me a continuar fazendo com amor e dedicação a parte que me cabe. A educação ainda é o melhor caminho, nossa melhor chance. Assim, vou ainda mais animada receber meus pequenos alunos. E que Deus nos abençoe!
Alda M S Santos
Eu amo: Uma expressão tão bonita, mas tão indevidamente utilizada que tem se tornado sem sentido, descartável, desvalorizada. Tornou-se corriqueira, trivial. Eu amo dormir, amo viajar, amo pizza, amo ginástica, amo vinho, amo dançar, amo Denzel Washington e amo você! Será que poderíamos colocá-los assim, no mesmo grau de importância?
Para mim, coisas e situações a gente gosta. Pessoas a gente ama. E não são todas também não. Algumas a gente apenas gosta, aprecia, outras nem isso, são indiferentes ou até desgostamos.
Nesse caso não sei se Denzel Washington seria pessoa ou coisa!
Já parou para pensar a quantas pessoas poderíamos verdadeiramente dizer “eu amo você”? Confesso, já disse que amo, quando deveria dizer que gosto, para coisas, tipo amo aquele livro ou filme. Mas nunca disse que amo para uma pessoa sem verdadeiramente amá-la.
Como saber se realmente amamos alguém? Claro, tem aquelas máximas: quando ela está sempre no nosso pensamento, viver sem ela é um tormento, a distância machuca e a presença torna tudo brilhante, queremos contar tudo pra ela, precisamos que nos conte sobre si, necessitamos fazer parte de sua vida, a urgência de tocar e ser tocado é grande… Esse “amor” mais passional, que quase todos conhecem, pode até nem ser amor, só o tempo é capaz de dizer.
Às pessoas que eu amo, sempre tenho necessidade de dizer que amo, mesmo que não consiga! Apenas um bate-papo, um encontro, um alô, sempre têm que terminar com um “eu te amo”, “Deus te abençoe”, “se cuida”. Se isso não for feito, fica faltando algo. A elas desejamos o melhor, lutamos por sua vida, caminhamos juntos. São aquelas que nos despertam sorrisos facilmente, sentimos aquele bem-estar só de estar em sua presença. Mas também são as capazes de provocar as dores mais profundas, de nos arrancar lágrimas. Quando o mal as atinge é como se atingisse a nós mesmos. Quando nos magoam, dói, sofremos. E fazemos por elas coisas inimagináveis.
Esse, de certa forma, é um amor condicionado à reciprocidade. É preciso retorno para se manter. Pode haver entre pessoas próximas ou distantes, mas precisa de alimento.
Há ainda o amor soberano, o amor incondicional, aquele que não espera nada em troca, nem perfeição, nem reciprocidade. Aquele que Jesus tem por nós. O amor que nos permite dar a vida pelo outro. Literalmente, morrer no lugar do outro, se preciso for, ou não, apenas dando tudo que temos de melhor.
Nós, humanos, somos capazes de sentir tal amor? Se o verdadeiro amor fosse apenas esse, a quantas pessoas poderíamos dizer realmente, sem exageros, “amo você”?
Independente disso, somos humanos, falhos, e o amor que somos capazes de sentir não deve ser escondido ou aprisionado. Se sentimos que amamos de verdade, devemos dizê-lo.
Ah, e Denzel Washington é uma pessoa que gosto!
A vocês que eu amo, certamente sabem, pois digo sempre: eu amo vocês!
E você, já disse a alguém hoje “eu amo você”?
Alda M S Santos
Onde pulsa o nosso coração? Muitos diriam do lado esquerdo do peito, outro tanto acredita que bate no corpo inteiro.
Acredito que ele pulse fora do peito, fora de nós. Óbvio, com uma conexão dentro de nós.
Sem o estímulo externo ele é apenas um órgão que bombeia o sangue para executar as dezenas de tarefas sob sua responsabilidade.
Mas o que dá a ele o pulsar da emoção é o que vem de fora. Pensemos no quanto ele “trabalha” quando está sob tensão. Quando estamos sob o “domínio” da paixão é quando ele mais pulsa. Além da paixão sensual, talvez a mais desnorteada, incontrolável e que gera prazer, há também a paixão pelo trabalho, que gera lucros e satisfação, pela família, que gera união e harmonia, por um projeto novo que gera sucesso, pela tristeza do irmão, que gera compaixão e solidariedade, pela vida, que gera amor e alegria, por Deus, que gera força e fé.
Sendo assim, nosso coração pulsa na pessoa pela qual estamos apaixonados, no trabalho que executamos, na família a qual nos dedicamos, no irmão que nos compadece, em Deus que nos fortalece, e por aí vai.
Coração preso dentro do peito até bate, mas não pulsa com a emoção que gera vida. Coração dentro do peito é coração vazio.
Coração ativo vive fora do peito, fora de nós. Está naqueles que amamos. Esfola-se, machuca, sangra, dói…
Recupera-se e recomeça.
O meu coração pulsa por aí. Onde pulsa o seu coração?
Alda M S Santos