ESPERANÇA
Esperança: motiva ou paralisa?
Instiga, encoraja, estimula, impele
Ou abate, esmorece, deprime, limita?
Dizem que é a última que morre.
Esgotadas as possibilidades, ela morre?
Ou quando morre, mata também as possibilidades?
Tudo vai depender dos aliados que a esperança amealha.
Ela sozinha é paralisante, único foco, coloca viseiras
Nada mais permite que se veja ou faça.
Mas se ela se une à força, à determinação,
A uma razão equilibrada com o coração,
Tem muitas chances de ser estimulante,
E levar à conquista do objetivo.
Esperança é inerente aos seres humanos de qualquer idade.
Uma pessoa sem esperanças é uma pessoa sem sonhos…
Uma pessoa sem sonhos…
É uma pessoa sem vida!
Alda M S Santos
CAUSANDO
Causar, abafar, abalar, agitar!
Entre tantas novas ondas,
Que vão e que vêm, que fazem barulho, que se esvaem,
Prefiro ser aquela água fresca que chega devagar
Refresca e deixa-se absorver pela areia
E, sem qualquer estardalhaço, unem-se
Como dois amantes,
Tornando a paisagem mais linda!
Alda M S Santos
PERDIDO
Se há muito busca encontrar-se
Refazer-se, tornar-se de novo inteiro
E de tantas partes
Encontrou apenas algumas
Busque-se em sua última morada
Junto à escova de dente, perfume, roupas íntimas
E alguns utensílios dispensáveis esquecidos,
Pode ter deixado algo mais valioso
Que reconstitua seu quebra-cabeça particular.
Se lá houver mais partes que cá,
Mude-se de vez para lá.
Alda M S Santos
LIBERDADE
Busco a liberdade que almejo
Esse bem raro e precioso
Na simplicidade que me cerca
Deitar numa rede ou numa relva
Olhar para o céu e deixar-me levar
Soltar a mente, permiti-la voar junto àquele gavião
Viajar nos versos ternos de um poema
Ou na história triste de uma prosa.
Janelas do carro abertas, música invadindo tudo, vento nos cabelos
Pisar fundo e sentir que poderia voar pra bem longe, sem destino
Correr, dançar, soltar tudo que puder e quiser no papel
Embrenhar-me numa mata, respirar fundo, cheiro de mato
Cor de mato, sons do mato, encanto do mato…
Banhar-me lentamente num rio caudaloso, numa cachoeira, ou num chuveiro quentinho
Meus pensamentos e eu…
Encostar a cabeça nos joelhos, fechar os olhos e sonhar…
Nosso maior ato de liberdade permitido.
Que ninguém jamais poderá nos tirar…
Alda M S Santos
NOSSA FÉ
A nossa religião ou a fé que professamos não se discutem.
Tampouco a ausência dela. Não é disso que quero tratar.
Haja vista que as maiores guerras e massacres no mundo
Foram ou estão relacionadas às disputas e crenças religiosas.
Denominam “guerra santa” ou dizem defender a palavra de Deus
Como se Deus tivesse deixado o 11o mandamento: destruirmos uns aos outros em Seu nome.
Mas há algo que não se pode negar
Quem professa uma fé, uma religião
Independente de qual seja
Enfrenta melhor as adversidades, os problemas, os revezes da vida.
Acreditam em algo superior a eles,
Creem que alguém olha por todos
Que os ama e os orienta acima de tudo.
Outro ponto crucial: têm bondade na alma, solidariedade.
Se não se considerarem superiores aos outros
Ou se colocarem como juízes dos pecadores
Costumam ser pessoas especiais e essenciais em nossas vidas.
Mas os melhores de todos não são aqueles que vivem dentro das igrejas
São aqueles que são igreja, trazem-na dentro de si
E a levam a todos que precisarem.
Alda M S Santos
QUANTO VALE?
Quanto vale um olhar, não apenas um passar de olhos
Mas um olhar demorado e carinhoso
Que atravessa nossa íris e vê o que trazemos por dentro?
Quanto vale uma palavra sincera, amiga, doce, ou mesmo firme?
Quanto vale o silêncio compreensivo na hora certa?
Quanto vale o dar-se as mãos, quentes, seguras,
Que transmitem segurança?
Quanto vale uma mensagem, um telefonema,
Apenas um oi, tudo bem, como vai você?
Quanto vale um pensamento, uma lembrança boa,
Uma saudade, uma oração?
Quanto vale um sorriso largo, com os olhos, com o coração?
Quanto vale um abraço, daqueles que nos tocam o corpo todo
E, sem palavras, nos tocam a alma?
Vale simplesmente a nossa paz.
Essa não encontramos em nós,
Encontramos naqueles que nos são preciosos.
Que possamos todos encontrá-la!
Paz a todos!
Alda M S Santos
O QUE CRESCE?
Tudo, tudo mesmo nasce pequenininho. Começa com uma semente, uma raiz, galhos, folhas, frutos…
Até virar uma frondosa árvore, linda, desejada ou não, difícil de conter.
Às vezes nasce o que não plantamos, mas para crescer é preciso regar, adubar, cuidar.
É assim com plantas benéficas, mas com as daninhas também.
Não é diferente com as situações, com os sentimentos, nossas vivências.
Aquela depressão começa com uma tristeza, aquela doença com uma febre, aquela apatia com uma simples preguiça, aquela raiva com uma mera implicância, aquela aversão com uma pequena antipatia, aquela amizade com uma atenção, aquela desconfiança com um leve ciúme ou insegurança, aquele amor com um carinho desinteressado.
É preciso que estejamos atentos para regar, adubar e alimentar em nós somente o que queremos que cresça, tenhas fortes raízes, troncos firmes, lindas flores, frutos saborosos…
Depois da árvore frondosa, cultivar é fácil, cortar torna-se muito mais complicado. Arrancá-la causa danos ao terreno, ao seu entorno, a outras árvores e seres viventes, e sempre deixa marcas insuperáveis.
Cuidemos do que andamos cultivando em nós!
Alda M S Santos
POESIA
“Não gosto de poesia”, já ouvi pessoas afirmarem.
Como podem, me pergunto?
Não apreciar poemas posso até entender. Envolve compreensão linguística, interpretação textual, gosto literário.
Mas não gostar de poesia?
A poesia está ao nosso redor, na criação divina. Está na beleza e perfume das flores, no barulho do mar, na força de uma cachoeira, na natureza como um todo, nos animais, na vida.
Existem pessoas que são poesia! Exalam versos no sorriso, no andar, no jeito de ser, ainda que em silêncio!
Há poesia na confiança e espontaneidade de uma criança.
Há poesia no sorriso cansado, resignado, feliz de um idoso.
Há poesia num coração apaixonado, numa alma entregue.
Há poesia numa mãe que amamenta.
Há poesia num trabalho bem feito.
Há poesia numa alma caridosa e compadecida.
Há poesia em toda criatura que se dispõe a honrar seu Criador distribuindo amor por onde passa!
Para apreciar, ver, sentir ou ser poesia basta haver sensibilidade.
E isso, qualquer um pode ter.
Alda M S Santos
NOSSA LUZ
Nossos olhos captam tudo à nossa volta. Todos temos capacidade para enxergar de tudo.
Alguns de nós focam e percebem mais o lado escuro, triste, amargo de tudo que nos cerca.
Outros, mais seletivos, passam pela tristeza e nebulosidade para enxergar o brilho, as cores, a alegria.
Como não deveria deixar de ser, esses são mais felizes que aqueles, pois entram em sintonia com o que veem.
Já aqueles, atraem para si o nebuloso, o negativo e têm mais dificuldade para interagir com a luz.
Cuidemos de onde repousam nossos olhos. Eles são o canal que levam beleza e encantamento à nossa alma.
Alda M S Santos