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poemas e reflexões da vida cotidiana

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autoproteção

Da minha janela

DA MINHA JANELA

Da minha janela para fora vejo um quadro bonito

Harmonia das cores, dos tons, dos sons

Verdes e marrons, amarelos e vermelhos, azuis e roxos que se completam

Tudo se mistura, tudo tem seu lugar

Sem perder a beleza da unidade ou o encanto do todo

Latidos, piados, cantos, balidos

Sem disputas, há espaço para todos, sintonia total

Da minha janela para dentro vejo um ateliê confuso

Cores misturadas, pincéis jogados, tons e sons dissonantes, viola desafinada

Alegrias e tristezas, dúvidas e certezas se debatem

Vermelhos e azuis, brancos e pretos, rosas e alaranjados disputando espaço

Sorrisos, lágrimas, diálogos e silêncios “interagindo”

Ora o branco pacífico, ora o vermelho flamejante

Reflexões e decepções, alegrias e amores tomam o espaço: o meu espaço interior

Tentando encaixar o que recebo de fora, as “contribuições” externas

Mesmo que pareçam peças avulsas, cores difíceis, desarmônicas

Ali realizo a minha obra diária

Na tela branca de minha alma pinto meu quadro multicor

A arte linda, difícil e nem sempre compreendida

A arte da existência …

Alda M S Santos

Quando…

QUANDO…

Quando alguém chegar, bater à sua porta, peça para se identificar

Exija um crachá, um cartão, um uniforme, um ingresso, um convite, uma credencial

Isso previne que você abra o portão para um ladrão

Além do documento oficial que pouco diz

Observe atentamente o olhar, que muito expressa, a “bagagem” que carrega nas costas

As expressões faciais que traduzem o que vai dentro

Deixe entrar no quintal, na varanda, aos poucos, ou dispense

Mas antes de adentrar sua casa você precisa saber:

Quem é esse alguém que se apresenta e chega assim tão perto?

Qual seu histórico de vida, seu Curriculum Vitae pessoal?

Que pode trazer de verdadeiramente bom para sua vida,

Que você pode contribuir para a vida dele?

Aceite a interação, ajude, permita-se ser ajudado

Mas, evite danos, seja guardião de seus tesouros

Internos e externos…

Independente da “casa” que possua!

“Na sociedade há muitas pessoas que colocam trancas nas portas,

Mas não têm proteção emocional”. (Augusto Cury)

Alda M S Santos

Enigmas

ENIGMAS

Sou feita de barulhos e de silêncios

Ora sou um, ora sou outro

Ambos necessários em mim…

Há quem goste dos barulhos

Há quem prefira os silêncios

Há quem não compreenda nem um, nem outro

Há quem desperte barulhos intensos

Há quem provoque silêncios profundos, tranquilos ou dolorosos

Há quem não saiba lidar com nenhum dos dois

Há quem consiga fazer a travessia de um para o outro

Sou feita de contrários, de antagonismos

E nessa luta frenética em mim

Vou desvendando meus enigmas

Tornando-me mais eu…

Alda M S Santos

Onde eu possa ser mais eu

ONDE EU POSSA SER MAIS EU

A casa mais receptiva do mundo não é a mais luxuosa ou bem localizada

Mas aquela que me permite sentar no sofá ou no chão

Andar de saltos ou descalça

Descabelada ou bem penteada, com ou sem maquiagem

Sorrir, chorar, cantar ou gargalhar sem receios

Onde eu possa ser mais eu…

As vestes mais cobiçadas e mais lindas que existem

Não são aquelas de marca nobre ou tecidos caros, modelos sensuais

Mas aquele vestido leve, de tecido simples, colorido e rodado que me faça leve e bela

Onde eu me sinta mais eu…

O passeio mais divertido do mundo não é aquele realizado em lugares de luxo

Mas o que nos leva a um lugar simples, natural e belo e haja conexão entre corpo, mente e alma

Onde eu possa ser mais eu…

A companhia mais desejada do universo

Não é a daquela pessoa famosa e importante, forte e bela, rica ou poderosa

Mas aquela que se alegra com minhas singularidades

Que possa sorver minhas lágrimas, despertar meus sorrisos, incentivar meu crescimento

Aquecer meu coração, irrigar minha alma, aceitar-me assim, imperfeita, amar-me e deixar-se amar

Onde eu possa ser mais eu…

Alda M S Santos

Rachaduras

RACHADURAS

Somos feitos de gretas, falhas, rachaduras, frestas

Pelas gretas é que entram os amores, desavisadamente

Num momento de distração ou fragilidade, tomam posse

E são a liga que une o que há de melhor em nós ao outro

Mantendo-nos estáveis, mesmo sob constantes balanços

Pelas rachaduras é que saem as decepções, amarguradamente

Quando estão nos sufocando buscam ar, aos goles, aos borbotões

E deixam extravasar os excessos, permitindo novo respirar, sobrevivência

Pelas frestas podemos antecipar maremotos e nos preparar

Essas falhas em nossa rocha permitem a água passar sem grandes danos

Tapar nossas gretas e rachaduras não é muito sábio

Uma estrutura sem gretas, sem rachaduras, sem frestas, sem “falhas”

Que permitam que nosso prédio interno se ajeite, se estabilize, se reorganize, dilate

Nos balanços das grandes tempestades

Pode ruir, implodir, explodir, desmoronar…

Alda M S Santos

Em casa

EM CASA

Sinto-me em casa quando posso ser quem sou

Sem constrangimentos, andar descalça, descabelada, ou não

Nua em pelo, de corpo e alma

Ou num moletom desbotado e nada sexy

Sem temer julgamentos ou represálias, sem falsos pudores

Com a certeza de ser aceita como sou

Dizer tudo que aprouver, ouvir sem resistência, com prazer

Ou silenciar, sem causar lacunas desagradáveis

Usar aquele baby-doll confortável que mais parece um abraço

Aqueles chinelos gastos como as memórias

Ouvir e cantar a música preferida bem desafinada, não importa

Esparramar na rede, ler um bom livro,

Entregar-me às boas memórias, às saudades, aos sonhos

Assistir um filme no sofá com um pote grande de pipoca

Ouvindo a chuva cantarolar feliz no telhado

Numa sintonia perfeita com minha alma

Aceitação total de quem sou, sem amargar culpas

Aceitando as pedras que aparecerem como oportunidade de superação

Sem ferir ou machucar ninguém, ajudando, se possível

Sabendo que Alguém lá em cima me ama e olha por mim

Isso é estar em casa!

Qualquer lugar ou pessoa que nos faça ser ou sentir diferente disso

São, no máximo, tolerados…

Estar em casa é um estado de espírito de graça

De simplicidade, harmonia e paz…

Alda M S Santos

Medo de não ter medo

MEDO DE NÃO TER MEDO

Sentir medo é uma sensação desagradável

Hormônios liberados como a adrenalina causam mal estar e ansiedade

Medo de perder pessoas amadas

Medo de ser roubado, invadido

Medo de perder a saúde

Medo de não se sentir amado ou querido

Medo de fazer mal aos outros

Medo de não se encantar perante a beleza da natureza ou um ato de bondade

Medo de não amar, não sentir saudade

Não se sensibilizar perante os sofrimentos alheios

Medo de perder a fé em Deus

São muitos os medos que podem nos assolar…

Mas, mesmo desagradáveis,

Meu pior medo é o de não sentir qualquer medo

Seria sinal de que nada tenho de valioso a perder

Indiferença perante a vida

Esse sim é um medo perigoso

Isso seria quase morrer…

Alda M S Santos

Viver não é fácil

VIVER NÃO É FÁCIL!

Maior que a satisfação de ficarmos e nos fazermos bem

É a responsabilidade de fazermos felizes aqueles que caminham conosco

Que dividem o mesmo espaço conosco nessa dimensão

Quer sejam filhos, pais, irmãos, cônjuge, amigos…

Viver é mais do que cuidar de nossa própria felicidade

É estar atento para não descuidar da vida daqueles que nos foram confiados

E cuja felicidade está diretamente ligada a nós

Somos responsáveis por nossos atos

E, de certa forma, pelos atos que viermos a despertar nos outros: bons ou ruins, leves ou pesados

Vidas se entrelaçam e se interdependem

Viver é, além de buscar pela nossa felicidade,

Cuidar para não bagunçar a felicidade dos outros,

Se possível, fazendo felizes aqueles que de nós se aproximarem

Quem foi que disse que viver é fácil?

Alda M S Santos

Volta por cima

VOLTA POR CIMA

“Levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”

Tão necessário nas trilhas da vida

Lema dos vencedores!

Nas grandes quedas, aquelas das quais não conseguimos levantar tão rapidamente

Todo cuidado é pouco para não derrubar mais ninguém

Além de quem já foi derrubado e de nós mesmos

Se uma volta por cima implicar em jogar poeira nos olhos dos outros

Ou lançar alguém para a “volta de baixo”

O melhor mesmo é ficar dignamente onde está…

Alda M S Santos

Embaladas a vácuo

EMBALADAS A VÁCUO

É sabido que as pessoas são diferentes

Consequentemente, lidam de modo diferente com ganhos e perdas

Mas queria entender como algumas pessoas

Conseguem parecer embaladas a vácuo

Parecem isoladas do mundo externo,

Quase nada as atinge,

Superam, esquecem qualquer coisa facilmente

Mesma postura, mesmo perfil

Passe uma brisa ou um furacão

Amor ou desamor, alegria ou decepção

Sucesso ou fracasso, vida ou morte

Nada muda para elas!

Como máquinas, acolhem ou descartam “dados” sem danos

E seguem…

Não é inveja ou despeito,

Nem que eu queira ser exatamente assim!

É para saber como “pegar” ao menos um pouquinho disso!

Alda M S Santos

Arte de viver

ARTE DE VIVER

A arte de bem viver consiste em estar preparado

Para perder tudo o que se tem

Mas acreditar que isso não irá acontecer…

Estar preparado para viver sem o que se tem

Sem, contudo, deixar de ser o que se é!

Equilíbrio entre o temido e o improvável,

Entre o desejado e o possível…

Alda M S Santos

Catapulta

CATAPULTA

Não é preciso nem um extremo nem outro

Não preciso sorrir todo o tempo, tampouco chorar

Posso ter energia bastante para lutar

Mas posso querer hibernar por uns tempos

A alegria pode ser rara, a tristeza também

Mas não preciso nem um extremo e nem outro

Não quero viver na zona de confronto todo o tempo

Mas a zona de conforto também não é satisfatória

O amor não necessita ser daqueles de contos de fadas

Mas também não precisa ser de conto policial

Não preciso nem um extremo e nem outro

O trabalho pode ser intenso e prazeroso

Mas a inércia também pode fazer parte, ser necessária

Ou posso optar por deixar-me levar pela letargia

Vez ou outra preciso me desligar de tudo

Antes que tudo se desligue de mim

Não é preciso nem um extremo nem outro

Mas se chegar a qualquer dos extremos

Que eu possa me encontrar em qualquer um deles

E ser catapultada de volta ao prumo!

Alda M S Santos

Aprendendo a viver

APRENDENDO A VIVER

Quantas vezes é preciso cair para aprender a ficar de pé?

Quantas vezes precisamos passar pelo escuro para valorizar a luz?

Quantas vezes passaremos pela mesma pedra no caminho até aprender a dela desviar?

Quantas vezes cometeremos o mesmo erro até evitá-lo?

O cachorro chega devagar o focinho num canto onde foi sapecado por lagarta e se afasta veloz

Um bebê olha ressabiado para a tomada em que levou um choque

Quantas vezes precisamos passar por algo para entender?

Deus disse que deve-se perdoar 70 vezes 7

Supõe-se que se erre o mesmo tanto

Mas não precisa ser necessariamente o mesmo erro!

Isso se chama autoproteção, maturidade, experiência!

Nem é preciso muita racionalidade ou inteligência, apenas instinto, medo!

E assim a vida segue…

Deus tirando as pedras, a gente sendo atraído por elas

Entre erros, acertos, cuidado e proteção

Da gente mesmo, dos outros…

Vamos aprendendo a viver!

Alda M S Santos

Somos uma fraude?

SOMOS UMA FRAUDE?

Quantas vezes nos decepcionamos nessa vida

Com os outros, conosco mesmos?

Aquelas vezes em que a realidade é cruel

Diante do que esperamos dos outros ou de nós…

Quando esperamos coragem e nos acovardamos,

Quando esperamos audácia e fraquejamos,

Quando esperamos alegria e entristecemos,

Quando esperamos parceria e não encontramos,

Quando esperamos força e sucumbimos,

Quando queremos colo e ele nos falta,

Quando esperamos fé e a montanha não se move…

Somos uma fraude? Para os outros, para nós mesmos?

Talvez sejamos como crianças grandes emburradas porque perderam o doce…

Ou somos apenas seres humanos errantes e temerários

Em busca de aprendizado, evolução e amor?

Somos uma fraude quando mais precisam de nós?

Somos uma fraude quando mais precisamos de nós?

Alda M S Santos

Na Chuva

NA CHUVA

Posso vê-la andando ali, devagar

Deixando a chuva cair, molhar tudo

Olha para cima, deixa a chuva molhar seu rosto, se entrega

Senta-se num banco na calçada

Tudo está fechado, é tarde

Coloca uma bolsa a seu lado, abraça a si mesma

Um ou outro transeunte em seu guarda-chuva passa e a olha displicente

Carros esporádicos espirram água para todos os lados

Um cachorro parece se compadecer e para a seu lado

Faz um carinho em sua cabeça, abraça-o

Ambos ficam ali por um bom tempo

Logo ele se vai atrás de uma cadelinha

Ela olha para cima, abre os braços

E se deixa lavar por inteiro.

Enfim, levanta e segue seu caminho lentamente

Ela faz parte daquela madrugada chuvosa, fria e triste

Olha para cima, me vê, percebe-se fora

E volta para dentro de mim

Juntas vamos para casa…

Alda M S Santos

Foto Google imagens

Meu Sol me abandonou

MEU SOL ME ABANDONOU

Meu Sol hoje não me acordou

Não me chamou carinhosamente para a vida

Não me mostrou a beleza que há lá fora

Não me garantiu que essa dor passará

Que essa parte do caminho é válida

Não admirou meu sorriso ou secou minhas lágrimas

Não me convidou a passear no jardim

Não sinto seu calor a me aquecer lentamente

Não vejo seus raios dourados

Não percebo sua energia brotando dentro de mim

E ainda ontem se punha tão lindo em meu horizonte

E irradiava de manhã num maravilhoso alvorecer interno

Não quero me levantar enquanto não senti-lo!

Quero o escuro debaixo de meus cobertores

A segurança de minha cama

O apoio de meus travesseiros

Se não vejo cores, não sinto o calor

Não percebo a beleza, fico aqui

Até que ele possa me acordar de novo todas as manhãs

Abrir as janelas de minha alma

Ou que consiga me mostrar

Que a nebulosidade e a chuva

E a vida em cinza

Também podem ser vida…

Alda M S Santos

Onde me encontro?

ONDE ME ENCONTRO?

Não importa onde eu esteja

Quer seja em casa, na rua, na academia, numa festa

Na visita a amigos, a um asilo ou hospital, na igreja,

Em alto mar, num voo internacional, num trem

No meio do mato, no lombo de um cavalo,

Posso estar onde estiver, com quem estiver

Independente de todos os caminhos que percorra

Só vou me encontrar dentro de mim mesma.

E esse caminho só eu posso traçar

Só eu posso percorrer

Seja qual for o “transporte”,

Passando por atalhos ou não,

Regada a sorrisos ou lágrimas,

Sozinha ou acompanhada,

Só eu posso me encontrar,

E somente depois, talvez me encontre dentro de outro alguém…

Alda M S Santos

Blindagem

BLINDAGEM

Blindar, revestir de armadura 

Usar couraça visível ou invisível

Visando proteger a si mesmo

Dos “torpedos” que vêm de fora 

Daquilo que é considerado negativo 

Ou além das próprias forças.

Autoproteção!

Via perigosa, mão dupla

Todo cuidado e atenção são poucos!

Blindagem deve ser muito bem escolhida,

Ela deve proteger, porém não pode

Impedir a entrada do positivo, 

Reduzir a capacidade vital,

Ou não deixar sair o que machuca.

A autoproteção errada também pode matar, ferir

Fechar o olhar e o coração para o belo

Zerar a capacidade de encanto 

Ou deixar sérias cicatrizes e sequelas.

Alda M S Santos

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