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Marqueteiros do amor

MARQUETEIROS DO AMOR

Deixe-se contagiar, não se vacine

Não feche as portas do coração

Distribua “quentinhas”, abraços, remédios

Faça arte, cante, dance, pinte, doe carinho

Espalhe esperança num mundo melhor

Baixe a guarda, deixe-se atingir

Abra sua alma, deixe esse “vírus” do bem te pegar

Ele te imuniza contra tristeza

Afasta a angústia e desesperança

Abastece suas reservas emocionais de alegria

Cria uma barreira bem visível contra o mal

Há muitos vírus do ódio e da indiferença por aí

Assim como também há vírus do amor e da esperança

Apenas o mal é mais divulgado, mais propagado

Seu merchandising tem sido melhor

Pulverize o bem, contagie alguém

Seja marqueteiro do amor

Amor é contagiante!

Alda M S Santos

#carinhologos

E as lágrimas secaram…

E AS LÁGRIMAS SECARAM…

Sentada num canto ela dizia que já sofreu demais

Tanto chorou, e chorou, que hoje,

Por maior que fosse a dor, não tinha o alívio das lágrimas

Secaram todas, afirmava

Décadas e décadas vividas, evidenciadas em cada ruga

No corpo frágil que parecia muito leve

Para carregar tamanho peso…

Que será que carrega a pesar tanto?

Algo que fez, que deixou de fazer, ou permitiu que fizessem consigo?

Males que causou aos outros, a si mesma, arrependimentos,

Sonhos que não viveu, impediu que outros vivessem

Caminhos que não trilhou, portas que arrombou

Lições que não aprendeu ou não ensinou

Ou saudades, alegrias perdidas, não mais vividas?

Observo os mais velhos, e considero a sabedoria da natureza

Ao ir limitando a memória dos idosos

Um modo de poupar energia

E aliviar um pouco o sofrimento daquilo que não tem mais jeito,

Pois lágrimas e sorrisos, ambos podem fazer bem ou mal

Dependendo do modo que se olhe para eles,

E da expectativa que se tenha pela frente…

Alda M S Santos

Toque de amor

TOQUE DE AMOR

Uma geme na cama, dormindo ou acordada

A outra, de frente para o corredor, sempre observa quem se aproxima

A primeira tem feridas nas pernas, artroses múltiplas

A outra, após AVC, não fala mais, não é alfabetizada

Comunica-se com gestos e com o olhar

Há ainda outra que canta e gosta de dançar, apesar das limitações

Todas moram num lar para idosos

São bem cuidadas, medicadas, alimentadas

Uma agradece baixinho, reduzindo os gemidos,

O abraço, o beijo, o carinho que recebe

A outra fala de amor com os olhos

Recebe e retribui os abraços

Devolve os carinhos no rosto delicadamente

Todos lá não só gostam do toque, do carinho, da atenção

Mas precisam dele para viver

Só notamos verdadeiramente a falta que o calor humano faz

Quando nos defrontamos com quem mais carece dele …

O toque carinhoso de outra pessoa

É o que nos faz sentir humanos, vivos…

Alda M S Santos

#carinhologos

O bem e o mal

O BEM E O MAL

O mal pode ser contagioso,

mas o bem também pode

Vence aquele que for melhor propagado!

Alda M S Santos

#carinhologos 💖

Mas que amor ô ô ô ô ô ô

MAS QUE AMOR Ô Ô Ô Ô Ô Ô

Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô

Mas que amor ô ô ô ô ô ô

Dançam pra lá e pra cá

Cantam, sorriem, se divertem

Idosos que tentam ignorar limitações

Aceitam carinho, atenção, amor

Na lembrança de uma marchinha de carnaval

As comportas se rompem

Jorram outras memórias feito água nas pedras de uma cachoeira

Que inundam a alma de alegria

E se espalham feito confete e serpentina

Atravessaram o deserto do Saara, ops, da vida

Queimaram-se e estão aqui

Sempre em busca de um oásis

Do qual amamos participar

Sendo e buscando a água limpa nesse extenso deserto

Que muitas vezes se tornam nossas vidas

E matamos a sede…

Alda M S Santos

#carinhologos

Passando o tempo

PASSANDO O TEMPO

– Vem cá, amiguinha, senta aqui do meu lado!

– Que lindos coloridos!

– Estou com saudades de você! Venha ver!

Não é uma escola, tampouco um ateliê.

É um lar para idosos…

Ele vive num quarto com outros três companheiros.

Fala das dificuldades de locomoção dos outros.

Ocupa-se fazendo seus coloridos em desenhos diversos.

Possui um kit de lápis de cor e livros de colorir “para passar o tempo”.

“As pessoas gostam e eu dou, não vendo não!”-diz orgulhoso

Num caderno em branco, pede para eu fazer um desenho para ele.

-Não demore a voltar. Vou colorir esse para você!

Os caminhos que percorreram até chegar ali são muitos!

As histórias se resumem a amor, dor, arrependimentos, resignação, esperanças e saudades…

O que precisam de todos nós não é tanto: carinho e atenção.

Que não os deixemos na mão!

Alda M S Santos

Tá triste?

TÁ TRISTE?

Tristeza que ameniza com um abraço desinteressado

Numa manhã com eles, aprendendo como se faz um bom queijo

Amenizando conflitos “infantis”

Acalmando uma lindeza que queria dar chinelada na cuidadora que furou seu bumbum

Batendo um bom papo, rindo, dando atenção

Oferecendo e recebendo carinho

E ouvindo aquela idosa que diz que abraço de outra mulher dá choque dizer:

“Pode abraçar, você está cheirosa, e seu abraço não me dá choque”

Riu muito quando respondi: “será que estou virando homem”?

“Então tire esse vestido bonito”!

Eles me fazem muito bem!

Qualquer tristeza ameniza ao estar com gente que precisa da gente…

Alda M S Santos

Alma livre

ALMA LIVRE

Ela é uma poetisa que hoje mora num lar de idosos

Extremamente educada, delicada e gentil

Idade já avançada, mente alerta, olhar “invasor“, observador

Como só os poetas de alma podem ser

Ela me olhava conversar com um idoso de longe sentada em sua cadeira

Apoiada no andador, o corpo não mais acompanha a agilidade da mente e dos sentimentos

Olhava por cima dos óculos todos os demais em roda

Interagindo com a música como podiam

Cantando, dançando, ouvindo, fazendo parte…

Cheguei até ela, fiz um carinho do qual fui correspondida

Perguntei pelos poemas, se ainda escrevia aquelas preciosidades que já declamou para nós outras vezes

“Ah, não! Não tenho mais cabeça e memória para isso, faltam palavras”

“Mas para escrever poemas não precisa memória, precisa sensibilidade e sentimentos que a senhora tem de sobra ”- retruquei

Ela deu um lindo sorriso, fez-me um carinho no rosto

“Que linda e gentil você é! Estava vendo como era atenciosa com aquele senhor.”

“Ele é uma ‘peça’, gosta de conversar. Falava das filhas”- completei

“Mas não são todos que têm paciência com ele! E seu blog, ainda escreve?”

Essa foi a pergunta de quem disse não ter a mente boa…

Falei sobre o blog pra ela há tempos…

Uma alma delicada de poeta naquele corpo frágil, num lar para idosos

Será que se sente presa ali, no próprio corpo, naquele lar, ou a alma é livre?

Não tive coragem de perguntar, mas acho que ela percebeu o que eu sentia/temia

Sorriu e me beijou o rosto, agradeceu a presença

Não tem como não pensarmos no nosso próprio futuro…

Cada Carinhólogo certamente se faz essa pergunta!

Alda M S Santos

#carinhologos

Fazendo troça

FAZENDO TROÇA

“Em pé sem cair, sentada sem dormir”

Assim ela me responde fazendo troça

Quando pergunto se está tudo bem

Não sabe onde foi parar a juventude

Deve estar presa em cada marca vincada no rosto

Nos cabelos brancos, na boca pintada,

Na vaidade feminina que nunca acaba

Num sorriso sapeca ao dizer que abraço de outra mulher dá choque

Ou ao concordar que o antídoto teria que ser um abraço masculino

Numa vida entre tantos outros idosos naquele lar

Afazeres limitados pela condição física, mental ou financeira

Afinidades com alguns, desavenças com outros

Ainda conseguem sorrir, aceitar carinho

Serem gratos à vida…

Alda M S Santos

#carinhologos

Amor por amor

AMOR POR AMOR

Quer multiplicar o amor?

Reparta! Compartilhe!

Coração cheio de amor

É, paradoxalmente, coração leve, arejado

Repleto de alegria e prazer

Em paz…

Alda M S Santos

#carinhologossolidarios

#carinhologos

Linguagem do amor

LINGUAGEM DO AMOR

O amor tem uma linguagem única, especial, original

Independente do tipo de amor…

Pode ser o vocabulário, o toque, uma canção, uma brincadeira, um olhar, um abraço diferente

E que será resgatado e reconhecido quando as palavras ou um dos outros faltarem

Sempre chamo as idosas do asilo de “amor da minha vida”

Faço carinho nos cabelos, beijo a testa, canto, “gasto”, como diz uma delas

Tenho, como os outros, um jeito só meu de demonstrar o amor

Uma das idosas de 92 anos que adorava cantar conosco

Alegre, brincalhona, receptiva aos carinhos

Sofreu AVC e perdeu a comunicação verbal, parecendo pouco interagir

Estava chorosa, mas sorriu com carinhos e canções conhecidos, respondeu com o corpo, reconheceu-nos

Percebemos cada dia mais que há muitas maneiras de expressar o amor

Eles sentem isso, nós sentimos isso!

Nós aprendemos e usamos a rica linguagem do amor!

Alda M S Santos

#carinhologos

#carinhologossolidarios

Apenas uma vez

APENAS UMA VEZ

Ele diz categórico, atrás daquela postura encurvada, “apenas uma vez é permitido esse erro”!

O olhar daquele idoso cheio de dignidade era de profundo cansaço naquele ambiente solitário

Gosto de imaginar histórias atrás de olhares, particularmente os nostálgicos

Acabei dando abertura e ele me confidenciou:

“Sou triste, mas tenho alegrias também, pois carrego a culpa de ter destruído nessa vida apenas uma família: a minha”

Falei que a vida é aprendizado mesmo, equilíbrio entre erros e acertos…

“Tive chance de talvez ser novamente feliz, mas não podia carregar o peso de afastar outro pai do convívio com os filhos, como aconteceu comigo e meus filhos”

Era uma pessoa melancólica, mas tinha uma certeza ao vasculhar seus arquivos pessoais

“Deus nos deixa agir errado, se é nossa escolha, mas o mesmo erro Ele só perdoa uma vez”

Era essa convicção que mantinha sua integridade moral

E ao fazer o equilíbrio, o balanço de sua vida

Erros iam sendo amenizados pelos acertos, fazendo a ponte entre perdas e ganhos…

Afirmei que não podemos carregar a responsabilidade da felicidade de todos, tentando animá-lo

E enfatizei que Deus até nos perdoa muitas vezes,

Mas nós mesmos é que, nem sempre, suportamos o peso de nossas culpas

“Nosso céu ou nosso inferno estão aqui dentro, moça bonita”!- diz apontando para a cabeça.

Felicidade que carrega o ônus da infelicidade alheia é muito pesada

E a vida acaba por cobrar o preço…

Alda M S Santos

De tudo um pouco fazemos nosso tudo

DE TUDO UM POUCO FAZEMOS NOSSO TUDO

Um pouco de tudo, de tudo um pouco

Recheamos de amor, sorrisos

Compreensão, abraços, beijos, solidariedade

Troca de calor, de empatia, de lágrimas, doação de amor

Prazer na presença, nas companhias

De pouco em pouco, de muitos poucos,

Amizade embebida de amor, carinho, saudade

Embrulhamos na embalagem do amor e nos fazemos felizes…

Um pouco de tudo, de tudo um pouco

Tornam, assim, parte de nosso tudo…

Alda M S Santos

#carinhologos

#carinhologossolidarios

Autênticos como crianças

AUTÊNTICOS COMO CRIANÇAS

“Oh jardineira por que estás tão triste, mas o que foi que te aconteceu?”

Quanto mais tenho contato com idosos

Mais me convenço que o que somos se mantém

Talvez até se potencialize com a chegada da idade

Excetuando-se mudanças advindas das limitações físicas e de saúde

Ninguém torna-se mais paciente, comunicativo

Amoroso, pacífico, solidário, cristão, festeiro

Porque a idade chegou…

Muitas vezes acontece justamente o contrário

A certa liberalidade que a idade autoriza

Que as rugas validam

Que o andar trôpego confere

Fazem dos idosos pessoas mais autênticas, como crianças

E todos acabamos por admirá-los, dando um “desconto”

Achamos até bonitinho a rabugice e implicância

Ou a alegria e espontaneidade excessivas

Mas seria ingenuidade esperar que um introvertido, quieto, preguiçoso, desconfiado, malicioso, rabugento

Ou o oposto desses, festeiro, animado, alegre, extrovertido, namorador, crédulo

Mudasse da água para o vinho

Virassem “santos” porque passaram para a terceira idade

Acredito em mudanças, crescimento, aprendizado

Particularmente com as lições que a vida dá

Mas essência é algo muito difícil de mudar…

De todo modo, nada disso nos impede de amá-los

E querer fazê-los um pouco mais felizes…

Nós os amamos do jeitinho que são!

“Não fiques triste que esse mundo é todo seu

Tu és muito mais bonita que a camélia que morreu”…

Alda M S Santos

#carinhologos

#carinhologossolidarios

Amores da minha vida

AMORES DA MINHA VIDA

“Que linda, amor da minha vida”!

Assim, arranquei um sorriso da idosa mais rabugentinha do lar dos idosos!

“Amor da minha vida!” – ela repetia e sorria…

Sempre mal- humorada e a espantar quem chegasse perto

Consegui, aos pouquinhos, me aproximar dela

Conversar, trocar umas palavras, fazer uns carinhos…

“Para de me alisar”!

“Não! Eu gosto de fazer carinhos em você”!- e a abraçava e beijava.

“Você fica me gastando”!

Está sempre dizendo que está morta, que foi para o outro lado…

Num lar desses percebemos os vários modos de lidar com a dor e solidão.

Uns são agressivos, outros muito doces e carinhosos

Há ainda aqueles que cobram presença, presentes,

Ou os revoltados com tudo e todos…

Não nos cabe julgar porque estão ali

Sempre conseguimos um modo de chegar até eles!

Nosso propósito é levar amor, carinho, atenção, roupas, alimentos, remédios

O que precisarem e conseguirmos

E um sorriso que recebemos é “pagamento” bastante!

Alda M S Santos

#carinhologos

Nunca me canso!

NUNCA ME CANSO!

Difícil não nos emocionarmos,

Trabalhoso conter as lágrimas algumas vezes

Prazeroso sorrir junto, partilhar amor

Com eles a gente retoma o passado, vislumbra o futuro

Reorganiza o presente, tenta ajeitar a própria vida…

São um dos extremos do viver

Aquele no qual todos esperamos chegar…

Dizem que voltamos a ser crianças…

Pode ser na dependência física e emocional

Mas idosos carregam uma história rica, quase completa

Cheia de muitos percalços, lutas, saudades

Nem sempre feliz…

Mas estarmos juntos nos faz felizes, ainda que por momentos,

A eles e a nós!

E aguardamos ansiosos a próxima visita…

Prazer sem fim!

Alda M S Santos

#carinhologos

Uma mãozinha

UMA MÃOZINHA

Percebemos o quanto o simples gesto de tocar as mãos, o rosto

Pode ser importante e valioso

Quando seguramos as mãos de pessoas carentes

Carentes de atenção, de carinho, de uma simples conversa

Não querem largar nossas mãos, nos soltar

Abrir mão de nossa presença

Fixam nossos olhos, os seus cheios de saudades, lembranças

Contam-nos histórias…

Reais ou imaginárias, ricas em detalhes

Pudessem, nos “prenderiam” ali

Onde, muitas vezes, sentem a vida indo embora aos pouquinhos…

Ainda assim, dizem rezar por nós!

E a gente se sente feliz por fazer parte dessa história

De um capítulo ao qual nossa vida chegará um dia…

Alda M S Santos

#carinhologos

Maldade ou infelicidade

MALDADE OU INFELICIDADE?

As décadas eram muitas, quase dez

E as mãos trabalhavam lentamente numa arte

“Não deu para arrumar isso aqui, mãe”

Um par de olhos úmidos o encarou, questionadora

“Está velho, esgarçado, puído, sabe o que é isso?”

Mais uma vez ela o observou, silenciosa,

Calmamente colando florzinhas na árvore de Natal.

“Está velho, coisa velha a gente joga fora, não compensa arrumar!”

Os olhos dela me encararam com muita tristeza e vergonha

Abaixou a cabeça, resignada e triste, continuando a colar…

Ele, me notando por perto, logo arrematou:

“Claro que é para coisas, não pessoas!”- e foi-se embora

“Depois a gente conversa!”

Mas o estrago já estava feito.

Frase maldosa ou infeliz?

Palavras não foram necessárias para traduzir

O que o olhar dela já havia dito: vergonha e decepção

Estava acostumada àquele tratamento.

O quanto vale nossas vidas?

Haverá mesmo alguém a cuidar de nossos idosos

De nós, quando chegarmos lá,

Com amor e bondade?

Alda M S Santos

Colo(rindo) a alma!

COLO(RINDO) A ALMA

Nunca estamos cansados demais, tristes demais

Para alegrar um alguém, um coração carente

Uma alma já vivida e sofrida

Que, ainda assim, se alegra e agradece

E, ao preencher de cores os desenhos,

Enche de cores sua própria alma

Nos mostrando como lidar com a dor, as angústias, a saudade,

As decepções, a tristeza, o abandono, o desamor, o amor

A fé e a esperança com maestria e bondade

Com um sorriso terno no rosto, um abraço quente

E a alegria de uma boa conversa

Sem qualquer intenção de nos dar lições

Acaba dando mais que recebendo: muito amor

Alda M S Santos

#carinhologos

Doutores do amor

DOUTORES DO AMOR

No mês dos médicos somos “doutores” do amor

Prescrevemos Xarope da Alegria

Aplicamos injeções de ânimo

Auscultamos corações saudosos

Abraçamos corpos cansados

Ouvimos com atenção sonhos e desejos

Sorrimos diante de muitas histórias repetidas

Nos emocionamos diante de histórias de vida,

Histórias de dor, de amor…

E assim vamos escrevendo nossa própria história!

Alda M S Santos

#carinhologos

No mesmo quarto

NO MESMO QUARTO

Basta uma breve, mas atenta observação,

Para perceber que, quase sempre, terminamos como começamos.

Frágeis, delicados, emocionais,

Dependentes dos outros, necessitados de carinho e atenção.

E, muitas vezes, dividindo um quarto cheio de camas:

Numa casa de repouso, num lar para idosos,

Num hospital ou na casa de parentes.

Quem se esqueceu como era o convívio quando criança,

Ou não aprendeu como é viver em grupo,

Tem nova chance para aprender.

Dividir os sonhos, os segredos, as histórias,

Ou os medos debaixo do mesmo cobertor.

Se houver o desejo por uma guerra de travesseiros, que se faça e aproveite! 

Devemos ser gratos por essa nova oportunidade!

Alda M S Santos

Dia dos Vovós

DIA DOS VOVÓS!

Nesse dia dedicado a homenagear os avós, planos de Saúde alertam: a saúde estará em xeque.

Em 2027 haverá um jovem até 18 anos para cada idoso acima de 59 anos na assistência à saúde.

Sem desconsiderar a economia pública ou privada de saúde, preocupo-me mais com a assistência psico/emocional desses idosos.

Nossos jovens estão preparados para lidar com um Brasil que envelhece?

Nossos idosos recebem a paciência, o carinho, a atenção, o amor, necessários a uma velhice saudável?

Mais que ser alimentados, medicados ou colocados para se aquecer ao sol, nossos vovós precisam do calor de nosso amor.

Políticas econômicas de saúde devem ser avaliadas.

Porém, a cultura de um país jovem deve também ser reavaliada! 

Olhemos pelo lado positivo: se haverá um jovem para cada idoso, cada um de nossos velhinhos terá ao menos número suficiente para serem atendidos nessas necessidades.

Cuidemos para que a qualidade se equipare à qualidade! 

Privilegiada, tenho vários vovós para amar. 

Feliz Dia dos Avós! 

Alda M S Santos

Nossas verdades

NOSSAS VERDADES

Vivo feliz só, sei me virar bem.

Não sou desse grupo, não faço parte, estou aqui por opção, não necessidade ou dependência.

Preciso estudar, sem estudo ninguém é nada.

Estou aqui aguardando só Ele me chamar.

Dizem idosas num asilo.

São mesmo verdades aquelas que acreditamos?

Ou apenas autodefesas? 

Quantas delas criamos para nos proteger? 

Quantas verdades não resistem ao primeiro aperto?

Quantas verdades nos “protegem” do amor? 

Quantas “verdades” mostram-se frágeis num simples bate-papo ou momento de carinho? 

Verdades não nos salvam, o amor nos salva! 

Alda M S Santos 

Limitações?

LIMITAÇÕES?

Mãos que sempre trabalharam

Que sempre amaram

Até há bem pouco tempo,

Hoje pouco conseguem.

Mas não é qualquer AVC que as imobiliza.

Orgulhosas apresentam o trabalho com um lindo sorriso: 

“Consigo com a esquerda mesmo, 

Com ajuda da moça bonita”! 

Viva Dom Sebastian!

Alda M S Santos

#carinhologos

Valor

VALOR

Nossa vida passa a ter

Muito mais valor

Quando o sorriso dos outros

Depende dela.
Alda M S Santos

Ovos de Páscoa

OVOS DE PÁSCOA

Dentro da sacola enorme, uma caixa grande

Dentro da caixa, água com açafrão, chá e vinagre,

Mergulhados na água, cascas inteiras de ovos, sem o conteúdo.

Depois de andar 2km, com muito cuidado,

Tudo isso do colo pro chão no metrô lotado.

Ao final, serão ovos coloridos recheados de brigadeiro.

Uma pequena “arte” para alegrar a Páscoa no Lar dos Idosos.

Se interceptada, pode ser acusada de “bruxaria” ou terrorismo…

Imaginar a alegria deles vale qualquer “esforço”.

Alda M S Santos

Apenas um pouquinho de afeto

APENAS UM POUQUINHO DE AFETO
Repetidas vezes pergunta meu nome completo. Eu respondo. E recita o seu.
Sento-me ao seu lado, seguro suas mãos, faço carinho.
E completa: “Nascida a 22 de março de 1922. Tenho 90 e muitos anos.”
“Você sabe quem descobriu o Brasil? Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500.”
“Tem que decorar, senão a professora briga e a mãe bate.”
“Cadê o banheiro? Não posso fazer xixi na calçola. Você me leva?”
“Que dia é hoje? Ah! Amanhã é domingo, dia de Jesus! Gosto de Jesus, nascido em Belém da Judéia, crescido e criado em Nazaré, por isso era chamado de Jesus Nazareno.”
“Aprendi na escola dominical. Ah, domingo é quando meus filhos vêm me ver.”
“Faz muito tempo que não aparecem. Que dia é hoje? A gente não pode obrigar, né?”
“Você é baiana? Chapéu de Maria Bonita. Parece baiana. Eu sou baiana, mas me trouxeram para cá. Mãos macias, eu gosto das suas mãos.”
“Meu marido voltou para lá. Será que levou meus filhos embora também?”
“Você tem mãe? Eu tinha! E tem filhos? Traz seus filhos aqui.”
“Vamos cantar música de louvor? Eu gosto, senão fico brava.”
E ela fala sem parar com poucas interferências minhas, exceto o carinho.
Cantamos Maria de Nazaré. Voz forte. Diz que cantou no coral da igreja. Sabe a música de cabo a rabo.
Levanto-me, sento ao lado de um senhor e começo a conversar com ele.
“Senta aqui! Você estava aqui! Fica perto de mim.”
Ao que ele responde: “Baiana, ela agora é minha, tem que dividir!”
Ela se cala e fica emburrada. Jogo beijos. Faz beicinho.
Deixo uma mão com ele, levanto, vou lá e a aperto.
São crianças brigando por um pouquinho de afeto.
Apenas um pouquinho de amor…
Alda M S Santos

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