QUANTAS ANAS, JOANAS, MARIAS… DA PENHA?

Quantas Anas, Joanas, Marias… Marias da Penha? 
Famosas ou anônimas, presas a uma relação abusiva…
Quantas se culpam, se inferiorizam, se entristecem, se escondem?
Medo de morrer, de ficar só, vergonha em se mostrar frágil…
Temor de ser julgada, culpabilizada, intimidada, exposta.
Mulher acredita que a responsabilidade da relação dar certo é dela.
“Ah, ele gritou porque o deixei nervoso…logo ele melhora.”
“Ele me ama, se importa, é seu jeito de cuidar de mim… A bebida que atrapalha…”
“Não me deixa ir porque diz que sou dele, ciúme é natural, né, só quer me proteger…”
“Controla e vigia tudo, sabe que não se pode confiar em ninguém…tanta gente má!”
“Não me importo em me arrumar para ele, não me custa…”
“A personalidade dele é mais explosiva, não vai mudar… Posso ceder um pouco em nome da família…”
“Ele diz que eu não saberia viver sem ele, dois filhos, ninguém quer mulher com mala…”
E ela tenta salvar uma relação que já morreu de inanição…
Já se afogou em tantas lágrimas amargas, sufocadas!
Filhos não crescem bem entre violentos e violentadas… mas querem fazê-la crer no contrário!
E, assim, muitas Anas, Joanas e Marias, por medo de nem se sabe mais o quê, se matam aos poucos…
Já não se identificam mais nessa  relação, já não sabem quem são!
Por medo de solidão, de recomeçar, vivem total e mascarada submissão!
O sorriso é amarelo, o brilho é falso, a alegria é só coisa de romance…
E, a cada dia mais um grito, uma ameaça,  um empurrão!
O que era vez ou outra é rotineiro, corriqueiro, não há salvação!
A dor se esconde atrás dos hematomas que pintam o corpo…
Que tingem a alma de preto, escondem os olhos nos óculos!
Quando chega à agressão física, a uma denúncia policial, já extrapolou o “natural”.
Muito já foi tolerado ali, bem mais do que se pode imaginar…
Além do que a turma defensora dos bons costumes poderá julgar!
Os Antônios, Pedros, Alexandres, Josés e Manés…
Os homens bons, provedores, defensores da fé! 
Mutilam, roubam, torcem braços, distorcem emoções, inferiorizam, violentam, matam…
Em nome da família, dos filhos, da posse, de um amor doente…
Até quando, gente?

Alda M S Santos
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