QUE EU NÃO PERCA!

Tantas coisas perdidas por aqui e ali
Sem rumo, sem prumo, sem saber aonde ir
Dá vontade de chutar o balde ou rodar a baiana
Mas é bobagem, nada disso nos engana
Se a perda é inevitável, podemos escolher
Ainda que seja o que não perder!

Que eu perca dinheiro, amigos, o ônibus, o juízo
A sombrinha, a carteira, os óculos, o sorriso
Que eu perca a inspiração, a paz, a energia
Mas que mantenha a magia que contagia
E a vontade de trabalhar, de sonhar, recomeçar
E fazer lá dentro meu mundo interior girar

Que eu perca a voz, o canto, o pranto
Mas mantenha em mim um certo encanto
Que eu perca um amor, a ilusão, a vaidade
A saúde, a sanidade ou a melhor idade
Contanto que não me perca de mim mesma
Mantenha aceso o desejo de virar a mesa

Que eu perca roupa, calçado, fé na humanidade
Que está perdida, iludida, envolta em maldade
Mas que eu não perca a capacidade de amar
Aquela vozinha lá dentro sempre a cutucar
Vai mais uma vez, você consegue, vá lutar!
Que eu não perca meu modo de humanizar!

Alda M S Santos