OS TRÊS DA SOBREVIVÊNCIA
Três minutos sem ar
Três dias sem água
Três semanas sem alimento
Essa é a lei dos “Três” da sobrevivência
É o que aguentamos sem perecer
Mas será que isso basta para poder viver?
O que mais é necessário para não apenas sobreviver
E viver com intensidade e alegria
Sendo e fazendo o bem em total harmonia?
Quanto tempo se vive sem companhia
Ou pode-se encontrar na solidão uma sintonia?
Será que suportamos a tirania
De uma vida tensa em seu dia a dia?
Será que dá para suportar bem
Estar sem carinho, sem amor, sem alguém
Há como medir a quantidade de amor
Que cada ser humano precisa para ser calor
Sendo o ar, a água e o alimento
Nessa vida nem sempre a contento?
O que representa nosso ar nesse lugar
Qual nossa água, sempre a nos hidratar
Alimento da alma é tão precioso quanto o pão
Sem ele pode haver vida, mas sem coração…
Quais são seus três da sobrevivência?
Alda M S Santos
(CON)VIVER
Ato ou efeito de viver com o outro
Não perto dele, mas junto com ele
Não apenas no mesmo espaço físico
Mas dentro do outro…
Conviver é interagir, é trocar
É ensinar, é aprender
É gargalhar juntos, chorar mais juntos ainda
É ouvir mesmo quando falta a sintonia
É ser colo quando o outro chora
É ser brisa quanto tudo parece pesado
É encontrar no outro o sorriso quando tudo está sisudo
É rir das próprias bobeiras e fraquezas
É orar juntos, beber juntos
É se perdoar, seguir o caminho mesmo cansado
Passear de mãos dadas, viajar, mesmo “na maionese”
É entender o outro apenas num olhar
É decifrar silêncios, é pedir explicações
É ser carinho e segurança, mesmo na corda bamba
É saber oferecer, mas também saber pedir, aceitar
É poder discordar, debater, brigar, se preciso for
É dormir e acordar lado a lado, é ser prazer, é fazer amor
É ter medos juntos, enfrentar o adversário no mesmo time
É nunca ter medo um do outro
É saber que somos uns para os outros aqui
Os maiores presentes que poderíamos ter recebido
E quando Ele em algum momento nos perguntar
“Que fez dos presentes que te confiei”?
Possamos responder com convicção
“(Con)vivi bem, respeitei, sobretudo, amei”!
Alda M S Santos
NADA POR VIVER
Não quero deixar nada por viver
Tanta gente indo embora tão cedo, deixando muito por fazer
Que aumenta em nós a necessidade de nada deixar por viver
Com o cuidado de, com isso, nada no outro fazer morrer
Parece que há tanto ainda por aprender
Tantos lugares a passear, a conhecer
Muito ainda a doar, a ajudar, a nos compadecer
Tanto amor ainda por fazer…
Não quero deixar nada aqui para viver
Quero brincar mais, sorrir mais, sem reclamar quando doer
Porque tudo isso faz parte do viver
Extraí da vida tudo o que ela oferecia, quero poder dizer
Quero em tudo intensidade, interação, paixão
A vida do outro lado haverá afazeres diferentes, outra distração
Daqui levarei lembranças, emoção, satisfação
E, se Deus quiser, nada deixarei
Além de marcas boas de saudade em cada coração…
Não quero deixar nada por viver…
Alda M S Santos
BRINQUE!
Quando tudo parecer difícil
Não leve a vida tão a sério
Brinque!
Quando tudo estiver sisudo, coberto de nuvens escuras
Seja seu próprio sol
Brinque!
Quando a vida parecer estagnada, sem movimentos
Brinque!
Quando a tristeza quiser tomar conta
Volte a ser criança, balance, gangorre
Brinque!
Quando alguém brincar com você, e não com seus sentimentos
Brinque!
Quando o mundo te fechar a cara
Sorria! Brinque!
E convide-o a brincar com você!
Alda M S Santos
VESTIDA PARA MATAR
Acordou, levantou-se, tirou trajes de dormir, banhou-se
Lavou pensamentos negativos
Deixou ir pelo ralo o medo e a covardia
Esfregou-se com a bucha da coragem e ânimo
Aqueceu sua pele do desejo de amar e vencer
Vestiu o mais lindo sorriso no rosto
Cobriu o corpo da estampa mais leve
Calçou sandálias macias para acompanhar qualquer passo
Maquiou-se com o amor que trazia no peito
Pendurou no pescoço o amuleto da esperança
Perfumou-se de lembranças doces
Encheu a boca de palavras de encorajamento e fé.
Ao vestir-se para matar, percebeu que queria viver,
Na terra, no ar, em jardins, em qualquer lugar…
E queria trazer vida a todos!
Alda M S Santos
MOMENTOS
Consumir, sabiamente, sofregamente,
Cada momento que a vida oferece,
Ou, sem perceber, ser consumido, “devorado” por ela…
Aí reside toda a diferença do bem-viver!
Alda M S Santos
VIVER É BRINCAR
A vida é uma eterna brincadeira de balanço. Ora estamos em cima, ora estamos embaixo.
O prazer, o êxtase do topo só têm significado, porque conhecemos a sensação de, estando embaixo, vivermos a expectativa do alto.
O frio na barriga, o vai e vem, a brisa no rosto, a vista, tudo aumenta a satisfação.
Brincar só é divertido quando o fazemos com e por prazer e, preferencialmente, acompanhados.
Vamos brincar?
Alda M S Santos
CAPAZ DE ME DESPERTAR
Quero um amor que seja capaz de me despertar
Que tenha forças para me tirar da letargia
Não importa que armas use, apenas que funcione.
Quero um amor que seja capaz de me fazer acreditar
Independente dos métodos ou recursos que utilize
Desde que eu passe a crer que posso voar, mesmo sem asas.
Quero um amor que valorize o que sou, sem ilusões
O que me esforço todo o tempo pra ser, ainda que sem sucesso
Que me apoie quando eu errar, dormir chorando ou acordar “azeda”.
Quero um amor que desperte meu sorriso nos momentos mais impróprios
Com cócegas, piadas ou apenas um sorriso tolo de apaixonado,
Mas que, sobretudo, saiba chorar comigo, dar o colo que necessito.
Quero um amor que me acompanhe pelas estradas tempestuosas do viver
E que me carregue ou desvie dos buracos quando eu não vê-los.
Quero um amor que seja capaz de me despertar, aquecer, vibrar
Mas, principalmente, que saiba me fazer acalmar, relaxar,
Adormecer tranquila, sabendo que estará lá quando eu acordar…
Quero um amor que me dê tudo isso
E que seja capaz de receber o mesmo de mim.
Quero um amor assim…
Alda M S Santos
NADANDO CONTRA A CORRENTE
Nadar contra a corrente pode ser trabalhoso, exigir muito, forçar a resistência. Parece ruim. Mas pode ser benéfico.
Nadar a favor da correnteza é deixar-se levar… Se algo nos agrada ou não, concordamos ou discordamos, somos favoráveis ou desfavoráveis, vamos com a corrente, pacíficos ou indiferentes.
Podemos trombar com troncos enormes, afundar, sair levando galhos e folhas grudados, seguir qualquer curso, perder partes pelo caminho, mas vamos com a correnteza.
Nadar contra a corrente é dizer não, parar, voltar quando nos deparamos com um destino que não desejamos, acessórios que dispensamos, obstáculos que gostaríamos de transpor, companhias que nos desagradam, ainda que todos a acompanhem. Podemos afastar quem não gostaríamos, perder partes, esfolar todo, mas manteremos o essencial.
Nadar a favor da correnteza só é válido se não ferir nossa natureza, caso contrário nadaremos contra nossa corrente interna, nossas emoções, nossa alma.
O que é preciso ter em mente é que esse nado vai sempre causar benefícios e danos, contra ou a favor da correnteza. E aqueles que ferem nossa natureza são os mais difíceis de lidar, pois corremos o risco de nos misturarmos demais e não nos identificarmos mais.
Se parecer fácil demais, pode ser que estejamos a favor da correnteza e contra nós mesmos.
Pensemos nisso!
Alda M S Santos
PORQUE ESCOLHI VIVER
Porque escolhi viver nem sempre serei sorrisos.
Viver implica aceitar um pacote de possibilidades.
Tantas vezes é meter a cara onde parecia arriscado.
É pegar o ônibus em movimento.
Acordar cedo, dormir tarde, nem dormir…
É enfrentar humores oscilantes, humanos vacilantes.
É chorar de dor de dente, de dor de amor, sofrer pela dor do outro.
É dormir orando de preocupação ou agradecimento.
É ter dias nublados e outros ensolarados.
É encharcar-se até a alma nas tempestades próprias.
Poderia ter escolhido me recolher, não me envolver, não participar.
Sentar na janela e só observar a paisagem…
Mas eu escolhi viver.
Por isso, sou assim
Multifacetada…
Ora lágrimas, ora sorrisos…
Ora prazer, ora saudade…
Nem sempre sorrisos
Mas quando eles existem…
Sua luz é capaz de gerar brilho por dias…
Porque escolhi viver…
Alda M S Santos