MADRUGADA
É madrugada!
A cidade inteira adormece! Silêncio!
Um cachorro late, outro responde,
Uma motocicleta ronca veloz, meu marido ressona levemente ao meu lado.
Sons do ventilador, do motor da geladeira sendo acionado e interrompido,
Sons do silêncio da madrugada.
E eu aqui, acordada!
Fui despertada por um sonho estranho.
Os barulhos em mim são mais altos que a geladeira, o ventilador, os cães ou motos.
Apreensão, medo, angústia, decepção, arrependimentos, uma tristeza lá no fundo.
Tento relaxar para pegar no sono novamente.
Meu marido parece sentir e me abraça ternamente.
Enumero o que pode ser real do sonho, o que é sinistro, surreal, armadilhas do meu subconsciente.
Revejo as pessoas no meu sonho. Elas são realmente assim? São capazes disso?
Busco o que há de belo, de alegre, de amoroso e de pacífico em minha vida, tento contrapor.
Esse embate dura mais de uma hora. Mente agitada, alma comprimida.
Quando deixo as lágrimas rolarem, desaperto um pouco o coração, converso com Ele, tomo algumas decisões, consigo pegar finalmente no sono.
Acordo com o sol alto e parecendo ter levado uma surra.
À luz do dia nada é tão tenebroso quanto parece!
Felizmente! E a vida continua, feliz.
Alda M S Santos