FUGAS
Fugas muitas vezes são vistas como desistência
Apontadas como covardia, escolha mais fácil
Será mesmo?
Pode-se fugir de medos de escuro, acendendo a luz
Pode-se fugir de traumas à base de calmantes e ansiolíticos
Pode-se fugir de culpas se afogando em álcool ou outras drogas
Pode-se fugir do amor apontando os outros como problemáticos
Pode-se fugir da vida, com intuito de protegê-la
Pode-se fugir da desesperança mergulhando na fé, na religiosidade
Pode-se fugir da dor, evitando viver
Pode-se evitar confrontos fugindo de algumas pessoas, de várias ou de alguma em especial
Pode-se mudar o nome, o rosto, os convívios
Pode-se mudar de país, de sentimentos
Pode-se entupir-se de coisas lindas e valiosas
Pode-se até tentar fugir de si mesmo, ignorando sentimentos
Fingindo que está tudo bem, que tudo é belo
Pode-se fugir de si mesmo usando os mais diferentes subterfúgios
Mas será como crianças pequeninas brincando de esconde-esconde
Tapando apenas o rosto e acreditando que estão protegidas…
Até que ponto esconder de si mesmo é valentia ou covardia
Força ou fragilidade, medo ou coragem?
Não dá para se esconder de si mesmo para sempre…
Pode-se ficar camuflado, nunca escondido
O que se é carrega-se consigo em qualquer fuga,
Para qualquer lugar que se vá
É sempre um caminho longo e doloroso encontrar-se
Mas quando o rosto for destapado
Apesar do susto, dos medos, o sorriso pode aparecer e brilhar
Como na brincadeira de esconde-esconde infantil…
Alda M S Santos
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