CICATRIZES
Sempre tidas como feias, indesejadas, até mesmo repulsivas, as cicatrizes podem despertar vários sentimentos. Tudo vai depender do nosso olhar.
As cicatrizes são o que sobra após a cura de uma ferida que outrora esteve aberta, machucou, sangrou, doeu.
Receptivos, aceitamos os cuidados, carinhos, lavamos, colocamos antissépticos, curativos, pomadas. Aguardamos a cura.
Ela vem lentamente, até sobrar aquela marca mais forte ou uma simples linha tênue.
Posteriormente, olharemos para ela e lembraremos de algo superado.
Por que agimos diferente quando a ferida é no coração, na alma?
Ela machuca, dói, sangra, gera lágrimas, tristeza, decepção, isolamento, até mesmo revolta.
Por que nesses casos, diferentemente da ferida no corpo, nem sempre aceitamos ajuda, queremos resolver sozinhos, forçar e apressar a cura, ou ficamos cutucando a ferida, remoendo, dificultando a cicatrização?
Quando a ferida for na alma, como no corpo, precisamos aguardar a cura vir aos poucos, de dentro para fora. Forçar a cicatrização de fora para dentro a tornará frágil e com risco de reabrir. Ferida reaberta é mais difícil de curar. E deixará uma cicatriz bem maior.
Além disso, é fundamental que aceitemos as “pomadas”, os “curativos”, os “antissépticos” dos amigos. Claro que respeitando nossos limites e necessidade de tempo conosco mesmos.
Sempre é valioso lembrar que feridas e cicatrizes formam-se apenas em quem correu, subiu, caiu, amou, se arriscou, se decepcionou.
Cicatrizes na pele são pequenas marcas…
Cicatrizes da alma são as saudades…
Ambas devem ser vistas como marcas de quem viveu e venceu…
Alda M S Santos
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