MATO-FOLIA
Esse é o bloco
Natureza in loco
A orquestra dos passarinhos
O samba enredo dos bichinhos
Borboletas, joaninhas, jacus,
Macacos, seriemas galinhas d’Angola
Nada nos irrita, nada nos amola
E cada qual escolhe sua folia!
Que seja bom, que haja alegria!
Alda M S Santos
PIERRÔ, ARLEQUIM OU COLOMBINA?
“Pierrô apaixonado que vivia só cantando…”
Vai Carnaval, vem Carnaval
E sempre serão encontrados
Pierrôs apaixonados, cantando ou chorando
Arlequins preguiçosos e malandros
Colombinas encantadoras, confusas e disputadas
Amores e desamores de teor teatral
Cenários tragicômicos, amores frustrados
Uma “peça” a nos pregar peças
Personagens que atravessam a linha do espaço e do tempo
Gênero, cultura, classes sociais
Histórias e releituras da mesma sátira social
O circo, o palhaço, a arte, a plateia
A vida imitando a arte
Ou a arte imitando a vida?
Rótulos quebrados ou reforçados
Amor não é só flor, é cego, é também dor
Palhaço não é só sorrisos ou alegrias
Cantar não imuniza contra qualquer dor
E, com toda certeza, Carnaval ou não
Vez ou outra, em algum momento da vida,
Não estamos a salvo, seremos tomados por um Pierrô, Arlequim ou Colombina
Independente se somos homem ou mulher
Palhaços somos, cantando ou chorando…
Alda M S Santos
QUAL FANTASIA?
Qual fantasia que nos cabe
Fora ou dentro da folia, quem é que sabe?
Máscaras, enfeites, cores e adereços
Há algo que nos satisfaça, qual o preço?
A fantasia que melhor nos veste
Será aquela que nos dê ou nos empreste
Um sonho doce e bom, a vida sonhada
Na avenida, no salão, alma realizada?
Quisera que a folia durasse o ano inteiro
Dentro do coração um alguém festeiro
Para a vida toda uma parceria de Carnaval
Amigos, amores, família, sem máscara afinal
Alda M S Santos
FANTASIA DE CARNAVAL
A julgar pelo tanto que amo dançar
Carnaval deveria ser para mim ótimo lugar
Mas ele não me traz prazer ou alegria
Exceto por poder fugir da confusão
E na natureza encontrar a solução
Ali na mata mato a fome, sacio desejos na poesia
Aquela que me traz paz, harmonia
Coloca-me em contato com meus sonhos
E minhas mais doces fantasias
Alda M S Santos
FANTASIA
E se todo dia fosse Carnaval
E aquela fantasia bela, secreta
Pudesse sair da gaveta, afastar todo mal
E fazer nosso viver sempre especial?
Quem sabe uma deusa, uma fada
Um anjo, uma alma encantada
Pudesse atrair, hipnotizar, enfeitiçar
E nada de bom deixasse passar?
Quem sabe um amor declarado
Sob o intenso luar revelado
Nem precisaria samba ou marchinha
Se nunca por aqui ficasse sozinha
Nesse carnaval, qual sua fantasia?
No dia a dia, qual seu sonho, sua rebeldia?
Alda M S Santos
PIERRÔ, ARLEQUIM OU COLOMBINA?
“Pierrô apaixonado que vivia só cantando…”
Vai Carnaval, vem Carnaval
E sempre serão encontrados
Pierrôs apaixonados, cantando ou chorando
Arlequins preguiçosos e malandros
Colombinas encantadoras, confusas e disputadas
Amores e desamores de teor teatral
Cenários tragicômicos, amores frustrados
Uma “peça” a nos pregar peças
Personagens que atravessam a linha do espaço e do tempo
Gênero, cultura, classes sociais
Histórias e releituras da mesma sátira social
O circo, o palhaço, a arte, a plateia
A vida imitando a arte
Ou a arte imitando a vida?
Rótulos quebrados ou reforçados
Amor não é só flor, é cego, é também dor
Palhaço não é só sorrisos ou alegrias
Cantar não imuniza contra qualquer dor
E, com toda certeza, Carnaval ou não
Vez ou outra, em algum momento da vida,
Não estamos a salvo, seremos tomados por um Pierrô, Arlequim ou Colombina
Independente se somos homem ou mulher
Palhaços somos, cantando ou chorando…
Alda M S Santos
SIM É SIM!
Sim é sim!
No campo, numa cachoeira, numa praia deserta
No sofá, na rede, no tapete da sala diante da TV
Sim é sim!
Gosto do meu carnaval assim
Minha festa da carne, do prazer
É possibilitar paz, descanso, sossego, e tranquilidade
A corpo, mente, alma, coração
Busco a sinfonia dos pássaros
O farfalhar das folhas na copa das árvores sob a brisa ou vento forte
O canto das marés numa praia deserta com a areia fina sob os pés
A rede na varanda, a chuva no telhado
O bom livro sobre a grama macia…
Quero qualquer lugar em que ouça apenas a natureza
Associada à minha natureza
Com quem amo por perto, mesmo que na imaginação
No coração, na oração, sob a divina proteção …
Sim é sim!
Quero uma vida toda de prazeres assim…
Alda M S Santos
ESTÁ CHEGANDO A HORA
É preciso que a gente se divirta
Não precisa ser só no carnaval ou épocas especiais
Bloco nas ruas, bailes nos salões ou escolas de samba na avenida
Nem precisa gostar do tumulto do carnaval
Pode querer se estirar no sofá e assistir um filme
Preferir ir para o mato, deitar na rede, olhar o céu
Ouvir as marchinhas cantadas pelos pássaros
Ou assistir ao desfile das borboletas e beija-flores…
Mas de diversão todos gostam
Aquela que usa o carnaval ou qualquer data festiva
Como mera desculpa para interagir, sorrir, brincar
Tempo para encontrar e socializar com os amigos
Do trabalho, da escola, da igreja, da família
Da academia, do Pilates ou aqueles de tempos idos…
Qualquer um que queira espalhar alegria
Porque de tristeza estamos todos saturados…
Quem se diverte e se alegra com a diversão dos outros
Tem Deus, sim, é mais feliz, mais saudável, vive mais…
Vamos curtir enquanto há tempo
Porque ele passa ligeiro e nos arrasta junto
Tal qual trenzinho nos bailes
“Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai
Está chegando a hora
O dia já vem raiando meu bem
Eu tenho que ir embora…”
Alda M S Santos
NO CONTRAFLUXO
Estradas cheias, acidentes
Corpos e mentes em ebulição, expectativas
Marchinhas, samba, dança, folia, abadás
Fantasias, plumas e paetês
Mata, estrada de terra, bichos, rede na varanda
Fogão à lenha, cachoeira, rios, pássaros a cantar
Uns no fluxo, outros no contrafluxo
Nesse carnaval cada qual
Escolhe o fogo que quer acender…
E que a diversão seja certa!
Alda M S Santos
ACEITA UMA MÁSCARA?
Nós, humanos, temos o dom do aprendizado constante
Nascemos aprendendo e vamos fazê-lo até a derradeira hora
Mesmo os mais turrões.
Eu mesma tenho aprendido muito nos últimos tempos
Nos últimos meses bati meu recorde
Após esse carnaval, então, aprendi a última
Vendo tanta gente retirar as máscaras de foliões
E recolocar as máscaras do dia-a-dia
Esconder-se atrás de máscaras gélidas, sorrisos botox
Percebi o quanto elas são úteis em várias ocasiões
Podem evitar certos desgastes e estresses.
A máscara do sorriso, da satisfação, do “dane-se”
A máscara da simpatia, a máscara da aprovação…
Nunca fui dessas! Só de olhar para mim percebem o que vai lá dentro.
Mas isso traz sofrimento, angústias, tristezas.
Nem sempre estar abertos e de cara lavada nos livra do mal.
É a munição que o inimigo usa contra nós.
Para os jogadores, mostrar todas as cartas não é muito inteligente.
Ao verem meu rosto e minhas palavras viam o baralho inteiro.
Viam!… A partir de hoje usarei algumas máscaras e maquiagens.
Disfarçar alguns sentimentos, bons ou ruins, é autopreservação.
Não se assustem! Provavelmente demorarei a me adaptar a elas.
Só sairei às ruas quando estiver bem “trajada”.
Quem precisa que eu use não notará diferença.
Quem realmente me conhece não será “enganado”.
Estarei “escondida” em meus olhos, em meu sorriso.
Neles não cabe máscara alguma.
Quem se ocupar de olhá-los merecerá a verdade.
Alda M S Santos
BAILE DE MÁSCARAS
O quanto de nosso modo de ser pode ser captado pelo outro?
Tantas máscaras, tantas maquiagens, perucas, fantasias…
Escondem olhares, disfarçam sentimentos, escondem o essencial
Em pleno carnaval é aceitável.
Porém, a quarta-feira de cinzas chega e o desfile de máscaras e fantasias continua.
Para quê? Autoproteção?
Quem consegue ver através de tantas camadas?
Não superficialmente, mas perceber a essência?
Somos sensíveis e observadores o bastante?
E aqueles tão transparentes?
Quantas críticas! Autenticidade é crime!
Pedras e pedras são lançadas!
Críticas, juízos, muitas opiniões!
Quase sempre, o número de pedras nas mãos dos “carrascos” é proporcional às máscaras que usam.
Para mim, carnaval dura quatro dias, se tanto.
Fora isso, cara lavada.
“Pedras? Junto todas. Um dia vou construir um castelo!”, já dizia Fernando Pessoa.
E completo: guardarei as lágrimas também.
Podem ser úteis na construção.
Alda M S Santos