NÃO SEI
Não sei em qual parte do caminho eu estou
Sei que o que vivi já é bem mais do que restou
Quantativa ou qualitativamente
Não dá para saber acertadamente
Sei que por muito já passei, alegrias vivenciei
Trouxe vidas ao mundo, trabalhei, magoei, amei
Já ganhei, perdi, tive momento frustrante
Já fui amada, necessária, importante
Não sei se cumpri o script a mim designado
Se fiz ao menos boa parte do combinado
Ou se ficarei devendo algo para momento mais afortunado
Uma coisa afirmo com toda certeza, eu me entreguei
Sou humana, errei, acertei, desanimei, continuei
Mas em tudo dedicação e amor coloquei, nisso não falhei
Alda M S Santos
LABIRINTO
Nas vias confusas e escuras desse labirinto
Vou tentando seguir, valorizando o que sinto
Atenta a tantas curvas e bifurcações
Que não levam a nada, são tentações
Cuidando para não voltar a caminhos já percorridos
Sabendo de antemão que são sofridos
Em busca de crescimento e sabedoria
Visando não cair na tristeza e melancolia
Olhar para o que vem, para a frente
Para quem está no caminho da gente
Parar, ajudar, ser ajudado
O labirinto fica mais fácil com alguém ao lado
E jamais perder o foco do Alto
A melhor bússola por aqui, isso é fato!
Alda M S Santos
NUBLADO
Se o mundo lá fora está nublado
Se tudo parece meio triste, deixado de lado
Vamos tentando acender cá dentro nosso sol
Não deixando escondido nosso melhor farol
Mexe e remexe buscando algo de bom
Aquela lembrança doce, um cheiro, um tom
Alguma coisa que aqueça nessa friagem
E não nos deixe sentir na desvantagem
Ainda que o desejo seja de não sair da cama
Voltar a dormir, ignorar que a vida chama
Bom lembrar que somos como a lua
Somos feitos de fases, avança e recua
Saber que atrás de toda nebulosidade
Há brilho e cor, há luminosidade
Reacender os ânimos, atiçar a esperança
Brincar sem medos, saber ser criança
Alda M S Santos
NUNCA, NUNCA!
Quisera ter conseguido olhar o mundo de outrora
Com o olhar que consigo obter agora
Será que faria sentido, acertaria, daria muito fora
Ou me cansaria e naquela época teria ido embora?
Um olhar mais terno e paciente
Menos julgador, mais complacente
Caberia cá e lá, não seria meio limitante
Talvez lá fosse preciso algo mais impressionante!
Hoje tudo já tem a paz de algo construído
Ontem foi necessário conquistar, tempo investido
A energia de saber que se tem a vida pela frente
Não é a mesma de ver o tempo decrescente
Do olhar de hoje eu levaria a convicção
De que tudo deve ser feito com emoção
Não guardar mágoa, usar bem a razão
E nunca, nunca deixar de seguir o coração
Alda M S Santos
GENTE QUE NEM PARECE GENTE
Penso que Deus gira o Planeta Terra
Calmamente olha, lamenta e chora
Avalia o que seus filhos aprontam
Norte, sul, leste, oeste,
Em qualquer “esquina”desse globo terrestre
Há desastres, tragédias, dores, guerras
Gritos, lágrimas, morte, cansaço
Há fumaça, bombas, tsunamis, tempestades
Há gente perdida, amiga, inimiga
Gente que mata, que viola direitos
Há tanta gente que nem parece gente!
Mas Ele olha, abençoa, abraça e espera
Acredita que como filhos Dele
Podemos usar a arma que Ele nos ensinou
Para qualquer situação só o amor é a cura, a solução
Ele ainda tem fé nessa gente!
Alda M S Santos
PASSA POR DENTRO
Venha o que vier, estejamos onde estiver
Aconteça o que acontecer
Seja que problema for
A saída sempre passa por dentro
Por dentro de nós mesmos
Se é a saúde que incomoda
A mente que falha
O coração que aperta
O meio de fora que não ajuda
O outro que não corresponde
Não importa
Tudo só se resolve
Quando é absorvido e processado dentro de nós
Colocamos os problemas em nosso divã interior
Silenciamos e buscamos nossa “verdade”
Debatemos conosco mesmos
E chegamos a um bom veredicto
Uma boa saída
Nossos problemas se resolvem
Quando não fugimos deles
Ao contrário, nós os encaramos frente a frente
Sendo honestos e verdadeiros conosco mesmos
Assumindo nossas responsabilidades
Nas causas e nas consequências…
Toda saída tem um atalho
Que passa por dentro de nós!
Alda M S Santos
O ACASO EXISTE?
O acaso é aquele que chega e faz acontecer
Expõe o que estava brincando de esconder
Não importa se te fará feliz ou sofrer
Ele chega e faz bagunça no seu viver
O acaso desnuda almas, clareia emoções
Um jeito de ser, atitudes e sensações
Abre portas, escancara janelas da alma
Confronta palavras e atitudes sem calma
Será mesmo coincidência, um acaso?
Ou não existe nada aqui por acaso
Não importando se é de teor profundo ou raso
Se o acaso quiser mostrar algo
É bom olhar, prestar atenção
Em tudo há que se tirar uma lição
Alda M S Santos
BARREIRAS QUE NOS SALVAM DE NÓS MESMOS
Uma hora são as sombras que turvam a visão
Noutra a claridade excessiva que dificulta o trajeto
Chuvas fortes, granizo, neblina, tempestades
Buracos na via, lama, alagamentos
Um quebra-molas gigante nos obriga a reduzir a velocidade
Um desvio sugerido, convidativo, e insistimos em ignorar
Uma árvore caída que impede quase toda a passagem nos atrasa
Um acidente com alguém interrompe nossa viagem por um tempo
Vários obstáculos no caminho para chamar nossa atenção
Muitas, muitas pedras a transpor
Vários alertas! E ignoramos…
Até que o acidente ocorre conosco mesmos
Forte, doloroso, destruidor
O trilho se parte, o trem descarrilha e ficamos perdidos
Aí somos obrigados a parar, a refletir, a avaliar o que fizemos
Será que é esse mesmo o destino, o melhor caminho?
É preciso recalcular a rota, o veículo utilizado, os companheiros de viagem
Aquele obstáculo no caminho nem sempre é ruim
É apenas algo Superior querendo nos salvar de nós mesmos
De trajetos ruins que não levam a lugar algum
De transporte inadequado, de trilhas defeituosas
De más companhias, do modo de dirigir muito afoito
Das prioridades que temos colocado em nossa viagem
É bom sempre prestar atenção nas estradas, na sinalização
Principalmente nos obstáculos que dificultam de certo modo o seguir
Sentar, ainda que na beira da estrada sem fim
Reavaliar, redirecionar, repensar, recalcular o caminho…
Agradecer tudo de bom, quem nos ama e ora por nós mesmo de longe
Aquelas barreiras que tanto reclamamos
Físicas, mentais ou do coração
Podem ter vindo para salvar não só nossas vidas
Mas várias outras vidas também…
Alda M S Santos
DIAS RUINS?
Há dias que definimos como dias de sol: céu azul, nuvens branquinhas, temperatura agradável.
Normalmente, convidam à alegria, aos sorrisos, amigos, passeios, interação.
Há também os dias nublados, com chuvinha insistente, meio frios.
Convidam ao recolhimento, reflexão, introspecção, cama e edredom.
Mas não é regra!
Com sol ou chuva, independente do tempo lá fora, ele pode estar nublado dentro da gente.
Aquela sensação ruim, nó na garganta, vontade de chorar por tudo e por nada.
Qualquer coisa corriqueira parece chata, desanimadora.
Uma palavra menos dócil ou uma atitude mais compreensiva, de carinho, bastam para abrir as comportas.
Há quem identifique como TPM, uns como conflitos existenciais, outros de apenas um dia ruim.
Seja qual deles for, melhor mesmo é chorar. Lágrima presa afoga, sufoca, envenena, mata.
Uma amiga costumava dizer que, quando tinha vontade, chorava mesmo, e alto, como criança. Só assim se sentia melhor.
Somos feitos de sorrisos e lágrimas. Devemos respeitar nossas necessidades. Ambos têm razão de ser
Busquemos as que possam proporcionar mais sorrisos, mesmo com sombras no olhar.
Alda M S Santos
BARREIRAS EMOCIONAIS
Ao longo de nossas vidas, para nos protegermos dos outros ou de nós mesmos, vamos criando barreiras que cerceiam nossa natureza, nossas emoções, nosso modo de ser.
Alguns de nós mudam tanto que já nem se reconhecem. Somos apenas cópias autenticadas uns dos outros. Originalidade zero. Para agradar a todos, deixamos de ser nós mesmos, nos afastamos de nossa essência.
Existem barreiras e diques que formamos com bases tão fortes, tão resistentes, tão impregnadas que já foram absorvidas, são parte de nossa razão e acabam por estagnar as águas de nossas emoções…
Água parada não tem muita vida. Até parece bela, mas pode putrefar, não se renova, não circula o oxigênio que alimenta a vida que a mantém.
Barreiras e diques são importantes para haver um certo controle emocional, possibilitar nosso crescimento como seres humanos, evitar grandes estragos, mas é preciso manter ativos os vertedouros e abrir um pouco as comportas vez ou outra.
Nossos familiares e amigos mais próximos são essenciais e excelentes vertedouros.
Vamos usá-los! Uma barreira ou dique que se rompe, dependendo do momento, deixa ir embora muita coisa boa.
Alda M S Santos