QUANDO A CIDADE DORME
Quando a cidade dorme tudo está em suspenso
O dia amanhece, mas todos dormem
A vida está parada, o ar está carregado
O mundo parece ter acabado, só eu estou aqui
Lugares sempre intransitáveis pela superlotação
São amedrontadores agora pelo isolamento
Mas quando a cidade dorme, há sempre um lado acordado
Que aos poucos observamos e a mantém funcionando
Aquele que limpa, solitário, o chão, ou que abrirá o portão mais tarde
Que guarda entradas fechadas sem ninguém para entrar
Que mantém acesas as luzes que receberão os que dormem
Aqueles que agem sorrateiros “protegidos” na escuridão da noite
Outros escondidos atrás de olhares que nada veem, nada dizem
Não parecem ser daqui, mente abduzida
Alguns, meio zumbis, perdidos entre o adormecer e o acordar
Na linha tênue que separa o viver do morrer
Quem somos nós quando a cidade dorme?
Que fazemos aqui?
Alda M S Santos