(CON)VIVER
Ato ou efeito de viver com o outro
Não perto dele, mas junto com ele
Não apenas no mesmo espaço físico
Mas dentro do outro…
Conviver é interagir, é trocar
É ensinar, é aprender
É gargalhar juntos, chorar mais juntos ainda
É ouvir mesmo quando falta a sintonia
É ser colo quando o outro chora
É ser brisa quanto tudo parece pesado
É encontrar no outro o sorriso quando tudo está sisudo
É rir das próprias bobeiras e fraquezas
É orar juntos, beber juntos
É se perdoar, seguir o caminho mesmo cansado
Passear de mãos dadas, viajar, mesmo “na maionese”
É entender o outro apenas num olhar
É decifrar silêncios, é pedir explicações
É ser carinho e segurança, mesmo na corda bamba
É saber oferecer, mas também saber pedir, aceitar
É poder discordar, debater, brigar, se preciso for
É dormir e acordar lado a lado, é ser prazer, é fazer amor
É ter medos juntos, enfrentar o adversário no mesmo time
É nunca ter medo um do outro
É saber que somos uns para os outros aqui
Os maiores presentes que poderíamos ter recebido
E quando Ele em algum momento nos perguntar
“Que fez dos presentes que te confiei”?
Possamos responder com convicção
“(Con)vivi bem, respeitei, sobretudo, amei”!
Alda M S Santos
PAIS E FILHOS
Pais e filhos, filhos e pais…
Não sabemos o que o amanhã nos reserva
Quem vai para o outro lado da vida primeiro
O que podemos encontrar do lado de lá
Quanto tempo ainda nos resta do lado de cá
Uma hora a vida irá nos separar
O que é possível ser feito, que façamos agora
Quando ainda estamos por aqui
Para que não tenhamos que lidar com o arrependimento
Além da dor da falta e da saudade
Não importa o que cada um fez ou deixou de fazer por nós
Se acreditamos que cumpriram bem ou não seu papel
Vale o que nós fazemos por eles
Pela nossa capacidade de amar, de nos doar
De sermos gratos a quem nos deu a vida
De dar a eles um pouquinho de alegria e conforto
Cuidemos de nossos pais, eles não estarão aqui para sempre!
Te amo, papai! Que todos os dias sejam seus!
Alda M S Santos
QUASE UM SÉCULO
Minhas lembranças mais remotas e saudosas
Vêm do cheirinho da casa dela
De sua comida no fogão a lenha
Do quintal gigante e da água do poço
Completa hoje 96 anos a minha avó Dudu
Com uma descendência grande de 44 pessoas
Mas não tão longa quanto suas histórias
E o carinho e amor contido, quase nunca declarado, por cada um dos seus
No interior das Minas Gerais, Guanhães, em especial
Ela cumpre dignamente sua passagem por aqui
Casos a contar, lutas, vitórias, derrotas, sobrevivência
Seis filhos, dezenove netos, dezoito bisnetos, uma tataraneta
Cada qual seguindo seu caminho, sua trajetória
Tão pequenina, miúda, cabeça boa, frágil
Um abraço parece que irá quebrá-la
Frágil? Que nada!
Poucos chegam a quase um século de vida
Tão bem quanto ela
Quem a vê tão magrinha e meio encurvada
Se engana ao pensar que é dependente
Sequer a imagina se virando sozinha com suas necessidades básicas
Se perguntada, diz que não está valendo nada
Que já era e não passa de hoje
Mas não quer seguir ninguém, gosta de seu cantinho
Seu ninho, mesmo fisicamente vazio
Quem a pode criticar?
A vida é assim mesmo: ora carregamos, ora somos carregados
Mas enquanto aguentamos, andamos por nossas próprias pernas
Que Deus dê a ela muita saúde, tranquilidade, resignação
E dignidade para vencer seu caminho junto aos seus
Felicidade, Dindinha! Te amo!
Alda M S Santos
SERES ESPECIAIS
Queremos ser especiais
Especiais para alguém, especiais para Deus
Especiais para nós mesmos
Que isso seja uma bênção e não um peso
Queremos ter alguém especial
Que goste dessa condição de ser especial para nós
Que sinta-se confortável sendo nossa prioridade
E que possa haver reciprocidade
Isso é inerente ao ser humano
Não é egoísmo ou egocentrismo
É apenas a necessidade humana de valorização, de amor
É o equilíbrio da razão e emoção
É pré-requisito da felicidade
Queremos ser especiais!
Alda M S Santos
UM CÍRCULO
Histórias que se cruzaram há 4 anos
Primeiro os casais, logo suas famílias
Encontros de estudos, de conversas
De trocas de experiências, de histórias de vida…
Uns mais tímidos, mais contidos, outros mais extrovertidos
Uns mais sérios, outros brincalhões
Tão diferentes entre si quanto as pessoas podem ser
Tão semelhantes na humanidade, na fé em Deus
Diversos e iguais na condição de casais, de famílias
Sempre dispostos a ajudar, a estender a mão
Juntos pelo prazer da partilha, de socializar alegrias e dificuldades
A aprender, a tomar para si um problema do outro
Nas famílias que crescem e se renovam, nas orações partilhadas
Somos um círculo da família ECC
Acham que foi por acaso?
Somos Aliança Renovada!
Muito prazer! Amo estar com vocês!
Alda M S Santos
HERANÇAS
Trazemos conosco muitas heranças
Que vêm passadas de geração para geração
Pais, avós, bisavós, tios, primos…
A cada dia notamos em nós algo de algum dos nossos ascendentes
Ou algo nosso nos nossos descendentes
Algumas características que amamos, necessárias
Que nos orgulhamos por possuir, por passar para frente
Outras como um apêndice inútil a ocupar espaço
E outras que até pagaríamos para devolver, por machucar, envergonhar
Heranças genéticas, físicas e mentais
Heranças emocionais, de personalidade
Heranças materiais, bens ou dívidas
Mas somos muito além do que herdamos
Nada vem tão fechado, imutável, inerte
Sobre o que herdamos podemos agir, transformar, melhorar
Ou piorar, dependendo do que fizermos
Personalidade não mudamos, mas podemos aprimorar
Características físicas podemos aprender a valorizar
Dívidas podemos pagar ou arrolar
Bens materiais podemos multiplicar ou conservar
E a capacidade de amar e evoluir é pessoal e individual
Sempre pode ser aprendida e aprimorada
E, quem sabe, a herança que deixarmos
Possa ser cada vez melhor?
Alda M S Santos
ERA UM LAR
“Uma casa não se assenta sobre a terra, mas se assenta sobre a mulher”- provérbio mexicano.
Até há bem pouco tempo foi um lar alegre, colorido, apaixonado
Pareciam uma família italiana
Grande, diversa, barulhenta, vibrante, animada
Amorosa, com brigas, atritos, silêncios e reconciliações
Firmadas numa base forte: a mulher, a mãe, a matriarca
Agora ela se foi, não teve escolha, foi levada
E o lar virou apenas uma casa
Cheia de paredes que não abafam os gritos constantes
Tijolos e concreto que evidenciam a dureza dos corações
Cores que não combinam e estão tão desbotadas quanto o desamor em escala cinzenta
Teto que não mais abriga as almas solitárias
Tristeza molhada que causou a queda das vigas de sustentação
Já foi todo tipo de comércio, descaracterizou-se
E de seus habitantes só se ouve berros raivosos
Os silêncios são conflitantes, tortuosos
Reconciliações? Ficaram perdidas entre as paredes derrubadas do lar
E misturadas aos destroços dos corações…
Uma casa linda, mas que não abriga corações!
Uma casa, bonita ou feia, grande ou pequena, para ser um lar precisa de um Morador Especial
E ouso completar o provérbio mexicano:
Um lar se assenta num tripé: uma mulher feliz, com Deus no coração, e uma família amorosa!
E fica a questão: que será de nossos lares quando formos embora?
Ou mesmo quando parecemos apenas sombra dentro dele?
Qual a base, a liga que une seus membros, a harmonia de sustentação?
A reconstrução de uma casa qualquer empreiteiro pode fazer
A reconstrução de um lar exige especialização
Em amor, respeito e doação !
Alda M S Santos
MINHA AVÓ
Pequena, magrinha, miudinha mesmo
Um abraço parece que irá quebrá-la
Minha avó, cabeça branquinha até onde minha memória alcança
Ela tem 95 anos, 6 filhos, 19 netos, 18 bisnetos e uma tataraneta
Olhos fundos, uma vida de força escondida ali!
Geniosa, contadora de casos, vida sofrida, cismada
Sempre trajando saia e blusa de mangas compridas, trabalhadeira
Faça frio ou calor, sol ou chuva
Mora sozinha por opção, sempre na janela a olhar quem passa,
Cuida da horta, das galinhas, da casa
Deita-se junto com o sol e levanta-se com ele
Nunca tira fotos, dificilmente sai de casa
Não usa perfume, tem cheiro gostoso de vó, aroma da minha infância!
Econômica na demonstração de afetos, de emoções
Mas quem a conhece reconhece o brilho no olhar
Quando estão perto quem ela ama
E a opacidade que toma conta quando vão embora
Até a janela da frente se fecha em protesto
Junto com o semblante e o coração
Fala muito na morte para espantar o medo que sente dela, do desconhecido
Bem humorada, diz que tem três coisas: velhice, feiúra e ruindade recolhida
Pra mim tem outras: força, fé, coragem e muito amor contido
Nas minhas lembranças mais antigas de vida, ela está
E ficará para sempre…
Te amo, vó!
Alda M S Santos
FAMÍLIAS
As famílias são as meninas dos olhos de Deus.
Tanto que Jesus nos veio no seio de um lar…
Na família está nossa fonte de força
Ou nossas maiores fraquezas
Geradora de alegrias, de lágrimas, de crescimento!
Entre os membros de uma família pode haver
Grandes abnegações e sacrifícios, atos de extremo amor
Ou as maiores crueldades que a humanidade é capaz.
Tudo dentro de uma família potencializa, bom ou ruim.
Qualquer um sabe o valor de uma família
Da sua ou das alheias, e a falta que faz…
A cada família que se destrói, que se permite destruir
Que chora, uma estrela morre no céu, Deus sofre junto…
As famílias são o ninho de Deus onde se aprende a amar
Um ninho que precisamos para sempre…
Alda M S Santos
PAIS E FILHOS
Pais e filhos: uma relação única, especial, abençoada
Nasce do ventre, mas se alimenta do coração
Carinho que sobrevive e resiste a atritos, excessos, exageros, mágoas
Amor que, se faltar, deixa um vazio que não se preenche por nenhum outro amor.
Amor que se alia a respeito, perdão, união.
Compreendemos melhor o amor dos nossos pais, sendo pais
Na grande roda giratória da vida, “transferimos” aos poucos
O cuidado aos nossos filhos, para o cuidado aos nossos pais.
Esses, cada dia mais dependentes, aqueles, cada vez mais independentes e autossuficientes.
Se pudermos olhar para nossos pais com menos crítica, com mais gratidão,
Se pudermos olhar para a vida de nossos filhos, com mais compreensão, menos imposição,
Certamente teremos uma vida mais amorosa, mais leve e feliz.
Afinal, estamos na roda da vida e ela gira todo o tempo até a última parada para descermos.
Remorso e culpa são bagagens muito pesadas e dispensáveis!
Filhos, pais, avós são apenas fases do mesmo amor.
Que possamos viver cada uma da melhor maneira possível.
Alda M S Santos
BÁLSAMOS
Há dias em que nos sentimos muito sós,
Queremos estar sós, ou pensamos assim…
Ficamos à espera da ajuda divina.
Clamamos por Ela, mesmo que silenciosamente.
Sequer notamos um amigo que se aproxima,
Um familiar que fala com carinho,
Um sorriso ou abraço de um colega.
Uma brincadeira de nosso amor…
Há pessoas que são bálsamos em nossas vidas.
Vê-las, tocá-las, falar com elas,
Até mesmo pensar nelas,
Nos acalma, nos alegra,
Nos conforta, nos alenta, nos orienta…
Retomamos nosso rumo, nosso prumo!
Percebemos que a ajuda pedida está ali.
Deus atua através de nós mesmos.
Somos instrumentos do bem em Suas mãos.
Há mais bálsamos por aí que pensamos.
Buscamos bálsamos,
Somos bálsamos sem perceber!
Alda M S Santos
DISQUE EMERGÊNCIA
Temos números de emergência para quase tudo: SAMU, Polícia Militar, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Procon, Direitos Humanos, Delegacia da Mulher, Hospitais e tantos outros.
Mas e se a nossa emergência for mais íntima: uma alegria extrema, uma novidade deliciosa, uma dor profunda, uma saudade doída, um amor proibido, uma decepção tremenda ou uma simples vontade de dar um abraço? Qual número discamos? Quem atende nossas emergências cotidianas?
Quanto mais “códigos numéricos” tivermos a quem recorrer, melhor estaremos servidos.
São, os donos desses números, as preciosidades de nossas vidas. Nosso refúgio, nosso colo, nosso aconchego, nosso porto seguro.
A elas devemos nossa gratidão e amor incondicionais todo o tempo, principalmente àquela cujo código para a acionarmos é a oração: Deus.
Àqueles que atendem minhas emergências diárias, todo o meu carinho e amor.
Bom dia!
Alda M S Santos