DEUS, AMOR, CARIDADE
Os tempos são chegados
Duvidaríamos do que veriam nossos olhos
Nossos ouvidos escutariam horrores
Nossos lábios temeriam dizer qualquer coisa
Não saberíamos onde estaria a verdade
Revestida da ilusória cobertura da mentira
Enganando a toda a humanidade
O que nos salvaria?
Qual manto nos protegeria?
Um tripé poderoso nos equilibraria:
Deus, amor, caridade!
Alda M S Santos
NOSSO PORTO, NOSSO CAIS
Em meio a tanta tribulação
Tempestades na natureza,
no coração
Nosso mundo inteiro chacoalhando
A mente tantas vezes
solitária, viajando
Busca um pouso, um cais
Sem tantas dores, tantos ais
E entende que o porto
mais seguro, apesar dos vendavais
É a fé Naquele que não
deixa o barco naufragar
Só basta a gente seguir, não desanimar
Jesus é o Mestre, só confiar!
Alda M S Santos
PACTO SAGRADO
Apesar de parecer uma coisa só
Certas coisas não estão necessariamente ligadas
Ter uma igreja e ser uma igreja não são a mesma coisa
Ter Deus no coração e nas atitudes é diferente
É possível ter Deus sem frequentar qualquer igreja
E ser, racionalmente, ateu ou agnóstico
Assim como é possível estar dentro de um templo todos os dias
E não ter Deus em si mesmo
Na vida diária junto aos outros
O ideal seria aquele pacto sagrado
Que fazemos conosco mesmos:
Ter Deus em nós e em nossas ações
Independente do que acontece a nossa volta
De quem nos cerca, do ambiente profano que se agiganta
Ou do falso sagrado que se propaga
De quem usa Seu nome para se autopromover
Mas O mantém longe de si
Deus está em nós quando se reflete nas nossas atitudes
Façamos este pacto sagrado:
Levar e refletir Deus em nós e em tudo que fizermos
Alda M S Santos
SABE AQUELE OLHAR?
Sabe aquele olhar juiz, acusador, em que o seu se abaixa, culpado?
Não, não é ele que me instiga a ser melhor!
Sabe aquele olhar carrasco, cortante, que o seu enfrenta temeroso, desafiador?
Não, não é ele que preciso para seguir mais corajosa!
Sabe aquele olhar de desnuda “aprovação” e admiração em que o seu se retrai, encabulado?
Não, não é ele que quero como estímulo primeiro!
Sabe aquele olhar de volúpia e desejo do qual o seu se afasta, invadido, irritado?
Não, não é ele que preciso para me sentir mais eu!
Sabe aquele olhar?
Aquele em que você se vê refletido como é e não se envergonha,
Tampouco se sente acusado, culpado ou pseudo-admirado,
Sente-se apenas como é de verdade, sem máscaras, sem medos, sem subterfúgios
Aquele olhar que você encara de frente, mergulha fundo e sente apenas o amor refletido?
Um olhar que você seria capaz de seguir por toda a eternidade
Independente das pedras perfurantes, mares perigosos, matas fechadas?
Esse é o olhar que imagino que Ele nos ofereceria
Se estivéssemos prontos a enxergá-lo!
Sabe esse olhar? É Ele que quero, busco e preciso!
Alda M S Santos
FALTAM CRISTÃOS, SOBRAM RELIGIOSOS
A fé que nos move e nos sustenta
Muitas vezes está atrelada a alguma religião
Mas ser um sujeito religioso, independente de qual religião seja
Não tem implicado em sermos, necessariamente, boas pessoas
Saber todos os ritos e dogmas da fé memorizados, cultuá-los
Participar de todos os eventos e celebrações dentro da igreja
Só fará sentido se isso nos tornar bons cristãos
Ser religioso e ser cristão não estão naturalmente ligados
O ideal seria que fosse, mas não é!
Sou um bom cristão quando consigo ser humano
E, mesmo falho, compreender as falhas dos outros.
Mesmo colocando minha vida como prioridade,
Buscando minha felicidade, meu bem estar,
Fazê-lo sem com isso causar mal ao meu próximo.
A termos que optar, melhor sermos bons cristãos que bons religiosos…
Alda M S Santos
ENTRE ELES
Estar entre, no meio, comprimida, espremida
Mesmo com todas as habilidades adquiridas
Nunca é confortável!
Ora é o amor que espreme, ora é a dúvida,
As cobranças, ou a insensatez que comprimem.
Num puxa e repuxa, evita tomar partido
Maleável, flexível, resiliente, tenta sempre
Dialogar, falar, pedir com os olhos
Com as palavras, com os gestos,
Com o silêncio, com as lágrimas…
Ainda que tudo que precise e queira
Seja fazer parte, manter as partes unidas.
Mas se fere, se cansa, se machuca,
Dói!
A cada ferida que cicatriza sai mais forte.
Qual é o saldo?
O quanto perde de si mesma?
Será que sai mais feliz?
Alda M S Santos
APENAS UMA CARONA
Uma ida à cidadezinha, sol a pino. Calor de derreter os miolos, um senhor subindo a pé.
Observo. Estranho. Mais velho, dificuldade no andar.
Paro: “quer uma carona?”
Ele entra: “Que bênção! Estou com um cravo no pé me matando.”
Conta uns casos, fala de seu sitiozinho, seus bichos, do tempo… Simpatia interiorana.
Andamos uns 2 km e ele desce, muito agradecido.
Pus-me a pensar. Se fosse na cidade, eu teria dado carona para um homem estranho?
O que tem esse lugar que nos faz confiar nas pessoas?
Ou o que tem nas cidades grandes que nos faz desconfiar? Nos impede de ser solidários?
Temos tanto medo de assédios de todo tipo, físicos, morais, financeiros, sexuais, que pensamos milhares de vezes antes de oferecer uma mínima ajuda. Pode ser algum maníaco com uma tara qualquer…
E assim, vamos nos afastando das pessoas, nos distanciando de nossa humanidade.
Vamos perdendo a capacidade de nos condoer com o sofrimento alheio, de atender às mínimas necessidades dos outros.
O que será que Deus vê em nós quando nos afastamos de um semelhante, desconfiados?
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” vale só para as cidadezinhas do interior?
Estamos nos perdendo da essência humana. Triste constatação!
Alda M S Santos
LUZ QUE NÃO SE APAGA
Todos temos uma luz
Fundamental, ela é:
Energia que nos move
Calor que nos aquece
Carinho que nos acalma
Amor que nos alimenta
Essa luz nos mantém vivos
Ela é o fio que nos conduz
Se está lá, nada conseguirá apagá-la.
Mesmo que pareça longe
Abastecida por duas fontes,
Uma parte dela vem de dentro de nós
A outra é acionada por terceiros.
Devemos manter em equilíbrio essas fontes
Quando uma enfraquece
Fortalecemos a outra.
Depender da luz de “fora”
Pode parecer difícil
Mas, tantas vezes, é ela que nos salva,
Quando a luz interior mingua, perde o foco.
Se ambas quiserem se apagar, busquemos a maior de todas
Aquela que nunca falha
Que devemos manter sempre conosco
A luz que vem do alto.
A luz que vem de Jesus!
Alda M S Santos
APRENDENDO A PESCAR
Nossa vida é uma grande pescaria. Numa hora pegamos um peixe tão pequenino que, insatisfeitos ou compadecidos, o devolvemos ao rio.
Noutra, passamos um tempão na beira do lago, gastamos empenho e paciência para pescar um grandão e nos decepcionamos.
Há ainda as vezes em que sequer percebemos os peixes que, insistentes, mordem nossa isca, e os ignoramos.
Também existem aqueles que nos oferecem, gratuitamente, mas, orgulhosos, dispensamos.
Ter a paciência para esperar e identificar o peixe certo morder nossa isca é habilidade de poucos.
Saber qual peixe devolver ao rio, num ato “caridoso”, também!
Estar atento para não deixar passar em branco aqueles insistentes é importante. Pode ser o “peixe” de nossa vida!
Pescar é divertido, mas dispensar o peixe gratuito, salvo se não for de boa procedência, pode não ser muito inteligente.
Nessa grande pescaria que é a vida, as oportunidades, as pessoas, as situações, são os peixes. Somos apenas um entre milhões de pescadores. Todos queremos pescar!
O rio é grande, nem sempre limpo ou caudaloso, mas há peixes para todos que têm paciência e habilidade.
Devemos nos concentrar em nossa cesta e esquecer a cesta do pescador vizinho. Ela não melhorará nossa pescaria.
Finalmente, lembrar que também somos peixes pode ser muito útil na hora de pescar.
Qualquer dúvida, há grandes lições do maior pescador de almas que já houve: Jesus. Encontram-se num “manual” chamado Bíblia!
Boa pescaria a todos!
Alda M S Santos
ESPELHOS DA ALMA
Não existe nada mais cativante no ser humano que os olhos. Sem querer desfazer de um corpo bonito, um rosto de traços harmônicos, um coração bondoso, uma mente inteligente, uma alma elevada.
E não estou falando de sua anatomia, de sua beleza estética, formatos e cores. Refiro-me à sua capacidade expressiva. Não há olhos que mentem! Há olhos que tentam disfarçar, e isso já é expressivo.
Há olhares curiosos, alegres, que querem tudo perceber, sem se fixar. Deixam-nos à vontade. Há os distraídos, que observam aleatoriamente e se detêm apenas quando convém. São seletivos e nos pegam desprevenidos. Há ainda os atentos, sensíveis, que parecem invadir, tudo captam: pequenos detalhes, diferentes sentimentos, qualquer humor…
Se encontrarmos olhares atentos, fugir deles é impossível. Eles perceberão qualquer emoção que estiver ali. Não saberão a razão, mas reconhecerão a emoção, aquela disfarçada pelo sorriso ou forçada pelas lágrimas.
Notarão a ansiedade, a preocupação, a culpa, a tristeza, o medo, a decepção, a afobação… São olhos com uma camada de nebulosidade. Por vezes, úmidos.
Perceberão a alegria, a euforia, o prazer, a satisfação, a vitória. São olhos com brilho intenso, cores vivas, transparentes.
Captarão em alguns olhares a censura, a inveja, a raiva, a crítica, a cobrança, a avaliação, o julgamento. São olhares com ar de superioridade. Olham por cima.
Sentirão olhares carregados de desejo, admiração, atração, paixão. São olhos quentes, brilhantes, agitados, pidões.
Serão atraídos por olhares de compaixão, amor, carinho, solidariedade… São olhares doces, tranquilos, pacíficos.
Espelhos da alma, ou não, eles refletem o que se passa em nosso interior. Os dos homens costumam ser mais expressivos, talvez por serem mais focais. Os das mulheres costumam ser mais perceptivos, por serem mais periféricos. As crianças os têm claros, transparentes e cristalinos. É natural delas, não escolhem. São maravilhosos e cheios de expectativas. Os idosos já não querem mais esconder nada, seus olhos são quase tão expressivos quanto os das crianças. Por eles, deixam extravasar a emoção dos anos vividos. Sabem que não adianta esconder. Mergulhar nos olhos de um idoso é entender sua história: rica, bonita, carregada de alegrias, tristezas, frustraçōes e culpas. É como ler um livro.
E, entre crianças e idosos, estão os adultos que “aprenderam” a disfarçá-los. E vão vivendo acreditando enganar a todos sobre o que sentem. Até conseguem, muitas vezes, mas não os olhares atentos e sensíveis.
Mas o mais bonito e emocionante da vida é quando olhares perceptivos e expressivos se encontram em uma via dupla. Olhares atentos de ambos os lados se percebem, trocam sentimentos, energias, desejos, amor, carinho, amizade, paz, sonhos, esperança, tudo sem ser necessário trocar uma palavra sequer. Se olham, se entendem, se aproximam, se abraçam. Aqueles que dizemos que “o santo bateu”. Na verdade, os olhares bateram! As almas se encantaram.
Enfim, todos os olhares são lindos, em todos os olhares há uma poesia a ser lida, uma vida a ser descoberta. Olhar nos olhos não é para qualquer um. Olho no olho é para quem tem coragem!
Alda M S Santos
ECLIPSE HUMANO
Tal como a Lua, algo ou alguém pode vir a encobrir parcialmente a luz que recebemos. Entrarmos em eclipse pessoal.
Visível a olho nu, essa sombra, ao contrário da Lua, nem sempre é bonita. É dolorosa!
Recolhemo-nos em nós mesmos, meio “apagados”, querendo que o eclipse seja total e por tempo indeterminado.
Passageiro ou duradouro, parcial ou total, precisamos desfazer o alinhamento de corpos que permite tal sombra, que cria nosso eclipse interior.
Enquanto isso, recolhidos em nós mesmos, buscamos um gerador de luz pessoal que nos mantenha “acesos”
Assim, alinhamento desfeito, nossa luz interna se unirá à externa e, mais fortes, tudo voltará a brilhar.
Intensamente!
Alda M S Santos
TAPETES DE AMOR
A noite foi chuvosa, a manhã está fresquinha, depois de uma tarde muito quente no dia anterior.
Céu nublado, ruas molhadas, lindos ipês floridos formam tapetes coloridos sobre a calçada.
Algumas pessoas se escondem em agasalhos, semblante fechado, chateadas por terem que se levantar. Outras se “colorem” e se “abrem” para o novo dia, assim como as flores receberam o calor, a chuva, a brisa suave, a queda das flores.
Deus, como Pai zeloso, prepara nosso caminho. Ouvimos “bom dia” da natureza, das pessoas… Até um tapete de flores Deus prepara para o nosso caminho.
A natureza confia e espera. Nós, humanos, tão sábios, tantas vezes, ao invés de agradecer a chuva, nos enraivecemos com o trânsito que apresenta problemas, enxergamos as ruas com lixo acumulado, mas não notamos as árvores que agradecem a bênção recebida, reclamamos de tantas folhas e flores que sujam o quintal e as ruas, mas não admiramos o lindo tapete perfumado que formam, resmungamos ou acenamos a cabeça a um bom dia simpático que recebemos, ao invés de agradecer por estar vivo, poder se levantar, ter a chance de sempre recomeçar.
Seja de flores ou não, Deus sempre prepara um tapete para nosso caminho. Basta que a gente mantenha olhos e coração abertos para identificá-lo e curti-lo. Pode ser a família, o trabalho, um amigo, a natureza…
Qual é seu tapete hoje?
Alda M S Santos